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A Associação Comercial de Jaraguá

2. FORMAÇÃO HISTÓRICA DE MACEIÓ

2.1 Algumas Instituições Históricas e Culturais do Jaraguá

2.1.1 A Associação Comercial de Jaraguá

A implantação do seu prédio causou muitas discussões na época em função do modelo da sua edificação. Havia três desenhos diferentes para a sua fachada mais predominou o que está hoje presente nas suas duas fachadas uma de frente para a Rua Sá e Albuquerque e a

outra voltada para o mar para quem chegasse de navio contemplá-lo e admirá-lo mesmo de longe ou de perto. A maior polêmica na época foi o imposto que seria cobrado sobre o volume do produto exportado, revertido para a sua construção, motivo pelo qual todos os comerciantes se sentiam no direito de opinar sobre a sua construção, entretanto ele acabou por se transformar no prédio ou edifício mais bonito e significativo da Arte e Arquitetura Neoclássica nas Alagoas mesclada com características do Ecletismo, onde houve outro problema que teve que ser resolvido pelos seus idealizadores que foi que pessoal estaria capacitado para edificar e fazer o acabamento de tão importante obra? Naquela época só havia em Maceió um ou no máximo dois engenheiros capazes de construir um prédio de tão grande porte e proeminente arquitetura, como podemos (ver na figura 27).

Os pedreiros foram trazidos de Portugal, que entre os vários deles se destacou Manuel Teixeira Medalhas que pela sua competência e habilidade acabou se tornando o “mestre de obra” construtor do prédio, cuja fama que ele teve se espalhou pela cidade a tal ponto que colocou o seu nome em anúncio nos jornais locais oferecendo os seus serviços de construtor, mais infelizmente o seu fim foi trágico quando morreu afogado na “praia da Avenida”.

Figura 27. Associação Comercial em Jaraguá.

Fonte: https://culturaeviagem.wordpress.com/2014/01/24/a-edificacao-mais-bonita-de-alagoas-fotos-e-historia- da-associacao-comercial-de-maceio/

A inauguração do prédio foi no dia 16 de junho de 1928 ás 14 horas, presidida pelo então governador do Estado na época Álvaro Paes onde á noite aconteceu um baile a rigor animado por 3 orquestras que coroou os discursos e solenidade que já haviam acontecido durante o dia da sua inauguração. A “nata da elite alagoana” compareceu aquele evento estando todos os automóveis da capital e algumas dezenas do interior também se fizeram presentes ao tal evento monumental e único, que assim foi noticiado pelo Jornal de Alagoas:

As escadarias de mármore espelhavam as gambiarras das gigantescas cortinas luminosas que caiam do frontão da alta coluna da sua fachada (o grifo é nosso).

Através dos vitrais de colorido e rentilhado oriental, era um incêndio na babesco de imprevistas irradiações cambriantes. E as músicas militares tocavam no vasto hall, onde os primeiros criados ostentavam as suas fardas verdes cheias de alarmes dourados. Mas, lá em cima, no salão nobre (o grifo é nosso) o luxo se multiplicava em luzes tantas, então custosos móveis e em tamanhos adornos de alfaias e tapeçarias que dir-se-ia star em Alcazar ou Alhambra de quaisquer das grandes cidades meridionais da Península Ibérica”... (Jornal de Alagoas, Maceió 17 de junho de 1928, p. 5)

Anteriormente a fundação da Associação Comercial de Maceió um relatório do então Presidente da Província de Alagoas Sá e Albuquerque, ele informava a Assembléia Estadual que havia mandado “abrir uma estrada ligando Jaraguá com a Mangabeiras para facilitar o escoamento dos produtos agrícolas vindos do Norte da Província que mais tarde daria origem a atual Avenida Comendador Leão, que foi uma das primeiras a ser traçada perpendicularmente á orla marítima da cidade de Maceió que segundo nos informou o historiador Moacir Medeiros de Sant‟ Ana em sua obra “Uma Associação Centenária” quando ele nos apresenta as principais ruas ou bairros que existiam na cidade de Maceió por volta de 1866, quando a Associação Comercial foi fundada:

No ano em que José Joaquim de Oliveira fundou a nossa Associação Comercial era de apenas 27.437 habitantes a população livre de Maceió, distribuída em área muito restrita. (SANT‟ANA, 1866, p. 90).

Os atuais bairros de Jaraguá, Trapiche da Barra, Poço, Bebedouro e Mangabeiras ainda não se falavam do Farol que eram arrabaldes ou povoações afastadas do perímetro urbano da capital composto pelas ruas do

Comércio, a única então calçada, da Boa Vista (atual Conselheiro de

Albuquerque), Largo da Matriz (Praça D. Pedro II, Rua do Rosário (João Pessoa) ou do Sol (um prolongado da Rua do Rosário até o Largo dos Martírios), ruas da Cambona (General Hermes); da Alegria (Joaquim Távora), do Açougue (hoje Avenida Moreira Lima), Praça do Mercado (local onde se acha edificado o antigo Ginásio do Colégio Estadual de Alagoas, hoje Refeitório Popular), as ruas Nova (hoje Barão de Penedo), do

Livramento (atual Senador Mendonça), do Macena (hoje Rua Cincinato

Barão de Maceió), Rua do Jôgo (atual voluntários da pátria), Rua do

Reguinho (atual Dias Cabral, por trás do teatro Deodoro), do Cemitério

(atual Avenida Santos Pacheco), Santa Maria (atual Guedes Gondim),

Augusta (atual Ladislau Neto ou Rua das Árvores), Floresta (atual

Fernandes Barros, próximo ao Colégio de São José), Alecrim (hoje Barão de Alagoas), do Palácio (próximo ao prédio antigo do INSS e Praça dos Palmares), Boca de Maceió (atual Barão de Anadia) além de uma série de becos, travessas, tudo isto, no Centro de Maceió”. (SANT‟ ANA, 1866, p.9- 10)

As principais ruas do bairro do Jaraguá eram a Rua do Saraiva (atual Avenida Duque de Caxias), Rua da Alfândega (atual Sá e Albuquerque), Rua da Igreja (atual Barão de Jaraguá), Rua Santo Amaro (atual Rua do Uruguai), Rua São Félix (atual Silvério Jorge), Rua do Cafundó (hoje Rua Padre Amâncio), Rua do Araçá (atual Dr. Epaminondas Gracindo), Rua do Oitizeiro (hoje Avenida Maceió) e muitas outras ruas.

Vale apena lembrar que por volta de 1868 foi inaugurado o ramal ferroviário entre Jaraguá e o Centro de Maceió onde na Praça Royal eram realizadas animadas festas de Natal e Ano Novo com folguedos natalinos da época.

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