• Nenhum resultado encontrado

Avenida Gustavo Paiva (Mangabeiras)

3. AVENIDAS DE MACEIÓ: UMA TENTATIVA DE INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA

3.3 Avenida Gustavo Paiva (Mangabeiras)

3.3.1 Quem foi Gustavo Paiva?

Gustavo Pinto Guedes de Paiva nasceu no dia 15 de novembro de 1892 em Paraíba do Norte (hoje João Pessoa, Paraíba). Seus pais eram: o português Antônio Pinto Guedes de Paiva e Rosalina Francisca da Silva Paiva. Estudou em Portugal até os 21 anos de idade quando retornou ao Brasil no ano de 1913. Iniciou sua carreira profissional no Rio de Janeiro, onde trabalhou como gerente geral na Companhia Petropolitana. Ver Figura 57.

Figura 56. Gustavo Paiva.

Fonte: https://www.historiadealagoas.com.br/gustavo-paiva-o-comendador-dos-operarios-de-rio-largo.html

Em 1916 Gustavo Paiva com 24 anos casou-se com Judite Basto, filha do comendador José Antônio Teixeira Basto, um dos incorporadores da Fábrica Progresso, muda-se para Rio Largo, e com o falecimento de seu sogro em 1919, tornou-se um dos diretores da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos.

Judite e Gustavo tiveram quatro filhos: Gustavo, Humberto, Arnaldo e Zuleica. Em 1939 a esposa de Gustavo veio a falecer; e para homenageá-la pôs seu nome na escola, o Ginásio Municipal Judite Paiva.

Gustavo Paiva foi um industrial de idéias voltadas para o bem estar social, em sua Companhia ele buscava valorizar o operário; o parque industrial CAFT fez com que Rio Largo atingisse seu apogeu, superando Maceió em alguns aspectos.

Saúde, educação, lazer e previdência receberam atenção especial de Gustavo Paiva, isso em uma época onde as leis trabalhistas ainda não estavam previstas em lei; “estas foram criadas através do Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943 e sancionada pelo presidente Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, entre 1937 e 1945”. Na cidade de Rio Largo criou as Escolas Reunidas da Companhia Alagoana; visto que a taxa de analfabetismo na época atingia 80% da população. Em 1919 foi criado o primeiro Grupo Escolar com ensino até o 4º ano para os filhos dos operários; estes não precisavam se preocupar com nada, pois a Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos financiava tudo desde uniformes, alimentação e outras roupas para ocasiões especiais.

Por acreditar que a religião contribuía para uma melhor qualidade de vida, Gustavo Paiva mandou erguer a Capela Sagrado Coração de Jesus, esta foi inaugurada em 19 de março de 1924. Gustavo Paiva criou uma Banda de Música formada por 50 operários homens, (ver Figura 58) tendo o professor Agerico Lins como responsável; e depois o maestro Aquino Japyassú. Esta banda era responsável por se apresentar em desfiles cívicos, inaugurações e por animar os carnavais tanto em Rio Largo quanto aqui em Maceió. Vendo que seu projeto havia dado certo, em 1936, Gustavo Paiva criou a JAZZ- Band Japy desta vez formada por 12 meninas. Ver Figura 59.

Figura 57. Banda masculina da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos formada por 50 operários

Figura 58. A banda feminina Jazz-Band Japy

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia-old.php?c=392005&e=6 Foto da Banda feminina de Rio Largo.

Preocupado com a saúde dos operários mandou construir em 1927 o Departamento de Saúde das fábricas com consultórios médicos, gabinete dentário, salas especializadas em raios-X, farmácia, maternidade e creche. Os medicamentos eram gratuitos e caso um operário se afastasse por doença, velhice ou invalidez; ele recebia 50% do salário.

O Restaurante dos Operários foi inaugurado no dia 24 de junho de 1943 sendo a última obra de Gustavo Paiva. Como podemos ver na Figura 60.

O restaurante tinha 125 mesas, dois frigoríficos e uma padaria.

Figura 59. Restaurante dos Operários, em Rio Largo.

Sem dúvida Gustavo Paiva foi um empreendedor a frente do seu tempo, com visões de desenvolvimento e ações voltadas às questões sociais, preocupado mais com o próximo do que em acumular riquezas: “Ele, entretanto, atuava sem olhar para trás e até se pode dizer que

cuidava mais da valorização do seu operário do que da extensão do seu patrimônio”.(LIMA JÚNIOR, 1998, p. 248).

3.3.2 Informações do Bairro de Mangabeiras

 Área: 0,81 km²

 População fonte IBGE: 4.166 habitantes (Censo 2010)

 Quantidade de logradouros: 55

 Região Administrativa: 1 MANGABEIRAS

Um sítio com várias plantações de árvores frutíferas E uma velha estrada empoeirada, deu origem ao bairro.

Com a construção de uma estrada para o litoral norte, O progresso se fez de forma voraz. Hoje aquela estrada empoeira virou Avenida, Onde tudo passa por ela- Av. Gustavo Paiva. Velhas casas do início do bairro, São mantidas- Orfanato São Domingos e a Cruz Vermelha. Na extensão desta velha estrada, surge um importante Santuário da Virgem dos Pobres, encravado na elevação Do morro, no sítio Betânia, onde a fé é preservada. Colégios, shopping, condôminos e um comércio Valorizado, faz deste bairro um dos mais procurados da cidade. Nas noites de lua recebe um brilho especial. Ari Lins Pedrosa O poema citado acima de Ari Lins Pedrosa descreve de forma sucinta o bairro de Mangabeiras, que se originou devido um sítio no qual se plantava fruteiras, entre elas a mangaba, que os alagoanos consumiam bastante.

Na (Figura 61) observa-se um recho da Avenida Gustavo Paiva no bairro da Mangabeiras.

Figura 60. Trecho da Avenida Gustavo Paiva, em Mangabeiras.

Fonte: http://www.alagoas24horas.com.br/665531/gustavo-paiva-concluida-primeira-etapa-de-pavimentacao/

É na Mangabeiras que está localizado um dos mais importantes santuários da cidade: o da Virgem dos Pobres. A imagem de Nossa Senhora Virgem dos Pobres, foi trazida na década de 80 da Bélgica, e se encontra num pedestal em meio a muitas pedras. O santuário local sagrado bastante movimentado pelos católicos, a cada primeira quarta-feira do mês, os fiéis sobem o morro para assistir à missa, fazer promessas bem como também para agradecer as bênçãos alcançadas.

Dois prédios bem antigos ainda permanecem no bairro, são eles: o Orfanato São Domingos, espaço de educação, trabalho e lazer; e a Cruz Vermelha que dá assistência as crianças órfãs, ambos as entidades dependem de doações para manter seu trabalho dando uma vida melhor para as crianças.

O que também deu certo no bairro da Mangabeiras foram as revendedoras de veículos, peças, material de construção e outras atividades comerciais que tomou conta de toda a extensão da Avenida Gustavo Paiva, que começa na Bomba da Marieta e atinge a Cruz das Almas.

3.3.3 Algumas importantes ruas e praças do Bairro Mangabeiras

 Rua Desembargador Valente de Lima- Manoel Valente de Lima nasceu nesta cidade em 05 de julho de 1913. Foi advogado, funcionário público, jornalista (dirigiu por algum tempo o Jornal de Alagoas) foi Secretário da Prefeitura Municipal e Procurador Geral do Estado. (LIMA JÚNIOR, 1981, p. 74)

 Rua Joaquim Marques Luz- É a (2ª transversal da Avenida João Davino). Foi auxiliar da Fábrica Alexandria, em Bom Parto. (LIMA JÚNIOR, 1981, p. 113)

 Rua Dr. Mário Nunes Vieira- Lei Municipal nº 2449- 12\12\1977. Foi Diretor da Administração da Saúde Pública, no Governo de Arnon de Mello. Bacharel em Direito pela Faculdade do Recife, e, aprovado em concurso, foi promotor público em

Arapiraca. (LIMA JÚNIOR, 1981, p.138)

 Rua Mário Palmeira Júnior-(terceira transversal da Avenida João Davino) nasceu em São Miguel dos Campos. Foi funcionário federal, servindo no Telégrafo Nacional. (LIMA JÚNIOR, 1981, p. 138)

 Praça Cipriano Jucá- Cipriano Jucá era farmacêutico, nasceu nesta capital, na Rua Nova (Barão de Penedo). Exerceu diversos cargos públicos, foi Prefeito, interino de Maceió, foi sócio fundador da Academia Alagoana de Letras. Publicou dois livros: Alma Lírica do Brasil e Azas de Cera. (, LIMA JÚNIOR, 1981, p. 59)

Documentos relacionados