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No contexto brasileiro, há diferentes compreensões acerca dos conceitos de Atenção Primária, Atenção Básica e Saúde da Família. A Portaria Nº 2488, de 21 de outubro de 2011 estabelece a Política Nacional de Atenção Básica em nosso país e determina a utilização do termo Atenção Primária como equivalente à Atenção Básica. Esta Portaria, além de definir as diretrizes para o desenvolvimento da Atenção Básica no Brasil, considerou a Saúde da Família como estratégia prioritária para a reorganização e consolidação desse nível de atenção à saúde (BRASIL, 2011).

Segundo a nova politica nacional de atenção básica (BRASIL, 2012, p. 19,), atenção básica caracteriza-se por:

um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das

pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios e risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos.

Atenção básica orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. A atenção básica considera o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral (BRASIL, 2012).

Outro documento relevante é o Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada (BRASIL, 2011). Neste sentido de acordo com esse decreto a atenção básica deve cumprir algumas funções para contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde, são elas: I -Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre necessária; II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais; III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares, bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS (BRASIL, 2011).

Neste sentido, o profissional da atenção básica tem importância primordial nas estratégias de prevenção, diagnostico monitoramento e controle da hipertensão arterial. Devem também ter sempre o foco o principio fundamental da pratica centrada na pessoa e consequentemente, envolve o usuário e cuidadores, em nível individual e coletivo, na definição e implementação de estratégias de controle da hipertensão (Brasil, 2014).

Diante desse contexto a atenção básica tem o papel de atuar como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e integrada com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. Para isso, é necessário incorporar ferramentas e dispositivos de gestão do cuidado, tais como: gestão das listas de espera (encaminhamentos para consultas especializadas, procedimentos e exames), prontuário eletrônico em rede, protocolos de atenção organizados sob a lógica de linhas de cuidado, discussão e análise de casos traçadores, eventos-sentinela e incidentes críticos, dentre outros (BRASIL, 2011).

4 METODOLOGIA

Para atingir o objetivo desta pesquisa, que é compreender as percepções das trabalhadoras de enfermagem sobre a pessoa idosa com hipertensão arterial no âmbito da ESF, optou-se pela pesquisa qualitativa que, segundo Minayo (2010), contempla uma realidade que não deve ser quantificada porque se situa no universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Aplica-se ao conjunto de fenômenos humanos entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. Complementando, Minayo, Deslandes e Gomes (2013, p. 14) esclarecem:

O universo da produção humana pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da intencionalidade e é objeto da pesquisa qualitativa. Essa mesma realidade é mais rica do que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela. Portanto, os códigos das ciências, que por sua natureza são sempre referidos e recortados, são incapazes de conter toda a totalidade da vida social.

A escolha dessa modalidade de pesquisa decorre do fato de entender que essa abordagem proporciona uma aproximação com o fenômeno escolhido para o estudo, considerando que os informantes são imbuídos de valores, crenças, atitudes, hábitos e representações com base no conjunto de fenômenos humanos gerados socialmente, compreendendo e interpretando essa realidade.

Optou-se ainda pela pesquisa do tipo exploratória descritiva que, de acordo com Gil (2007), tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, favorecendo o aprimoramento de ideias sobre variados aspectos relativos ao fato estudado. A pesquisa descritiva está interessada na descrição dos fenômenos e em estudar as características, opiniões e atitudes de um grupo social.

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