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íQuadro 10 Escolas particulares no municipio de Francisco Beltrão

2.5 DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

2.5.3 Aterro de RCC

Os aterros para entulhos são definidos como uma área tecnicamente adequada para a destinação de resíduos Classe A no solo, visando reservá-los segregados, possibilitando assim, o seu uso futuro ou futura utilização da área. Outro quesito é que devem ser confinados no menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente, sendo o local devidamente licenciado pelo órgão competente (BRASIL, 2012).

O resíduo disposto no aterro deve ser previamente segregado, de preferência na fonte geradora, ou então em centrais de triagem ou área de triagem no próprio aterro. Devem ser segregados os solos, os resíduos de concreto e alvenaria, os resíduos de pavimentos viários asfálticos e os inertes, podendo ainda ser adotada uma segregação por subtipos (ABNT, 2004d). Geralmente a implantação de aterro de inertes não é vista desta maneira, realizando a disposição dos resíduos no solo sem o controle adequado. Na cidade de Cascavel, no Paraná, o

chamado aterro de inertes (Figura 12) operou por 13 anos em uma antiga pedreira, sem realizar a segregação dos materiais, em 2015 o mesmo foi desativado (CATVE.com, 2015).

Figura 12 – Aterro de inertes em Cascavel-PR

Fonte: CGN (2015).

Além de receber o material segregado a implantação de aterros de inertes deve seguir critérios quanto a localização, visando o mínimo impacto ambiental, a aceitação da população, e atender a legislação de uso do solo, estes são definidos na NBR 15.113 (ABNT, 2004d).

A mesma NBR 15.113 (ABNT, 2004d) define aspectos que devem ser observados na avaliação da adequabilidade do local, são eles:

 geologia e tipos de solos existentes;

 hidrologia;

 passivo ambiental;

 vegetação;

 vias de acesso;

 área e volume disponíveis e vida útil;

 distância de núcleos populacionais.

Apesar de citar aspectos que devem ser analisados na implantação do aterro de RCC a NBR 15.113 não faz detalhamentos, por exemplo, sobre distanciamento de corpos hídricos.

Existe uma outra norma que trata dos aterros de resíduos não perigosos, que são os aterros de resíduos sólidos urbanos. É a NBR 13.896, que especifica os critérios e distâncias a serem considerados (ABNT, 1997). Comparando os critérios definidos para aterro de inertes e

aterros de resíduos não perigosos percebe-se que alguns são bem semelhantes e melhor especificados na NBR 13.896 (Quadro 4).

Quadro 4 – Comparação de critérios de localização definidos na NBR 15.113 constantes na NBR 13.896 NBR 15.113 (Aterro de inertes) NBR 13.896 (Aterro de resíduos não perigosos)

Geologia e tipos de solos existentes

Coeficiente de permeabilidade inferior a 10-6 cm/s e

uma zona não saturada com espessura superior a 3,0 m Declividade 1 a 30%

Hidrologia

200 m de qualquer corpo hídrico

Não deve ser instalado em áreas sujeitas a inundações com período de recorrência de 100 anos

Passivo ambiental -

Vegetação Analisar a existência de vegetação para redução de poeira

Vias de acesso

Os acessos internos e externos devem ser protegidos, executados e mantidos de maneira a permitir sua

utilização sob quaisquer condições climáticas. Área e volume disponíveis e vida

útil Vida útil maior que 10 anos

Distância de núcleos populacionais

Distância mínima de núcleos populacionais de 500 m Área de proteção sem edificação – mínimo de 10 m

Fonte: Adaptado de ABNT (1997) e ABNT (2004d)

Os critérios de segurança para aterro de resíduos não perigosos são mais rígidos em função da decomposição dos resíduos sólidos urbanos aterrados, gerando lixiviados que podem contaminar o solo e os recursos hídricos. Por conta disto a permeabilidade do solo deve ser mínima e a distância a corpos hídricos a maior possível. Outro fator é a exalação de odores e a presença de vetores de doenças podendo afetar a vizinhança, portanto deve-se manter distância de núcleos populacionais e área de proteção sem edificação.

Para aterro de resíduos Classe A, considera-se que os resíduos dispostos são inertes, e para serem considerados como tal, em contato com a água, não devem alterar o padrão de potabilidade. Assim sendo esses tipos de aterros não necessitam de impermeabilização da base. Porém, um estudo realizado por Córdoba e Schalch (2015) constatou por meio de simulações em colunas de lixiviação, que os RCC Classe A sofrem lixiviação quando dispostos em aterros submetidos a chuvas levemente ácidas. Os lixiviados resultantes apresentaram metais pesados como chumbo, cádmio, ferro, níquel e cromo acima do padrão de potabilidade brasileiro, podendo contaminar as águas subterrâneas.

Outro estudo, realizado por Weber et al. (2002) na Florida, analisou os lixiviados dos resíduos de construção, em células de teste ao ar livre. Os resíduos eram basicamente compostos de madeira, papelão, gesso e concreto. Os autores constataram um odor de sulfeto de hidrogênio

proveniente da utilização do sulfato, na respiração de bactérias anaeróbias, resultante da dissolução do gesso. Outros contaminantes encontrados no estudo, como arsênio de crômio, possuem a fonte mais provável de madeira tratada com CCA (arseniato de cobre cromatado).

Vale salientar que madeiras e gessos, apesar de serem provenientes da construção civil não são considerados resíduos Classe A, mas Classe B, portanto não devem ser destinados para aterros de inertes.

A NBR para aterro de inertes prevê a proteção dos corpos hídricos, com um sistema de monitoramento das águas subterrâneas, constituído de no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no sentido do fluxo de escoamento preferencial do aquífero, podendo ser dispensado em função da condição hidro geológica local. Aterros de pequeno porte, com área inferior a 10.000 m2 e volume de disposição inferior a 10.000 m3, estão dispensados de monitoramento (ABNT, 2004d).

Quanto ao acesso ao aterro, deve ser protegido com cerca no perímetro, conter sinalização que identifique o empreendimento, com portão para controlar o acesso. Deve haver um anteparo de proteção visual, minimizando o impacto visual, com o uso de cercas vivas. O acesso e a utilização devem ser garantidos em quaisquer condições climáticas (ABNT, 2004d). No término da vida útil do aterro o mesmo deve possuir um uso futuro, colocando em prática o plano de recuperação da área degradada (ABNT, 2004d).

Para que se encontre uma sustentabilidade na cadeia produtiva dos materiais de construção, o ideal é que seja realizada a Gestão Preventiva com a segregação na fonte, favorecendo a reciclagem dos resíduos. Desta maneira, os aterros para resíduos inertes seriam escassos, utilizados apenas para os resíduos que não possuem tecnologia para reciclagem (Classe C) ou então aqueles que foram impossibilitados de serem segregados.

Em paralelo a estruturação física, segundo Barros (2012), atividades de informação e fiscalização devem ser permanentes, para garantir a observância e a efetividade das decisões.