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1.3 CUIDAR DE SI, CUIDAR DO OUTRO: UMA ABORDAGEM QUALITATIVA

1.3.5 Atitudes práticas

Quando perguntado para os profissionais de enfermagem que atitudes práticas eles tomam para aliviar o estresse e para ter uma boa saúde física e mental, as respostas a seguir:

“Bom, eu procuro tentar assim, me distrair, quando eu tô fora daqui não me ligar nos problemas daqui. Tipo esquecer aonde eu tava. E assim, eu gosto de fazer massagem prá aliviar o estresse. (...) Academia não tenho muito ânimo. (...) Eu, assim, quando dá gosto de ir para o rio, prá cachoeira prá dar uma descontraída, porque se não a gente não agüenta (E1).”

“Eu fui bem determinada, eu vi que tava me prejudicando, apesar de eu gostar muito da UTI, sinto falta, é interessante, eu sinto falta, mas me prejudicava muito, eu não conseguia levar uma vida normal, eu não conseguia sair fim de semana, eu não conseguia fazer mais nada além do serviço. Era só o que eu podia fazer. Eu vi que não tava dando certo e eu realmente pedi pra sair. Eu escolhi aqui (UMS) que me dava uma renda melhor, optei por aqui e tenho uma alimentação saudável, não pratico atividade física, deveria praticar, mas tenho uma alimentação saudável e procuro no serviço me sentir bem (E2).”

“Bom, eu, no meu período de folga ou de férias o que eu mais penso é me afastar do meu dia a dia justamente prá poder descansar a mente em relação ao trabalho. Então acabo viajando, passeando indo prá outra cidade prá poder aliviar essa tensão do trabalho. (...) Faço ginástica na academia, musculação quando sobra tempo (E3).”

“Olha, é meio complicado. Mas quando dá, a gente procura né. O mais acessível entre os enfermeiros é conseguir a troca de plantão, porque se a gente não faz a troca de plantão, a gente fica de plantão de domingo a domingo com uma folga por semana e a gente não consegue sair prá passear, desestressar. Mas a gente acaba articulando um fim de semana por mês, a gente vai, passeia, vai pra cachoeira, pra alguma coisa prá voltar mais fortalecida (E4).”

“Em primeiro lugar eu tento ser bem equilibrada, né, às vezes tentar resolver os problemas da melhor forma possível. Sou uma pessoa muito tranqüila, graças a Deus, não sou estressada, não tenho esse negócio de estresse não, sinto cansaço, cansaço físico mesmo e mental, os dois juntos né. Mas eu procuro ser uma pessoa muito tranqüila, resolver as coisas da melhor maneira possível, não estressar de jeito nenhum e fazendo o melhor porque prá sua saúde não fique tão complicada. (...) Olha alimentação sim, procuro sempre comer verduras, alguma coisa a mais, apesar de eu estar um pouquinho acima do peso, devido eu ter começado trabalhar à noite. Isto me fez ganhar 6 kg dentro de um ano, né. (...). Eu ando de bicicleta, mas é só mesmo durante o período que eu vou daqui lá pro outro serviço. Não é bem exercício físico mesmo (T1).”

“Então eu procuro sempre, o máximo que puder, o tempo que eu tenho livre do serviço, estar em casa, evito assim estar saindo, né, festas, noites assim que

acabam atrapalhando. O tempo que a gente tem livre sempre tá em casa com a família, uma boa alimentação em casa, essas coisas.(atividade física) Não. Bem mínimo. Agente trabalha, é dona de casa, mãe, eu afirmo que não tenho tempo (T2).”

“Geralmente quando eu estou muito estressada eu vou caminhar. Eu venho pro trabalho caminhando e vou caminhando já prá desestressar (T3).”

“Eu faço caminhada todos os dias à tarde, meia hora, quarenta minutos, depende da disposição e do tempo daquele dia (T6).”

Fica evidenciado que todos os sujeitos entrevistados sabem da importância da atividade física, do lazer e de uma boa alimentação para sua saúde física e mental. Cabe destacar que aqueles que possuem apenas um vínculo empregatício possuem uma melhor qualidade de vida e conseqüentemente um menor estresse no seu dia a dia do que aqueles que possuem mais de um vínculo. Na fala do sujeito T1 fica evidente o prejuízo da sua saúde física pelo fato de trabalhar no período noturno e em mais de uma instituição. Pela fala do sujeito E4, por possuir dois vínculos sua folga fica prejudicada, necessitando o uso de mecanismos, como relatado, a troca de plantão para que tenha um fim de semana por mês de folga. Como possuem dois vínculos a folga de um choca com a carga horária do outro, prejudicando o gozo dessa folga.

E questionando os profissionais da enfermagem se a instituição oferece algum tipo de política ou programa de proteção que beneficie a saúde física e mental, essas foram as respostas:

“Não (T3).”

“Não. É difícil hein, filha. Mandar você trabalhar uma semana seguidona assim, né (T5).”

“Aqui na UMS a gente tem uma fisioterapeuta que ela faz toda semana faz exercício com a gente. Aí é bem bom assim, sabe, antes do começo do trabalho, eu participo, é bem interessante Com certeza no dia que a gente faz a gente se sente mais disposto. Até inclusive numa semana a gente faz de um jeito e na outra a gente vai melhorando, né (T2).”

“Olha eu não conheço assim, ainda. Eu não tenho conhecimento, se tem eu não tô tendo conhecimento (T1).”

“Até então não existia. Agora, você pode até estar conversando com a assistente social, a Helena e com a psicóloga. Está se montando um projeto que chama Qualidade de Vida mesmo. Ele vai estar trabalhando essa parte mesmo, qualidade de vida dos profissionais da UMS. Tá procurando fazer festinha, comemorações, tá motivando mesmo, fazendo trabalhos, palestras, interação. A Helena, a assistente social que está movimentando isso. Já tem muita coisa legal (E4).”

“Eu não tenho conhecimento. Se tem não é colocado em prática (E3).” “Recentemente estão criando um trabalho, que o nome é “qualidade de vida (projeto). Nós temos na UMS uma psicóloga e uma assistente social elas elaboraram um projeto para os profissionais. Aí uma vez por mês tem uma confraternização entre os funcionários, os aniversariantes do mês, a gente faz uma festinha, uma coisinha assim pra integração dos funcionários. Porque só trabalho, aquela coisa maçante, doença, fica uma coisa mais legal (E2).”

“Não, nenhuma das duas instituições (E1).”

Através das falas podemos perceber claramente que há algumas iniciativas recentes por parte da instituição de promover um projeto que vise o bem estar de seus funcionários. Esse projeto que alguns profissionais citaram na entrevista está sendo elaborado pela assistente social e pela psicóloga da UMS, estará voltado para três aspectos básicos e importantes: a qualificação profissional, a motivação para o trabalho e a melhoria da qualidade de vida. Segundo a assistente social esse projeto tem como objetivo geral promover o crescimento individual e coletivo dos funcionários da UMS, buscando equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida, a valorização pessoal no seu aspecto biopsicossocial, resultando em melhores condições de saúde física, mental e espiritual do grupo, e para que sejam vencidos todos esses desafios, é necessária a integração de todos os setores, buscando o comprometimento dos dirigentes e a coesão Institucional, para garantir a excelência das ações do projeto proposto. Apesar de estar em implantação já foi colocada em prática a integração entre os funcionários através de festinhas e comemorações de aniversariantes a fim de trabalhar o relacionamento interpessoal entre eles. Algumas respostas negativas de alguns profissionais quanto à existência de programas evidencia a falta de comunicação entre os gestores e equipe de trabalho, e mostra que não contempla todos no ambiente de trabalho.

Outro item que foi colocado pelos entrevistados foi referente à existência de ginástica laboral há alguns meses, por iniciativa de uma fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Municipal, que segundo ela percebeu essa necessidade durante seus atendimentos na UMS. Porém é realizada uma vez por semana, na sexta feira, no período da tarde e ás vezes de manhã. Pelo que podemos perceber não atinge a todos os profissionais de enfermagem. Isto fica evidenciado através de suas falas:

“Começaram agora no horário que eu tô de manhã, aí eles estão fazendo acho que é na sexta feira de manhã (E1).”

“Tem. (...) A gente tem a fisioterapeuta, toda sexta feira ela faz 10 a 15 minutos de ginástica laboral. Com todos que puder participar. Às vezes não dá prá você deixar o serviço naquela hora que está tendo a ginástica laboral. Mas uma vez ou outra dá pra você ir.(...) Ela costuma fazer aqui no internamento, no fim do corredor mesmo, escolhe um espaço menos movimentado. Se algum paciente, acompanhante de paciente quiser vir fazer. É bem legal (E2).”

“A ginástica laboral quando aparece no campo de serviço, na UMS ela apareceu. Na UMS ela é bem esporádica, não há uma política da instituição. Das vezes que aconteceu foi o pessoal da fisioterapia que se propôs a fazer uma ou duas vezes. Não é nada freqüente. É bem esporádico. Quando não é feita pelo pessoal da fisioterapia, os próprios acadêmicos que acabam realizando. Pela instituição mesmo não tem. (...) Até porque 15 minutos de descanso que a gente tem acaba revitalizando todos os ânimos prá uma próxima jornada de trabalho. (E3).”

“Sim, nós estamos fazendo. (...) a fisioterapeuta, ela faz na parte da manhã e faz na parte da tarde com os profissionais. Ela faz uma vez por semana de manhã e uma vez por semana à tarde. A noite ela não tá fazendo ainda, (...) (E4).”

“Olha sexta-feira tem a ginástica laboral, mas nem todas às vezes a gente pode participar. Geralmente quem está no internamento tem mais facilidade. Mas quem trabalha no pronto socorro que é meu caso, eu trabalho mais no pronto socorro. Agora eu vim prá observação, dificilmente a gente tem tempo porque é muito corrido aqui. Ás vezes chega uma emergência, não tem como você largar uma emergência prá tá participando. Então poucas vezes eu participei. Muito importante. Às vezes mesmo que eu participei você sente que realmente alivia as dores, você tá tensa, você termina de fazer você está relaxada. Realmente é muito bom. Quem pode fazer é muito bom. (T1).”

“Não (T3).”

“Sim, ela faz, a gente fica das seis da manhã, a gente faz 15 minutos de ginástica laboral. Eu acho que não é suficiente, a gente queria, comentamos que queríamos todos os dias, traz benefícios, a gente fica mais solto, para dar continuidade no seu trabalho (T6).”

Podemos perceber pelas falas acima que a ginástica laboral beneficia apenas alguns profissionais, pois não ocorre em todos os períodos laborativos, portanto não abrange todos os funcionários. Constatamos que a ginástica laboral é considerada por todos os entrevistados de extrema importância, sendo que gostariam que fosse realizada todos os dias e em todos os períodos. Nos relatos os profissionais de enfermagem (T1, T6 e E3) reconhecem que a ginástica laboral proporciona relaxamento, alivia as dores e promove a revitalização para o serviço, contribuindo com a saúde e para a qualidade de vida e trabalho.

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