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demonstrou menor incidência de doença coronariana isquêmica em homens de meia idade que tinham trabalhos considerados fisicamente ativos (MURPHY; MCNEILLY; MURTAGH, 2010; DISHMAN; SALLIS; ORENSTEIN, 1985). Apesar de não ter sido evidenciado, na ocasião, a associação entre a prática de atividade física e a doença coronariana (MURPHY; MCNEILLY; MURTAGH, 2010), hoje já não se tem dúvida de que esta prática previne o surgimento de doenças isquêmicas cardíacas (LIM et al., 2012).

A atividade física também reduz o risco do desenvolvimento: da hipertensão arterial (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014), do acidente vascular encefálico (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; LI; SIEGRIST, 2012), do Diabetes Mellitus tipo 2 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; LIM et al., 2012; OROZCO et al., 2008), do câncer de colón (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; LIM et al., 2012; WOLIN et al., 2009), do câncer de mama (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; WU; ZHANG; KANG, 2013; LIM et al., 2012), da obesidade e sobrepeso (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; WILLIS et al., 2012; ISMAIL et al., 2012), dentre outras enfermidades.

Também reduz os sintomas da depressão (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; GILL; WOMACK; SAFRANEK, 2010), previne quedas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; SILVA; ESLICK; DUQUE, 2013), melhora a funcionalidade do organismo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014), dentre outros benefícios. Além da utilização da prática de atividade física para a prevenção de doenças, o exercício físico, uma das dimensões da atividade física, também tem sido indicado como forma de tratamento não farmacológico para algumas enfermidades, caso da hipertensão arterial

(CORNELISSEN; SMART, 2013; WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2013; SHARMAN; STOWASSER, 2009;

PESCATELLO et al., 2004).

Tal fato tem sido comprovado nos resultados de estudos de metanálise, que demonstraram a diminuição da pressão arterial sistêmica, decorrente da prática de atividade física/exercício físico por pessoas com hipertensão arterial (CORNELISSEN; BUYS; SMART, 2013; SEMLITSCH et al., 2013; WHELTON et al., 2002; FAGARD, 2001). Destaca-se ainda que a intensidade, duração, frequência dessas atividades podem variar, sem afetar a redução da pressão arterial. Por exemplo, no estudo de metanálise conduzido por Cornelissen, Buys e Smart (2013), foi observada redução pressórica em pessoas com hipertensão arterial, que participaram de exercício físico de endurance, mesmo tendo uma

variação de duração entre 6 e 52 semanas, frequência de 2 a 5 dias na semana, e intensidade entre 50 e 75% da frequência cardíaca de reserva e tempo entre 30 e 60 minutos de atividade. Além disso, tem sido demonstrado uma queda pressórica decorrente de apenas um tipo de intervenção aeróbia (CORNELISSEN; BUYS; SMART, 2013; WHELTON et al., 2002).

Mais recentemente, em estudo de revisão sistemática sobre o efeito de intervenções sobre estilo de vida na pressão arterial de pessoas com hipertensão arterial residentes em países de média (incluindo o Brasil) e baixa renda demonstrou que a atividade física foi mais eficaz na redução dos índices pressóricos, quando comparado às intervenções de modificação na dieta, aconselhamento comportamental e intervenções que envolveram mais de uma ação. Sobre as intervenções de atividade física presentes neste estudo, algumas características observadas demonstraram maior redução da pressão arterial sistólica. Embora as outras características também tenham apresentado redução, as maiores reduções estiveram ligadas a uma duração de programa menor que 4 meses, quando comparado a durações entre 4 e 12 meses; a prática de 2 a 3 horas por semana de atividade física, quando comparada à prática com menos de 2 horas por semana. Destaca-se ainda, que a atividade física do tipo resistido apresentou uma redução mais significativa para a pressão arterial diastólica, quando comparada à atividade física aeróbia e à combinação dessas duas atividades (BAENA et al., 2014).

Assim, o exercício físico aeróbio tem sido universalmente recomendado como uma terapia de estilo de vida para pessoas com hipertensão arterial, reduzindo de 5 a 7 mmHg a pressão arterial desses adultos (PESCATELLO et al., 2015; PESCATELLO et al., 2004). Além disso, esse tipo de exercício tem apresentado um padrão consistente de resultados em estudos de ensaios clínicos randomizados (ECKEL et al., 2014; PESCATELLO et al., 2004) e tem sido fortemente recomendado por diversos órgãos mundiais, conforme pode ser observado no Quadro 1.

Quadro 1. Programas de exercício físico para reduzir a pressão arterial e que envolvem pessoas com hipertensão arterial.

Referência Foco Tipo Intensidade Tempo Frequência

American College of Sports Medicine (PESCATELLO et al., 2004) Hipertensão arterial Predominantemente aeróbio, complementado por exercício resistido Moderada a vigorosa (40 a 60% do VO2R ou 12 a 13 na EB) ≥ 30 minutos contínuos ou acumulados (< de 10 mi) por dia

Máximo de dias da semana

Exercise and Sports Science Australian (SHARMAN; STOWASSER, 2009) Hipertensão arterial Aeróbio - Moderada (40 a 60% do VO2R ou 12 a 13 na EB) - Vigorosa (60 a 84% do VO2R ou 14 a 16 na EB) 30 minutos 20 minutos 5 dias na semana 3 dias na semana Resistido - de 8 a 12 repetições um grupo de 8 a

10 exercícios ≥ 2 dias não consecutivos da semana American Heart Association e American College of Cardiology (ECKEL et al., 2014) Redução do risco cardiovascular

Aeróbio Moderada a vigorosa 40 minutos 3 a 4 dias na

semana

World Health Organization (2013)

Hipertensão arterial

Atividade física - ≥ 30 minutos 5 dias na semana

Sociedade Brasileira de Cardiologia, et al. (2010)

Hipertensão arterial

Aeróbio Atividade moderada

entre 70% e 80% da FC* máxima ou de pico - 30 minutos contínuos ou acumulados por dia ≥ 5 dias na semana

Onde: VO2R – consumo máximo de oxigênio residual; EB escala de Borg que varia de 6 a 20 pontos; FC - frequência cardíaca; * exceto para pessoas que fazem uso de betabloqueadores ou inibidores de canais de cálcio. Fonte: adaptado dos artigos apresentados neste quadro

Com base nessas evidências, diversos programas de atividade física/exercício físico têm sido implementados, com a finalidade de reduzir os níveis pressóricos de pessoas com hipertensão arterial e será apresentado a seguir.

3.2 PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA/EXERCÍCIO FÍSICO