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A hipertensão arterial ocorre quando o valor da pressão arterial permanece elevado persistentemente. Em outras palavras, é quando a força de ejeção do sangue sob a parede das artérias, decorrente da contração do miocárdio, é constantemente elevada (World Health Organization, 2013). Por isso, diversos órgãos a têm definido como sendo condição clínica que culmina em um persistente valor pressórico igual ou superior a 140mmHg para a pressão arterial sistólica e/ou 90 mmHg para a pressão arterial diastólica (Malachias, et al., 2016; World Health Organization, 2013; Chobanian et al., 2003).

A pressão arterial sistólica que é a pressão com valor mais alto mensurado durante a contração do miocárdio e a pressão arterial diastólica que é a pressão com valor mais baixo mensurado durante o relaxamento do miocárdio (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Neste caso, existe uma categorização no qual a pressão arterial pode ser classificada como normal (quando a pressão sistólica é igual ou inferior a 120 mmHg e a pressão diastólica é igual ou inferior a 80 mmHg), como situação de pré-hipertensão (quando a pressão sistólica está entre 121 e 139 mmHg e a pressão diastólica entre 81 e 89 mmHg) e hipertensão (quando a pressão sistólica é igual ou superior a 140 mmHg e a pressão diastólica igual ou superior a 90 mmHg) (MALACHIAS, et al., 2016; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013; CHOBANIAN et al., 2003).

Entretanto muito embora a pressão arterial seja definida a partir de valores pressóricos, esse padrão de valor tem gerado controvérsia no meio acadêmico. Segundo Messerli (2011) o fato de adotar um valor arbitrário (140 mmHg para pressão sistólica e 90 mmHg para pressão diastólica) pode não ser adequado na medida em que existem estudos indicam que valores inferiores a estes reduzem a mortalidade e morbidade. Caso

observado no estudo de Ettehad et al. (2016), no qual a indicação é de que a pressão arterial deve ser mantida sempre abaixo de 130 mmHg para reduzir a mortalidade e morbidade. Como conceituação mais adequada para hipertensão arterial, Messerli (2011) propõe considerá-la como o nível de pressão arterial que aumenta o risco cardiovascular para uma determinada pessoa. Neste caso, independentemente das características das pessoas (idosos, gestantes, crianças, obesos, adultos sem doença, atletas etc.) o conceito permanece o mesmo.

Sobre os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial, de forma resumida se têm: diabetes mellitus, pré-hipertensão, níveis insuficientes de atividade física; alimentação não saudável (excesso de sódio e insuficiente consumo de potássio), obesidade, consumo danoso de álcool (não mais que drink por dia para mulheres e dois drinks para homens), consumo de tabaco, histórico familiar. Também, idosos e pessoas da raça negra estão mais suscetíveis a desenvolverem a doença (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016a, MALACHIAS, et al., 2016). Pontua-se ainda, o reconhecimento pela Sociedade Brasileira de Cardiologia do sobrepeso, do sexo feminino e do baixo nível de escolaridade como outros fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial (MALACHIAS, et al., 2016).

Mas independentemente dos fatores de risco, uma vez desenvolvida a hipertensão arterial, quanto maior for a pressão arterial, maior será a dificuldade de o coração bombear o sangue para as artérias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013), podendo danificar o organismo de diversas maneiras a exemplo da diminuição do fluxo sanguíneo no coração ocasionando insuficiência cardíaca ou ataque cardíaco, da obstrução ou do rompimento de artérias cerebrais causando o acidente vascular encefálico, e aumento no risco de desenvolver doença renal crônica (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2017, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Além dos danos causados pela hipertensão arterial ao organismo, a hipertensão tem ganho posições na lista das causas que mais matam anualmente a população mundial. Em um estudo publicado em 2015 observou-se a evolução no ranqueamento da 34ª posição em 1990 para a 24ª posição em 2013 GBD 2013; MORTALITY AND CAUSES OF DEATH COLLABORATORS, 2015).

Apesar da morbi-mortalidade ocasionada pela hipertensão arterial, o número de pessoas com a doença permanece alto. Em 2015, uma estimativa bruta demonstrou que 20,9% das mulheres e 23,7% dos homens acima dos 18 anos de idade no mundo apresentaram pressão

arterial elevada (WORLD HEALTH ORGANIZATION 2017a). No Brasil, esses valores foram de 20,4% para as mulheres e 26,0% dos homens (WORLD HEALTH ORGANIZATION 2017b).

Mais grave do que o alto número de pessoas com a doença é o fato de que mais da metade das pessoas desconhecem apresentar a doença e, os que apresentam a doença, menos da metade consegue mantê-la controlada. Foi o dado encontrado no estudo de Chow et al. (2013) que ao analisar diversos países, incluindo o Brasil, independente do desenvolvimento econômico do país, em média apenas 46,5% dos participantes tinham ciência de apresentarem a doença. Destes, 87,5% fazia uso de tratamento farmacológico, mas apenas 32,5% conseguiam manter a pressão arterial controlada (CHOW et al., 2013).

Como formas de tratamento a Sociedade Brasileira de Cardiologia tem recomendado o tratamento farmacológico associado ao não- farmacológico para o caso de pessoas com hipertensão arterial que apresentam alto risco de complicações para a saúde e, as que apresentam baixo ou moderado risco recomenda o tratamento não-farmacológico durante 3 a 6 meses e, após este período, se não controlada a pressão arterial, deve-se entrar com o tratamento medicamentoso (MALACHIAS et al., 2016).

Embora não seja foco desta tese, vale destacar que as seguintes classes de medicamentos anti-hipertensivos têm sido utilizadas atualmente no Brasil: diurético, beta bloqueadores, alfa bloqueadores, vasodilatadores diretos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II e inibidores diretos da renina (MALACHIAS et al., 2016). Já o tratamento não-farmacológico diz respeito às seguintes intervenções: controle do peso corporal dentro do padrão normal do Índice de Massa Corporal, dieta alimentar saudável (a exemplo do consumo de frutas, verduras e legumes, redução do consumo de sal, consumo moderado de álcool, dentre outros), cessar o tabagismo, controlar a respiração para que fique mais lenta, controlar o estresse, prática de exercícios físicos aeróbio (MALACHIAS et al., 2016).

Assim, tendo como enfoque o exercício físico, a seguir serão apresentadas revisões relacionando o exercício físico para as pessoas com hipertensão arterial.

3.2 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E HIPERTENSÃO ARTERIAL