• Nenhum resultado encontrado

1.6 Atividades biológicas

1.6.3 Atividade Inseticida

Na Índia, por volta de 2.000 A.C., se fazia o uso de inseticidas provenientes de plantas no controle de pragas. No Egito, durante a época dos Faraós e na China por volta do ano de 1.200 A.C. inseticidas derivados de plantas eram usados para controle de pragas de grãos armazenados, aplicados diretamente nos grãos ou por fumigação destes. No século 16 os europeus faziam uso de plantas para efetuarem o controle de

pragas. Entretanto, após a 2a Guerra Mundial, com o advento dos inseticidas sintéticos,

o uso de inseticidas botânicos foi reduzido grandemente (CHIU, 1988).

Substâncias de origem vegetal apresentando propriedades inseticidas têm sido isoladas, como terpenóides, limonóides, alcalóides e acetogeninas (VIEIRA et al., 2007). Os monoterpenos e seus análogos são os mais importantes, estando presentes em abundância em óleos essenciais de plantas superiores. São substâncias com características lipofílicas, com alto potencial para interferências tóxicas em processos

11

bioquímicos básicos, com consequências fisiológicas e comportamentais em insetos (PRATES; SANTOS, 2000).

Terpenos e fenilpropanóides voláteis podem ter, dependendo do inseto em análise, propriedades atrativas (alimentação, polinização) e/ou inseticidas. Óleos voláteis de plantas apresentam potencial para o controle de Pediculus humanus (piolho), pois alguns deles são seletivos. Frequentemente são produtos não tóxicos e apresentam poucos ou nenhum efeito prejudicial sobre os demais organismos. Assim, óleos voláteis ou seus constituintes isolados têm sido propostos como uma alternativa para os pediculicidas sintéticos comumente utilizados (YUNES; CECHINEL-FILHO, 2012)

A adoção de técnicas biológicas como o uso de lagartas para o controle de pragas do algodoeiro, reduzindo assim a aplicação de agroquímicos, fez com que aumentasse a população de percevejos do gênero Dysdercus. Estes, por sua vez, passaram a causar prejuízos consideráveis, que se relacionam à perda de peso da semente, redução do teor de óleo, possível inoculação de microrganismos nas sementes e, por fim, as manchas nas fibras do algodão (STANISÇUASKI et al., 2005).

Oncopeltus fasciatus, é uma das poucas espécies que se alimentam

exclusivamente de plantas da família Asclepiadaceae. Apesar de não ocasionar danos economicamente importantes como uma praga, tem sido muito utilizado como modelo para estudos em pesquisas entomológicas na busca de novos inseticidas. Como consequência disto, muitos aspectos da sua fisiologia foram estudados e são conhecidos em detalhes (FEIR, 1974).

Outro inseto frequentemente utilizado como modelo para estudos de inseticidas é o Rhodnius prolixus, um importante vetor da doença de Chagas, amplamente distribuído na América do Sul afetando atualmente cerca de 18 milhões de pessoas (MELLO et al., 2008).

Por todas essas razões, torna-se necessário a descoberta de novas substâncias para o efetivo controle de pragas, que possam oferecer maior segurança, seletividade, biodegradabilidade, viabilidade econômica e aplicabilidade em programas integrados de controle de insetos de baixo impacto ambiental.

12 1.6.4 Atividade Hipoglicemiante

O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros (BRASIL, 2006).

Efeitos colaterais e o custo elevado de drogas comuns dos tratamentos tradicionais levaram a um aumento do interesse por terapias alternativas naturais, principalmente nos últimos anos, para o auxílio na redução dos níveis de glicose sanguínea no tratamento da diabetes. Nesta linha, nos últimos anos pesquisadores tem se interessado em buscar possíveis benefícios das plantas e seus metabólitos para o controle desta patologia (NEGRI, 2005).

Diversas espécies vegetais vêm sendo citadas na literatura como adjuvantes no tratamento da diabetes mellitus atuando, tanto no tratamento da doença em si como atenuando seus sintomas e possíveis consequências e, desta forma, inúmeros estudos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de comprovar o efeito de espécies vegetais muitas vezes utilizadas apenas com base em dados empíricos. O diabetes mellitus, por ser doença crônica, de tratamento contínuo, é alvo interessante para a busca de novos métodos de tratamento com a possibilidade de uso de várias espécies de plantas medicinais para o tratamento, contribuindo para triagens etnofarmacológicas e direcionamento de pesquisas que relacionem o potencial de espécies brasileiras para o tratamento desta condição patológica (CECÍLIO et al., 2008).

Atualmente, no tratamento do diabetes, os recursos medicamentosos são empregados, geralmente, em um segundo momento da terapêutica, quando da incapacidade de se controlar os níveis glicêmicos preferencialmente através da prática da dieta e de exercícios físicos. Entre os agentes medicamentosos disponíveis para a terapia do diabetes estão incluídos a insulina e os hipoglicemiantes orais (principalmente, biguanidas e sulfoniluréias) (ASSUNÇÃO et al., 2002).

13

Santos et al. (2012) citaram 35 espécies vegetais com possível ação hipoglicemiante, pertencentes a 24 famílias, sendo as mais freqüentes: Asteraceae (12,5%) e Myrtaceae (9,37%). As plantas medicinais mais prevalentes foram pata-de- vaca (Bahuinia sp, 16,8%), azeitona-roxa (Syzygium jambolanum DC., 15,88%) e insulina (Cissus sicyoides L., 14,01%).

Grover et al. (2002) pesquisaram trabalhos sobre diversas plantas medicinais com efeito hipoglicêmico utilizadas na Índia para o tratamento do diabetes mellitus, entre elas o Syzigium cumini (popularmente chamado de jamelão), pertencente a família Myrtaceae, cujas partes mais comumente utilizadas são as folhas, sementes e polpa na forma de extratos aquoso ou alcoólico e infusões. Segundo esta pesquisa, a administração oral do extrato da polpa do fruto de jamelão em ratos mostrou efeito hipoglicêmico em 30 minutos, possivelmete mediado pela secreção de insulina.

14 2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar o estudo químico e avaliar a atividade biológica da espécie vegetal

Myrciaria floribunda (H. West ex Willd) O. Berg.

2.2 Objetivos Específicos

- elucidar as estruturas químicas das principais substâncias isoladas das folhas de

Myrciaria floribunda a partir de extrações com solventes de polaridade crescente.

- avaliar a atividade hipoglicemiante do extrato aquoso das folhas de Myrciaria

floribunda.

- analisar a composição química do óleo essencial das folhas, flores e caules de

Myrciaria floribunda obtido por hidrodestilação.

- avaliar a atividade antibacteriana do óleo essencial das folhas de Myrciaria floribunda. - avaliar a atividade anticolinesterásica do óleo essencial das folhas, flores e caules de

Myrciaria floribunda.

- avaliar a atividade inseticida dos óleos essenciais das folhas e flores de Myrciaria

15 3 METODOLOGIA

3.1 Material Vegetal

As folhas, caules e flores de três espécimes de Myrciaria floribunda foram coletados na Restinga de Jurubatiba, RJ (22°12’58.2”S - 41°35’00.0”W, 22°13’3.3”S - 41°35’14.4”W, 22°13’00.1”S - 41°35’01.0”W), Brasil, em abril de 2011. A identificação da espécie foi realizada pelo botânico Marcelo Guerra Santos, professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A herborização do material vegetal foi realizada e uma exsicata foi depositada no Herbário da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (RFFP 13.789).

3.2 Extratos e partições

As folhas, 508 g, foram submetidas ao processo de secagem em estufa com ventilação forçada, com temperatura de aproximadamente 35°C pelo período de 48 h. As folhas secas foram moídas em moinho de facas e em seguida, foram submetidas à extração por maceração com hexano, até o esgotamento. O extrato obtido foi filtrado e concentrado em evaporador rotatório sob pressão reduzida, obtendo assim o extrato hexânico (35,1 g). O resíduo remanescente foi submetido a partições com solventes de polaridade crescente (acetato de etila e metanol) (Figura 5). Os extratos, em hexano, em acetato de etila e em metanol foram armazenados em dessecador à temperatura ambiente até sua utilização.

16 Figura 5. Esquema de partição do extrato hexânico de Myrciaria floribunda.

Documentos relacionados