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Reflexão – Regência 12

Reflete-se, de seguida, a regência 12, com o 11º B, no passado dia 25 de março de 2019, na Escola Secundária Aurélia de Sousa. Mais do que uma reflexão sobre os conteúdos programáticos selecionados e preparados para esta aula, o que se segue procura sobretudo analisar e/ou avaliar a postura que orientou toda a prática pedagógica antes da regência, no decorrer da regência e, não menos importante, após a regência. Pretende-se, deste modo, analisar quais as variáveis que estiveram presentes aquando desta planificação e na sua execução. Neste sentido, a reflexão a que me proponho segue cinco momentos fundamentais, a saber: o pior, o melhor, a modificar, a retirar e a introduzir.

Importa salientar que esta regência marca o final do segundo período, tendo sido encarada por mim com alguma satisfação e, concomitantemente, com alguma melancolia. Servindo como último balanço dos setes meses de trabalho que tenho vindo a desenvolver, impõe-se a necessidade de refletir sobre o modo como evolui, retrocedi ou, quiçá, estagnei em determinados momentos. Por ser assim, a reflexão que se segue procura, fundamentalmente, deslindar a multiplicidade de variáveis que se impõem aquando da preparação de qualquer regência. Trata-se, acima de tudo, de uma operação de diálogo que visa, nada mais, nada menos, do que perceber os métodos escolhidos e o modo como foram aplicados. Tudo isto pressupõe da minha parte uma postura crítica que se quer construtiva e que, por isso, implica, ou exige, uma análise profunda em busca de novos modelos de estar e de sentir.

Começo esta reflexão por um dos campos mais importantes: a componente científica. A meu ver, um campo determinante para a obtenção de bons resultados. Aquando da minha preparação para esta regência, compreendi de imediato a importância de uma linguagem clara e absolutamente fiel ao pensamento do autor. Para além disso, acresceu a tomada de consciência da necessidade de uma neutralidade face aos conteúdos programáticos a serem analisados, mais concretamente, as três provas da existência de Deus que Descartes apresenta. Nesse sentido, posso e devo salientar que a minha grande preocupação consistiu em apresentar um discurso fluído, rigoroso e absolutamente coerente. Era fundamental que os estudantes compreendessem a coerência interna que

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caracteriza o sistema cartesiano. Do meu ponto de vista, isso só seria possível seguindo a própria ordem que Descartes apresenta em obras como o Discurso do Método e Meditações Cartesianas. E foi isso que eu fiz. Ou seja, selecionei diferentes citações (objeto de análise em diferentes diapositivos) e um pequeno excerto no qual consta a prova ontológica da existência de Deus.

Consciente de que a atitude do professor face aos problemas é o denominador- comum de todo o processo de ensino-aprendizagem, optei por, no momento de avaliar e decidir quais os recursos e estratégias a utilizar, ter em conta dois aspetos. Em primeiro lugar, adequar-me tanto quanto possível às características do grupo-turma que tinha em mãos. Em segundo lugar, ser fiel às características que tenho vindo a desenvolver enquanto docente. No momento de formação em que me encontro, urge a necessidade de encontrar o meu lugar. A meu ver, é este cunho pessoal que tenho vindo a desenvolver que me permite explorar e sintetizar os recursos por mim escolhidos e criados; pois, sei exatamente o que pretendo alcançar com a sua utilização e o modo como o pretendo fazer, encaminhando os discentes de forma clara e correta neste processo de investigação.

Para mim não restam dúvidas: é fundamental sensibilizar os estudantes para uma determinada problemática e, não menos importante, construir a aula de modo a que todos os elementos se encontrem reunidos na busca de uma solução. Dito de outra forma, é essencial, em ambientes de ensino-aprendizagem que se pretendem dinâmicos, que o problema seja de todos. Sem mais palavras: foi a isto que me propus e foi isto que consegui. De facto, considero que consegui envolver os alunos no estudo, levando-os a posicionarem-se criticamente face ao que estava a ser exposto sem que com isso aceitassem como resposta última a primeira que lhes era apresentada.

O meu objetivo é sempre o mesmo: transformar a mera informação em verdadeiro conhecimento, e para isso é fundamental que os alunos se reconheçam e se sintam como parte ativa na aula, isto é, que têm uma voz e que essa voz tem um lugar. Nesta ordem de ideias, reconheço que a utilização do diálogo orientado foi uma mais-valia na transposição didática, pelo menos em dois sentidos. Primeiramente, por motivar os discentes para a aprendizagem dos conteúdos programáticos a serem analisados. Em segundo lugar, por tornar a aula o menos possível unidirecional na exposição dos conteúdos. Todavia, estou

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consciente de que no processo desta planificação, a necessidade de produzir materiais criativos não foi a variável que mais se impôs. Embora presente, o meu objetivo foi construir diapositivos que permitissem aos alunos acompanhar o encadeamento das ideias de Descartes.

O aspeto menos positivo desta regência foi, sem sombra de dúvida, a ausência de uma atividade que possibilitasse uma passagem mais equilibrada entre a ideia de Deus e a ideia de Mundo. A meu ver, nesse exato momento e por falta da mesma a aula tornou- se demasiado expositiva. De facto, aquando da fundamentação pedagógico-didática achei por bem só solicitar a realização de duas atividades depois de explicitar a prova de Deus e a prova do Mundo. Contudo, hoje reconheço que deveria ter dividido a sua realização conforme os conteúdos que estivessem a ser explorados. Os alunos necessitam de tempo e de descanso, de modo a transformar as palavras que lhes são transmitidas em suas. É fundamental que os alunos possam consolidar os conteúdos e é igualmente importante que nós – professores – possamos monitorizar a sua compreensão, por forma a verificar e a esclarecer possíveis dúvidas.

Em termos gerais, considero que a aula teve um fio condutor bem construído e que esse fio foi efetivamente transposto na execução da aula, o que resultou numa aula bem preparada cientificamente e bem realizada didaticamente.

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