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A atividade termina quando todas características que compõem o nome das moléculas forem apresentadas.

Qual o nome disso? Construindo uma atividade sobre Nomenclatura de Compostos Orgânicos inspirada na PHC

MELHOR, INSPIRAÇÕES PARA USO DE METODOLOGIAS ATIVAS)

11) A atividade termina quando todas características que compõem o nome das moléculas forem apresentadas.

Esta é uma prática pensada para ser realizada ao longo de 100 minutos ininterruptos, pois, tendo em vista que trata somente das características principais que definem o nome de moléculas orgânicas e as substâncias que elas compõem, é necessário que mais tempo seja usado para lidar com os sufixos, infixos, prefixos propriamente ditos.

É importante que cada grupo tenha uma cópia das regras em mãos, pois, nessa prática, o professor ou professora apenas organizará o andamento da fase de interação entre os grupos. Deve garantir também que nenhum estudante participante da brincadeira já tenha tido contato com estes conhecimentos (em alguns contextos, é comum que estudantes de terceira série façam concomitantemente cursos pré-vestibulares). Estes estudantes poderão atuar como monitores, caminhando entre os grupos, acompanhando se as regras da brincadeira estão sendo cumpridas como apontado. Esta é uma tarefa imprescindível para o desenvolvimento da prática, pois, se algum estudante em um grupo já tiver alguma experiência prévia sobre o tema, o aprendizado de todos e todas estará comprometido. Como aponta Vigotski (2007), as palavras precisam ser inicialmente desprovidas de significado para os participantes.

Igualmente relevante é reforçar o princípio de cooperatividade. A prática não resulta em um vencedor ou perdedor. Pelo contrário, o que um grupo levanta como possibilidade

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pode refutar ou ratificar as conclusões de outro grupo, favorecendo novas reflexões dos estudantes sobre os conceitos. Uma vez reforçado, minimizar-se-á também um possível ímpeto à violação de regras, tendo em vista que a vantagem aqui não está ligada ao triunfo sobre o outro, mas com o outro.

Primeira regra que remete ao material propriamente dito é a regra 3. Portanto, vou melhor descrevê-lo. Os blocos de madeira aqui foram substituídos por cartas ou fichas, por motivos de praticidade. De um lado são escritos os nomes de moléculas orgânicas simples, enquanto que nos versos são feitas as fórmulas estruturais das respectivas moléculas. Detalhe importante é que estas fórmulas devem apresentar os grupos funcionais de maneira condensada (–OH ao invés de –O–H como mostra a Figura 2), pois o estudante pode tomar como referência o oxigênio somente ao invés de todo o radical hidroxi, associando este oxigênio com o de um éter, por exemplo, o que demandaria mais tempo para possibilitar as associações quimicamente coerentes. As fichas e as moléculas escolhidas para compor a primeira versão deste material aparecem nas Figuras 2 e 3. Válido ressaltar que cada grupo formado deverá possuir um kit com todas as fichas.

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Na etapa 6 está a primeira adaptação para realização da atividade em grupo: aqui, todos do grupo deverão apresentar o que pensam a respeito da relação dos critérios escolhidos pelo participante da vez (que escolheu e virou as cartas) com o nome da molécula no verso da carta. Esta etapa favorece a construção coletiva destas relações, onde o diálogo irá permitir o confronto de ideias e argumentos até um denominador comum.

Como apenas 3 cartas são viradas, o próximo participante poderá escolher cartas com base em critérios para ratificar ou refutar argumentos e hipóteses anteriormente levantadas no grupo, resultando em um trabalho coletivo de investigação. Ao completar a primeira rodada, chegando novamente no cabeça (fase 9), o grupo, através do seu representante, colocará a prova as conclusões da rodada, podendo então comparar com as conclusões dos demais grupos. Nesta etapa é importante que o professor ou professora não permita debate entre os grupos, de maneira que as informações sistematizadas pelos outros apenas sejam confrontadas dentro dos grupo, na rodada seguinte, ao retornar a fase 5. Por exemplo, o cabeça do grupo A expõe as conclusões de seu grupo a todos os grupos. Como o grupo D concluiu elementos divergentes aos do grupo A, o cabeça deste grupo decide interromper a fala para argumentar como chegou a essa conclusão. Neste momento, o professor ou a professora deverá interromper o cabeça D, para que apenas quando ele apontar suas conclusões, os membros do grupo A avaliem o argumento na próxima rodada, investigando a partir de nova fase 5. Assim o(a) professor(a) estará direcionando as discussões em grupos menores, favorecendo a construção deste espaço divertido de uma nova linguagem a partir da imaginação dos estudantes.

Ao final da segunda ou terceira rodada, o professor ou professora deverá diagnosticar em que etapa os grupos estão na elaboração dos argumentos – normalmente nesta fase já identificam que quando há somente carbono e hidrogênio o nome termina em o, os que tem –OH, termina em ol, estão próximos de concluir que a dupla ligação entre carbonos resulta em um en no meio do nome, apesar de o C=O ainda confundi-los –, para então revelar que cada nome possui um prefixo, um infixo e um sufixo. Esta informação irá permitir que os estudantes façam suas investigações tomando como estrutura básica as informações fornecidas, e eventualmente associarem número de carbonos com os prefixos, presença de múltiplas ligações entre carbonos com infixo, e grupos funcionais com sufixo, inclusive relacionando cada sufixo, infixo e prefixo com o que representam. Logo, torna-se

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possível que os próprios estudantes montem um quadro com estas informações, por exemplo.

Ao longo da prática, tudo que o professor ou professora faz é orientar a dinâmica, permitindo que os estudantes usem o material para mediar a construção dos conceitos químicos, evitando a grande dependência da memorização destes conteúdos. Este espaço de protagonismo do estudante, caracterizado pela diversão, exercício de imaginação, confronto de ideias, teste de hipóteses, imergem a aula de química no brinquedo, transformando as quatro paredes da sala em um mundo ilimitado de possibilidades de aprendizado.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Maurício S. Um dia na vida: abordagem lúdica para o uso de Silva Araújo. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós- graduação em Educação em Ciências.– Ilhéus, BA: UESC, 2015. 173 p.

BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. A importância da reflexão sobre a prática de ensino para a formação docente inicial em ciências biológicas. Rev. Ensaio. Vol 5, n. 2, 2003.

BONWELL, Charles C.; EISON, James, A. Active Learning: Creative Excitement in the classroom. ASHE-ERIC Higher Education Reports. Disponível em <https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED336049.pdf>

ENGELS, Friedrich. Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. In. Obras escolhidas. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Vol. 2. São Paulo: Editora Alfa- Ômega. 1984.

VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente. Tradução: José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 182 p.

_____________. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jeferson Luis Camargo. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 194 p.

_____________. Construção do Pensamento e da Linguagem. Tradução: Paulo Bezerra. 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

_____________. Psicologia Pedagógica. Tradução: Paulo Bezerra. 3 Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 558 p.

ZEICHNER, Kenneth M. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente. Rev. Educ. Soc. vol. 29, n. 103, p. 535-554. 2008.

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CAPÍTULO 4

Sequência didática para o ensino de metodologia científica em