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3. Reflexão crítica da prática clínica – competências, objetivos e atividades

3.5. Trabalho em Equipa

3.5.2. Atividades de Formação

Na área da saúde tem vindo a verificar-se um acréscimo de tecnologias, bem como uma evolução crescente dos conhecimentos. Os enfermeiros possuem um papel ativo na aquisição de novas competências, novos saberes, onde é essencial o desenvolvimento de capacidades de reflexão e análise crítica. O pensamento reflexivo permite adequar os conhecimentos ao local de trabalho (Pires e Engenheiro, 2012; Santos, 2008; Fonseca, 2015).

A formação interna da equipa assume um papel preponderante na aquisição de competências de trabalho, sendo este fomentado através de reuniões periódicas, em que ocorrem discussão de casos clínicos, estudos de caso e onde os profissionais têm a possibilidade de manifestar as suas emoções e sentimentos. A formação contínua tem como objetivo a aquisição de conhecimentos e capacidades com vista ao desenvolvimento pessoal e profissional com o intuito de melhorar a desempenho e a qualidade dos serviços (Pereira, 2010; Santos, 2008).

Na prática clínica foi possível verificar que se cumpre o preconizado pela bibliografia. Existe um plano de formação em serviço, que ocorre mensalmente, onde durante as reuniões diárias é escolhido o elemento responsável pela formação nesse mês, bem como a escolha do dia. A apresentação ocorre no dia escolhido e após a reunião diária de discussão dos doentes. Tive a oportunidade de apresentar um trabalho durante a minha prática clínica analisando um artigo de referência sobre sedação paliativa. O trabalho intitulado: “Guidelines sobre sedação em doentes terminais, análise do parecer da associação portuguesa de bioética”, revelou-se uma experiência enriquecedora de conhecimentos, bem como de análise, permitindo um debate entre a equipa. Estas atividades revelam-se fundamentais para potenciar a realização de trabalho de qualidade pela equipa. Durante a prática clinica foram realizadas atividade no domínio da autoaprendizagem com vista à aquisição de novos conhecimentos potenciadores de boas práticas:

ü Revisão Sistemática da Literatura (RSL), intitulada: “A Comunicação de Más notícias ao doente em fase paliativa e sua família num serviço de Medicina”

ü Elaboração de um Protocolo de transmissão de más notícias implementado no meu local de trabalho, (Apêndice III);

ü Realização de duas sessões de sensibilização sobre a transmissão de más notícias no meu local de trabalho, intitulada: “A transmissão de más notícias- Protocolo de Buckman”, (Apêndice IV);

ü Realização de questionário à equipa, sobre comunicação de más notícias com o intuito de após a sua análise, melhorar a qualidade dos cuidados (Apêndice V);

ü Apresentação da análise crítica do parecer da associação portuguesa de bioética, intitulada: “Guidelines sobre sedação em doentes terminais”

ü Reflexão critica sobre o caso do Sr. F;

ü Estudo de caso de um doente acompanhado pela EIHCP (Apêndice VII).

3.5.3. Objetivos Atividades desenvolvidas

Como forma de demonstrar a aquisição de competências no trabalho em equipa, é dada resposta ao seguinte objetivo: Demonstrar competências na implementação de um plano assistencial de qualidade, desenvolvendo experiências de prática assistencial junto de diferentes equipas de cuidados paliativos em regime de internamento ou de apoio domiciliário.

No seguimento dos objetivos específicos: desenvolver competências na área do trabalho em equipa, foram realizadas as seguintes atividades:

ü Apresentação do serviço e da equipa pela enfermeira chefe; ü Integração na equipa e na dinâmica do serviço;

ü Participação nas reuniões diárias para discussão dos casos clínicos de forma individual;

ü Promoção de estratégias/atividades que evitem o burnout dos profissionais de saúde;

ü Identificação das responsabilidades dos diferentes elementos da equipa na planificação e prestação de cuidados aos doentes e famílias;

4. Projeto de Melhoria da Qualidade – Plano de

Intervenção/Formação

4.1. Identificação da área problema

Nos Hospitais de Agudos constata-se, nomeadamente no meu local de trabalho, um serviço de medicina, um aumento considerável de doentes com patologias do foro oncológico. Em muitos doentes, senão a maioria, é durante o internamento que lhes é transmitida uma má notícia, nomeadamente o diagnóstico de uma neoplasia.

As más notícias são “informação que alteram drástica e desagradavelmente a opinião que o doente tem do seu futuro”, (Twycross 2003, p.41), no entanto a ausência de informação ou a comunicação deficiente conduz o doente a um sentimento de insegurança em relação à doença e ao prognóstico da mesma, assim como a uma insegurança na sua relação com a equipa (Barcley, Momen et al., 2011; Baile et al, 2007; Twycross, 2003). Dar a informação ao doente, sempre de acordo com as suas necessidades, pode ajudar a diminuir o seu isolamento e medos e a mobilizar os seus recursos e capacidades de enfrentar a situação. A equipa interdisciplinar deve abordar o assunto de acordo com o modelo de comunicação de Buckman, que constitui um protocolo orientador para a transmissão de más notícias (Barbosa e Neto, 2016).

Informar sim, mas não a todo o custo. O modo como se comunica ao doente o diagnóstico, influência a forma como este vai reagir (Leal, 2003).

Analisando o que diz a literatura transmitir “más notícias” requer a aquisição de competências básicas na comunicação. Realidade que constatei ser fundamental no meu local de trabalho. A comunicação de más notícias é uma das tarefas mais difíceis de desempenhar. Sem o treino adequado, o desconforto e a incerteza leva a que os profissionais de saúde se afastem dos doentes (Buckman 2005; Baile et al, 2007; Barbosa e Neto, 2016). Para evitar um afastamento por parte dos profissionais de saúde é de extrema importância ajudar a colmatar as lacunas relativamente à comunicação, daí a pertinência de desenvolver formação em comunicação no meu local de trabalho.

A comunicação tem um papel preponderante em cuidados paliativos sendo uma das bases de um tratamento eficaz e de qualidade. Comunicar eficazmente com o doente leva à satisfação das suas necessidades de apoio, esclarecimento de dúvidas, compreensão e acompanhamento. Deste modo, comunicar é uma ferramenta terapêutica, não se adquirindo de forma inata, mas sim com aprendizagem e treino (Barbosa e Neto, 2016; Brás e Ferreira 2016).

É difícil, senão impossível comunicar uma má notícia com desapego emocional, sem que isso afete em maior ou menor profundidade. Os avanços dos conhecimentos na área da comunicação permitiram a estruturação de um protocolo facilitador deste tipo de intervenção. O modelo de comunicação de Buckman que constitui um protocolo orientador para a transmissão de más notícias é compreendido por seis

passos: 1. Preparação e escolha do ambiente adequado; 2. Descobrir o que o doente já sabe; 3. Descobrir o que o doente quer saber; 4. Compartilhar informação; 5. Responder às emoções do doente; 6. Organizar e planificar (Barbosa e Neto, 2016, Baile et al, 2007, Buckman, 2005).

A existência do protocolo constitui uma mais-valia para os profissionais de saúde, uma vez que é um excelente orientador para e realização de uma atividade tão complexa como é o processo comunicacional.