• Nenhum resultado encontrado

Atividades Desportivas Praticadas em Função do Género

3.3.2.V ARIÁVEIS

4. A PRESENTAÇÃO DOS

5.2. A NÁLISE DESCRITIVA

5.3.3. Prática de Atividades Desportivas em Clubes

5.3.3.1. Atividades Desportivas Praticadas em Função do Género

Relativamente às atividades desportivas ou artísticas os resultados obtidos mostram-nos que a natação, dança e ginástica são atividades mais frequentemente observadas nas raparigas do que se houvesse independência da modalidade praticada em relação ao género. Por sua vez, os rapazes apresentam mais frequência das atividades de futebol e outros desportos.

Lançado por Vern Seefeld (1967), o estudo denominado Motor Performance Study caracteriza o desenvolvimento da performance em função do género. Os efeitos de género na performance motora a partir dos sete anos estão bem explícitos neste estudo, embora bem diferentes a partir da adolescência. Com a realização de várias provas este investigador verificou que o rendimento dos rapazes (até á idade adulta) é superior ao das raparigas. Ainda verificou que, até aos cinco anos as meninas se posicionam entre os 40 e os 60% da performance adulta, enquanto os meninos se situam entre os 20 e os 40%. A partir destes dados podem ser definidos os potenciais de desenvolvimento desde a infância para ambos os sexos.

No estudo realizado por Seabra et al (2008), há registos que evidenciam maior participação dos rapazes em AF de âmbito desportivo e de intensidade vigorosa e das raparigas em AF de lazer e de baixa intensidade. No entanto, estes investigadores observaram um maior envolvimento do sexo masculino em atividades físicas em detrimento do envolvimento das raparigas. Ou seja, segundo o nosso estudo parecem continuar a existir as atividades “tipicamente femininas” e “tipicamente masculinas”

O estudo aqui registado vai de encontro ao de Nilsson, Anderssen, Andersen, Froberg, Riddoch, Sardinha e Ekelund (2009). Estes autores verificaram uma significativa diferença entre rapazes e raparigas no que concerne à AF.

6.C

ONCLUSÃO

O reconhecimento de limitações num estudo como este merece abordagem primordial antes de passarmos às conclusões finais. Nesta senda, compete-nos reforçar que o local e a amostra da nossa pesquisa apenas revelaram uma realidade que permitiu identificar factos contextualizados e datados ao ano de recolha dos dados. Desta forma, as considerações tecidas à volta da análise e discussão dos resultados não podem ser transpostas a outras realidades nem a outro período de tempo e espaço. Contudo, esta pesquisa não deixa de assumir um valor considerável na medida em que pode contribuir para o enfoque de estudos mais abrangentes ao nível do território nacional.

A presente dissertação pretende registar o estudo realizado com o objetivo de averiguar até que ponto os tempos livres são aproveitados com a realização de atividades físicas e lúdico-desportivas pelas crianças do 1º ciclo do Ensino Básico. Como fio condutor a esta averiguação tentou-se encontrar respostas para as questões da investigação, todas elas elaboradas em função do género. Assim, além de se ter realizado a análise percentual entre géneros, também foi realizada a comparação da participação dos diferentes sexos no que respeita à duração e frequência da Atividade Lúdico Desportiva, bem como ao local onde se desenrolam estas práticas.

Concluindo, no que respeita à frequência verificou-se que tanto rapazes como raparigas passam a maior parte do seu tempo livre em casa sendo a rua o segundo local apontado por ambos os sexos. No que respeita ao local, ou seja, limitação geográfica, concluímos que na sua maioria, ambos os géneros elegem “a casa” como local onde passam mais tempo. Ainda a partir dos mesmos dados podemos concluir que, ao contrário da expetativa inicial, as meninas indicam mais o “jardim ou quintal” como local onde passam tempo livre quando não estão na escola, enquanto os rapazes passam apontam “instalações desportivas” mais que as raparigas. Estes resultados permitem concluir que os rapazes passam mais tempos com atividades mais vigorosas do que as raparigas, ou seja, estas evidenciam atividades mais sedentárias – realizadas em casa, rua ou no quintal – e por conseguinte despenderão menos energia, uma vez que não utilizam tanto o desgaste corporal.

De acordo com a opinião dos inquiridos, independentemente do sexo, os pais das crianças não colocam limitações quanto ao local escolhido para as brincadeiras. A frequência e o local também variam de acordo com fim-de- semana ou dia útil. Assim, independentemente do género, conclui-se que os espaços ao ar livre (parque infantil, jardim publico, rua/largo, rio/barragem) são muito mais utilizados ao fim de semana do que em dias úteis. De igual modo, a frequência de instalações desportivas também é superior ao fim de semana quando comparada com os dias úteis, embora com maior prevalência do sexo masculino. Estes dados permitem-nos inferir uma maior disponibilidade de tempo ora das crianças, ora das famílias, tendo em conta que durante a semana as crianças estão em atividades letivas e os adultos nas suas funções profissionais.

Relativamente às atividades realizadas nos tempos livres, os resultados evidenciam que menos de metade dos inquiridos frequenta um clube ou associação para a prática desportiva. Destes, a maioria é do sexo masculino. Quanto às atividades realizadas nos tempos livres em casa, verificou-se a existência de diferenças estatisticamente significativas entre géneros nomeadamente no que respeita a jogos eletrónicos e colecionismo, onde os rapazes prevalecem em relação às raparigas.

Concluindo, no que respeita a atividades desportivas, os rapazes praticam mais desporto orientado e estruturado do que as raparigas. Ainda relacionando as atividades desportivas ou artísticas e as escolhas em função do género, as atividades eleitas mais frequentadas foram a natação e o futebol. A partir destes dados e correlacionando-os com os dados anteriores relativamente ao género, poderemos inferir a relação, com maior percentagem de escolhas, por que mais rapazes frequentam locais desportivos.

Verificou-se, ainda, a probabilidade da existência de atividades desportivas “tipicamente femininas” e “tipicamente masculinas”. Esta conclusão é possível tendo em conta que as atividades mais frequentemente observadas nas raparigas foram a natação, a dança e a ginástica, em oposição às atividades futebol e outros desportos observados em grande maioria nos rapazes.

Resumindo, podemos concluir que as crianças do sexo masculino são mais ativas do que as do sexo feminino, uma vez que proporcionalmente se constatou as primeiras como praticantes de ALD mais assíduas do que as segundas.

Consequentemente podemos inferir a existência de maior desgaste energético nos rapazes do que nas raparigas, que, por sua vez, ocupam os seus tempos livres com atividades menos vigorosas, logo, mais sedentárias. A partir dos dados recolhidos relativamente à prática em dias úteis e ao fim de semana, concluímos que existe uma certa dificuldade em coordenar as atividades letivas e respetivas rotinas diárias de modo a facilitar a prática de Atividade Lúdico Desportiva durante a semana, uma vez que escasseiam os momentos denominados “tempos livres” ora para as crianças, objeto do nosso estudo, ora para os familiares, peças necessárias para a mobilidade dos petizes quando têm que se deslocar para fora de casa.

Em suma, os tempos livres e tempos de lazer impulsionam, de facto, a realização de Atividades Lúdico Desportivas nos alunos do primeiro ciclo do ensino básico. Contudo, nem todos esses alunos desfrutam das mesmas oportunidades nas suas escolhas, uma vez que outros constrangimentos se sobrepõem aos seus desejos, nomeadamente a falta de tempo deles próprios e das famílias, assim como, de acordo com o género, os seus gostos pessoais e, ainda, constrangimentos sociais que impelem as meninas para atividades tipicamente femininas e os meninos para atividades tipicamente masculinas.

Dos caminhos delineados e daqueles que pretendemos delinear, como possíveis trabalhos de investigação, destacam-se:

1- estudos sobre a relação entre as práticas desportivas dos alunos e a obesidade, tendo como suporte a Escola a Tempo Inteiro, isto é, a articulação entre os professores titulares de turma e professores das atividades de enriquecimento curricular;

2 - estudos que permitam verificar, a nível de macrossistema, até que ponto os projetos nacionais de saúde produzem mudanças nas perceções e práticas dos pais e encarregados de educação, com vista à prática da atividade física das crianças.

Com este estudo acreditamos ter contribuído e alertado para a necessidade da reflexão sobre as práticas desportivas no bem-estar da criança e da sociedade em geral.

7. R

EFERÊNCIAS

Documentos relacionados