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Atividades de logística Inversa

2.2 Morfologia dos sistemas de logística inversa

2.2.2 Atividades de logística Inversa

A logística inversa entrou nos negócios em meados dos anos noventa e a sua implementação e o seu âmbito ainda não são muito claros, o que dificulta a análise e cálculo dos benefícios da logística inversa.

No entanto, alguns autores escrevem que os produtos devolvidos podem ser reprocessados ou renovados, e assim podem estender o seu tempo de vida ou até recapturar valor desses produtos através da reciclagem (Chen, 2001; Brito e Dekker, 2003; Tang e Naim, 2004; Srivastava e Srivastava, 2006).

Mais investigação é necessária para compreender se a logística inversa está ligada ao ciclo de vida do produto assim como pesquisar o impacto que as atividades de logística inversa têm no tempo de vida de um produto (Srivastava e Srivastava, 2006).

A logística nos EUA representa 9,9% do PIB (Denaley, 2000), mas determinar o valor da logística inversa exato é muito difícil, já que muitas empresas negligenciam a logística inversa. Contudo Rogers e Tibben-Lembke (2002) estimaram que a logística inversa representa 4% dos custos com logísticos, o que representa 1,5% do PIB.

Como citado por Rogers e Tibben-Lembke (2002) a logística inversa envolve todas as atividades associadas com o produto ou serviço depois do ponto de venda. O objetivo final de cada empresa é otimizar ou fazer de forma mais eficiente as atividades de pós- venda, trazendo desta forma ganhos para a empresa.

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Os processos de logística inversa mencionados na secção anterior são os chamados processos típicos do fluxo de logística inversa (recolha, embalagem, transporte e encaminhamento), mas quando o produto está dentro da firma, é importante escolher qual a melhor atividade para eliminar o produto ou recuperar o seu valor. Na Tabela 1 mostram-se algumas dessas atividades, ou as mais utilizadas em estudos de logística inversa (Rogers e Tibben-Lembke, 2002, Fleischmann, et al. 2000 e Chan e Chan, 2009):

Tabela 1 - Atividades comuns de Logística Inversa

Fonte: Adaptado de Rogers e Tibben-Lembke (1999)

A primeira atividade é devolver o produto ao fornecedor se as restrições contratuais o permitirem, havendo um reembolso total. Se o produto não foi usado e não pode ser devolvido, deve então ser vendido a outro cliente ou numa loja outlet. Se a qualidade do produto não permite ser vendido numa loja ou loja outlet, esse produto deve então ser vendido a uma empresa de salvados, que provavelmente irá vende-lo num mercado externo.

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No entanto, se o produto não pode ser vendido como está, mas se através de processos de reparação, remodelação ou remanufactura a empresa pode significativamente aumentar o valor da venda desse produto, então a empresa deve avaliar o custo/beneficio.

Quando por qualquer motivo (fraca condição, implicações legais ou restrições legais) o produto não puder ser reparado, a empresa terá que o eliminar ao mais baixo custo.

Porém muitos dos materiais podem ser recuperados, outros materiais recicláveis podem ser removidos e o restante irá ser depositado em aterro, mas já em quantidades menores minimizando assim o impacto ambiental e as taxas de deposição em aterro (Rogers e Tibben-Lemble, 1999).

No que toca a materiais de transporte e embalagens, eles são reutilizáveis muitas vezes durante um largo período de tempo até serem eliminados. Porém, paletes ou bolsas podem sofrer dados, no entanto podem ser renovados, voltando a ser usados.

As empresas Europeias são abrangidas pela legislação, que as obriga a adquirir novamente os materiais usados em transporte e embalamento. Neste caso, as empresas devem usar estes materiais o máximo de tempo possível, reduzindo os custos, e quando já não pode ser mais usados devem recuperar os materiais.

De acordo com Kapetanopoulou e Tagaras (2010) as atividades de recuperação do produto podem ser classificadas de duas maneiras diferentes:

Recuperação direta (reutilizar ou revender);

Processo de recuperação (reparar, renovar, reprocessar e reaproveitar e

reciclar).

As atividades de recuperação são definidas de acordo com o estado do produto, mas no seguimento de Thierry et al. (1995) e Fleischmann et al. (1997) elas podem ser

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Reparar, envolve a substituição ou restauro de componentes com falha ou

defeito, como intuito de o produto voltar a trabalhar normalmente;

Renovar, significa restaurar o produto e possibilidade de atualizar sem

desmontar completamente;

Reprocessar, o produto é completamente desmontado e algumas partes são

maquinadas, para que o produto volte à sua condição de novo;

Canibalização é a recuperação de um conjunto restrito de peças reutilizáveis

dos produtos usados;

Reciclar, é simplesmente reutilizar os materiais dos produtos devolvidos, mas

retirando a identidade ao produto.

Um produto reprocessado ou renovado pode custar mais que um produto novo, mas segundo Witt (1995), Autry et al. (2001) e Beamon e Fernandes (2004) os produtos reprocessados tem a mesma qualidade dos produtos novos, portanto podem ser vendidos na mesma condição dos novos para atender à procura do mercado. Contudo, a qualidade dos produtos reparados não é a mesma dos produtos novos, normalmente é menor.

Rogers e Tibben-Lemble (2001) dizem que lojas de produtos usados e outlets são eficazes a desviar dos aterros muitos produtos, criando inúmeros empregos, que resulta em benefícios económicos para economia local e do país.

Nos EUA as lojas de produtos usados e outlets representam 2,28% do PIB em 2010 (Burnson, 2010). Verifica-se de igual forma, que muitos produtos eletrónicos são devolvidos sem nenhuma falha encontrada (Amini et al. 2004). Neste caso, é sugerido aos expedidores ouvir os consumidores, de maneira a perceber as expetativas deles em termos de sustentabilidade, uma vez que os consumidores procuram opções para a responsabilidade ambiental na eliminação dos produtos obsoletos. Já para Dowlatshahi (2000) o coração da logística inversa é reciclar ou reprocessar.

Seria necessário mais investigação para entender o impacto das lojas de produtos usados ou outlets na economia, e como as empresas devem vender melhor os seus produtos

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indesejados. Também é necessário determinar como as empresas devem selecionar melhor os produtos, que vão para outlet, de forma a minimizar as devoluções e ainda proteger a integridade da marca (Srivastava, 2007).

Em suma, e de acordo com a Figura 6 uma gestão geral de desperdício deve ser estabelecida da seguinte forma, minimizar, reusar, reciclar, incinerar e no final depositado em aterro (Carter e Ellram, 1998).

Figura 6 - Gestão de Desperdício

Fonte: Adaptado de Carter e Ellram (1998)