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CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE REQUALIFICAÇÃO NO COMÉRCIO

C. Atividades Não-residenciais

As atividades não-residenciais existentes no Comércio vêm sendo objeto de estudo desde que se iniciaram os esforços para a requalificação da área. Nos anos 2000 e 2004 o SEBRAE realizou censos empresariais (o último encomendado pelo Escritório de Revitalização do Comércio), que cadastraram as atividades formais e informais, com o objetivo de sistematizar a realidade empresarial da área, levantando suas condições gerenciais, administrativas, mercadológicas e financeiras, a fim de colaborar na estruturação de políticas e de programas adequados para a área (SEBRAE, 2004).

O Censo Empresarial 2004 fez análises comparativas com o trabalho realizado no ano 2000, encontrando, contudo, dificuldades nos casos em que as metodologias adotadas apresentavam diferenças, havendo, ainda, uma complementação de informações não levantadas anteriormente. O censo 2000 cadastrou 1.523 empresas formais e 639 unidades informais entre ambulantes, baianas de acarajé e barraqueiros, enquanto o estudo de 2004 cadastrou 1.830 e

456 unidades dos respectivos setores. Além dos empreendimentos pesquisados foram encontrados 429 salas e 59 “andares” desativados (SEBRAE, 2001; 2004)42.

Pode-se observar a distribuição dos ramos de atividades nas Figuras 4.14 e 4.15 abaixo:

68% 22%

5% 3% 2%

Serviços Comércio Comércio e Serviços Indústria e Comércio Indústria

Figura 4.14 – Percentual dos ramos de atividades no setor formal alocados no Comércio.

Fonte: Sebrae, 2004.

32%

48% 8%

11% 1%

Serviços Comércio Comércio e Serviços Indústria e Comércio Indústria

Figura 4.15 – Percentual dos ramos de atividades nos setor informal alocados no Comércio.

Fonte: Sebrae, 2004.

Conforme os gráficos tanto no setor formal quanto no informal as atividades terciárias ultrapassam 85% do total, sendo que as atividades formais são predominantemente voltadas para os serviços, enquanto as informais são predominantemente comerciais, uma configuração que não se alterou no período entre as duas pesquisas, além de confirmar o caráter terciário da área.

42

O censo empresarial 2004 considera como atividades formais os empreendimentos “[...] registrados na JUCEB – Junta Comercial do Estado da Bahia, identificados a partir da existência de CGC-CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e/ou aqueles possuidores de ponto físico fixo de instalações, localizados na área” e atividades informais “[...] aquelas desprovidas de regularização na JUCEB, ou mesmo de ponto físico fixo”, ou seja, todas aquelas que utilizam os espaços públicos, praças, calçadões ou calçadas para o desempenho de suas atividades. Cabe ressaltar que os ‘informais’ considerados para efeito de cadastramento excluem aqueles definidos como ‘passantes’, tais como vendedores de picolé entre outros, ou seja, aqueles que se movimentam na área durante o período de atividades (SEBRAE, 2004, p. 22).

O Censo Empresarial 2004 permitiu observar um incremento na quantidade das atividades no setor formal e retração no setor informal, além da atração de outras não registradas no censo anterior. No setor formal, surgiram 50 novas empresas atuantes no ramo de serviços de escritório, jurídico, contábil e de auditoria, 94 empresas relacionadas a serviços de assistência médica e 12 empresas de comércio de artesanato. No setor informal o número de comerciantes reduziu mais de 30%, enquanto no ramo dos serviços aumentou em 14% em relação ao ano 2000, havendo incremento nos ramos de alimentação, artesanato e pescaria, e desaceleração do comércio de artigos importados. Isto significa que os incentivos fiscais oferecidos pelo poder público tem contribuído para que os empresários que atuam na área busque a formalização de seus negócios.

A pesquisa identificou tempo de existência das empresas, informação capaz de evidenciar a estabilidade dos negócios na área. Indica que 25% delas tem entre um e três anos de existência – o que demonstra que o processo de requalificação apresentou impactos imediatos na sua capacidade de atração de novas atividades – e 29% tem mais de dez anos, contrariando a idéia de “morte da área” que se tem veiculado. Foi constatada, também, que a maioria das empresas é de porte micro ou pequeno e que, em comparação com a pesquisa de 2000, há estabilidade no número de empregados por empresa.

Quanto às atividades informais, todo o universo cadastrado pelo Censo Empresarial 2004 informou ser legalizado, por meio de licenciamento junto à SESP, o que, em comparação com o censo de 2000, indica atuação efetiva do poder público municipal neste setor, visto que, naquele ano, 85% dos trabalhadores mantinham suas unidades sem legalização junto à PMS.

Mesmo o Centro Tradicional tendo deixado de localizar a maior concentração de comércio varejista do município, observa-se que a área ainda é predominantemente voltada para o setor terciário, apresentando uma grande diversidade nas modalidades de atividades que ali se localizam. Seu público alvo está entre as classes de rendas baixa e média, que demandam por bancos e outros serviços financeiros, de saúde, de advocacia e jurídicos, indústrias gráficas, confecções, atividades ligadas ao porto, além de bares, cafés, lanchonetes e restaurantes que são utilizados tanto pelos trabalhadores da região quanto pelos turistas (BASTOS, 2003; NEIVA, 2003).

O censo SEBRAE 2004 analisa este público consumidor dos produtos e serviços oferecidos no Comércio, nos setores formal e informal, possibilitando duas opções de respostas. Em ambos os casos, a primeira opção apresentou como maioria os próprios trabalhadores do centro e que vêm de outros bairros; e em segunda opção outras pessoas que vêm de outros bairros e turistas e transeuntes (Figura 4.16). 22% 18% 10% 7% 6% 4% 3% 3% 27%

Trabalhadores do Centro Moradores / Trabalhadores de outros Bairros Outras pessoas de outros bairros Outros (especifique)

Trabalhadores do Centro/ moradores das imediações Não sabe identificar Moradores das imediações do Centro Transeuntes/ Turistas Trabalhadores Moradores

Figura 4.16 – Público consumidor dos produtos e serviços oferecidos na área do Comércio.

Fonte: Sebrae, 2004.

Os censos empresariais do SEBRAE indicaram as ruas em que a pesquisa foi realizada, mas não realizaram um mapeamento das atividades existentes na área, o que foi realizado pelo cadastro do Master Plan, que levantou as atividades “no térreo dos imóveis” e “nos demais pavimentos” (Figuras 4.17 e 4.18). 66% 2% 13% 1% 5% 13%

COMERCIAL INSTITUCIONAL SERVIÇOS

MISTO OUTROS SEM USO

Figura 4.17 – Atividades no pavimento térreo dos imóveis.

21% 2% 20% 2% 27% 23% 3% 2%

INEXISTENTE RESIDENCIAL COMERCIAL INSTITUCIONAL SERVIÇOS MISTO OUTROS SEM USO

Figura 4.18 – Atividades nos demais pavimentos dos imóveis.

Fonte: Salvador, 2006b.

No térreo, a maioria das atividades é comercial (66%); seguida das de serviços, com o mesmo percentual de imóveis sem uso no térreo (13%); 5% são de uso misto; e 2% institucional. Nos demais pavimentos, 27% é de serviços; 23% sem uso; 21% inexistente (edificações térreas); 20% é comercial; 3% misto; 2% residencial; e 2% institucional. Os dados indicam que ainda há um alto índice de desuso dos imóveis da área, apesar das muitas ações que estão sendo implementadas. O Coordenador do Escritório de Revitalização, Marcos Cidreira, em entrevista para a presente pesquisa, afirmou acreditar que questões como indefinição da situação fundiária e, em muitos casos, a especulação sobre os valores dos aluguéis são os fatores responsáveis por isto.

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