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Durante o período de observação das atividades e coletas de dados foi realizada, pela equipe multiprofissional do CAPS ADIII Gurupi/TO, uma assembleia com os usuários e uma reunião com diretores de escola, coordenadores e orientadores educacionais sobre suicídio.

A observadora chegou à instituição às 14h00h onde ocorria uma assembleia com os usuários. Estavam presentes na reunião cerca de 20 usuários e 5 funcionários da instituição (psicólogo, educador, assistente social e assistente administrativo).

Foi lida a ata da assembleia da reunião anterior pela assistente administrativa, onde foram registradas as irregularidades e transgressões do grupo, tomada de medidas de educação e higiene, que foram tratadas com o grupo em questão.

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O grupo apresenta três mulheres apenas. Foi perguntado ao grupo se todos estão tomando medicamentos e o coordenador relatou a importância da medicação para o tratamento.

Foi pedido para que todos participassem do grupo terapêutico. Um dos usuários presentes, em crise, argumenta ao coordenador: ―que adianta tomar remédio e ser tratado mal, espancado e amarrado, é preciso ter amor”.

Foi perguntado ao grupo quem eram os novos usuários presentes na reunião, e observou-se que teve um usuário que utilizou o serviço do CAPS AD III no passado e agora estava retornando.

O coordenador conduziu a reunião instigando a participação dos membros do grupo a dialogarem e trocarem informações. Assim o coordenador explicou ao grupo o que é lei de responsabilidade fiscal e como é feita a compra dos medicamentos através da licitação.

Foi relatado o problema do cigarro, instruindo que os usuários devem utilizar o local de fumar para o fim destinado, que evitem fumar em outras dependências ou na rua.

Um funcionário relatou que a família acaba abandonando o membro usuário no sistema e que às vezes o usuário se insere na sociedade reabilitado, mas a família não ajuda no processo, onde causa a recaída do usuário ao álcool e às drogas.

Com relação às fugas da instituição, foi colocado pelo coordenador que o não precisa fugir da instituição, que as portas estão abertas tanto para a saída quanto para a volta.

Um dos usuários presentes expôs como poderia fazer no caso para sair nos dias que arrumar serviço na cidade, e o coordenador explicou que ele tem que deixar comunicado à administração do CAPS AD III, o dia, hora da saída, local de trabalho e hora da chegada. Também foi colocado pelo coordenador sobre a importância de frequentar os grupos terapêuticos e o uso dos medicamentos.

O funcionário da administração pediu colaboração de alguns voluntários para a manutenção da grama e do jardim.

A reunião se encerrou às 15:00h, e após este momento, em conversa com o assistente administrativo e coordenador, foi relatado por eles que a maior dificuldade se encontra na família, que se ausenta e não aceita o usuário, abandonando-o no programa.

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Outra observação que ocorreu durante o período de coleta de dados foi no dia 12 de setembro, na sala de grupo terapêutico, também chamado de sala de atendimento coletivo, onde se tratou com profissionais da educação sobre suicídio, ação desenvolvida pelo programa, devido ao mês de setembro ser o mês destinado a estas ações. Num primeiro momento foram feitas as apresentações dos profissionais do CAPS ADIII e dos profissionais da educação. Estavam presentes diretores de escola, coordenadores, orientadores educacionais e profissionais do CAPS.

Para aquecimento do grupo foi exibido uma cena do filme: ―O vendedor de sonhos‖, no qual um homem tenta se suicidar.

A psicóloga do CAPS AD III inicia a fala e a roda de conversa e mostra ao grupo a forma que podemos lidar com o suicídio através de uma construção amorosa, traz também dados estatísticos e justifica o porquê de tratar com os alunos, por isso explica o chamado aos educadores e instituições educacionais.

Foi discutido na roda de conversa se o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) desenvolve alguma atividade nas escolas para se trabalhar ou se atende casos de suicídio. Houve a explicação por um profissional do CAPS qual o objetivo do NASF, mas que não envolveria a esfera escolar.

Levantou-se a questão do suicídio ser uma demanda multifatorial, levando-se em consideração os fatores ambientais, sociais, familiares e que o próprio sistema de gestão afeta o comportamento suicida.

Assim a roda de conversa passou para um momento mais reflexivo levando- se à seguinte questão: o que nós estamos fazendo para mudar esta realidade?

Foi colocado na roda de conversa que recursos na comunidade poderiam ajudar e foi citado o SEPSI (Serviço Escola de Psicologia) da UNIRG como uma ajuda à comunidade.

Pôde-se perceber que a angustia dos educadores está voltada para como orientar a família nos casos urgentes que aparecem e que o tempo todo está pisando em ―brasa‖.

Um dos pontos citados pela equipe multiprofissional que o CAPS ADIII está voltado para o sentido da vida, buscar esta motivação no adolescente ou na criança.

Com o avanço da hora muitos dos presentes começaram a sair devido ao horário e outros compromissos, a roda de conversa durou aproximadamente duas horas (2horas), iniciou-se às 16:00h e terminou às 18:15 horas.

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Não foi possível participar das atividades de grupo com usuários pela pesquisadora em questão sendo que na semana que ocorreram as observações participantes não houve as reuniões e também não ocorreram as reuniões com a equipe multiprofissional devido aos feriados ocorridos no mês de outubro.