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Além de dar sentido à biografia de Angelo Agostini através da sua atuação no movimento abolicionista, os textos até aqui analisados tem uma característica comum: não abordam aspectos da vida pessoal do nosso “poeta do lápis”. Sua trajetória, na versão dessas narrativas, é uma seqüência de atos nobres, pontuada por sentimentos humanitários e cívicos orientados para um fim preciso. Nelas, Agostini é uma espécie de encarnação de virtudes, alguém sem vaidades, nem outro qualquer anseio que não promover o bem. É também a partir dessa característica que é explicada a viagem que fez para Paris, que aconteceu após uma curiosa seqüência de acontecimentos. No dia  de setembro, Agostini deu entrada ao pedido de naturalização, deferido a  de outubro.

No mesmo mês, dia 10, fez um novo contrato da Revista Illustrada, pelo qual a firma passava a ser chamada “Angelo Agostini e cia”. Novos sócios e valores são definidos no texto em que ele já aparece como “cidadão brasileiro”. Finalmente, no alvorecer do

dia 11 de outubro, embarca para Paris no vapor Portugal. Sua partida foi noticiada na Revista Illustrada: “após  anos de lutas e de trabalho ininterrupto”, com a vitória da abolição, vai à capital francesa para descansar e se reciclar artística e tecnicamente nos “grandes centros civilizados”. Promete mandar alguns desenhos e breve regresso.

Esta versão é sustentada nas páginas da Revista durante alguns meses. Na correspondência que mantém com seus redatores, e que era publicada esporadicamente no semanário, dava notícias da viagem, relatando impressões dos locais que visitou. Não chegou, no entanto, a enviar nenhum desenho. Aos poucos, a correspondência foi rareando. Logo cessou completamente. O que foi anunciado como umas férias merecidas, e curtas, foram  anos de ausência, após os quais desligou-se definitivamente da Revista Illustrada, que manteria atividade até 1898. O motivo de tão logo afastamento, no entanto, nada tinha a ver com o anunciado. Através do relato de Mariana Agostini8,

neta do artista italiano, ficamos sabendo que seu avô partira às pressas fugido da família da sua aluna de pintura e amante Abigail de Andrade. Segundo a tradição oral

55 No pequeno processo de naturalização que está no Arquivo Nacional, ficamos sabendo apenas que Agostini residia na rua Barão de Guaratiba, no. 2 e que era o proprietário da Revista Illustrada. Na carta de recomendação exigida no processo para atestar os bons antecedentes de Agostini, seu endereço e o tempo em que era morador da Corte, José Pires Brandão Pires descreveu Agostini como “um dos mais denotados atletas da liberdade em todas as suas manifestações”. Arquivo Nacional, “Naturalização”, no. 28-88.

56 Contrato de “Angelo e Cia”, firmado em 0/out/888, Arquivo Nacional, Liv 25, Reg. 32445. 57 “Angelo Agostini”, Revista Illustrada, no. 58, 3/out/888.

58 O pesquisador Marcos Tadeu Daniel Ribeiro fez uma entrevista com Mariana Agostini em 8/maio/988. Reproduziu esse registro em sua dissertação de mestrado Marcus Tadeu Daniel Ribeiro. Revista Illustrada – síntese de uma época. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 988.

da família, a jovem aprendiz, filha de importante família de Vassouras, viera para a Corte ter aulas de pintura. Aluna de Agostini, com ele iniciou uma história de amor proibida. Sua atividade no movimento abolicionista não agradaria a família de Abigail. Além disso, Agostini era casado e pai de Laura Alvim, que então contava 1 anos. Por essas razões, o envolvimento amoroso não era visto com bons olhos. Em 1888, o casal já tinha uma filha de  meses, Angelina Agostini, e Abigail estava esperando mais um filho. Após separar-se de Maria José Palha, Agostini, por medo de represálias a Abigail e a si próprio, parte para Paris, sem a anunciada intenção de pronto regresso.

Isso explica a rapidez com que mudou o contrato da Revista, a pressa com o processo de naturalização e até a versão apresentada na imprensa. Além de ajudar a proteger a fuga do artista italiano, a explicação faz parte da memória do herói da abolição que era trabalhada na imprensa. Revelar as razões da viagem de Agostini seria uma mácula na imagem que era tão bem desenhada. Mancharia sua imagem, e do grupo do qual fazia parte. Afinal, o homem sem vaidade, que praticava o bem pelo bem, era também de carne e osso. Ter uma história amorosa com uma aluna, separar-se da esposa e fugir com a amante para Paris não se encaixava na biografia de Agostini, que não teria outra razão na vida que não fosse a luta política. Para a neta Mariana Agostini, filha de Laura Alvim, a história não constitui uma mancha na biografia do avô. Ela o descreve como um humanista, um homem à frente do seu tempo, que além de defender até o fim suas idéias, de dedicar a vida à luta política, tinha coragem de enfrentar tabus. Mas se para a Mariana esta história não diminuía o avô, o caso amoroso com Abigail simplesmente não consta das narrativas biográficas a respeito de Angelo Agostini. Se podemos imaginar que na época o escândalo deve ter circulado, a posteridade não conheceria esta faceta da vida do artista italiano.

Prova disso está no capítulo de Herman Lima no seu importante livro A História da Caricatura no Brasil9. Esse detalhe da vida do artista italiano não aparece

no texto. É novamente a luta política pela abolição e pela república o motivo da existência de Agostini. Ao mesmo tempo, é ressaltado seu talento artístico e seu empenho em retratar a vida política, cultural e social do país. Sua obra, comparada à de Debret e Rugendas, buscaria assim fixar o “caráter pitoresco da vida brasileira”0. Herman Lima

compara o artista italiano a J. Carlos, o único que teria superado Agostini em qualidade. Por não ter um traço definido pela deformação, mais próximo ao retrato, a obra de Agostini é descrita como uma fonte histórica importante, por ter fixado com precisão

59 Herman Lima. História da Caricatura no Brasil – vol. 2. Rio de Janeiro, José Olympio, 963, pp. 780-804. 60 Idem, pág. 784.

e também opinião, a história política do período. Apesar do seu anticlericalismo, que Lima considerou um exagero, o trabalho “puramente político” de Agostini faz dele uma espécie de purificador da política nacional.

Alguns anos depois, Marcus Tadeu Daniel Ribeiro fez uma dissertação de mestrado a respeito da Revista Illustrada. O autor parte e defende o argumento de ser a Revista Illustrada um importante documento histórico, de ser uma “síntese” da história política dos anos 180 e 1880. O trabalho procura mostrar que o principal semanário de Angelo Agostini desenvolvia uma “arte denúncia”. Assim, aquele jornal de caricatura estava “mais vinculado à realidade da população” do que à “arte erudita”, limitada pelos temas acadêmicos. Partindo dessa perspectiva, o autor procura entender o sucesso da Revista Illustrada, semanário definido em grande medida por seu papel político ao mesmo tempo em que teria atuado como veículo de “divulgação e vulgarização das artes visuais”. A escravidão seria o principal alvo de Agostini, sendo que alguns de seus principais e mais bem realizados trabalhos seriam críticas ferrenhas ao regime escravocrata e denúncias contundentes contra a violência sofridas pelos escravos. O autor, nesse sentido, definiu a revista até o ano de 1889 como um órgão abolicionista, o que teria sido possível apenas em razão da independência do hebdomadário, que possuía sua própria oficina litográfica, ao mesmo tempo em que teria sido responsável por grande parte das dificuldades enfrentadas ao longo de sua trajetória. Em uma parte da dissertação, faz um breve relato biográfico sobre Agostini no qual apresenta sua história amorosa com Abigail de Andrade. O autor, que no final do texto reproduz a entrevista que fez com Mariana Agostini, de certo modo reproduz a versão apresentada pela neta de Agostini. A dissertação, em linhas gerais, define a Revista por seu aspecto documental e faz uma associação com o empenho político do seu principal autor.

A memória de Angelo Agostini, como procurei demonstrar, tinha significados distintos a cada instante em que o personagem era lembrado. Com o passar dos anos, sua obra foi sendo vista como uma espécie de verdade sobre o tempo, mas o empenho político em prol da abolição e da república foi sempre o elemento organizador dessa memória. A razão de escrever sobre a vida e obra de Agostini se alterava, respondendo a demandas próprias do tempo. No entanto, os textos produzidos em 1888 por José do Patrocínio e Joaquim Nabuco são as fontes dos demais. Ainda que o significado coevo desses textos tenha se perdido nas apropriações futuras, o abolicionismo como grande norte de sua vida se tornou uma verdade inquestionável, cuja força foi capaz de apagar o restante da experiência desse personagem no Brasil. Isso ajuda a explicar parte do sentido mais geral atribuído à sua vida e os muitos esquecimentos que integram, de forma constitutiva, sua memória.

Uma primeira ausência, e que chama especial atenção, são as poucas, imprecisas e em alguns casos nulas referências ao tempo em que passou em São Paulo. O mais das vezes esta parte da vida do personagem constitui-se somente em um breve comentário, muitas vezes também associado diretamente ao abolicionismo e à atividade de caricaturista. Após analisar a forma como a história da vida de Angelo Agostini foi sendo construída, parecem evidentes as razões que levaram a esse procedimento. Afinal, são pequenas biografias em grande medida informadas por dois textos que tinham sobretudo um sentido político de afirmação de um grupo de abolicionistas. Agostini é, nesse sentido, uma forma pela qual os dois autores buscaram mais uma vez tratar do tema abolição. No segundo momento, a intenção era fazer o elogio póstumo do autor, que no instante de sua morte não parecia desfrutar de grande prestígio. Finalmente, em 193 a intenção estava associada a consolidar um sentido para o processo histórico da abolição, relacionando este evento com a ideologia do Estado Novo. A falta de uma investigação de fôlego, que tenha tido a preocupação de desenvolver um trabalho sistemático de pesquisa fez com que o sentido forjado na luta política pós-abolição tenha se tornado verdade sobre a vida e a obra de Angelo Agostini.

Não se pode perder de vista, contudo, que a memória é também constitutiva da vida do personagem, uma vez que ele fez parte desse processo de construção. Seguindo as trilhas dessa memória, prestando atenção nos principais elementos que foram utilizados para definir o perfil do personagem – abolicionista, republicano, anti-clerical e um dos pais da arte da caricatura no Brasil – temos uma série de pistas através das quais emergem diferentes Angelos Agostinis. A memória do personagem, sua multiplicidade, permitem repensar qualquer sentido unívoco atribuído a ele. Para além das imagens de cada tempo, há os diferentes instantes da vida de Agostini, vividos por ele como indeterminação, sempre pautado por incertezas sobre o futuro pessoal e da nação. A questão, nesse sentido, não é confrontar, ou opor, memória e experiência, na busca de descobrir a verdade sobre sua vida, se ele foi ou não um nome importante no movimento abolicionista e se de fato foi um caricaturista importante. Não há espaço para dúvidas a esse respeito. Os textos de Nabuco e Patrocínio são suficientes para acreditarmos que ele era assim considerado por muitos contemporâneos. A intenção, nos demais capítulos desta tese, é inserir o personagem nos diferentes contextos em que atuou, definidos pelas indeterminações vividas por “(...) homens situados em contextos reais (que eles não escolheram) e confrontados perante forças incontornáveis com uma urgência esmagadora de relações e deveres (...)1. É tentar entender o que não está dito

nas memórias. Perseguir sentidos que a memória não revela para mergulhar um pouco nas complexas relações entre política e humor ilustrado no Brasil da segunda metade do século XIX a partir do processo sempre incerto, não linear, recheado de conflitos e contradições da formação de Agostini como o “poeta do lápis”.

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O regressO dO vOluntáriO

Em março de 180 chegava ao fim a guerra do Paraguai. Ao longo dos cinco anos de duração da luta, Angelo Agostini iniciava-se no ofício de caricaturista. Tudo começou em setembro de 18, na imperial cidade de São Paulo, quando saiu o primeiro número do Diabo Coxo. Os confrontos contra Solano Lopes e suas conseqüências internas no Brasil foram os temas que despertaram mais interesse no artista italiano. Sua formação na imprensa ilustrada está intimamente associada às questões suscitadas no período da guerra. Por essa razão é um tema que permite analisar a transformação do pintor retratista, que desembarcou no Brasil por volta de 1891, no artista do lápis que

anos depois conquistou a admiração e o respeito do público brasileiro. No dia primeiro de março de 180, Solano Lopes foi acuado e morto em Cerro Corá, chegando ao fim o mais longo, sangrento e dispendioso conflito externo em que o Império do Brasil se envolveu. Angelo Agostini já havia, então, se tornado desenhista de jornais de caricatura e da mesma forma consolidara uma visão sobre o país.

Acompanhando os primeiros traços daquele jovem de 1 anos nos jornais de caricatura, busco neste capítulo entender como Agostini fez desse tipo de jornal o seu ofício, e qual o significado daquelas folhas para ele. Ao mesmo tempo, estudando algumas imagens sobre a guerra é possível entender aspectos sobre o contexto revelados pelas imagens, especialmente no que se refere aos limites da ação do Estado naquela sociedade escravista. Enquanto começava a carreira na imprensa ilustrada, aprendia o ofício e tomava a decisão de seguir na profissão, formava opinião a respeito do Brasil. Seus trabalhos daqueles anos revelam um constante incomodo. A cobertura que Agostini fez da guerra estava marcada por uma percepção de que o Estado extrapolou das suas atribuições, cometeu uma série de atos violentos e ilegais para vencer o confronto com Solano Lopes. As estampas eram feitas para mostrar a diferença entre o discurso

 As informações sobre a chegada de Agostini ao Brasil são pouco precisas. Alguns autores afirmam que ele desembarcou no Brasil antes de 859, outros pouco depois. Nenhum apresenta uma fonte que dê alguma credibilidade à informação. Procurei no Arquivo Nacional a lista dos desembarques de estrangeiros, mas a documentação relativa ao período da chegada de Agostini ao Brasil se perdeu. Em crônica escrita por Agostini na Revista Illustrada de

oficial nacionalista criado nos anos da guerra e uma prática do governo imperial oposta a este discurso, marcada especialmente pela maneira como acontecia o recrutamento forçado na província de São Paulo. Entender esse aparente contra-senso, o que lhe parece ser uma mistura aparentemente contraditória de princípios, distintos por sua própria natureza, é o ponto central dos desenhos que produziu entre 18 e 180. Neles, Agostini vai demonstrando uma crescente desconfiança em relação ao governo imperial. As imagens que produziu são testemunho de uma descrença no Estado brasileiro, em razão do clientelismo e de sua ligação orgânica com a igreja. A imprensa ilustrada, por meio da sátira, vai se revelando nesse processo um lugar privilegiado para o debate político.

Um dos pontos nodais da percepção de Agostini sobre os anos da guerra do Paraguai recaía na escravidão:

Esta imagem, publicada pouco tempo depois do final dos combates, foi mais de uma vez citada em textos sobre Angelo Agostini. Ocupa lugar destacado na construção da sua memória. Seria uma prova de que, desde o início da década de 180, não apenas tinha idéias abolicionistas como trabalhava para a causa através da principal arma que dispunha: a caricatura. Anos mais tarde, na Revista Illustrada, ele iria desenvolver essas idéias, se tornando um personagem destacado na campanha pela libertação dos escravos. O comentário de Herman Lima sobre esta estampa é um excelente exemplo desse tipo de interpretação:

“A luta pela Abolição dá inegavelmente aos caricaturistas e em particular a Angelo Agostini as armas mais poderosas contra a monarquia.

Não é possível sequer citar as dezenas e dezenas de charges com que o intrépido combatente da boa causa vergastou, anos a fio, o vergonhoso regime do cativeiro, tolerado tantos anos pela complacência do governo, atrás das marchas e contramarchas de seus estadistas, no sentido da libertação dos negros.”2

Os horrores da escravidão estariam denunciados em um desenho forte, carregado de um sentimento de revolta que seria a grande marca da atuação de Agostini desde o início. Com desenhos como este, o “intrépido combatente da boa causa”, “vergastou” a terrível instituição da escravidão e o regime monárquico com uma “arma” poderosa. Em outras palavras, seus desenhos teriam um lugar importante na derrocada da monarquia e no processo que teve o termo final no dia 13 de maio de 1888. Esta imagem é para Herman Lima, assim, um tipo de chave mágica de decifração da obra de Angelo Agostini. A principal característica, assim como o sentido fundamental da vida e da obra deste autor estaria resumida nela. Além disso, o autor sustenta a versão de que a caricatura produzida por Angelo Agostini era um instrumento de ação política decisivo, orientado por uma visão do autor já bastante clara e definida desde o início da década de 180, razão pela qual fora um agente das principais mudanças do tempo. Finalmente, Lima relaciona intimamente a sustentação da monarquia com a permanência da escravidão: atacar um era necessariamente combater o outro. Essa percepção explica a atuação de Angelo Agostini, cujo empenho teria sido o de acabar com a escravidão e mudar o regime político.

Este tipo de associação, de modos variados, aparece na historiografia da guerra do Paraguai. Muitos trabalhos centraram suas preocupação em descrever e analisar a campanha, buscando entender a origem dos conflitos, as razões de sua longa duração, além das conseqüências internas e externas dos combates3. Outra linha de trabalhos

2 Herman Lima. “A escravidão e a monarquia” in: História da Caricatura no Brasil – vol. . Rio de Janeiro: José Olimpio, pág. 208.

3 Conferir Francisco Doratioto. Maldida Guerra – nova história da guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Ver também Maria Eduarda Castro Magalhães Marques (org.) A Guerra do Paraguai 30 anos depois. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 995.

viu a guerra como um acontecimento importante para explicar o fim da escravidão e a queda da monarquia. Muitos autores vão buscar os nexos entre essas questões no

papel que das forças armadas, destacando as mudanças e a importância política que tal instituição passou a gozar durante aqueles anos. A maioria dos pesquisadores, por

motivos diferentes e objetivos também particulares, se apóiam no argumento de que a guerra contra o Paraguai foi um instante de inflexão decisivo na história do Brasil imperial. Tal centralidade aparece na obra de Agostini, que trata majoritariamente dos eventos internos e externos dos conflitos do sul.

Outra linha de estudos tem centrado atenção na iconografia da guerra do Paraguai. Estes estudos começam a questionar interpretações como a apresentada por Herman Lima, ainda que compartilhem alguns dos seus pressupostos. Buscando

escapar de uma visão chapada desse tipo de fonte, ora utilizada como simples ilustração, ora tomada como transparência da realidade, tal historiografia investe em desvendar a produção das imagens, mostrando a importância de entender seus autores, técnicas de produção, veículos de divulgação para compreensão dessas fontes. Tem demonstrado interesse em decifrar a dimensão simbólica das imagens da guerra, sua participação e importância nos acontecimentos que tematiza, além de ter o cuidado de investigar as características de cada tipo de imagem, com vistas a dar densidade histórica à iconografia da guerra do Paraguai. No entanto, apesar de avançarem nessa perspectiva, os trabalhos acabam reafirmando a lógica que funda a análise de Herman Lima no que se refere ao trabalho de Agostini. Apesar de serem importantes contribuições na problematização de fontes iconográficas, os trabalhos sobre as imagens da guerra

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