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Para Secchi (2013, p. 99), na literatura das ciências políticas, os atores são aqueles indivíduos, grupos ou organizações que desempenham um papel na “arena política”4

. Secchi

3 Considero como preexistente pelo fato de já existir agricultores familiares comercializando plantas medicinais (como raízes, cascas, folhas, extratos) em setores curtos de comercialização, como: “feiras convencionais” e espaços de produção orgânica, hora sua comercialização consociada com outros produtos alimentícios da agricultura familiar, hora isoladamente com outras plantas medicinais do extrativismo.

4 “As arenas políticas não são espaços físicos, mas sim, contextos sistêmicos, interativos, que configuram a dinâmica de atuação dos atores, definem as suas alianças e mobilizam o conflito entre eles a partir dos issues, das preferências, das expectativas e da estrutura de oportunidades. As arenas políticas podem ser: distributivas, redistributivas, regulatórias e constitucionais.” (RUA, 2009, p. 77)

ainda afirma que os atores coletivos são os grupos e as organizações que “agem intencionalmente”. Sendo essa concepção de atores coletivos diferente de atividades coletivas, em que um grupo de associados (clubes, condomínios e sociedades fechadas) pode oferecer benefícios para seus associados, com exclusividade. Na concepção de Rua (2009, p.20), seria o direito exclusivo que um indivíduo ou um grupo possui sobre o desfrute de um determinado bem que o define como privado. Dessa forma os atores coletivos de Secchi “agem intencionalmente” pelo bem comum, a um grupo social inserido em uma política pública. Ao passo que as atividades coletivas observadas por Rua atuam em benefício de um grupo de associados. Essas atividades coletivas visam o beneficio de um grupo, como os moradores de um condomínio.

A propósito, Secchi classifica os atores em categorias, isto é, indivíduos que agem intencionalmente em uma arena política, a saber: alguns políticos, burocratas e formadores de opinião e categoria coletiva os grupos e as organizações que agem intencionalmente em uma arena política a exemplo os movimentos sociais (SECCHI, 2013, p. 99). Ou ainda como atores governamentais e atores não governamentais (FIGURA 6).

Figura 6– Categorias de atores

Fonte: Adaptado de Secchi, 2013.

Logo, na concepção de atores governamentais, têm-se os políticos, os designados politicamente, os burocratas, e os juízes. Os políticos são os representantes da coletividade, portadores de autoridade enquanto valer o mandato e são uma espécie de símbolo, são

“homens públicos” (SECCHI, 2013, p. 102), ao passo que os burocratas são os concursados, que têm a função de manter a administração pública ativa, não obstante os ciclos eleitorais (Secchi, 2013, p. 105) e os designados políticos são pessoas indicadas pelo político eleito, e por ultimo os juízes, que atuam na implementação da política pública.

Soma-se ainda aos burocratas a definição de Rua (2009) que faz uma referência à situação dos atores invisíveis perante a atuação da política pública.

“Os burocratas são considerados, muitas vezes, um dos componentes do grupo dos “atores invisíveis”. Ou seja, aqueles que praticamente não aparecem nos debates, mas têm interesses em jogo em uma dada política e podem influenciar fortemente o seu curso porque contam com recursos de poder, como informação, conhecimento do processo administrativo e autoridade” (RUA, 2009, p. 40).

Os burocratas são os atores sociais concursados que têm a função de executar a política pública. Estes sujeitos muitas vezes atuam na aplicação da política pública sem “serem notados” ou como diria Rua, “invisíveis” por não estarem em espaços como a arena política, mas cujo papel importante é o de estar em contato com o beneficiado da política, expressando sua opinião e visão do serviço.

É claro que o ponto de vista da política pública vai além da perspectiva de políticas governamentais, tendo em vista que o governo com sua estrutura administrativa não é a única instituição a servir a comunidade, a promover políticas públicas (HEIDEMANN, 2008, p. 31).

Outros atores podem atuar em políticas públicas, isto é, grupos de interesse, partidos políticos, meios de comunicação, os destinatários das políticas públicas, organizações do terceiro setor, thinkthanks, e outros stakeholders.

Com efeito, os grupos de interesse também conhecidos como grupos de pressão, são os potenciais beneficiários dos programas sociais, responsáveis pela transformação de problemas em questões sociais que integrarão ou não as agendas públicas (SILVA, 2008, p.98). Os partidos políticos, ou políticos individualmente, que propõem e aprovam políticas são os responsáveis por tomar decisões e fixar prioridades e grandes objetivos delas (SILVA, 2008, p.98). Os meios de comunicação, com a presença da mídia com seu papel de difusor de informações, as quais são importantes para a manutenção da própria democracia, além de realizar jornalismo investigativo, denunciando casos de corrupção fazendo assim o papel de controle sobre a esfera política e atuação na administração pública (SECCHI, 2013, p.111); os destinatários das políticas públicas; organizações do terceiro setor ou “organizações privadas sem fins lucrativos que lutam por algum interesse coletivo” (SECCHI, 2013, p.116).

O “Terceiro setor” é também o nome dado ao esforço de produção de bem público por agentes não governamentais, mas ao mesmo tempo distintos do setor empresarial de mercado (HEIDEMANN, 2008, p. 31); thinkthanks, que “são organizações de pesquisa e aconselhamento em políticas públicas” (SECCHI, 2013, p.113 et al SOARES, 2009), e outros stakeholders: organismos internacionais (organização mundial da saúde, ONU) (SECCHI, 2013, p. 101).

A política pública em estudo trata dos atores governamentais burocratas (Tec. Agrícola, Agrônomo, farmacêutico, médico), que atuam na implementação ou serviço de assistência da política pública em estudo em PSF’s do Estado e dos atores não governamentais grupos de interesse ou o terceiro setor (associações de moradores, ONG’s e grupos de igreja, agricultores familiares, que abraçam a causa da farmácia viva). Lembrando que nem sempre os atores sociais que atuam na política pública na parte de prestação de serviços são burocratas. É comum no sistema de saúde a presença dos designados políticos na função de contratados, sabendo-se que em muitos municípios ocorre um tipo de déficit de funcionários concursados em diversos setores. Sendo assim, se faz necessário incluí-los como sujeitos ou atores sociais.

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