Prova do Teorema 2.3. Usando o Teorema3.21, o item(i) segue do Teorema3.28. O item(ii) segue da
caracterização dos atratores obtida no item(i) do Teorema1.67, Teorema1.68e do Teorema3.35, pois dist(Tε(t)B, Aε) ≤ ce−ρ1t para todo t≥ 1;
onde c> 0 eρ1> 0 independem deε.
Por fim, o item(iii) segue dos itens (i), (ii) e usando o Teorema1.76do Capítulo 1, onde obtemos dist(Aε, A0) + dist(A0, Aε) ≤ Ckaε− a0k
2θρ1
ρ1 +L
∞ , 0 <ε≤ε,
4
Um problema de reação-difusão
com perturbação no domínio do tipo
dumbbell
4.1
Introdução
Neste capítulo, estudamos a dinâmica não linear de problemas de reação-difusão da forma
utε(x,t) −∆uε(x,t) + uε(x,t) = f (uε(x,t)), x ∈Ωε, t > 0, ∂uε ∂n(x,t) = 0, x ∈∂Ωε (4.1)
em domínios singularmente perturbados dumbbell-typeΩε⊂ RN, N≥ 2,ε∈ (0,ε
0].
Consideremos o domínio dumbbell-type, isto é, Ωε consiste de dois domínios, que denotaremos por
Ω, ligados por um canal fino Rε que degenera-se para um segmento de reta quando ε tende a zero, denotamos por P0e P1os pontos onde o segmento de reta toca os domíniosΩ, conforme as figuras 05 e
06 abaixo. Mostraremos a atração exponencial uniforme emεdos atratores, além da taxa de convergência dos mesmos em função da medida de Lebesgue da secção transversal do canal Rε. A variação nos espaços de funções com os quais trabalharemos será usada para definir o nosso parâmetro.
A continuidade dos atratores de (4.1) foi estudada na série Dynamics in dumbbell domains, veja [19,
20,21]. Neste trabalho refinamos os resultados obtidos nos trabalhos citados, extraíndo a taxa com que ocorre a continuidade dos atratores exponenciais provenientes das equações (4.1). Para isto, assumiremos que a não linearidade f : R→ R verifica uma condição de dissipatividade do tipo
lim sup
|s|→+∞
f(s)
s < 0. (4.2)
Sob a condição (4.2) a equação (4.1) possui um atrator Aε ⊂ H1(Ω
ε).
Por outro lado, passando o limite quandoε → 0, o “domínio” limite consiste dos domíniosΩe um segmento de reta R0, o que constitui o “domínio”Ω0. A equação limite é
wt(x,t) −∆w(x,t) + w(x,t) = f (w(x,t)), x ∈Ω, t > 0, ∂w ∂n(x,t) = 0, x ∈∂Ω, ˙ v(s) − Lv(s) + v(s) = f (v(s)), s ∈ R0, v(0) = w(P0), v(1) = w(P1), (4.3)
onde w é uma função que definida emΩe v função definida no segmento de reta R0. Além disso, L é um
operador diferencial que depende da geometria do canal Rε, mais precisamente, sobre como o canal Rε
colapsa para o segmento de reta R0.
Ω Rε
Ω Ωε
Figura 02: “Domínio” Limite Ω R0
P0• • P1
Ω Ω0
Figura 01: Domínio Dumbbell
Por exemplo, em R2, se o canal Rε= {(s, y); 0 < s < 1, 0 < y <εg(s)}, então Lv =1
g(gvs)s. Ainda,
este sistema possui um atrator A0em H1(Ω) × H1(R0). Estamos interessados na relação que há entre os
atratores Aε,ε ∈ (0, 1] e A0, e a medida do canal Rε.
Definição 4.1 (Definição do domínio). Um domínio do tipo dumbbell é constitudo de domínios fixos, ambos denotados porΩ, ligados por um canal Rε que colapsa a um segmento de reta quandoε tende a zero, o canal não necessariamente é cilíndrico, mas o consideraremos contido em um. A fim de descrever tais domínios, introduziremos alguma terminologia.
SejaΩ⊂ RN, com N≥ 2 um domínio fixo limitado e suave tal que existe um l > 0 satisfazendo
Ω∩ {(s, x′); s2+ |x′|2< l2} = {(s, x′); s2+ |x′|2< l2, s < 0}, Ω∩ {(s, x′); (s − 1)2+ |x′|2< l2} = {(s, x′); (s − 1)2+ |x′|2< l2, s > 1},
Ω∩ {(s, x′); 0 < s < 1, |x′| < l} = /0,
com{(0, x′); |x′| < l} ∪ {(1, x′); |x′| < l} ⊂∂Ω. Aqui, estamos usando a notação RN∋ x = (s, x′), com
s∈ R, x′= (x2, . . . , xN) ∈ RN−1.
O canal que consideraremos definido por Rε= {(s,εx′); (s, x′) ∈ R
1}, onde R1definido por
e para todo 0≤ s ≤ 1, Γs
1 difeomorfo a bola unitária em RN−1. Isto é, assumiremos que para cada
s∈ [0, 1], existe um difeomorfismo de classe C1 L
s: B(0, 1) →Γs1. Além disso, consideraremos o difeo-
morfismo de classe C1 L :(0, 1) × B(0, 1) → R1 (s, z) 7→ L(s, z) := (s, Ls(z)). Ω R ε Ω Ωε
Figura 08: Domínio dumbbell com um conexoΩ. Note que a função
g :[0, 1] → R
s 7→ g(s) := |Γs
1|
onde |Γs
1| denota a medida de Lebesgue (N − 1)−dimensional do conjunto Γs1. Da suavidade de R1,
podemos assumir que g é uma função suave. Em particular, existem d0, d1> 0 tais que d0≤ g(s) ≤ d1
para todo s∈ [0, 1]. Mais ainda, fixadoε> 0, g(s) =ε1−N|Γs
ε| para todo 0 ≤ s ≤ 1 e o canal Rε colapsa para o segmento de reta R0= {(s, 0); 0 ≤ s ≤ 1}.
Observação 4.2. Muitas classes importantes de canais são tais que as seções transversaisΓs1são discos centrados na origem de raio r(s), isto é,
R1:= {(s, x′); |x′| < r(s), 0 ≤ s ≤ 1}.
Para estes canais g(s) =ωN−1r(s)N−1, ondeωN−1é a medida de Lebesgue da bola unitária em RN−1.
O domínio dumbbell será o domínio Ωε =Ω∪ Rε paraε ∈ (0, 1]. Observe que não especificamos
qualquer propriedade de conexidade deΩ, poderemos ter a situação descrita na Fig’s. 06 ou 08.
Com estas considerações, definimos os espaços de funções nos quais trabalharemos. Para 1≤ p <∞, o espaço Uεpcomε > 0 é o espaço Lp(Ω
ε) munido da norma k · kUp ε := k · kLp(Ω)+ε 1−N p k · k Lp(Rε)
e denotaremos por U0p= Lp(Ω) ⊕ Lp
g(0, 1), onde Lgp(0, 1) o espaço Lp(0, 1) com a norma
kukLp g(0,1):= Z 1 0 g (s)|u(s)|pds 1 p . Além disso,k(w, v)kUp 0 := kwkLp(Ω)+ kvkL p g(0,1).
Também, consideraremos o espaço Hε1= H1(Ω) ⊕ H1(R
ε) com a norma k · kH1 ε := k · kH1(Ω)+ε 1−N 2 k · k H1(R ε).
Como as soluções do problema (4.1) estão definidas em espaços diferentes, recorreremos ao meca- nismo dado em [6] para comparar funções definidas nos “domínios”Ω0eΩε. O operador extensão que
consideraremos é dado por
Eε : U0p → Uεp
(w, v) 7→ Eε(w, v)(x) :=
w(x), x∈Ω v(s), x= (s, y) ∈ Rε.
Com isso, escreveremos o problema (4.1) como uma equação semilinear abstrata da forma
(
uεt + Aεuε= f (uε),
uε(0) = uε0∈ Uεp (4.4)
onde Aε: D(Aε) ⊂ Uεp→ Uεp, 1≤ p <∞é um operador linear ilimitado. Também, escrevemos o problema (4.3) de maneira abstrata da forma (
ut+ A0u= f (u),
u(0) = u0∈ U0p
(4.5) onde A0: D(A0) ⊂ U0p→ U0pé um operador linear ilimitado.
Nosso objetivo é investigar a taxa com que ocorre a continuidade de toda a estrutura de (4.4) em função da medida de Lebesgue do canal Rε. Para isto seguiremos o seguinte programa:
(1) Mostraremos que fixados p > N e 2 ≤ q <∞, existe uma constante C> 0 independe deε, tal que
kA−1ε − EεA−10 MεkL(Lp(Ωε),Uq ε)≤ Cε N q e kA−1 ε − EεA−10 MεkL(Uεp,Uεq)≤ Cε 1 q
onde Mε é o operador projeção, conforme a Definição4.67. Com(1), se p > N, então concluímos A−1
ε −→ ACC −10 . Isto será realizado na seção4.2.
(2) Consideraremos potenciais Vε ∈ L∞(Ωε) e V0= (VΩ,VR0) ∈ U0∞ com|Vε|, |VR0| ≤ a, a > 0 e tal que para N< q <∞, temos
kVε− EεV0kLq(Ωε)≤ε N q
e considerando Wε = Vε+ a, W0= V0+ a,Λε = Aε+Wε eΛ0= A0+W0, para p, q > N, teremos
kΛ−1ε − EεΛ−10 MεkL(Uεp,Lq(Ωε))≤ Cε N q e kΛ−1 ε − EεΛ−10 MεkL(Uεp,Uεq)≤ Cε 1 q
onde C> 0 é independente deε. Com isso, encontraremos estimativas para os operadores(λ+Λε)−1e
(λ+Λ0)−1comλ num setor conveniente. Isto será realizado na seção4.2.
(3) A seguir, na seção 4.2, mostraremos a taxa de convergência dos pontos de equilíbrios dos proble- mas (4.4) e (4.5). Se u∗0é um equilíbrio hiperbólico de (4.5) e u∗ε de (4.4), então sob certas condições, mostraremos que ku∗ε− Eεu∗0kLq(Ωε)≤ Cε N q e ku∗ ε− Eεu∗0kUq ε ≤ Cε 1 q.
(4) Mostraremos que a taxa de convergência dos semigrupos lineares é dada pela medida de Lebesgue do
canal. Para 0≤γ< 1,β ∈ R, p, q > N, 0 <θ< 1 e t > 0, teremos ke−(Aε+Vε)t− E εe−(A0+V0)tM εkL(Uεp,Lq(Ω ε)) ≤ Ceβtt−γε N q, ke−(Aε+Vε)t− E εe−(A0+V0)tM εkL(Uεp,Uεq) ≤ Ceβtt−γεθ 1 q.
Continuando, o resultado principal deste capítulo mostra que o semigrupo não linear associado ao problema (4.4) com ε ∈ [0,ε0] possui atrator gradient-like, além de provar a atração exponencial dos
mesmos uniforme emε e a taxa de convergência.
Teorema 4.3. Seja{Tε(t); t ≥ 0} o semigrupo gradiente não linear associado ao problema (4.4) com
atrator global Aε. Suponhamos que existam 0<θ< 1/2,ε0> 0, L > 0,β > 0, 0 <γ < 1 e C > 0 tais
que kTε(t)uε− EεT0(t)MεvεkL(Uεp,Lp(Ωε)) ≤ Ceβtt−γ(kuε− vεkUp ε +ε θN q), t > 0 kTε(t)uε− EεT0(t)MεvεkL(Uεp) ≤ Ceβtt−γ(kuε− vεkUεp+εθ 1 q) t > 0.
onde p> N, e além disso, que os pontos de equilíbrio do problema (4.5) existam em número finito
E0= {u1∗,0, . . . , un,0∗ } e que todos sejam hiperbólicos. Então, para todoε∈ (0,ε0],
(i) O semigrupo{Tε(t); t ≥ 0} possui um número finito de pontos de equilíbrios Eε= {u1∗,ε, . . . , un,∗ε} e
Aε= n [ i=1 Wu(ui,ε ∗ );
(ii) Existeρ> 0 tal que dado B ⊂ Uεplimitado, existe c= c(B) > 0 tal que (ii1) distL p(Ω ε)(T ε(t)B, Aε) ≤ ce−ρt para todo t≥ 1, (ii2) distU p ε(Tε(t)B, Aε) ≤ ce−ρt para todo t≥ 1;
(iii) Existe C> 0 tal que
(iii1) distL p(Ω ε)(A ε, EεA0) + distLp(Ωε)(E εA0, Aε) ≤ Cεθp(ρρ+L)N , (iii2) distU p ε(Aε, EεA0) + distUεp(EεA0, Aε) ≤ Cεθp(ρρ+L),