• Nenhum resultado encontrado

Atraso no desenvolvimento motor na síndrome de Down

No documento GLAUCIA SILVANO ROCHA (páginas 41-56)

4.2 Análise dos dados e discussão dos resultados

4.2.3 Atraso no desenvolvimento motor na síndrome de Down

Os indivíduos portadores de síndrome de Down apresentaram uma diminuição do quociente motor Gross, o que indica um atraso no seu desenvolvimento neuropsicomotor (Gráfico 3). 0,0 40,0 80,0 120,0 160,0 Controle Down Q u o c ie n te M o to r d e G R O S S ( a d im e n s io n a l)

*

Gráfico 3 – Quociente motor de Gross está significativamente (p<0,05) diminuído em pacientes com síndrome de Down, acarretando um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Segundo Schwartzman (1999), os portadores de síndrome de Down possuem um atraso inevitável em todas as áreas do desenvolvimento e um estado permanente de

deficiência mental. Voivodic e Storer (2002) afirmam que o desenvolvimento cognitivo desta população não é somente mais lento, mas também se processa de forma diferente. Capone et al (2002) mostram uma capacidade cognitiva menor nos pacientes com a trissomia.

Bush e Beail (2004) em seus estudos encontraram uma incidência alta no grupo com síndrome de Down a desenvolver demência, principalmente do tipo Alzheimer. O mecanismo patológico do atraso neuropscicomotor pode ser explicado, através da união dos dois resultados acima.

O cérebro consome grandes quantidades de oxigênio, e é suscetível ao estresse oxidativo, o metabolismo dos principais neurotransmissores, geram as EROS que são capazes de consumir as defesas antioxidantes. As membranas neuronais contêm níveis elevados de lipídios polinsaturados capazes de sofrer peroxidação lipídica, e algumas células glias são capazes de produzir superóxido e peróxido de hidrogênio, e consequentemente o radical hidroxila. As EROS geradas oxidam assim lipídios de membrana, proteínas ou do próprio DNA (ZANA, JANKA, KÁLMÁN, 2006).

Embora a SOD possa ser um importante componente no mecanismo da proteção de encontro aos radicais do oxigênio, pode também ter um efeito negativo (BUSH; BEAIL, 2004). Os autores, Druzhyna et al (1998), Capone et al (2002), explicam que o envelhecimento precoce ocorre pelo excesso de informação genética da SOD, onde produz efeitos cumulativos de radicais de oxigênio, de ânions superóxidos, radicais hidroxilas e de peróxido de hidrogênio. Massaccesi et al (2006) afirma que o peróxido de hidrogênio não completamente metabolizado causa o estresse oxidativo, prejudicando o estado redox do SNC, diminuindo as funções corticais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo chegou ao final obtendo-se como resultados:

• Uma maior atividade da SOD nas hemácias nos indivíduos com síndrome de Down do que nos indivíduos controles.

• Uma maior concentração dos níveis de peroxidação de lipídeos nas hemácias nos portadores de síndrome de Down do que no grupo controle, indicando uma lipoperoxidação.

Uma diminuição do quociente motor de GROSS nos portadores de síndrome de Down, mostrando um atraso do desenvolvimento neuropsicomotor nesta população.

Sendo assim, estes resultados sugerem que os portadores de síndrome de Down possuem um estresse oxidativo, o que pode ser a causa do atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. E que os eritrócitos são marcadores biológicos das agressões tóxicas em nosso organismo.

Observou-se uma escassez de publicações nacionais ficando como sugestão a realização novos estudos sobre o estresse oxidativo, em indivíduos com síndrome de Down, uma vez, quanto mais informações sobre a patologia melhor pode ser seu tratamento.

Por fim, este trabalho mostrou-se de suma importância na detectação dos produtos da atividade da SOD e da peroxidação lipídica como evidência indireta na importância das espécies reativas de oxigênio na patogenia desta doença.

Referências

AGUILAR-DA-SILVA, R. H.; MORAES, T. P.; MORAES, G. Implicações do estresse oxidativo sobre o metabolismo eritrocitário de pessoas com Síndrome de Down. Rev. Bras. Hematol Hemoter., v. 25, n. 4, p. 231-237, 2003.

AMBROSANO, A. A. et al. Aplicação da escala Alberta Infant Motor Scale (AIMS) em síndrome de Down no tratamento das crianças da APAE de Barcelona. Fisioterapia Brasil, v. 6, n. 4, p. 314-317, jul. /ago. 2005.

ASHTON-PROLLA, P.; FÉLIX, T. M. A criança com síndrome de Down. In: BOHERER, M. S. A. et al. Rotinas em pediatria. Porto Alegre: Artes Medicas, cap. 77, p. 250-252, 1997. BANNISTER, J. V.; CALABRESE, L. Assays for SOD. Meth. Biochem. Anal., v. 32, p. 279-312, 1987.

BUSH, A.; BEAIL, N. Risk Factors for Dementia in People With Down Syndrome: Issues in Assessment and Diagnosis. American Journal On Mental Retardation, v. 109, n. 2, p. 83-97, mar. 2004. In:_____DE HAAN, J. B. et al. Cu/Zn–superoxide dismutase and gluthathione peroxidase during aging. Biochemistry and Molecular Biology International, v. 35, 1281– 1297.

CAPONE, G. et al. Evidence for increased mitochondrial superoxide production in Down syndrome. Life Sciences, n. 70, p. 2885-2895, 2002.

DRAPER, H. H.; HADLEY, M. Malondialdehyde determination as index of lipid peroxidation. Meth. Enzymol. , v. 186, p. 421-431, 1990.

DRUZHYNA, N. et al. Defective repair of oxidative damage in mitochondrial DNA in Down’s syndrome, Mutation Research, v. 409, p. 81-89, 1998.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1998. FLEHMIG, I. Texto e atlas do desenvolvimento normal e seus desvios no lactente: diagnóstico e tratamento do nascimento até o 18º mês. São Paulo: Livraria Atheneu, 2000.

FLOYD, R. Antioxidants, oxidative stress, and degenerative neurological disorders. Society for experimental biology and medicine. University of Oklahoma Health Sciencies Center, v. 222, 1999.

GARCIAS, G. L. et al. Aspectos do desenvolvimento neuropsicomotor na síndrome de Down. Revista Brasileira de neurologia, v. 31, p. 245-248, 1995.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GONZALES, C. H. Anormalidades clinicas devidas aos autossomos. In: MARCONDES, E. Pediatria básica. 8. ed. São Paulo: Sanvier, v. 1, cap. 2, p. 523-632, 1994.

GUSMÃO, F. A. F.; TAVARES, E. J. M.; MOREIRA, L. M. A. Idade materna e síndrome de Down no Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 973-978, jul. /ago. 2003.

HEERDT, M. L.; LEONEL, V. Metodologia científica: disciplina na modalidade a distância. 2. ed. Palhoça: UnisulVirtual, 2005.

JORDE, L. B. et al. Citogenética clínica: a base cromossômica das doenças humanas. In:_____ Genética Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, cap. 6, p. 97-121. JOVANOVIC, S. V.; CLEMENTS, D.; MACLEOD, K. Biomarkers of oxidative stress are significantly elevated in down syndrome. Free Radical Biology & Medicine, v. 25, n. 9, p. 1044–1048, 1998.

KINOCHI, K. et al. Attenuation of focal cerebral ischemic injury in transgenic mice overexpressing CuZn superoxide dismutase. Proc. Natl. Acad. Sci. Neurobiology, v. 88, p. 11158-11162, dec. 1991.

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

KOURY, J. C.; DONANGELO, C. M. Zinco, estresse oxidativo e atividade física. Revista de Nutrição, Campinas, v. 16, n. 4, p. 433-441, out./dez. 2003.

LOWRY, O. H. et al. Protein measurement with the folin phenol reagent. J. Biol. Chem., v. 193, p. 265-275, 1951.

LUCIANO, F. L. Metodologia científica e da pesquisa. Criciúma: Ed. do autor, 2001. MANCINI, M. C. et al. Comparação do desempenho funcional de crianças portadoras de síndrome de Down e crianças com desenvolvimento normal aos 2 e 5 anos de idade. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 61, n. 2-B, p. 409-415, 2003.

MASSACCESI, L. et al. Erythrocyte glycohydrolases in subjects with trisomy 21: Could Down’s syndrome be a model of accelerated ageing? Mechanisms of Ageing and Development, v. 127, p. 324- 331, 2006.

MOREIRA, L. M. A.; EL-HANI, C. N.; GUSMÃO, F. A. F. A síndrome de Down e sua patogênese: considerações sobre o determinismo genético. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 22, n. 2, p. 96-99, jun. 2000.

PALISANO, R. J. et al. Development and reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy. Dev. Med. Child Nerology, p. 39-42, 1997. PASTOR M. C. et al. Antioxidant enzyme and fatty acid status in erythrocytes of Down syndrome patients. Clinical Chemistry, v. 44, n. 5, p. 924- 929, 1998. In:_____Floyd R. Role of oxygen free radical in carcinoge´nesis and brain ischemia. FASEB J, v. 4, p. 2587-2597, 1990.

PASTORE, A. Glutathione metabolism and antioxidant enzymes in children With down syndrome. The Journal of Pediatrics, v. 142, may 2003, p. 583-5.

PUESCHEL, S. Síndrome de Down: guia para pais e educadores. Campinas, SP: Papirus, 1993.

RAMOS, V. A.; RAMOS, P. A.; DOMINGUEZ, M. C. Papel do estresse oxidativo na

manutenção da inflamação em pacientes com artrite reumatóide juvenil. Jornal de Pediatria, v. 76, n. 2, p. 125-132, 2000.

RATLIFFE, K. T. Fisioterapia na clínica pediátrica: guia para a equipe de fisioterapeutas. São Paulo: Santos, 2000. 451 p.

RINCON, R. et al. Medidas corporales y craneofaciales para definir criterios de variación fenotípica en el síndrome de Down, Iatreia, v. 13, n. 3, set. 2000.

ROSKOSKI JÚNIOR, R. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

SCHNEIDER, C. D.; OLIVEIRA, A. R. Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de formação e adaptação ao treinamento físico. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 10, n. 4, jul. /ago. 2004.

SCHWARTZMAN, J. S. Histórico. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, p. 16-31, 1999.

SILVA, K. G.; AGUIAR, S. M. H. C. A Erupção dental de crianças portadoras da síndrome de Down e crianças fenotipicamente normais: estudo comparativo. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 24, n. 1, p. 33-39, jan. /jul. 2003.

SILVA, N. L. P.; DESSEN, M. A. síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na família. Interação em Psicologia, v. 6, n. 2, p. 167-176, 2002.

STRYER, L. Bioquímica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. TECKLIN, J. S. Fisioterapia pediátrica. Porto Alegre: Artmed, 2002.

VOIVODIC, M. A. M. A; STORER, M. R. S. O desenvolvimento cognitivo das crianças com síndrome de Down à luz das relações familiares. Psicologia: teoria e prática, v. 4, n. 2, p. 31-40, 2002.

ZANA, M.; JANKA, Z.; KÁLMÁN, J. Oxidative stress: A bridge between Down’s syndrome and Alzheimer’s disease. Neurobiology of Aing, 2006.

ANEXOS A

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA

COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA

COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA

COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA ---- CEP UNISUL CEP UNISUL CEP UNISUL CEP UNISUL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

ESCLARECIDOESCLARECIDO

ESCLARECIDO

Título do Projeto: Implicações do estresse oxidativo sobre os eritrócitos e desenvolvimento neuropsicomotor.

Gostaria de obter todas as informações sobre este estudo: a- tempo que terei de ficar disponível;

b- quantas sessões serão necessárias (com dia e horário previamente marcados); c- detalhes sobre todos os procedimentos (testes,

tratamentos, exercícios, etc.); d- local onde será realizado; e- equipamentos ou instrumentos que serão utilizados;

f- se preciso vestir alguma roupa ou sapato apropriado;

a. Aproximadamente 15 minutos; b. 1 sessão;

c. Será tirado sangue com os adultos, e serão guardadas em um vidro a – 80°C até o momento das análises.

Será avaliado o desenvolvimento motor pela aplicação de uma escala, que se chama “Escala de Desenvolvimento Neuropsicomotor de Gross Motor Function Measure (GMFM)”.

d. Será realizado na própria escola da criança, na APAE e na Escola de Educação Básica

Marechal Luz de Jaguaruna.

e. Utilizaremos uma agulha esterilizada, um vidro para colocar o sangue tirado, escala de desenvolvimento e uma filha de papel para anotar os resultados.

f. Não será preciso nenhuma roupa ou sapato específico, apenas com a roupa que estiver vestindo na hora.

e quaisquer outras informações sobre o procedimento do estudo a ser realizado em mim.

Quais as medidas a serem obtidas?

Será retirado o sangue e analisado, onde

veremos a quantidade de uma enzima que temos no sangue a antioxidante SOD. Esta enzima demais no sangue acaba diminuindo o desenvolvimento em adultos, por isso

aplicaremos uma escala de desenvolvimento.

Quais os riscos e desconfortos que podem ocorrer?

O único desconforto da pesquisa é o medo da agulha porque a agulha pica, mas não há segredos em tirar sangue porque vai ser tirado por uma pessoa que tem experiência e formação neste assunto.

Quais os meus benefícios e vantagens em fazer parte deste estudo?

As vantagens será um melhor tratamento para os portadores de síndrome de Down, porque será realizado um teste para seu desenvolvimento e estudado seu sangue.

Quais as pessoas que estarão me acompanhando durante os

procedimentos práticos deste estudo?

Pesquisador responsável Aderbal Silva Aguiar Junior, co-orientador Marcos Oliveira Machado e orientando do estudo Glaucia Silvano Rocha.

Existe algum questionário que preciso preencher? Sou obrigado a responder a todas as

perguntas?

Sim. Sim.

PESSOA PARA CONTATO: Aderbal Silva Aguiar Junior (pesquisador responsável)

NÚMERO DO TELEFONE: (0xx48) 9986-8070

ENDEREÇO:

Rua Simeão Esmeraldino de Menezes, 68. Tubarão SC. CEP: 88704-090

TERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTOTERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.

Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.

Nome por extenso : _______________________________________________

RG : _______________________________________________

Local e Data: _______________________________________________

Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2) Comitê de Ética em pesquisa - CEFID - Udesc, Florianópolis, BR.

ANEXOS B

No documento GLAUCIA SILVANO ROCHA (páginas 41-56)

Documentos relacionados