• Nenhum resultado encontrado

ATRIBUIÇÕES DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

2 OLHARES SOBRE A BIBLIOTECA

4.1 ATRIBUIÇÕES DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Na sociedade contemporânea as bibliotecas universitárias destacam-se pela excelência de seus serviços prestados à comunidade acadêmica, reafirmando a sua função social. O conhecimento passa a ser um recurso estratégico nas instituições e a biblioteca acadêmica se organiza visando a geração, disseminação e uso da informação. Assim, Miranda (1980,p.5) reforça:

Biblioteca e Universidade são fenômenos indissociáveis, vasos comunicantes, causa e efeito. A biblioteca não pode ser melhor que a Universidade que a patrocina. A Universidade, conseqüentemente, não é melhor do que o sistema bibliotecário em que se alicerça.

As bibliotecas são espaços sociais que sempre guardam a memória humana registrada e com a responsabilidade de prover o acesso às informações armazenadas, contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade mais humana e digna. Como afirma Targino (2000,p.1), [...] a biblioteca é e sempre foi a instituição social a que compete exercer as funções de

preservação e disseminação das informações, e por conseguinte, o bibliotecário, o profissional encarregado de concretização de tais objetivos.

Nesse contexto, observa-se que o fundamento da universidade é a informação e o órgão responsável pelo gerenciamento da informação na universidade é a biblioteca. Chega-se à conclusão que é na universidade onde tudo começa e termina na biblioteca; ou seja, a base da biblioteca é o universo bibliográfico que se transfere em serviços para a comunidade acadêmica (PEREIRA,2008, p.5).

Diante do progresso da tecnologia, evoluem as formas de comunicação, a construção, a classificação e o compartilhamento do conhecimento e da informação que respaldam novas maneiras de categorizar o mundo, apresentando novas etapas cognitivas do conhecimento humano. Ao utilizar e incorporar em suas práticas cotidianas as tecnologias de informação e comunicação, as bibliotecas acadêmicas alteram as formas de sociabilidade, implicando o redimensionamento do papel social dos atores que nela atuam.

A biblioteca universitária, conectada às novas tecnologias é responsável pela integração entre usuários e fontes de informação, contribuindo para o desenvolvimento dos cidadãos em perspectiva acadêmica. As tecnologias permitem o acesso ao conhecimento e as bibliotecas devem buscar ações e ferramentas que permitam localizar, filtrar, organizar e resumir informações que sejam úteis ao usuário independente do lugar em que eles se encontrem.

As bibliotecas são equipamentos sociais de uso coletivo. Neste sentido, cresce a responsabilidade das bibliotecas de garantir o acesso ao público, sendo assim, tanto as bibliotecas como as universidades são pontos de convergência de idéias e distribuição dos saberes, onde todas as formas de conhecimento podem dialogar, desenvolvendo as peculiaridades de cada região onde estiverem estabelecidas.

Na estrutura organizacional da biblioteca universitária, verifica-se que há significativa parcela de tarefas repetitivas e monótonas. A informatização resolve boa parte dos problemas, realizando de forma rápida e eficiente o trabalho de rotina, liberando o bibliotecário para desenvolver outros serviços que disseminem a informação. Mais, quando a biblioteca apresenta-se em forma de sistema ou uma rede, normalmente gera centralização de processamento técnico e controle do acervo. De acordo com a distribuição das responsabilidades, a maioria das bibliotecas reduz as atividades e outras acumulam funções, principalmente as bibliotecas centrais. Nesse sentido, compartilha-se da idéia defendida por Miranda (1980,p.20) A informatização na biblioteca, se não tiver outros méritos, já vale

apenas pela libertação do bibliotecário das tarefas burocráticas e rotineiras e para que desenvolva seu potencial como agente disseminador da informação.

Diante desta realidade, percebe-se que as bibliotecas universitárias representam papel essencial nos processos de pesquisa da comunidade acadêmica, uma vez que a biblioteca dispõe do conhecimento universitário. Sua principal função, portanto, é ser intermediária entre o conhecimento científico e o tecnológico em apoio aos usuários.

Desse modo, a biblioteca universitária deve estar preparada para atender a demanda de pesquisas e levantamentos bibliográficos e técnicos, visando suprir os projetos em desenvolvimento na universidade. É necessário analisar o papel das bibliotecas universitárias, principalmente na sua inserção nos projetos em desenvolvimento como um elemento de cooperação técnica e científica. Assim, visando à melhoria da qualidade dos serviços e dos acervos disponíveis, os recursos humanos e financeiros devem estar previstos nos projetos.

Entre as principais funções da biblioteca universitária, podem ser mencionadas as seguintes: repositório do acervo, disseminadora de informação e conhecimento e elo de ligação entre o conhecimento e o usuário final. Essas funções continuam importantes mesmo depois da Internet, tecnologia nova que contempla apenas pequena parte do conhecimento especializado.

É preciso ressaltar, no âmbito das bibliotecas públicas, a necessidade do aperfeiçoamento da estrutura administrativa, que pode ser centralizada ou descentralizada, modalidades que influenciam os serviços bibliotecários, a fim de torná-los mais eficientes e ágeis atendendo as necessidades dos usuários. As bibliotecas em estudo apresentam as duas modalidades. Consultando a literatura sobre a centralização e a descentralização, nota-se que o próprio significado muda de autor para autor, tornando-se necessário conceituá-los sempre que os utilize.

Diante da visão teórica de Maurice Tauber (1961), a centralização apresenta-se sob dois aspectos: o aspecto operacional e o aspecto de estrutura física. O aspecto operacional caracteriza-se pelo processamento técnico (PT) realizado pela biblioteca central e que garante a padronização da catalogação, item necessário para o intercâmbio e para os catálogos coletivos, porém o acervo pode ser descentralizado e esta modalidade exige duplicação de recursos e uma política severa de coordenação de aquisição. Torna-se necessária a organização e manutenção do catálogo coletivo da universidade permitindo a localização imediata de toda e qualquer publicação existente nas bibliotecas seccionais ou setoriais.

Quanto à estrutura física, a biblioteca pode ser monolítica, ou seja, com a unidade de direção, de administração, de serviços e de localização; existe racionalidade do pessoal e dos recursos financeiros, o que se reflete na melhoria dos serviços, pois facilita o controle administrativo e a aquisição planificada. Vale observar, que nessa modalidade de estrutura administrativa tem que ser levado em conta a dispersão geográfica da universidade que a utiliza.

Na descentralização coordenada, as bibliotecas são autônomas, colaboram voluntariamente com a biblioteca central sem qualquer vínculo entre elas, funcionando de forma totalmente independente.

Ferreira (1980,p.23) define a descentralização em sentido amplo: é a dispersão de

acervo, sem coordenação e controle técnico e administrativo, por um órgão central. A

mesma autora define a descentralização coordenada, com a dispersão de acervo, com ou sem

autonomia financeira e administrativa, mas havendo coordenação técnica. Essa segunda

modalidade gera as bibliotecas departamentais que oferecem a consulta imediata pois, o acervo localiza-se no próprio departamento de ensino, e os professores têm sempre à mão a informação que necessita.

São inúmeras as desvantagens dessa modalidade, como por exemplo, o desperdício de verbas, já que exige ter vários exemplares do mesmo material bibliográfico dispersos em outras unidades. Por outro lado, há quem defenda a descentralização, coordenada ou não, sob a alegação de que o material bibliográfico tem que estar próximo dos usuários permitindo rapidez na aquisição do acervo solicitado pelos professores e pesquisadores.

Segundo Ferreira (1980,p.22) a descentralização total vem sendo reconhecida como

irracional e prejudicial à qualidade dos serviços prestados, além de ser mais onerosa para a universidade.

Desde 1961, vem sendo solicitada a criação de biblioteca central nas universidades, como uma das conclusões do 1º Seminário Interamericano sobre Bibliotecas Universitárias, realizado em Illinois, nos Estados Unidos, convocado pelo Council of Higher Education in

American Republics (CHEAR), pois apresenta as seguintes vantagens: maior economia

porque evita duplicação de acervo, racionalização de pessoal, aumento da possibilidade de aquisição e catalogação cooperativa, padronização do acervo, oportunidade de haver acervo completo, com vários assuntos, melhor qualidade dos serviços, e, com essa economia, a possibilidade de melhores instalações.

No Brasil, anteriormente, a tendência aponta para a descentralização total, já que as universidades são construídas pela junção de cursos e suas respectivas bibliotecas. Atualmente, o panorama se modifica e as bibliotecas universitárias se adaptam de acordo com a realidade local. O Decreto-Lei nº. 200/67 que dispõe sobre a organização da Administração Federal, que estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências, retrata a preocupação do Governo Federal em racionalizar os serviços visando o aperfeiçoamento e a eficácia integrada dos setores e dos serviços (BRASIL,1967).

Diante desse cenário, observa-se que para atingir o papel da biblioteca universitária e alcançar a finalidade dos usuários, a biblioteca precisa estar preparada administrativa e tecnicamente, ter sua missão, propósito e objetivos bem definidos, dispor de acervo bibliográfico de qualidade, ampliando as possibilidades de acesso remoto na obtenção de informação, poder contar com profissionais capacitados, ter disponibilidade de equipamentos e materiais técnicos necessários para poder oferecer serviços e produtos de qualidade.

A Seção de Referência da biblioteca é um setor factual, onde se diz exatamente o que se procura, é onde encontram-se guias, dicionários, enciclopédias, manuais e outros. Com a ampliação do ensino público e o avanço da alfabetização surge novo tipo de público leitor, novas modalidades de bibliotecas, tais como: as digitais e virtuais. É na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos que se originam os serviços de referência. Um ano depois do segundo curso de biblioteconomia, (1887), nos Estados Unidos o visionário Melvil Dewey (1851-1931) utiliza-se da denominação de bibliotecário de referência, (1888), para impulsionar a arte humana e ministrar os atendimentos nas bibliotecas de maneira individualizada e personalizada (SILVA,2006)

A humanização na seção de referência envolve uma relação face a face do bibliotecário com o usuário, trata-se de uma atividade essencialmente humana que atende a uma das necessidades mais profundas do homem, que é o desejo de conhecer e compreender o outro.

Incontestavelmente, a essência da seção de referência é a informação, que tem como objetivo disseminá-la. Assim, a disseminação da informação como função da biblioteca universitária oferece produtos e serviços que prevê as necessidades informacionais da comunidade acadêmica, além de promover marketing na gestão da qualidade em serviços de informação.