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Atuação da Psicologia no SUS: ênfase na Saúde Mental

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A psicologia como ciência e profissão no Brasil é recente. Data de 27 de agosto de 1962 quando foi regulamentada pela Lei 4.119. São habilitados para o exercício da profissão aqueles que completarem o curso de graduação em Psicologia e se registrarem no órgão profissional que compete à profissão (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002).

A atuação da Psicologia historicamente, restringia-se à Psicologia aplicada que era executada em consultórios particulares, escolas e empresas e tinham acesso ao serviço psicológico as pessoas que possuíam recursos financeiros para financiar o trabalho (CFP, 2013).

Principalmente a partir de 2000, profissionais da psicologia tem se empenhado cada vez mais nas práticas de promoção de saúde e se inserido no campo dos processos sociais dos sujeitos. A Psicologia desde então, procurou voltar a prática profissional para a realidade brasileira. Neste momento, surge o compromisso social da Psicologia com o país ligando as práticas psicológicas às políticas públicas (CFP, 2013).

O CFP (2013, p. 09) dispõe que “A presença da Psicologia brasileira nas instituições sociais ocorreu inicialmente no Século XIX, no interior da Medicina, junto à Psiquiatria”. Nesta época a Psicologia atuava de maneira auxiliar à Medicina, em um ponto de vista patologizante, cuja psicologia era secundária.

Desde os primeiros trabalhos de psicólogos no sistema único de saúde foram realizados estudos sobre a atuação profissional. Os estudos revelaram ênfase em uma atenção curativa, individual e ineficiente (BÖING; CREPALDI, 2014).

Concomitante a essa prática individual e voltada à burguesia Boing e Crepaldi (2014, p. 756) revelam que a psicologia assumiu “por muito tempo, como paradigma hegemônico da profissão, um modelo curativo e assistencialista voltado para o setor dos atendimentos privados”.

32 era necessária uma Psicologia comprometida com as mudanças sociais, propostas pela Psicologia Comunitária, além daquelas trazidas pelo processo de redemocratização do país, em oposição a um estado autoritário, de políticas assistencialistas (CFP, 2013, p. 10).

Desse modo, a formação profissional direcionava o futuro psicólogo para um modelo de atuação limitado e precário para lidar com a demanda de clientela das instituições de saúde, bem como dificuldade de adaptar-se ao perfil profissional exigido pelo Sistema Único de Saúde (BÖING; CREPALDI, 2014).

Com a inserção do psicólogo no SUS (que representa um novo campo de atuação), faz-se necessário definir o campo, o lugar e as especialidades das aptidões, além do conhecimento e habilidades que carecem compor o currículo de formação profissional (CANTELE; ARPINI; ROSO, 2012).

Complementarmente à ideia acima citada, para Bleger, existe uma falha no sistema de ensino dos profissionais da saúde. Um dos exemplos é o caso da medicina que para Bleger (2007, p. 19) espera-se “que a pessoa adoeça para curá-la, em lugar de evitar a doença e promover um melhor nível de saúde”. Bleger acredita ainda que se a carreira profissional do psicólogo limitar-se a terapêutica individual, seu trabalho não será efetivo no campo da saúde. Rey (2014, p. 11) acredita que deve ser investido na formação dos novos profissionais “esforços que garantam uma qualidade de escuta que situe o sujeito para além de seu narcisismo”.

No campo da saúde pública o psicólogo deve empenhar-se em todos os aspectos populacionais e intervir sobre eles para promover a prevenção de doenças e não somente esperar que o sujeito venha a adoecer para intervir (BLEGER, 2007).

Para uma efetiva atuação no campo da saúde, o psicólogo precisa administrar o conhecimento e as técnicas adquiridas durante a formação para assim, enfrentar os aspectos psicológicos que atravessam a saúde e a doença como fenômeno social e coletivo (BLEGER, 2007).

Para que o psicólogo tenha condições de realizar um trabalho condizente com a realidade populacional Bleger (2007, p. 21) orienta no sentido de que “temos que adquirir uma dimensão social da profissão do psicólogo e, com isto, consciência do lugar que ela ocupa dentro da saúde pública e da sociedade”.

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Atualmente, frente às mudanças no modelo de atenção à saúde, a prática do psicólogo na saúde pública requer, no entendimento de Boing e Crepaldi (2014, p. 756) “uma atuação interdisciplinar e práticas específicas da área mais adequadas ao contexto da saúde coletiva”.

O trabalho interdisciplinar surge como uma alternativa para alavancar a inter- relação de conhecimento das diferentes áreas e entre os diversos profissionais. O trabalho interdisciplinar é importante para entender de forma total o processo saúde- doença do usuário e território (BÖING; CREPALDI, 2014).

A equipe de trabalho interdisciplinar não visa a unificação de saberes, tampouco um consenso entre os profissionais, ao contrário, busca criatividade e flexibilidade promovendo a potencialidade de cada ciência e a compreensão de seus limites (BÖING; CREPALDI, 2014).

Na prática interdisciplinar, Böing e Crepaldi (2014, p. 756) sugerem que “o profissional deve renunciar o status e a onipotência que sua especialidade lhe confere e exercitar constantemente a humildade, condição necessária para uma postura de coconstrução”.

De forma alguma se anula ou desvaloriza as especialidades, pois elas constituem o cenário para a produção de saúde. A saúde é entendida como o ponto de partida e chegada para a intervenção profissional, que contextualizada possibilita uma compreensão das implicações sociais da prática profissional, oferecendo assim, condições para desenvolver um trabalho coletivo e eficaz (BÖING; CREPALDI, 2014).

Outrossim, pode-se notar que nenhum saber é superior ou inferior, eles se complementam (como um quebra-cabeça) para atender todas as necessidades do sujeito.

A atuação do psicólogo no campo da saúde pública, no contexto apresentado acima, caracteriza-se, por uma prática de clínica ampliada. A clínica ampliada propõe uma prática clínica em espaços públicos não habituais, compreendendo o sujeito em seu contexto (BÖING; CREPALDI, 2014).

Logo, para uma boa atuação do profissional da psicologia no campo da saúde, embasado pela prática de clínica ampliada Böing e Crepaldi (2014, p. 757) destacam que este campo “requer do psicólogo estar preparado para trabalhar com pessoas em

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diferentes fases do ciclo de vida e com proveniências sociais e culturais muito diversas”.

Porém, não se mostra suficiente apenas uma prática condizente às mudanças ocorridas no sistema único de saúde para que a prática profissional da psicologia seja de fato efetiva. É necessário, também, como destacam Böing e Crepaldi (2014, p. 757) “que o psicólogo tenha condições reais de trabalho que permitam o contato cotidiano com as pessoas, seus contextos de vida e com os demais profissionais de saúde”.

As condições de trabalho do psicólogo no SUS devem ser garantidas pelas políticas e gestores da saúde. No entanto, em especial na atenção básica, as políticas públicas voltadas para a área da saúde não ofertam reais condições para uma atuação interdisciplinar do psicólogo que está inserido na saúde pública. Por conseguinte, uma mudança efetiva no modelo de atenção à saúde requer uma nova configuração do padrão de atuação de todos os envolvidos no campo da saúde pública, independente se forem profissionais da saúde em geral, psicólogos, gestores ou cidadãos (BÖING; CREPALDI, 2014).

Pensar a prática do profissional da psicologia, na rede de atenção básica no que implica o atendimento ao sujeito em sofrimento psíquico, é um desafio. Visto que a desospitalização desse sujeito que sofre é recente, e o Centro de Atenção Psicossocial - CAPS tem acolhido a demanda, inserir o usuário novamente na atenção básica de saúde é um processo demorado e trabalhoso, pois a estigmatização da loucura ainda está presente na sociedade.

Assim devem ser refletidas práticas não somente com os trabalhadores da saúde mental, mas também com a comunidade em geral.

Reforçando a ideia já apresentada, a psicologia nos últimos anos tem se empenhado no compromisso social para com a população. Esse novo olhar da psicologia é capaz de compreender, no entendimento do Conselho Federal de Psicologia - CFP (2013, p. 09): “aspectos subjetivos que são constituídos no processo social e, ao mesmo tempo, constituem fenômenos sociais’, possibilitando que tais políticas efetivamente garantam direitos humanos”.

35 pela aplicação dos conhecimentos psicológicos no sentido de uma intervenção específica junto aos indivíduos, grupos e instituições, com o objetivo de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal, grupal e institucional, numa postura de promoção da saúde (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 157).

Os processos que envolvem o sujeito no campo social são de suma importância para pensar a realidade do sujeito com relação a sua história. Nesta perspectiva o CFP (2013, p. 07, a) afirma que “as políticas públicas são centrais para a melhoria da qualidade de vida da população. A promoção da saúde e a superação da pobreza são processos inseparáveis; um depende do outro”.

A história da Psicologia no Brasil e a história do país confundem-se, uma vez que o novo exercício profissional da psicologia provocou discussões sobre as políticas públicas que buscamos, tendo o movimento antimanicomial e a elaboração do SUS como momento ímpar tanto para o Brasil quanto para a Psicologia (CFP ,2013).

A Psicologia contribuiu para a reforma psiquiátrica por compreender e enfatizar que

A loucura é um fato social e que os melhores resultados nos tratamentos não estavam nos manicômios, mas sim no convívio social, rompendo a exclusão e propondo a inserção destes pacientes no contexto social e familiar, com acompanhamento do estado por meio de uma ampla rede de atenção (CFP, 2013).

A hospitalização dos sujeitos em sofrimento psíquico fez com que eles perdessem suas referências de vida, sendo excluídos do convívio familiar (do trabalho e da cidade) perdendo seus direitos como cidadão (CRPRS, 2015).

Com a reforma psiquiátrica, os manicômios foram substituídos por serviços externos aos hospitais, com caráter comunitário. Desta forma, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os residenciais terapêuticos, os centros de convivência e ações de saúde mental na atenção básica (CRPRS, 2015).

Assim, percebe-se que o tratamento acontece fora do hospital, este ficando reservado apenas para eventuais acontecimentos em que o sujeito necessita ser contido e permanecer em observação, ou seja, no momento de crise do sujeito.

Para a psiquiatria clássica, a crise era entendida como situação grave de disfunção que é desencadeada em decorrência da doença e para tal episódio amarravam o sujeito e injetavam-lhe medicamentos fortes para contenção. Já na atenção psicossocial à saúde mental, compreendida atualmente como apoio à saúde

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mental, a crise, é entendida como o resultado de fatores que envolvem terceiros, como familiares, vizinhos, amigos ou desconhecidos (AMARANTE, 2008).

A partir deste novo olhar, para o campo da saúde mental, fazem-se necessários serviços de atenção psicossocial que viabilizem o acolhimento dos sujeitos em crise, inclusive das pessoas envolvidas para que possam ser ouvidas suas dificuldades, temores e expectativas (AMARANTE, 2008).

Deste modo, os vínculos afetivos estabelecidos entre sujeitos e profissionais revelam-se de suma importância para que o sujeito sinta-se acolhido, que sinta-se efetivamente ouvido e cuidado, e que os profissionais que o atendem estão dispostos a ajudá-lo (AMARANTE, 2008).

Ainda para o mesmo autor (2008, p. 82) “em atenção psicossocial se usa a expressão ‘responsabilizar-se’ pelas pessoas que estão sendo cuidadas”. Amarante (2008, p. 83) acredita que os serviços de atenção psicossocial, “devem ter uma estrutura bastante flexível para que não se tornem espaços burocratizados, repetitivos”.

Os conselhos de Psicologia assumiram o compromisso social no âmbito da saúde mental e propuseram uma política pública intersetorial promovendo cuidados em liberdade, com ênfase nos direitos humanos onde o sujeito participa da construção de um projeto de vida que seja significativo e que promova respeito, e articule autonomia, qualidade de vida e cidadania. Sendo assim, a Psicologia a serviço da sociedade dispõe de conhecimento, prática e compromisso para com a população (CFP, 2013).

Neste novo modelo de trabalho, o profissional da psicologia não intervém sozinho com o seu saber, mas pensa com a sua equipe sobre as demandas de trabalho.

Se faz importante o Psicólogo na atenção básica de saúde pois, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia

as (os) psicólogas (os) têm contribuições importantes para as equipes multiprofissionais de saúde, qualificando o entendimento dos problemas – individuais e coletivos – da população e, assim, tornando mais efetivas as respostas a eles. (CFP, 2013, p.07).

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O profissional da Psicologia tem muito a contribuir para o entendimento da relação saúde-doença, pois possui a sensibilidade necessária para identificar crenças, sentimentos e pensamentos (o que é subjetivo de cada sujeito), que fazem parte do processo de prevenção e tratamento necessários de serem trabalhados nas políticas de saúde. Atua também na humanização do atendimento e qualificação da relação entre equipe, usuário e comunidade de cada território (CFP, 2013).

Atualmente, a psicologia dispõe de saberes, baseados principalmente em experiências compartilhadas sobre a atuação em equipes multidisciplinares, em que possui capacidades para desenvolver ações coletivas com usuários, família, rede social e comunidade em geral. Como assinala o CFP (2013, p. 10) “a psicologia dispõe de conhecimentos para a atuação em equipes multidisciplinares, desenvolvendo ações coletivas com usuários, familiares, redes sociais e comunidades”.

Segundo as diretrizes do CFP (2013, p. 10) a contribuição principal do trabalho do profissional da Psicologia “é proporcionar a não alienação do paciente no processo saúde-doença, não exclusão de seu ambiente social uma vez que a vida social é fator importante no processo de recuperação”. Assim, seguindo a linha de pensamento do CFP (2013, p. 10) a psicologia irá atuar “com foco na atenção, promoção, prevenção de saúde, não apenas nos casos de doença, mas nas ações que visam melhoria da qualidade de vida”.

O Conselho Federal de Psicologia possui uma comissão de saúde, que reúne especialistas em Psicologia e Saúde e definiu como eixos norteadores de suas ações: a defesa do SUS; o combate à desigualdade social; a democratização do SUS; Saúde e Subjetividade (CFP, 2013).

O Conselho Federal de Psicologia defende o SUS pelo fato de que desde a reforma psiquiátrica mobilizou e convocou a psicologia para apoiar a construção do SUS com os princípios da universalidade, integralidade e equidade no direito à saúde. O Combate à desigualdade social se dá como um recurso da promoção da saúde e o sistema de conselhos vêm lutando acerca da importância das políticas públicas enfatizando o fator da erradicação da miséria. A democratização do Sistema SUS e pensada por intermédio do fortalecimento e incentivo às instancias de participação e controle social (CFP, 2013).

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Pensando a partir do CFP (2013) a saúde vem a ser um construto multifatorial onde idade, sexo, fatores hereditários, individualidade, influência social e comunitária, condições de habitação e trabalho, socioeconômicas, cultural e ambiental incluem os determinantes da saúde do sujeito. Já o estilo de vida individual abarca questões psicológicas a respeito da personalidade, comportamento, padrão de relações pessoais e interpessoais, conhecimento, atitude, controle do estresse.

Para o CFP (2013, p. 11) todas essas “variáveis influenciam a relação entre o modo de viver e as condições de saúde”. O contexto sócio-histórico relaciona-se à esfera individual, onde a vida transcorre desencadeando subjetividade, significado e sentido às práticas individuais e coletivas. Esses aspectos proporcionam interpretação para as tecnologias de tratamento e tipos de cuidado em relação com os sistemas de saúde.

Por conseguinte, o bem estar psicológico relaciona-se com as vivências associadas à percepção de controle sobre a vida, à liberdade de escolha, autonomia e satisfação, sendo um conceito indispensável de superação do modelo biomédico que é centrado nas práticas individuais, curativas e medicamentosas (CFP, 2013).

A atuação da Psicologia, segundo o CFP (2013, p. 12) “se dá por meio da aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas aos cuidados individuais e coletivos com a saúde e ao enfrentamento das doenças”.

O Conselho Federal de Psicologia (2013, p. 12) ressalta ainda que “seu objeto é o sujeito psicológico e as suas relações com os fatores multideterminantes da saúde, tanto na Atenção Básica como na Atenção Especializada”. Por fim, deve incluir os mais diversos grupos sociais e seus respectivos problemas associando à promoção da saúde e à prevenção de doenças.

O Código de Ética Profissional do Psicólogo norteia quais são os princípios fundamentais da profissão como um todo, independente da área de atuação. Contudo, serão explicitadas as que se destacam ao tema aqui discorrido

I. O psicólogo baseará seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de

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III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural...

VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste código (CFP, 2005, p.07).

Seguindo a proposta de exercício profissional da psicologia sugerido pelo Código de Ética Profissional, o mesmo orienta para o profissional da psicologia ao trabalhar com outros profissionais encaminhar todas as demandas que extrapolarem o campo de atuação da psicologia e compartilhar de informações relevantes para fim de qualificar o serviço prestado, resguardando a confidencialidade da comunicação e assinalando a responsabilidade de quem receber de preservar sigilo (CFP, 2005).

O profissional da psicologia deve respeitar o sigilo profissional protegendo a intimidade das pessoas, grupos ou organizações que tiveram acesso ao exercício profissional. Contudo, em situações de conflito caberá ao Psicólogo decidir pela quebra de sigilo baseando sua escolha na busca pelo menor prejuízo, salientando que em caso de quebra de sigilo o psicólogo deve restringir-se a prestar somente as informações necessárias de conhecimento dos demais envolvidos (CFP, 2005).

Quando se trata de compartilhar documentos sobre pacientes em atendimento em rede o CFP no art.12 do Código de Ética Profissional (2005, p. 13) orienta que “nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho”.

No serviço de saúde, o Psicólogo orienta-se preferencialmente pelo princípio da integralidade, pois entende-se que no campo da saúde o cuidado no primeiro nível de atenção deve haver equipes interdisciplinares que desenvolvam ações intersetoriais. No trabalho interdisciplinar, o Psicólogo oferece uma importante contribuição para compreender o sujeito de forma integral e contextualizada, considerando sua família e comunidade (BOING; CREPALDI, 2014).

Outrossim, a atuação do psicólogo para a promoção de saúde deve se dar antes que as pessoas venham a adoecer, com ações nas atividades grupais, institucionais e de trabalho no território de atuação (BLEGER, 2007). Para Bleger

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(2007, p. 120): “o que necessitamos é a atenção da saúde pública no plano da promoção de saúde e em escala social”.

Em relação ao trabalho com a pessoa que está passando por um momento de sofrimento psíquico, Boarini e Borges (2009, p. 612) afirmam que “todos temos o compromisso de buscar formas de tirá-la da crise que a atormenta, e não a sua liberdade de ir e vir”. Complementarmente Amarante (2008) salienta que deve-se ter cuidado para não deixar de trabalhar com o sujeito e passar a trabalhar com a doença, pois o serviço de atenção psicossocial deve oferecer acolhida a crise do sujeito que procura o serviço.

Considerando que o profissional da psicologia atua com base em um código de ética profissional Amendola (2014, p. 979) defende que o psicólogo “deve se posicionar frente às demandas, questionando suas ações para que não transforme o exercício de sua profissão em uma prática opressiva, adestradora ou de normalização”.

Por conseguinte, nota-se que o profissional da psicologia que ingressa no campo da saúde pública, em se tratando da atuação junto ao sujeito em sofrimento psíquico, possui um longo percurso de trabalho a desenvolver dentro da sua área de atuação e em conjunto com os demais profissionais da rede do sistema único de saúde.

Adamy (2015) defende que é necessário potencializar os cuidados de saúde mental na atenção básica de saúde, principalmente nos municípios que não são contemplados com os serviços de especialização em saúde mental em seu território.

Quanto à atuação com os sujeitos que se encontram em sofrimento psíquico, Adamy (2015, p. 06) afirma que faz-se necessário: “repensar as formas de cuidar

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