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Compreendendoa Reforma Agrária, partindo de como ela vem acontecendo, entendemos como os movimentos sociais possuem papel importante neste processo. A Reforma Agrária, sendo uma política pública, desde a criação do INCRA, porémela ainda não possuía a configuração de hoje pois na criação da chamada “Reforma Agrária” se efetivava a colonização nas áreas de conflitos sociais.

Sobre as políticas públicas, é necessário entender como apresenta Faleiros(apud SCHEEFFER, 2014) mostrando que

embora defendidas como instrumentos de igualdade social e de melhoramento do bem-estar, as políticas públicas apenas diminuem certas desigualdades ou impedem que algumas situações se agravem. Mais do que isso têm o real objetivo de estabilização social, a manutenção das relações sociais hierárquicas e a reprodução das classes sociais. (2014, p. 10)

Este autor compreende que as políticas públicas são seriamente limitadas para se criar realmente maneiras construídas em prol da superação dos múltiplos problemas contemporâneos, ou seja, as poucas pessoas possuindo muito e a maioria das pessoas possuindo pouco. Cabe lembrar que, em uma concepção neoliberal, o mesmo autor considerando as contribuições Höfling, aponta que

as políticas públicas (sociais) são consideradas um dos maiores entraves ao desenvolvimento e responsáveis, em bom grau, à crise que atravessa a sociedade. A intervenção do Estado constituiria uma ameaça aos interesses e liberdades individuais, inibindo a livre iniciativa, a concorrência privada, e podendo bloquear os mecanismos que o próprio mercado é capaz de gerar com vistas ao tão almejado equilíbrio. O mercado é a matriz da riqueza, da eficiência e da justiça. (2001 , p. 8)

Esta visão proporciona o entendimento de que o Estado faz mediações para que essa regulação se realize, ou seja, para se concretizar é necessário a coerção do Estado. Toda a sociedade orientada pelas regras do mercado, poiso modelo neoliberal não “querendo ameaçar os interesses e liberdades individuais” (HÖFLING, 2001, p.8) joga para as políticas públicas, entendida aqui como o Estado em ação, atingir o equilíbrio, portantoreproduzindo o discurso de que o que oferece o mercado é mais eficiente e justo.

Os assentamentos precisam das possibilidades criadas pelos direitos sociais, no âmbito das políticas públicas, embora o discurso neoliberal esclareça as intenções do Estado com relação aos enfrentamentos dos problemas, ora lançando políticas que conseguem se efetivar ora uma consistência na resistência evidenciando as relações contraditórias, proporcionadas pela lógica do mercado e reproduzindo as classes sociais estabilizadas economicamente, mas

o pouco que as políticas públicas podem amenizar o problema, ainda será uma questão que faz parte da luta camponesa, poisuma vez no processo contraditório das políticas do Estado, só vejam esta alternativa, mesmo que orientada pela visão neoliberal e colocada em conformidade.

O SIPRA, instrumento elaborado para acompanhar a política pública estudada, pode estar tendo os seus limites definidos por esta orientação da visão neoliberal. Ainda que muitas informações sejam sistematizadas e publicadas para a sociedade sobre a Reforma Agrária, poderia se ter muito mais dados sendo aproveitado pela própria política que foi criada em um contexto de regime militar, mas obteve avanços com a desconcentração de terras e regularização de áreas anteriormente utilizada por posseiros.

Como muitas vezes mencionado o papel considerável dos movimentos sociais do campo, poisao curso do processo histórico, diferentes lutas caracterizaram o espaço produzido. Considerando o que observa Martin, cabe resgatar o seu posicionamento que diz

A luta das classes intervém na produção do espaço, cujas classes, frações e grupos de classes são os agentes. A luta de classes, hoje mais do que nunca, pode se ler no espaço. As formas dessa luta são muito mais variadas do que no passado. Fazem parte delas, com certeza, as ações políticas as minorias. (1986, p. 17)

As classes, frações e grupos correspondem à heterogeneidade de classes na sociedade e as ações políticas correspondem as minorias, onde se recriam dentro do modo de produção capitalista e sobrevivem quando vencem, e assim, influenciam na produção do espaço. É considerável a participação dos movimentos sociais, neste processo, Girardi e Fernandes compreendem este processo conceituando-os

Os movimentos camponeses se constituem em movimentos socioterritoriais porque criam relações sociais para produzirem seus próprios territórios.

Os espaços produzidos pelos movimentos socioterritoriais são diversos e constituídos de acordo com as suas ações. Esses movimentos constroem espaços de socialização política e espaços de socialização propositiva, onde geram as práticas de seu desenvolvimento. Os espaços de socialização propositiva são aqueles que concebem e materializam diferentes tipos de ações, por exemplo, políticas públicas para a transformação das realidades. A construção de espaços políticos, sociais, culturais e outros acontecem em diferentes lugares e territórios. A construção desses espaços e seus dimensionamentos são essenciais para as ações dos sujeitos que procuram transformar a realidade. Não existe transformação da realidade sem a criação de espaços. (2009, p. 344)

Os movimentos camponeses articulados, não somente visam transformar a realidade, mas também produzem espaços para a formação política que orientem o debate quanto aos conflitos, contradições e lutas pela terra e pela permanência nela, ou seja, esses movimentos

se articulam para planejar, ocupar e passar por enfrentamentos defendendo a realização da Reforma Agrária, sua maior causa e principal via para o acesso a terra no país.

Martin colabora com a compreensão do conceito sobre os movimentos socioterritoriais dizendo ser “uma organização que tem a vontade e cria as capacidades de introduzir no espaço, com práticas socioterritoriais novas, verdadeiras mutações territoriais, mesmo se elas são de início, na base, limitadas e estritamente localizadas.” (1986, p. 26), ou seja, está compreendido que essas novas práticas são expressas por meio de uma transformação do latifúndio em assentamento de Reforma Agrária, por exemplo.

Ainda, “o movimento socioterritorial pode ser considerado como uma forma de organização da classe trabalhadora, tendo por base os grupos populares ou as camadas populares excluídas e subordinadas.” (PEDON, 2009, p. 184) por isso é importante a atuação desses movimentos, pois agregam elementos que estão em conflitos na luta de classes que precisam ser colocados em questão, mesmo sendo o objetivo central dos movimentos socioterritoriais a produção de um território. Esses autores nos ajudam a compreender esses movimentos, mas existe um limite quando se realizam concretamente, como explicita Pacheco:

Os limites dos movimentos sociais não são especificamente seus. São limites da própria sociedade civil, que não foi capaz de constituir um novo bloco histórico para a disputa de hegemonia e das relações de poder em nível de Estado. Reduzir a luta pela Reforma Agrária hoje à política social é novamente dissociar a luta pela terra do questionamento ao próprio modelo de desenvolvimento da agricultura; é deixar de potencializar na relação com os movimentos sociais os novos significados de que são portadores, o que não pode também ficar reduzido a pensar os chamados “setores reformados”. (2013, p. 158).

De modo geral, a sociedade não construiu condições concretas de relações com os movimentos, pois é preciso pensar no resultado de Estado que temos, ou seja, possui relações arcaicas. Existem no território as lutas pelo acesso a terra onde no Brasil foram formados aproximadamente 126 movimentos socioterritoriais (DATALUTA, 2015). No país o movimento que possui maior representatividade é o MST e, portanto, também em Mato Grosso, entretanto consistem outros movimentos envolvidos, como por exemplo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura(CONTAG), Movimentos Indígenas, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Organização Independente (OI), outros que são contabilizados e os que não possuem identificação do movimento. Na tentativa de evidenciar as lutas desses movimentos no campo, a ilustração 17, sobre a quantidade de ocupações realizadas pelos movimentos socioterritoriais no estado de Mato Grosso.

Mato Grosso – Brasil 2000 a 2014

Movimentos Socioterritoriais Ocupação Família

MST 50 16.634 CONTAG 8 1.159 Movimentos Indígenas 5 66 CPT 13 2.530 OI 4 1.075 Outros 14 3.882 Nenhuma Informação* 16 2.473 TOTAL 110 27.819

*Não foi possível a identificação do nome do movimento.

Ilustração 18: Ocupação realizadas pelos Movimentos Socioterritoriais em Mato Grosso – Período de 2000 – 2014.Fonte: DATALUTA, 2015. Organizado: BARONI, 2016.

Os dados além de revelarem a atuação desses movimentos socioterritoriais no período estudado pelo relatório de 2014 do DATALUTA 2015, também, demonstram que está ocorrendo espaços de socialização política no estado Matogrossense, estas socializações podem estar gerando ações que visam a transformação da realidade que está posta, ou seja, para que isso aconteça esses movimentos devem criar estes espaços, poiscomo foi mencionado anteriormente por Girardi e Fernandes (2009), os acontecimentos resultantes da construção desses espaços, que se realizam em diferentes territórios, como por exemplo o território camponês, sendo este o caminho que direciona a transformação, poisesta não surgirá naturalmente. Cabe ressaltar que estas transformações também não surgirão naturalmente do próprio INCRA.

No processo da Reforma Agrária, os agentes do Estado no âmbito no INCRA que estão envolvidos com a realização da Reforma Agrária, apresentam algumas preocupações com a ausência de recursos para se efetivar as políticas de assentamentos do INCRA, conforme apresentamos no capítulo anterior nas falas de Oliveira (2007) que esta política possui no seu alicerce a política fundiária (apropriação privada da terra, legislações para tributos, uso e programas de financiamentos para adquirir a terra) e a política agrícola (ações de governo para implantar nos assentamentos assistências necessárias e infraestruturas em geral).

Neste contexto a ação do Estado para se efetivar precisa da realização dessas duas políticas, no entanto existem contradições e ambiguidades do próprio Estado. Segundo Martins, “todo ato tendente a desconcentrar a propriedade da terra, quando esta representa ou cria um impasse histórico ao desenvolvimento social, está baseado nos interesses pactados da sociedade.” (2004, p. 102), cabe destacar que, esses interessespactadossão considerados pelo

autor como sendo provenientes das mediações que vem do processo histórico e no que seja possível ser realizado.

O Serviço Nacional de Cadastro de Imóvel Rural (SNCR), criado em 1964 no início da Ditadura Militar anteriormente a criação do INCRA, através do Estatuto da Terra onde “tem como objetivo fornecer ao governo federal dados para o planejamento da política agrária e da Reforma Agrária e informações sobre a concentração e distribuição da terra além de fins de arrecadação.” (BATISTA, 2015, p. 242), este sistema é responsável por emitir um documento que permite a liberação de crédito bancário, para o desenvolvimento da produção no campo, por exemplo. Este documento é o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), e segundo o mesmo autor em Mato Grosso já foram cadastrados 145.765 imóveis rurais, no entanto, existem controversas na realização concreta deste sistema, mas também pode ser evidenciado como o espaço agrário está concretizado até o momento.

Assim, o SNCR não cumpre a função fiscal ou de garantia de diretos, entretanto, é possível obter uma grande gama de informações que refletem parte da realidade rural do Brasil, poisao longo dos anos se tornou um arquivo da realidade do meio rural. (BATISTA, 2015, p. 270)

Portanto na busca por informações do SNCR poderá ser evidenciado a predominância da prática agrícola e agropecuária em Mato Grosso, através deste cadastro.No Estado as duas práticas são bem definidas na configuração de todo o território Matogrossense, e realizando um recorte para o Pantanal, onde predomina a prática da pecuária, cabe ressaltar o quepensam Rossetto e Girardisobre a posse da terra e Reforma Agrária nessas áreas, onde anunciam que

esta relação de produção, presente nas origens da produção capitalista das fazendas de gado do Pantanal, configura a contradição do desenvolvimento do capitalismo na pecuária pantaneira, de forma que a produção cria e faz uso de relações não- capitalistas de produção criando, recriando e mantendo o campesinato de forma subordinada, privando-o da terra. (2010, p. 2).

O que acontece nas terras pantaneiras do Mato Grosso também ocorre em todo o país, sendo também através de outras práticas econômicas de exploração da terra e da força de trabalho, sendo este também um elemento fundamental que já fez e ainda faz parte da luta de classes desde sempre.

Após a apresentação do problema e os caminhos que passamos para compreender o objeto de estudos, faz-se necessário conhecer as práticas dos setores que realizam a Reforma Agrária em nosso Estado. A apresentação das falas dos entrevistados podem nos apontar pistas de pensar como a prática vem sendo concretizada. Se o SIPRA possui fragilidades na sua busca por dados da Reforma Agrária, neste momento podemos conhecer alguns dos seus

limites, na tentativa de compreendermos o processo que se desenvolve no INCRA, pois as informações levantadas aqui devem ser acompanhadas pelo sistema em todas as suas etapas.

Em entrevista com o membro23 responsável pelas ações legais da Instituição, no processo de desapropriação da propriedade, relata as sérias dificuldades que se reproduz todos os anos, ou seja, quanto ao quadro de funcionários, dizendo que o último concurso deste Órgão foi em 2010, e aponta a sua opinião sobre o acompanhamento do INCRA com os seus assentamentos

O INCRA não tem um controle sobre os projetos, eles teriam que ser criados, tocados e emancipados futuramente, para sair da filiação do INCRA para cortar os laços. A maioriaainda está na dependência, pois existem etapas iniciando como o crédito habitação, fomento e implantação, por exemplo. Não tem uma fiscalização como deveria ter, o Órgão é incapacitado e em minha opinião, é por isso que tem o grande número de venda de lotes.

Esta fala nos remete entender que o INCRA está com suas ações estagnadas devido o processo de Reforma Agrária estar paralisado. Outra informação nos dada é sobre a quantidade de profissionais destinados a realizar as atribuições do INCRA, apresentando haver uma queda na quantidade de inserção de novos técnicos devido a ausência de concursos. O INCRA “tem muita atividade que não é fiscalizada, havendo a fiscalização com a chegada de denúncias e quando é solicitado um determinado crédito onde deve realizar a fiscalização.” segundo o mesmo entrevistado.24Esta fala nos faz compreender que a Instituição se realiza pontualmente não alcançando efetivamente os seus objetivos.

A Divisão de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento (DT) seguem as orientações que constam no Manual de Obtenção de Terras e Perícia Judicial de 2006. Este instrumento técnico orienta como as vistorias de fiscalização e de avaliação dos imóveis rurais para verificação se está cumprindo com da função social, mas como bem expressado por Fabrini e Roos (2014) alertando que o I PNRA atingiu diretamente as propriedades de latifúndio, pois um dos artigos foi estabelecer que se buscasse a negociação e não a desapropriação. Esta situação ocorre até os dias de hoje, como resultado deste estabelecimento que se mantém conservado, pois as terras improdutivas ainda existem no país, mesmo sendo afirmada pela ideologia do agronegócio.

O INCRA possui setores que são responsáveis em realizar a obtenção da terra, esta ocorre por duas modalidades, ou seja, por desapropriação, pois não cumpriu a função social

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Advogado e Procurador Regional do INCRA, possui quase 35 anos no Órgão. Entrevista realizada para este trabalho pela pesquisadora. INCRA, Mar./2015

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Advogado e Procurador Regional do INCRA, possui quase 35 anos no Órgão. Entrevista realizada para este trabalho pela pesquisadora. INCRA, Mar./2015.

da propriedade, devendo ser desapropriada segundo a Lei nº 8.629/93, e por aquisiçãoatravés de compra, conforme estabelecido no Decreto nº 433/9225 que regulamenta.

Os conflitos que surgem com o processo de desapropriação podem estar pautados no momento anterior a esta ação, uma vez que, quando existe alguma denúncia dos movimentos sociais para que o INCRA avalie o cumprimento da função, provavelmente os acampamentos já estejam instalados as margens da propriedade rural, se aproximando das ideias que Girardie Fernades (2009) apresentaram anteriormente quanto aos camponeses em articulação com a luta pela conquista da terra se inserem naquilo que chamaram de movimentos socioterritoriais por criarem territórios resultantes das ações que foram desenvolvidas nesses espaços. Uma vez que estejam no acampamento ocupando a borda da propriedade, se articulam e criam relações sociais neste espaço para posteriormente criarem o território camponês.

Segundo dados daDivisão de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento (DT) em Mato Grosso não houve um caso no INCRA de desapropriação por questão ambiental, trabalho escravo e nem psicotrópico, neste último caso nunca se refere a encontrar propriedades com plantação de drogas, mas reconheceram que realizaram vistorias em propriedade que foram adquiridas com dinheiro de drogas, mas nunca deram procedimento nessa ação de denuncia. O entrevistado26 faz uma ressalva

Geralmente, mas em poucos casos no Estado, são focadas as aquisições em regiões de conflitos ou que o INCRA não consiga desapropriar por que são produtivas e que não conseguem com a desapropriação obter. A maior parte das obtenções é por desapropriação onerosa e se utilizam também de criação de assentamentos por terras públicas, retomando a área para voltar a ser da União.

Esta fala é importante para pensarmos sobre a Instituição desviar o foco de desapropriação das áreas de conflito, assim como compreendemos com Oliveira (2007) quando disse que a Constituição de 1988 foi a responsável por definir a desapropriação de terras improdutivas visando realizar a Reforma Agrária, mas no mesmo momento foi permitido uma abertura para os ruralistas latifundiários realizarem na lei ou na marra sua não efetivação. Sobre esta questão Martins aponta que

a utilização dos conceitos de “propriedade produtiva” e de “propriedade improdutiva” introduziu uma ampla ambiguidade da definição das propriedades sujeitas a desapropriação para Reforma Agrária, praticamente anulando as concepções relativamente mais avançadas do Estatuto da Terra. (2011, p. 129)

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Trata sobre a aquisição de imóveis rurais, para fins de reforma agrária através da compra e venda.

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Engenheiro Agrônomo e técnico do Setor de Obtenção de Terras – INCRA, possui quase 10 anos nesta instituição. Entrevista realizada para este trabalho pela pesquisadora. INCRA, Mar./2015.

Este acontecimento para o autor é considerado na história como a criação de uma aliança de classe, tendo em vista o desvio do foco do conceito de propriedade produtiva para ser analisado este mesmo conceito as empresas rurais, portanto o resultado foi de rompimento da realização da “possibilidade de qualquer alteração substantiva na ordem política e social.” (MARTINS, 2011, p. 130).

Uma presente realidade do setor é realizar desapropriações de propriedades onerosas por indicação dos movimentos sociais, ou seja, resultados que vieram da articulação dos movimentos sociais, mesmo sendo sua função realizar vistorias aleatoriamente e fiscalizar para confrontar os dados declarados pelos proprietários no Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), mas o Estado vai desenvolvendo o seu papel de mediador, quando deveria efetivar suas responsabilidades.

Quando o processo se formaliza algumas medidas são desenvolvidas, como por exemplo, notificar pessoalmente o proprietário onde o mesmo deverá assinar para que após dias a propriedade seja vistoriada, o prazo estabelecido é para que o proprietário tome ciência de que o INCRA vai vistoriar o imóvel, uma vez que, caso o proprietário não permita a entrada dos técnicos da Instituição, será buscado junto a autoridades uma autorização expedida por um juiz, permitindo a vistoria de fiscalização. Esta permissão também incluir vistoriar a questão ambiental, trabalhista, produtiva, consultar no Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso - INDEA, no Cadastro Ambiental Rural - CAR, comprovantes de compra e venda, neste caso, quando possui armazém e deve-se medir a propriedade e verificar as edificações do imóvel. Essas orientações, como mencionado anteriormente, são feitas através do Manual de Obtenção do INCRA, onde seguem as demais informações partindo da observação deste manual.

Após a vistoria deve ser emitido um Laudo Agronômico de Fiscalização (LAF), indicando o cálculo da produtividade ou improdutividade, segundo o Grau de Utilização da Terra (GUT), devendo ser no mínimo de 80% e Grau de Exploração da Terra (GET) sendo calculado em 100%. A equipe do INCRA, destinar essas informações para o CCIR, onde, caso seja confirmado os cálculos, o processo passa para o setor de obtenção e o proprietário é notificado da condição de sua propriedade e se passará pelo processo de desapropriação. O proprietário possui quinze dias úteis para recorrer administrativamente, e caso seja recusado, o Presidente da República decreta a propriedade para desapropriação de interesse social para fins de Reforma Agrária.

Até alcançar a desapropriação se leva muitos anos, e o INCRA após, o decreto, ainda

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