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Atuação junto aos responsáveis pelas fontes de distribuição da água

SISTEMA ESCORE

6.2. Implementação das ações de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano por atributo

6.2.9. Atuação junto aos responsáveis pelas fontes de distribuição da água

Para esse atributo, o escore final obtido foi 7,5. A atuação das autoridades de saúde junto aos responsáveis pelas fontes de distribuição da água permite o desenvolvimento das ações de VQACH e trabalhos sinérgicos para a melhoria da qualidade da água. Nesse sentido, 37 (94,8%) dos territórios realizavam visitas às fontes de distribuição, sendo diferente a periodicidade das visitas nos territórios: quatro (7,7%) territórios realizavam visitas semanais; seis (15,4%), mensais; um (2,6%), visitas trimestrais, 16 (41,0%), semestrais e 11 (28,2 %), anuais.

Nas visitas realizadas, 24 (61,5%) territórios mencionaram realizar a supervisão do autocontrole das fontes de distribuição, 27 (69,2%) realizavam ações de VQACH em conjunto com os responsáveis pelas fontes de distribuição da água e 24 (61,5%) reportaram discutir os problemas detectados e as soluções com os responsáveis, como se observa na fala seguinte:

"Como autoridade de saúde não somos juízes, embora deixamos recomendações e observações." (Boyacá, estado de categoria 1).

Observou-se que existe cooperação entre o responsável pelas fontes de distribuição e as autoridades sanitárias para realizar as ações de VQACH, no entanto é pequena a interação das partes para lidar com os problemas detectados. Considerando esses resultados e as falhas identificadas no atributo ‘análises e investigação’, em que somente 56,4% dos territórios afirmaram realizar investigações quando detectadas situações de risco e 66,7% mencionaram utilizar as informações sobre a qualidade da água para o planejamento e a tomada de decisão, percebe-se limitada expressão da VQACH em atividades de melhoria da qualidade da água. Tal aspecto precisa ser fortalecido para que as ações de VQACH contribuam de maneira efetiva para a garantia da oferta de água segura à população.

129 6.2.10. Educação e participação comunitárias

A educação e participação da comunidade permite promover o empoderamento da população em relação a situação da qualidade da água e a conhecimentos sobre a importâncias da preservação da água para a promoção da saúde. O escore final para esse atributo apresentou valor 4,8, sendo esse e os atributos ‘universalidade’ (4,4), ‘intersetorialidade’ (3,7) e ‘recursos materiais e infraestrutura’(3,1) os que resultaram valores mais baixos de escore.

Foram poucas as ações de educação e participação comunitárias realizadas pelas autoridades de saúde. Dos territórios analisados, nove (23,1%) desenvolviam atividades de educação em saúde envolvendo o tema da qualidade da água, sete (17,9%) promoveram o uso/conservação/manipulação adequado/a da água. Outro aspecto importante avaliado nesse atributo foi a divulgação da informação sobre as responsabilidades dos usuários na preservação da qualidade da água para consumo humano, foi observado que 18 (46,1%) territórios afirmaram realizar essa atividade.

Como mecanismos de promoção da educação e participação comunitárias, foram mencionados o envolvimento de lideranças comunitárias, mulheres e mães e setores rurais para realizar as ações mencionadas. Igualmente, foi observado o desenvolvimento de programas específicos como, por exemplo, o programa “Aprende Fazendo” ou “Escolas rurais”, citados nos seguintes depoimentos:

“Se capacitam os líderes, eles multiplicam seus conhecimentos para suas comunidades, mediantes a estratégias de ‘aprender fazendo’.” (Atlantico, estado categoria 3).

A comunidade apresentou pouca participação no desenvolvimento de ações de VQACH, sendo que oito (20,5%) territórios procuravam vincular a comunidade à atividades de vigilância. Nove territórios (23,0%) afirmaram promover a criação de espaços e fóruns para discussão das ações de VQACH e temas relacionados com a qualidade da água.

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Na Colômbia, existem disposições legais que estimulam a participação comunitária, a exemplo do Decreto n.° 1.757/1994. Esse decreto estabelece as modalidades e as formas de participação social na prestação de serviços de saúde. Segundo o decreto, a participação social compreende a participação cidadã e a participação comunitária. A primeira é definida como o exercício dos deveres e direitos do indivíduo, garantindo a conservação da saúde pessoal, familiar e comunitária e contribuindo para o planejamento, gestão, avaliação e fiscalização dos serviços de saúde. A participação comunitária é definida como o direito das organizações comunitárias para participar das decisões de planejamento, gestão, avaliação e fiscalização em saúde (COLOMBIA, 1994).

A participação comunitária é garantida pela criação, em todos os municípios, dos ‘comitês de participação comunitária em saúde’ que reúne representantes da sociedade civil e o Estado. O decreto também prevê a participação cidadã e comunitária nas instituições que integram o Sistema de Seguridad Social em Salud da Colômbia, por meio de alianças ou associações de usuários e, ainda, a participação social nos processos de planejamento e fiscalização em saúde, por meio da representação em conselhos e comitês (COLOMBIA, 1994).

No entanto, dentre os entrevistados, apenas dois mencionaram usar algum desses mecanismos para promover a participação comunitária, especificamente o Comitê de Vigilância em Epidemiológica (COVE) e a associação de usuário, sendo evidente o escasso conhecimento e aproveitamento desses canais.

Outra forma de participação comunitária mencionada foram os processos judiciais, na forma de ações populares, que são procedimentos jurídicos que buscam proteger os direitos constitucionais fundamentais do indivíduo. Esses mecanismos são acionados pelas comunidades quando existem inconformidades com os serviços de água, evidenciando que existe o uso desses canais para o controle social, no entanto, os mesmo são ativados após a identificação de anormalidades na qualidade da água, sendo desejável, na verdade, prevenir tais situações.

131 6.2.11. Disponibilização de informações

A disponibilização de informações é parte essencial das ações que visam a melhoria da qualidade da água e nos processos de empoderamento em saúde. Esse atributo apresentou escore final igual a 6,1. Observou-se que 18 (46,2%) territórios disponibilizavam as informações sobre a qualidade da água, no entanto, quando descrevem os canais de disponibilização da informação, 15 (38,8%) territórios afirmaram que as informações eram disponibilizados através do SIVICAP, 20 (51,20%) mediante solicitações, normalmente de indivíduos/pessoas, realizadas à autoridade de saúde e dois (5,12%) usavam informes, cartazes ou meios de comunicação como rádio.

A disponibilização de informação a partir de demandas individuais é inapropriada, uma vez que a direção do movimento deve ser de quem produz a informação para a comunidade, principalmente considerando situações em que é necessário retroalimentar a população quando da detecção de situação de risco. Por outro lado, a menção ao SIVICAP como forma de divulgação da informação deve ser avaliada com cuidado, uma vez que o acesso à informação demanda recursos tecnológicos, pois as informações são disponibilizadas em sítio eletrônico. Adicionalmente, a forma de apresentação dos dados nem sempre é em linguagem acessível à maioria da população ou, ainda, informa aspectos relevantes aos consumidores. A esse respeito menciona-se o fato de que a informação disponibilizada no sítio eletrônico do SIVICAP é o IRCA do município, dado que traduz informação com elevado nível de agregação.

Com relação à identificação de situações de risco relacionado ao abastecimento/distribuição de água, identificou-se que 23 (59 %) territórios divulgavam informações nesses casos.

A disponibilização de informação para os diferentes setores relacionados ao abastecimento de água mostrou que 20 (51,3%) territórios enviavam informações por meio de relatórios, resultados de análises, resultados consolidados, diagnósticos, resultados de cerificações do prestador, planos de amostragem e/ou resultados de investigação de surtos de doenças relacionadas com a água.

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Apesar do escore final desse atributo ter sido relativamente levado, 6,1, a análise qualitativa dos relatos dos entrevistados permitiu identificar deficiências em relação aos mecanismos e meios utilizados para a divulgação da informação. Nesse sentido, é pertinente avaliar a efetividade dos canais mencionados na disponibilização das informações (seja em termos de conhecimento, acesso, linguagem, qualidade da informação, dentre outros) e o impacto na alteração de situações de risco ou na promoção da saúde da população.

6.3. Determinantes contextuais do Sistema de Vigilância da Qualidade da Água