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2. REVISÃO DE LITERATURA 1 Saúde Ambiental

2.3. Sistema de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano da Colômbia

2.3.1. Instrumentos para análise de risco

Na Colômbia, o Decreto n.o 1.575/2007 define três instrumentos básicos para garantir a qualidade da água para consumo humano a serem utilizados pela autoridade sanitária: os índices de risco (calculados para a qualidade da água - IRCA e por abastecimento de água municipal – IRABAm), o Mapa de Risco e o formulário único de inspeção sanitária.

O IRCA avalia e classifica a qualidade da água distribuída em todo território Colombiano em relação ao grau de risco de ocorrência de doenças relacionadas com o não cumprimento das características físicas, químicas e microbiológicas da água. Complementarmente, também deve ser calculado o IRABAm, o qual tem como objetivo identificar o risco à saúde humana relacionado às condições dos sistemas de abastecimento, sendo consideradas as condições aceitáveis de tratamento, distribuição e continuidade do serviço (COLOMBIA, 2007b).

O IRCA é uma média ponderada onde são atribuídos pesos a cada parâmetro (físico, químico e microbiológico) quando seu resultado não atende aos valores máximos aceitáveis, definidos na legislação. O somatório desses valores gera o valor IRCA absoluto (ORTIZ, 2004). No Quadro 3, são apresentados os parâmetros que integram o IRCA e seus respectivos pesos (pontuação de risco).

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Quadro 3. Pontuação de risco para o cálculo do índice IRCA, Colômbia

CARACTERÍSTICAS PONTUAÇÃO DE RISCO

Cor Aparente 6

Turbidez 15

pH 1,5

Cloro Residual Livre 15

Alcalinidade Total 1 Cálcio 1 Fosfatos 1 Manganésio 1 Manganês 1 Molibdênio 1 Zinco 1 Dureza Total 1 Sulfatos 1 Ferro total 1,5 Cloretos 1 nitratos 1 nitritos 3 alumínio 3 fluoretos 1 COT 3 Coliformes totais 15 Escherichia coli 25

Soma das pontuações atribuídas 100

FONTE: Colombia (2007c).

Além dos parâmetros mencionados, se compostos químicos o misturas definidas no quadros n.4 e agrotóxicos reconhecidas pelo Ministério de Salud y Protección Social que representam um alto perigos para a saúde, excedem os valores máximos acetáveis, o valor do IRCA assignado será a pontuação máxima de 100 pontos independentemente dos outros resultados. Igualmente, será assignado o valor de 100 pontos se existe presença de Giardia e Cryptosporidium.

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Quadro 4. Características Químicas que tienen mayores consecuencias económicas e indirectas sobre la salud humana

Elementos, compostos químicos e misturas de compostos Químicos diferentes aos agrotóxicos e outras sustâncias

Expressados como Valor máximo aceitável

(mg/L)

Antimônio Sb 0,02

Arsénico As 0,01

Bário Ba 0,7

Cadmio Cd 0,003

Cianeto livre e dissociável CN- 0,05

Cobre Cu 1,0 Cromo total Cr 0,05 Mercúrio Hg 0,001 Níquel Ni 0,02 Chumbo Pb 0,01 Selênio Se 0,01 Trihalometanos Totais THMs 0,2 Hidrocarbonetos Aromáticos

Policíclicos (HAP) HAP 0,01

FONTE: Colômbia (2007c).

Após atribuição dos pontos, o IRCA é calculado por amostra e por mês, a partir das seguintes equações (COLOMBIA, 2007d):

Por amostra:

���� %

=∑ dos pontos de risco atribuídos às características fora do padrão de potabilidade ∑ dos pontos de risco atribuídos a todas as características analisadas

Por mês:

���� % =∑ dos ��CAs obtidos em cada amostra realizada no mês Número total de amostras realizadas no mês

Os resultados obtidos são avaliados segundo classificação existente na Resolução n.o 2115/2007 em cinco níveis: inviável à saúde, alto, médio, baixo e sem risco. A partir dessa classificação são recomendadas ações a serem

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desenvolvidas pela autoridade sanitária, conforme Quadro 5 (COLOMBIA, 2007c).

Quadro 5. Classificação do nível de risco em saúde segundo o IRCA por amostra e o IRCA mensal e ações que devem ser desenvolvidas, Colômbia

Classificação

do IRCA (%) Nível de risco

IRCA por amostra (notificações a serem feitas pela autoridade sanitária imediatamente)

IRCA mensal (ações)

80,1 -100 Inviável sanitariamente

Informar ao prestador, ao COVE, prefeito, governador, SSPD, MSPS, INS, MAVDT, controladoria geral e procuradoria geral

Água não apta para consumo humano, gestão direta de acordo com a competência do prestador, prefeito, governador e entidades de ordem nacional

35,1 - 80 Alto

Informar ao prestador, COVE, prefeito, governador e SSPD

Água não apta para consumo humano, gestão direta de acordo com a competência do prestador, prefeito e governador

14,1 – 35 Médio Informar ao prestador, ao COVE, prefeito e governador

Á gua não apta para consumo humano, gestão direta do prestador

5,1 - 14 Baixo Informar ao prestador e ao COVE

Água não apta para consumo humano, susceptível de melhora

0 - 5 Sem risco Continuar o controle e a vigilância

Água apta para consumo humano. Continuar a vigilância.

FONTE: Colombia (2007c).

O cálculo do IRABAm segue a ideia do IRCA, porém é mais complexo, pois envolve mais variáveis. Essencialmente, no cálculo, levam-se em conta os processos de tratamento, a distribuição e a continuidade do serviço definindo-se uma classificação de nível de risco à saúde (muito alto, alto, médio, baixo e sem risco) e, por conseguinte, medidas de intervenção. O IRABAm ainda não é desenvolvido por todas as secretaria de saúde do país, havendo poucos dados disponíveis.

O Mapa de Riso, cuja elaboração foi regulamentada pela Resolução n.o 4.716/2010 (COLOMBIA, 2010), consiste num instrumento que identifica os fatores de riscos atribuídos às bacias hidrográficas que abastecem os sistemas de água para consumo humano. Esse instrumento é elaborado com o objetivo de subsidiar a definição de ações de inspeções, vigilância e controle de riscos associados às condições de qualidade das bacias hidrográficas ou das fontes de

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abastecimento de água (mananciais de abastecimento) utilizadas pelos serviços de abastecimento de água para consumo humano.

A elaboração, revisão e atualização do mapa de risco são de responsabilidade da autoridade sanitária departamental ou distrital e municipal (categoria especial, 1, 2 e 3) e da autoridade ambiental competente na respectiva jurisprudência (COLOMBIA, 2007c e COLOMBIA, 2010). Essas entidades, em conjunto com os Comite de Vigilancia Epidemiológica (COVE) departamentais, distritais e municipais e com os prestadores de serviços de abastecimento e distribuição de água, devem identificar os fatores de riscos e as características físicas, químicas e microbiológicas das fontes e mananciais de água que podem afetar a saúde da população consumidora (COLOMBIA, 2010).

Por último, as autoridades de saúde devem realizar visitas de inspeção e preencher um formulário de inspeção sanitária das fontes de distribuição, o qual está definido na Resolução n.o 82/2009. O formulário de inspeção sanitária permite consolidar a informação encontrada no local por parte da autoridade sanitária competente, sobre o cumprimento das normas vigentes e a necessidade de desenvolver ações para melhorias das fontes de abastecimento e, consequentemente, da qualidade da água para consumo humano (COLOMBIA, 2009).

O formulário de inspeção sanitária exige o cálculo de IRABAm e avaliação dos seguintes aspectos: (i) estado e pertinência das instalações; (ii) instrumentação da estação de tratamento de água para consumo humano; (iii) segurança industrial e saúde ocupacional; (iv) manejo da informação e comunicação; (v) laboratório(s) para controle dos processos e qualidade da água para consumo humano; (vi) estado de operação do sistema de distribuição e (vii) manutenção da rede de distribuição controle de qualidade da água distribuída.