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Audiência Diversificada e Comportamento do Usuário

CAPÍTULO 2: Audiências e organizações nas Mídias Sociais Digitas:

2.5. Audiência Diversificada e Comportamento do Usuário

Com o avanço tecnológico, uma nova mídia surgiu, e uma nova mídia determinada um novo tipo de audiência, e embora essa nova audiência possa ser maciça em termos numéricos, não pode ser considerara de massa se levarmos em consideração a simultaneidade e uniformidade da mensagem que será recebida. Com a Internet e o surgimento de diversas fontes e mensagens, a audiência tornou-se mais seletiva, buscando maior quantidade de informação possível em um único local, e essa demanda ocasionou a convergência de tecnologias.

A convergência, como característica da revolução tecnológica, é o aglomerado de tecnologias específicas para um sistema integrado, possibilitando que em uma mesma página da web exista áudio, vídeo, texto e que esse conteúdo possa estar em nossos celulares.

(...) a tecnologia digital permitiu o empacotamento de todos os tipos de mensagens, inclusive de som, imagens e dados, criou- se uma rede que era capaz de comunicar seus nós sem usar centros de controle, a universalidade da linguagem digital e a pura lógica das redes do sistema de comunicação geraram condições tecnológicas para a comunicação global horizontal. (CASTELLS, 2002, p. 82).

Esse aspecto convergente e multimídia estende o mundo da comunicação digital para todo o espaço da vida humana, desde sua casa, trabalho, escola, cafés, restaurantes, shoppings, boates, enfim, os mais diversos lugares em que o acesso à Internet esteja disponível.

Nesse processo, ouvir rádio, ver televisão, ler o jornal, conversar com amigos e enviar correspondências migraram de seus dispositivos tradicionais para outros espaços. Primeiro foi o computador conectado à Web, depois o celular com acesso à Internet 3G ou através de redes wireless, e mais recentemente os tablets. (LOPEZ & QUADROS, 2014, p.171)

Um dos aspectos mais importantes da multimídia é a capacidade de captar uma grande diversidade de expressões culturais e disponibilizá-las ao redor do mundo, quebrando a separação entre mídia impressa e audiovisual, entre cultura popular e erudita, entre informação, educação, entretenimento e persuasão, pois todas essas expressões podem ser encontradas juntas no ambiente digital.

Em relação ao comportamento dos consumidores nas redes sociais (lembrando que consumidor é um termo que se refere tanto ao consumo de bens quanto de serviços, sejam eles públicos ou privados), para Fusco (2009), os usuários das mídias sociais constituem legiões de indivíduos conversando sobre questões pessoais, como viagens, acontecimentos do dia a dia e evento, e também sobre questões mais gerais, como política, cultura, educação, expondo opiniões e trocando informações.

As opiniões e sugestões postadas pelos usuários nas mídias sociais, em sua maioria, são feitas de modo voluntário, o que gera maior credibilidade e confiança por parte dos demais participantes da rede. De acordo com a pesquisa encomendada pela Google Brasil à Netpop Research (2010 citado por TIINSIDE, 2010), os usuários já perceberam os benefícios que as redes sociais podem trazer para suas escolhas em relação a produtos, serviços, bem como fontes de informação.

Coutinho (2009) também destaca que antes era “custoso” e difícil para o consumidor localizar segundas e terceiras opiniões sobre um produto, bem ou serviço, problema que foi sanado pela Internet. Agora, cabe às organizações criarem situações favoráveis ao surgimento de opiniões positivas ao redor de seus produtos e serviços.

Tais meios de comunicação, dessa forma, tornaram-se também uma das principais fontes de pesquisas para os consumidores e cidadãos de maneira geral, pois os serviços públicos também são passíveis de sondagens e críticas por parte dos usuários das redes. Para as organizações como um todo, a participação em mídias sociais facilita as relações entre os usuários, pois

elimina obstáculos físicos e culturais entre seus públicos de interesse. Existem diversas vantagens em usar as redes sociais como meio de comunicação e divulgação, pois, através delas, as organizações podem conhecer melhor o perfil de seus públicos, manter diálogo constante com eles e conseguir sua simpatia.

Além disso, atualmente, as pessoas estão se comportando como veículos de mídia, tiram selfies utilizando determinados produtos, ou em determinados lugares; divulgam suas próprias produções ou produções que consideram interessantes; falam bem e mal de pessoas, governos, produtos e empresas; enfim, se fazem ver e ouvir conectados à internet através de seus dispositivos móveis ou não.

Essa realidade tornou o consumo e a produção de informação ubíquos, e como coloca Carolina Terra (2014):

É possível tanto produzir quanto consumir informação independente dos meios tradicionais a qualquer tempo, em qualquer lugar. Isso também qualificou o usuário como crítico, ágil, capaz de sugerir, reivindicar, criticar ou elogiar de maneira muito rápida. Esse tipo de comportamento dos internautas, consumidores, usuários fez com que as organizações também tivessem que oferecer essa mesma disponibilidade. (TERRA, 2014, online)

As novas tecnologias transformaram, então, não só as identidades das pessoas, mas também as formas de produção, difusão e consumo de conteúdo, pois o usuário tem o poder de decidir dentre milhões de informações disponíveis o que vai ler, sobre o que vai discutir, e o que quer produzir, e, por conseguinte, os outros usuários terão essa mesma liberdade, traduzida por um simples click que exprime nossas escolhas.

Colocadas essas questões, o desafio então, no âmbito da Comunicação Pública e com foco em uma rádio pública e educativa, é buscar maneiras de utilizar-se das mídias sociais digitais e fazer com que o click da audiência se volte para seus produtos/serviços, relativos a educação, cultura e cidadania. Outra característica do comportamento da audiência que também pode ajudar nesse processo é a questão da produção do consumidor, que será abordada no tópico seguinte.