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As auditorias à qualidade do ar interior são de extrema importância para o edifício em estudo, visto que se verifica e analisa as condições do ar onde os seus ocupantes permanecem. Uma reduzida QAI pode ter consequências graves ao nível de efeitos sobre a saúde, mais concretamente doenças respiratórias e de pele, alergias e doenças crónicas. Esta análise é de grande importância, visto que o objetivo é beneficiar (ou não prejudicar) o bem-estar das pessoas.

No âmbito das Auditorias à QAI para edifícios de serviços existentes dotados de sistemas de climatização com potência superior ao valor limite de 25 kW, utiliza-se a Nota Técnica NT- SCE-02 como referência para efetuar as referidas auditorias. É a metodologia utilizada para auditorias periódicas QAI em edifícios de serviços existentes no âmbito do RSECE. Esta nota técnica foi descrita do ponto 2.4.2. (Legislação aplicável em Portugal) da presente dissertação.

4.2.1 Fases da Auditoria QAI

Numa primeira fase, o perito qualificado (PQ) deverá preparar e planear a auditoria QAI ao edifício em estudo, deverá:

 Recolher toda a informação relevante sobre o edifício ou fração autónoma e seus sistemas;

 Realizar uma visita preliminar ao edifício ou fração autónoma e seus sistemas;  Verificar o nível de CO2 no interior e no exterior;

 Pré-avaliar as condições de higiene e de manutenção do sistema AVAC.

O PQ deve pedir ao proprietário do edifício a respetiva memória descritiva do sistema de AVAC e peças desenhadas atualizadas, as telas finais dos traçados das várias redes de fluidos bem como os esquemas de princípio de funcionamento, incluindo comando e controlo dos equipamentos de AVAC. Deverá também registar o número de ocupantes e padrão de ocupação dos diferentes tipos de espaços.

Posteriormente, realiza-se a auditoria à QAI, que tem como principais pontos fundamentais:  Mediar as concentrações de poluentes definidos no DL n.º79/2006 nos diferentes

espaços;

 Avaliar as condições de higiene e capacidade de filtragem dos sistemas de AVAC;

Para se efetuar a amostragem e medição das concentrações dos poluentes é necessário identificar as zonas e locais a monitorizar no edifício ou fração autónoma e, em cada zona, o número mínimo de pontos de medição e a sua localização [18].

4.2.2 Poluentes a medir

Na Tabela 4.7, encontram-se listados os poluentes e as concentrações máximas de referência que devem ser medidos no interior dos edifícios de forma a verificar a conformidade no âmbito das auditorias periódicas previstas no RSECE.

Tabela 4.7 – Concentrações máximas de referência de poluentes no interior dos edifícios

Fonte: Nota técnica NT-SCE-02 (Consultado em 18/04/2012)

Nota: Nas zonas de Portugal onde exista predominância de pedra granítica, a regulamentação

obriga a que se faça a medição das concentrações do gás radão de forma a verificar se estão dentro dos limites regulamentares [18].

4.2.3 Zonas de medição

Nas auditorias à QAI, o edifício ou fração autónoma objeto de análise, deve ser agrupado em zonas de medição nas quais deve ser feita pelo menos uma medição de cada parâmetro exigido.

Na definição das zonas de medição no edifício, devem ser aplicados os seguintes critérios:  Os espaços a agrupar na mesma zona devem possuir a mesma estratégia de distribuição

de ar e serem servidos pela mesma Unidade de Tratamento de Ar (UTA) ou, na ausência de UTA´s, pelo mesmo sistema de ventilação. Devem ainda apresentar:

– Semelhantes tipos e níveis de atividades, de cargas térmicas e de fontes de emissões de poluentes;

– Compartimentação e organização dos espaços semelhantes;

 Constituem ainda zonas distintas de medição os espaços dentro de uma zona em relação aos quais existem registos semelhantes de reclamações/queixas, bem como espaços com características semelhantes onde existam ocupantes mais suscetíveis [18].

4.2.4 Número mínimo de pontos de amostragem/medição em cada zona

Posteriormente à definição das zonas de medição, calcula-se o número mínimo de pontos de medição a considerar em cada uma delas, que se calcula através da seguinte fórmula, arredondando para a unidade:

onde:

Ni – número de pontos de medida na zona i (Ni≥1);

Ai – área da zona i, em m2.

Notas:

 Os pontos de medida devem ser escolhidos de forma aleatória;

 Nos locais servidos por Água Quente sanitária, como é o caso de chuveiros, propícios à criação de fungos e bactérias deve-se determinar o Ni através da seguinte expressão, arredondada às unidades:

𝑁𝑁𝐼𝐼 = 0,75 × �𝑁𝑁𝑜𝑜 (4.8)

onde:

Nt – número de terminais de rede na zona em apreço

 No que respeita à Legionella, a seleção dos pontos de amostragem incide preferencialmente sobre os chuveiros que não tenham funcionamento diário e que correspondam ao trajeto mais longo desde o local de produção da AQS;

 No caso do radão, os pontos de medida devem ser distribuídos pelos três pisos habitados de menor cota, de acordo com a seguinte expressão, arrendada para as unidades:

𝑁𝑁𝑗𝑗 =300 × 𝑗𝑗 (4.9)𝐴𝐴𝑗𝑗

onde:

Nj – número mínimo de pontos de medida no piso de índice j

Aj – área do piso j, em m2

j – Índice de numeração do piso, desde o piso habitado de menor cota (j=1) até o máximo de j=3.

Caso o número de pisos habitados parcial ou totalmente subtérreos seja superior a 3, deve garantir-se o mínimo de um ponto de medição em cada um deles, de preferência nos espaços próximos dos muros de contenção de terras.

As medições dos poluentes devem ser realizadas em períodos representativos do perfil normal de ocupação, utilização ou funcionamento do edifício, de forma as medições corresponderem à maior aproximação da realidade. Normalmente, deveram efetuar-se as medições após duas a três horas de utilização do edifício em estudo [18].

4.2.5 Periodicidade das Auditorias QAI

A periodicidade das auditorias da QAI é definida conforme a tipologia dos edifícios:

 De 2 em 2 anos no caso de edifícios ou locais que funcionem como estabelecimentos de ensino ou qualquer tipo de formação, desportivos e centros de lazer, creches, infantários ou instituições e estabelecimentos para permanência de crianças, centros de idosos, lares e equiparados, hospitais, clínicas e similares;

 De 3 em 3 anos no caso de edifícios ou locais que alberguem atividades comerciais, de serviços, de turismo, de transportes, de atividades culturais, escritórios e similares;