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Cymbopogon winterianus J. SOBRE LARVAS DE Aedes aegypti (Linnaeus, 1762)

Julia Lisboa Bernardi1;Leidiane Falcão1; Bruna Maria Saorin Puton1;Gabriel Wiater1; Daniel Albeni2; Ilizandra Aparecida Fernandes1; Albanin Aparecida Mielniczki-Pereira1; Natalia Paroul1; Rogério Luis Cansian1

1Universidade Regional Integrada do Ato Uruguai e das Missões, Departamento de Ciências Exatas e da Terra, julialisboabernardi@yahoo.com.

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Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó/SC.

Resumo: A dengue é uma infecção viral transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o A. aegypti seu principal vetor, essa doença é considerada uma das maiores preocupações mundiais de Saúde Pública. Uma forma de combate é o uso de inseticidas químicos, porém a sua utilização gera diversos efeitos prejudiciais a saúde e ao meio ambiente. Desta forma, a utilização de plantas com compostos bioativos naturais tem sido proposta como opção na eliminação e controle desses insetos. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial larvicida do óleo essencial de citronela, sobre larvas de A. aegypti. O teste larvicida consistiu na exposição das larvas do mosquito a diferentes concentrações de óleo durante 6 e 24 horas, em seguida determinou-se a dose letal média para 50% da população (DL50). Como resultado,

foram obtidas as DL50 de 122,24 e 99,95 ppm, para 6 e 24 horas de exposição,

respectivamente. Estes resultados mostram que óleo apresentou um bom potencial larvicida. Palavras-chave: Compostos Bioativos. Saúde Pública. Problemas Ambientais.

Introdução

O mosquito A. aegypti pertence à família Culicidae, seu desenvolvimento dura cerca de 8 a 10 dias, possuindo uma fase aquática e uma fase terrestre durante seu ciclo de vida. A fase aquática possui três estágios de desenvolvimento: ovo, larva e pupa, já a fase terrestre equivale ao estágio de mosquito (GOMES et al., 2006; MADEIRA et al., 2002).

Na tentativa de manter a incidência da doença sob controle, são destinadas, continuamente, quantidades expressivas de recursos para programas de combate ao vetor. O controle do culicídeo utilizando inseticidas compõe a principal medida empregada pelos Programas de Saúde Pública (BRAGA e VALLE, 2007).

Preocupações com a saúde humana e com os problemas ambientais gerados pelo uso de inseticidas sintéticos aumentam o número de estudos que buscam métodos alternativos seguros, viáveis e eficientes no controle de insetos e que sejam menos agressivos a população e ao meio ambiente. Desta forma, plantas com propriedades inseticidas, por possuírem menor toxicidade para o homem e para o meio ambiente, apresentam-se como uma boa alternativa para a solução do problema (OOTANI et al., 2011).

Os óleos essenciais são compostos bioativos conceituados como misturas complexas de compostos químicos aromáticos voláteis, formados por plantas aromáticas em seu metabolismo secundário. Como característica, os óleos essenciais possuem um forte odor e são conhecidos desde a antiguidade por suas propriedades medicinais e aromáticas, além de atividades antissépticas, bactericidas, virucidas e fungicidas (BUCHBAUER, 2010; GONÇALVES et al., 2016).

A espécie C. winterianus Jowitt pertencente à família Poaceae, é popularmente conhecida como Citronela, seu óleo essencial tem demonstrado ação inseticida e de repelência contra mosquitos e moscas, e é constituído por uma mistura de compostos, sendo o citronelal (3,7- Dimetil-6-octenal) o seu composto majoritário. Alguns componentes químicos encontrados em seu óleo essencial são extensivamente utilizados como fonte nas indústrias: cosmética, aromatizantes e perfumaria (KATIYAR, 2011; PANDEY et al., 2013; VANIN et al., 2014).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi e avaliar a toxicidade do óleo essencial de C. winterianus sobre larvas A. aegypti.

Material e Métodos

Os ensaios foram realizados com diferentes concentrações de óleo de citronela puro (10, 25, 55, 75, 100, 125, 155, 175, 200, 250 e 400 ppm) + 2% de dimetilsulfóxido (DMSO). Larvas de A. aegypti em terceiro estágio larval foram expostas as diferentes concentrações do óleo em potes de acrílico de 50 mL. Para cada tratamento foram utilizadas, no mínimo 25 larvas, as quais foram cedidas pelo laboratório de entomologia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó). Paralelamente foram feitos brancos utilizando-se água milli-Q + DMSO 2% e somente água milli-Q. A contagem das larvas vivas e mortas foi realizada após 6 e 24 horas de exposição. A viabilidade das larvas foi estimada com base na motilidade das mesmas. Os experimentos foram realizados em triplicata para cada tratamento. Os dados obtidos foram utilizados para o cálculo de dose letal de 50% (DL50), a partir

Resultados e Discussão

A Figura 1 apresenta a relação entre o percentual de mortalidade de larvas de A. aegypti com as diferentes concentrações de óleo essencial de citronela bruto após o período de 6 (a) e 24 (b) horas de exposição.

Figura 1. Percentual de mortalidade de larvas A. aegypti de acordo com as concentrações de óleo essencial de citronela após 6 (a) e 24 (b) horas de exposição.

Os resultados mostraram que, para os dois tempos de exposição, o percentual máximo de mortalidade (100%) foi encontrado na concentração de 200 ppm para o óleo de citronela puro.

A dose letal média encontrada para o óleo de citronela puro foi de DL50=122,24 ppm

em 6 horas de exposição e DL50=99,95 ppm para o óleo de citronela puro em 24 horas de

exposição.

Furtado et. al (2005), estudaram o potencial de toxicidade do óleo essencial de C. winterianus em larvas de A. aegypti e encontraram uma DL50 de 4 ppm em 24 horas de

exposição. Amer e Mehlhorn (2006), estudando o efeito de óleos essenciais como potenciais larvicidas, relatam que o óleo essencial de C. winterianus causou 60% de mortalidade nas larvas de A. aegypti após 24 horas de exposição a uma concentração de 50 ppm. Estes dados corroboram os resultados obtidos no presente estudo, o qual confirma que o óleo avaliado tem uma boa atividade larvicida e pode ser uma alternativa para o controle de A. aegypti.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Laboratório de entomologia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), ao CNPq, FAPERGS, e URI pela concessão de bolsas e/ou apoio financeiro.

Referências Bibliográficas

AMER, A.; MEHLHORN, H. Larvicidal effects of various essential oils against Aedes, Anopheles, and Culex larvae (Diptera, Culicidae). Parasitology Research, v.99, n. 4, p.466-472, 2006.

BRAGA, I.A.; VALLE, D. Aedes aegypti: inseticidas, mecanismos de ação e resistência. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, n. 4, p. 279-293, 2007.

BUCHBAUER, G. Handbook of Essential Oils: Science, Technology and Applications. BASER, KHC e BUCHBAUER, G. CRC Press. Taylor e Francys: London. p. 235-280, 2010.

FURTADO, R.F. et al. Atividade larvicida de óleos essenciais contra Aedes aegypti L.(Diptera: Culicidae). Neotropical Entomology, v.34, n.5, p. 843-847, 2005.

GOMES, P.R. B. et al. Avaliação da atividade larvicida do óleo essencial do Zingiber officinale Roscoe (genbibre) frente ao mosquito Aedes aegypti. Revista Brasileira Plantas Medicinais, v. 18, n. 2, p. 597-604, 2016.

GONÇALVES, V. M. et al. Potencial de plantas acaricidas no controle de carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Revista de Ciência Veterinária e Saúde Pública, v. 3, n. 1, p. 014-022, 2016.

KATIYAR, C.K. Ayurpathy a modern perspective of Ayurveda. Ayu. v. 32, p. 304-305, 2011.

MADEIRA, N.G. et al. Variation of the oviposition preferences of Aedes aegypti in function of substratum and humidity. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 97, p. 415-420, 2002.

OOTANI, M. A. et al. Toxicity of essential oils of eucalyptus and citronella on Sitophilus zeamais Motschulsky (coleoptera: curculionidae). Bioscience Journal, v. 27, n. 4, p. 609-618, 2011.

PANDEY, S. K. et al. Structure-activity relationships of monoterpenes and acetyl derivates against Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) larvae. Pest Management Science, v. 69, n. 11, p. 1235-1238, 2013.

SCHIEDECK, G. Plantas Bioativas. Jornal da Ciência. 2006. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br.

VANIN, A. et al. Antimicrobial and antioxidant activities of clove essential oil and eugenyl acetate produced by enzymatic esterification. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 174, n. 4, p. 1286-1298, 2014.

EFEITO TÓXICO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO HERBICIDA 2,4-D

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