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Avaliação da efetividade de programas de formação de professores

LISTA DE APÊNDICES

INTRODUÇÃO 25 1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.6 Avaliação da efetividade de programas de formação de professores

As pesquisas sobre os conteúdos necessários a um programa de formação de professores para o trabalho com alunos com TEA tem mostrado a importância do conhecimento, principalmente, sobre as características do transtorno, seguido de conhecimentos sobre possibilidades de intervenção frente a manifestações comportamentais inadequadas e técnicas de comunicação alternativa, as quais também estão atreladas as características do transtorno. Assim, compreende-se que os estudos destinam-se a investigar basicamente duas áreas referentes ao TEA: conhecimento ou percepções dos professores sobre o transtorno e formas de intervenção.

Observou-se que as ações vinculadas aos programas de governo destinados a formação de professores em Educação Especial e para a inclusão não contam com instrumentos de avaliação. Mesmo as avaliações desenvolvidas pelos autores de estudos através dos quais cursos de formação são ofertados, por vezes, não podem ser consideradas abrangentes, já que destinam a avaliar somente resultados.

No entanto, a avaliação consistente da efetividade dos cursos de formação é um valioso e necessário instrumento, pois consiste no único capaz de apontar a real contribuição desses cursos para a atuação docente frente ao TEA e, assim, contribuir para a qualificação de novas formações.

A efetividade pode ser definida como a capacidade em permitir que o usuário de um serviço ou programa alcance ou se beneficie dos objetivos pretendidos, sendo avaliada em

condições reais de participação e/ou uso e medida a partir de seus resultados ou consequências (BRASIL, 2013). Trata-se de um conceito central que tem sido amplamente empregado no âmbito da avaliação de estratégias e tecnologias em saúde.

Os indicadores da efetividade de uma tecnologia em saúde, em geral, são medidos a partir de constructos precisos que permitam produzir evidências sobre o alcance dos objetivos pretendidos como, por exemplo, a oferta, a utilização e a cobertura de um programa ou ação. Na área da educação, o conceito tem recebido pouca atenção, assim como metodologias de avaliação específicas para os programas de formação de professores, sobretudo os que têm interface com a saúde. Ao se aplicar tais conceitos no contexto de um programa de formação de professores, serão desenvolvidos instrumentos que permitam, entre outros aspectos, identificar e avaliar, de forma crítica, o alcance e as limitações dos objetivos iniciais. Isso inclui também o uso de procedimentos para avaliação da efetividade que sejam aplicados tanto durante a realização quanto ao final do processo.

Há modelos de avaliação de programas de formação que envolvem a coleta de informações em três momentos distintos: no início do curso, durante o curso e após o curso (SALLORENZO et al., 2004). Ao longo da coleta de dados são buscadas informações sobre o perfil dos participantes, suporte institucional para a realização da formação, resultados imediatos, reação/nível de satisfação dos participantes aos cursos, aprendizagem parcial e final, resultados/impactos em longo prazo no desempenho dos participantes e na instituição. Com base nesses aspectos são elaborados instrumentos avaliativos coerentes com a proposta desse projeto.

2.1 Objetivo

Desenvolver o curso de formação profissional voltado para o atendimento educacional de alunos com TEA em uma amostra de profissionais de um município gaúcho, com base na matriz de conteúdos construída a partir da revisão de literatura, para avaliar sua efetividade.

2.2 Delineamento

Para atingir o objetivo deste estudo realizou-se uma pesquisa de abordagem mista, quanti-qualitativa, e de natureza aplicada, já que a intenção consistiu em gerar conhecimentos dirigidos à solução prática de problemas específicos. Nesse caso, visando ofertar ao grupo participante conhecimentos sobre o TEA, no intuito de qualificar sua prática e, mais amplamente, avaliar a efetividade do curso de formação proposto de forma que se tenha dados disponíveis para que outros possam ser pensados a luz de resultados consistentes.

A pesquisa de abordagem mista engloba a análise de dados qualitativos ( que não podem ser quantificados) e quantitativos (quantificáveis. É considerada, de acordo com Johnson et al. (2007)

[...]o tipo de pesquisa na qual o pesquisador ou grupo de pesquisadores combina elementos de abordagens de pesquisa qualitativa e quantitativa (ex., uso de perspectivas, coleta de dados, análise e técnicas de inferência qualitativas e quantitativas) com propósito de ampliar e aprofundar o conhecimento e sua corroboração (p.123).

A ênfase desse estudo, contudo, dá-se sobre a abordagem qualitativa, sendo que esta prevalece na forma de coleta dos dados e na sua análise.

O método dessa pesquisa consistiu um Estudo de Caso Único, sendo que há um único caso - o grupo participante da formação - e trata-se de um grupo peculiar, pois não se tem conhecimento de que foram desenvolvidas pesquisas no Brasil, até então, visando a formação de profissionais de diferentes áreas para a atuação educacional frente ao TEA. Também caracteriza-se por ser integrado, uma vez que trabalha com unidades de análise, pois em determinados momentos, aspectos referentes a cada membro do grupo - e não apenas relativos ao grupo como um todo - também são considerados (perfil dos participantes, por exemplo). Trata-se de um estudo longitudinal por que preocupa-se em analisar três momentos distintos:

pré-formação, pós-formação e seis meses após a formação concluída. Assim, consiste num Estudo de Caso Único, Integrado e Longitudinal, correspondendo a compreensão proposta por Yin (2010).

2.3 Participantes

O público alvo desta formação foi um grupo de profissionais formado por membros da equipe do Núcleo de Apoio Educacional Especializado (NAE) da cidade de Santiago/RS, compondo uma amostra de oito participantes. O núcleo tem como objetivo proporcionar às escolas da rede municipal de ensino, atendimento especializado nas áreas de Educação Especial, Fonoaudiologia, Psicologia e Psicopedagogia e tem atuação tanto clínica quanto escolar, atuando diretamente com os alunos, com as famílias e professores. A escolha dessa amostra, em específico, ocorreu por conveniência, em razão da sua procura junto a Universidade Federal de Santa Maria de informações que qualificassem sua prática no contexto em que atuam.

A realidade do atendimento ao TEA na educação básica na cidade de Santiago, segundo informação prévia fornecida pelo grupo, é de apenas três matrículas de crianças diagnosticadas. Considerando que a população local é de aproximadamente 49 mil habitantes e observando o índice de prevalência do TEA previamente apresentado (de 1:68), mesmo que só se considere as escolas municipais e regulares, o número de matrículas de alunos com o transtorno é extremamente baixo. As hipóteses para tal são a falta de diagnóstico desse público ou o fato de não frequentarem o ensino regular, o que é menos provável tendo em vista a legislação. Assim, tem-se uma realidade que incitou a mobilização dos profissionais competentes para que se localize e atenda devidamente o público com TEA, o que passa pela formação da referida equipe para a identificação dos sinais do transtorno e intervenção, sendo ela a responsável por organizar e realizar o atendimento especializado a essa população na cidade.

2.4 Instrumentos