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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2.1. TRAGETÓRIA DA GESTÃO DOS SERVIÇOS DE PÚBLICOS DE SAÚDE

2.2.1. Avaliação da Gestão da Assistência Farmacêutica

Para a assistência farmacêutica, uma das principais avaliações realizadas em âmbito nacional ocorreu entre 2003/2004. O Departamento de Assistência Farmacêutica - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), coordenou a pesquisa “Avaliação da Assistência Farmacêutica no Brasil: Estrutura, processo e resultados”, para a qual foi utilizado o conjunto de indicadores desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (OPAS, 2005).

As metodologias de avaliação na assistência farmacêutica validadas nacionalmente fornecem modelos para a realização de estudos locais, estaduais ou regionais (MANZINI, 2013).

Destacam-se, aqui, trabalhos que, por meio de diagnósticos e avaliações, fornecem uma visão da assistência farmacêutica no Estado de Santa Catarina, como o de Nascimento Júnior (2000), Costa (2002), Santos (2003), Blatt (2005), Toreti (2006) e Ronsein (2010).

Sartor (2010) desenvolveu um modelo de avaliação do serviço de dispensação de medicamentos na atenção básica do SUS. As características contextuais dos serviços foram levantadas. O modelo apresentou-se adequado para avaliação de eficácia do serviço, elaborado com cinco dimensões de análise. Nos resultados encontrados, a eficácia do serviço no município foi classificada como regular. A Orientação foi o principal problema dos serviços, seguido pelo Acolhimento e pela Separação e Preparação do medicamento.

Veber e colaboradores (2011) realizaram uma análise dos Planos Municipais de Assistência Farmacêutica entregues à Diretoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina em 2005 e 2006, onde as atividades de Assistência Farmacêutica foram caracterizadas, assim como uma a elaboração dos Planos e suas implicações para a gestão foram discutidas. Os resultados mostram que ainda há um grande descompasso entre o recomendado e o realizado nos municípios, havendo a necessidade de maior comprometimento de todas as esferas de gestão para que as atividades

de assistência farmacêutica garantam o acesso a medicamentos e serviços de qualidade, visando o uso racional.

O estudo de Guimarães e colaboradores desenvolvido em 2004 sobre a avaliação das organizações sociais teve seu aperfeiçoamento do em 2007 pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Assistência Farmacêutica – NEPAF, com o desenvolvimento de um protocolo de indicadores selecionados e parametrizados de forma coletiva e os resultados da avaliação da capacidade de gestão da assistência farmacêutica em dois municípios do Estado da Bahia, a título de estudo piloto para validação dos indicadores propostos (GUIMARÃES, 2007; BARRETO, 2007). Os resultados dessa pesquisa estão no artigo publicado por Joslene Lacerda Barreto e Maria do Carmo Lessa Guimarães, em 2010, intitulado “Avaliação da gestão descentralizada da Assistência Farmacêutica básica em municípios baianos, Brasil” (BARRETO; GUIMARÃES, 2010).

A matriz avaliativa desenvolvida pelo NEPAF foi adaptada para a realidade catarinense e reformulada, utilizando técnicas para a obtenção de consenso entre especialistas do grupo de pesquisa e farmacêuticos, que lideram as atividades de assistência farmacêutica nos municípios catarinenses.

A revisão da matriz avaliativa foi participativa, realizada por meio de debates e oficinas de consenso, com a participação de pesquisadores da área e com os coordenadores de Assistência Farmacêutica de municípios catarinenses.

Na primeira oficina foram discutidos os indicadores, as premissas e as fontes de coletas de dados. Já, a segunda oficina objetivou a discussão dos parâmetros e das medidas dos indicadores revisados e propostos na primeira oficina (MANZINI, 2013).

As oficinas do modelo de avaliação de Manzini (2013) contaram com a presença de especialistas, entre pesquisadores do grupo “Políticas e Serviços Farmacêuticos” da UFSC, membros da Comissão de Assistência Farmacêutica no serviço público do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina (CRF/SC) e farmacêuticos que trabalham em municípios catarinenses.

Os objetivos do projeto intitulado “Assistência Farmacêutica nos municípios catarinenses: avaliação e qualificação da capacidade de gestão”, que obteve como um dos resultados o estudo de Manzini (2013) e esta dissertação foram fomentar a discussão, na região, sobre avaliação e conceitos ampliados de gestão e de gestão da assistência farmacêutica. Por essa razão, a construção do modelo avaliativo foi realizada junto aos atores locais, na clareza de que os indicadores propostos estejam

adequados à realidade local, levando em consideração a política e as especificidades da organização do gerenciamento da assistência farmacêutica nos municípios catarinenses.

Segundo Manzini (2013), a utilização do modelo, desenvolvido para aplicação em Santa Catarina, por outros atores e em outros contextos, deve ser feita de maneira a não se restringir à aplicação de indicadores, medidas e parâmetros propostos na matriz avaliativa. O processo de adequação da matriz de avaliação, realizado de forma participativa, é de suma importância para que o modelo reflita o contexto onde será aplicado. O envolvimento dos interessados no processo de avaliação permite que mais pessoas estejam envolvidas e comprometidas com a assistência farmacêutica e, com isso, maior será a possibilidade de desenvolvimento de ações que impliquem reais mudanças no processo de gestão.

Assim, considera-se esta avaliação não só de interesse dos pesquisadores, por se tratar de uma pesquisa avaliativa, mas também dos gestores e trabalhadores envolvidos na assistência farmacêutica municipal.

A hipótese investigada é o fato de ainda prevalecer uma visão mais procedimental sobre a assistência farmacêutica, formada por uma lógica conceitual de matriz funcionalista, que privilegia sua condição de fornecedora de medicamentos, constrangendo sua natureza estratégica para a promoção do uso racional de medicamentos.

A avaliação dos municípios acontece sob as dimensões propostas por Guimarães e colaboradores (2004), quais sejam: organizacional, operacional e da sustentabilidade. A matriz avaliativa utilizada nesta pesquisa contempla indicadores que identificam a existência de normas e de estratégias para a implementação e sustentação de um modelo diferenciado de gestão da assistência farmacêutica, o que está pautado na autonomia decisória, na participação, na disseminação de conhecimentos estratégicos sobre a assistência farmacêutica e na satisfação com a qualidade dos serviços e/ou com o atendimento de demandas referidas por usuários e/ou por gestores e trabalhadores do sistema local de saúde.