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6.4 AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

No documento tese mestrado. Marta Rosa (páginas 83-87)

6.1 Diagnóstico de Situação

6.4 AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

Para proceder à avaliação das intervenções realizadas, foi efetuada uma sessão de Focus Grupo. Esta sessão teve como participantes a equipa de enfermagem escolhida como grupo-alvo desta fase do projeto, ou seja, 4 enfermeiros; foi gravada em áudio e transcrita.

Com este Focus Grupo pretendemos dar respostas às seguintes questões:  O que pensam das intervenções já desenvolvidas?

 A periodicidade das reuniões é adequada?

 Qual o impacto efetivo das intervenções para cada enfermeiro?

 A equipa encontra vantagens em que se continue a desenrolar estas reuniões? Introduzimos a sessão e a conversa fluiu facilmente entre os elementos do grupo.

▪Perante a primeira questão “O que pensam das intervenções já desenvolvidas

(reunião de enfermagem com uma nova dinâmica)?”, as respostas foram todas no sentido de ser

positivo para a equipa a existência deste espaço:

►“...a parte lúdica liberta o stress em relação ao trabalho [...] e abre novos horizontes para outros temas.” P. I

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► “...há um relacionamento diferente [...] o que é bom...” P. II

▪A introdução da Intervisão Clinica de Casos no âmbito da reunião de enfermagem também foi focada e os enfermeiros deram a sua opinião sobre a mesma, ressaltando o caráter securizante destas discussões, para a prestação de cuidados de enfermagem:

►“...é importante [...] proporciona um maior espírito de grupo [...] de segurança [...] de confiança...” P.III

►“...não me sinto tão sozinha na resolução de situações...” P.III ►“...alivia a tensão provocada pelos episódios.” P.I

▪Foi questionada a periodicidade das reuniões, se estavam a ser sentidas como muito espaçadas no tempo, ou, se por outro lado, deveriam ser menos periódicas:

►“Mais espaçadas não.” P.III

►“Está bem como está programado.” P.I

▪Ao colocarmos a questão “Qual o impacto efetivo das intervenções para cada

enfermeiro?”, os enfermeiros quiseram falar todos ao mesmo tempo, demonstrando interesse em

fazer valer a sua opinião:

►“...houve impacto [...] ajuda a equipa a ficar mais coesa.” P.II ►“...ajuda a aliviar o stress...” P.II

►“...mas a equipa está em stress, perdemos elementos [...] temos que fazer o mesmo trabalho...” P.IV

►“Não sabemos o que vai acontecer ao IDT [...] gera stress.” P.IV ►“Mas o facto da equipa se juntar e falar disso também ajuda.” P.II

▪O tema da ansiedade é muito referido neste Focus Grupo, como algo que é diretamente afetado com estas reuniões:

►” …ajuda a acalmar as situações de maior conflito, pois falamos em grupo sobre o que nos afetou.” P.IV

84 ▪Para finalizar a sessão questionámos a equipa se considerava favorável a continuidade destas reuniões, sendo que foi unânime que as mesmas devem continuar, pois trazem uma mais- valia aos enfermeiros e consequentemente à qualidade dos cuidados prestados:

►“É favorável que continuem.” P.IV

►“Sim [...] contribui de forma favorável e acho que deve continuar!” P.I

► “Ajudam a sermos melhores enfermeiros.” P.II

É de salientar que os enfermeiros deram enfoque ao momento lúdico que a reunião contém, como espaço importante de descontração e maior proximidade.

Para finalizar a avaliação realizou-se um Brainstorming (também denominada “tempestade cerebral” ou “chuva de palavras”), que consiste numa dinâmica de grupo da autoria de Alex Osborn, em que se pretende que os participantes apresentem as mais variadas ideias, sobre um assunto colocado pelo moderador e este regista-as, sem qualquer juízo crítico (Antunes,1992). Com esta técnica pretendemos consolidar os conceitos, unificar as conclusões e permitir manter a equipa motivada para dar continuidade ao projeto. Foi pedido ao grupo que, através de palavras, define-se o que tinha sido para cada um deles aquelas sessões (Apêndice D).

Com esta avaliação, pudemos concluir que para esta equipa de enfermagem a intervenção desenvolvida é considerada muito positiva e importante para o bem-estar dos enfermeiros, como pessoas e como profissionais.

Foi realizada uma pesquisa intensa nas bases de dados científicas, com o objetivo de encontrar outros estudos que tivessem abordado a avaliação de intervenções na problemática do stress ocupacional, mas não tivemos sucesso. Todos os que encontrámos e utilizámos ao longo deste projeto apresentavam as intervenções, mas nenhum deles as colocaram em prática, para posteriormente as avaliarem. Julgamos que este trabalho traz uma mais valia à evidência, já que colmatámos essa lacuna no conhecimento, já que conseguimos avaliar as intervenções previamente planeadas.

Julgamos ter criado um projeto viável, interessante, inovador e que permitiu mobilizar conceitos, conhecimentos, dúvidas e formas de sentir a Enfermagem, mais precisamente, a Enfermagem de Saúde Mental; como referem Ruivo et al. (2010:24), citando Nogueira (2005), “a

elaboração e a execução de um Projeto encontram-se necessariamente ligadas a uma investigação – acção que deve ser simultaneamente um acto de transformação, uma ocasião de investigação e de formação, tornando-se portanto, uma produção intelectual”34.

85 Pensamos que todo este trabalho fez sentido e que o fio condutor que sempre existiu “chegou a bom porto”, na medida em que pudemos fazer mudanças na equipa, oferecer outras formas de estar e ser no serviço, permitir que os outros enfermeiros refletissem sobre o que é cuidar de pessoas com problemas de Adição e proporcionar momentos em que é possível pensar sobre a Enfermagem e a Enfermagem em Saúde Mental. Com isto, houve ganhos para todos, IDT, ET, clientes e enfermeiros, pois o impacto do PIS cruza todas estas esferas.

Cada vez é mais evidente a relação entre a saúde mental da equipa e a qualidade dos cuidados prestados, pois acreditamos que “uma valiosa medida profilática é, sem dúvida, o debate

aberto e franco sobre as nossas vulnerabilidades, limitações e patologias, com o mesmo empenho e dedicação com que o fazemos em relação às suscetibilidades e patologias dos nossos pacientes” 61(Martins, 2003:67).

61 Martins, L. A. N. (2003). Saúde Mental dos Profissionais de Saúde. Rev. Bras. Med. Trab, 1, (1), 56-68. Acedido a 23-

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No documento tese mestrado. Marta Rosa (páginas 83-87)