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CAPÍTULO III CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA, PROGRAMA E

6. Avaliação da Prática de Ensino Supervisionada

O ato de avaliar é um processo exigente, nem sempre justo, pela complexidade que envolve. Quer se avaliem alunos, professores estagiários, ou aulas lecionadas, a especificação de critérios de avaliação é uma mais-valia para objetivar este processo.

Neste ponto, pretende-se avaliar o desenvolvimento da Prática de Ensino Supervisionada. Todavia, aqui o relator avalia as suas próprias aulas. É, efetivamente, um processo de autoavaliação no qual, para se ser o mais imparcial possível, se recorre a alguns instrumentos de verificação.

Tiveram-se, então, em conta o planeamento e a preparação do docente para a criação de uma proposta de lecionação da unidade letiva sobre a "Dignidade da Vida Humana" de 9ºano, as metodologias de ensino utilizadas, a interação que se conseguiu entre docente e discentes, a correção linguística e científica, gestão de cada aula e os recursos inovadores produzidos que contribuem para que as aulas sejam interativas e com uma verdadeira diferenciação pedagógica.

Ao longo das seis aulas lecionadas, apostou-se em estratégias de ensino diversificadas, tendo por objetivo motivar a turma para a aprendizagem estipulada. O docente preocupou-se em reforçar a autoestima dos discentes e em dar igualdade de oportunidades aos vários elementos constituintes da turma. As "casas" de jogo do EMRC Poly que se desenvolveram durante a Unidade Letiva Um tinham em conta o cumprimento de objetivos de aprendizagem, bem como a adequação das dinâmicas específicas daquela turma. As estratégias foram diferenciadas para os alunos com mais dificuldades, com o acompanhamento personalizado do docente quando necessário, e para com os melhores alunos, recorrendo a eles como uma ponte para a gestão do processo de ensino-aprendizagem a vários ritmos. As dinâmicas exploradas tiveram igualmente como preocupação o estimular do pensamento da turma e a reflexão sobre as questões levadas para as aulas: "qual o valor da vida?", "qual o papel dos idosos na sociedade?", "qual a minha relação com os mais velhos?".

Os jogos apresentados foram úteis para uma maior interação entre discentes, assim como entre alunos e professor. Integraram-se as tecnologias informáticas e de comunicação com conceitos de infografia e de investigação e experimentação pedagógica. O resultado final materializou-se nas aulas com claro sucesso.

136 Na aula número um, a empatia entre docente e a turma estabeleceu-se rapidamente quer pela postura descontraída e profissional do professor, quer pela postura atenta e curiosa dos alunos, bem como pelo distinto trabalho de motivação que o Professor Cooperante criou, uma vez que a lecionação, durante seis semanas, seria depositada em alguém externo.

A introdução dinâmica (intro de videojogo) aplicada ao EMRC Poly contagiou a turma para um espírito competitivo e inovador que se aproximava. O desvendar da primeira "casa" de jogo – SMS Secreta – teve por função que os alunos se sentissem como inspetores a investigar uma mensagem introdutória de João Paulo II. A Casa 2 apresentava um vídeo gravado pelo próprio professor em que se explora o valor da vida humana, recorrendo a um pequeno momento humorístico em que pisa e amarrota uma nota de vinte euros, para logo de seguida haver um novo momento de ponderação. A reflexão feita pela turma demonstrou que assimilaram o

conteúdo.

A Casa 3 serviu para apresentar perspetivas sobre a fundamentação da dignidade da pessoa. Na Casa 4 explorou-se um vídeo sobre a mutilação genética feminina como ponto de partida para se refletir sobre como as diferentes culturas interpretam valores universais como o respeito pelo ser humano. A fechar a aula, distribuíram-se dois pequenos livros a cada aluno, gentilmente cedidos previamente pela Organização Não Governamental americana Human

Rights, que foram um auxílio para preencherem um cartoon sobre os Direitos Humanos.

A aula número dois iniciou-se com a exploração

da dinâmica da Casa 6. Os alunos partilharam as suas prioridades, que se centraram na família. Após uma breve síntese, o docente conduziu a aula para a Casa 7, tendo a turma acompanhado com atenção a história do jovem Angel Ariel Perez, um menino que preferiu morrer do que ser obrigado a matar um adulto na sua região.

137 Na Casa 8, as personagens apresentadas têm relevância pela sua vida de entrega a uma causa. Os alunos, enquanto assistiram a um breve vídeo, tiveram de organizar e colar as informações relativas a cada "Super Herói EMRC" no espaço correto da caderneta. Esta dinâmica foi bastante interativa e funcional para os alunos assimilaram as informações principais. O conceito das cadernetas de cromos aplicado neste contexto, o de personagens que deram a vida por uma causa, revelou-se divertido e adequada à faixa etária em questão.

A aula número três, sobre "os atentados à dignidade da vida humana", iniciou- se com um vídeo em Powtoon, criado pelo próprio professor, que serviu para introduzir a temática e lançar o desafio seguinte – análise do Guia do aluno. A turma esteve focada em reter o máximo de informação, uma vez que sabia que de seguida realizariam um jogo sobre os conteúdos abordados.

Na casa 10, recriou-se um cenário televisivo empolgante para os participantes – "Quem quer ser Cristão?" – sobre os conteúdos da aula. Reuniram-se as condições necessárias para que a aula fosse um sucesso quanto à forma e quanto ao conteúdo, o que se veio a confirmar. As respostas corretas dos alunos comprovaram um aproveitamento distinto.

A aula número quatro serviu para os jovens refletirem sobre a sua relação com os mais velhos. Os alunos demonstraram capacidade de interpretar a pintura "As 3 idades" de Klimt, estando em sintonia com a interpretação conduzida pelo docente. Esta dinâmica serviu de introdução à temática da relação “Eu e os idosos”. Na Casa 11, os sentidos auditivos e visuais foram estimulados pela harmonia criada pelos recursos pedagógicos (música, projeção, Guião do aluno), facilitando o momento interpretativo das imagens sobre os idosos.

Na Casa 12, explorou-se algo que por vezes o ser humano tem dificuldade em colocar em prática: saber escutar o outro e saber reconhecer a real importância das gerações anteriores na história individual de cada. A aula terminou com a exploração da música “Velho”, de Mafalda Veiga, e respetiva realização de um acróstico sobre a “velhice”.

A dinâmica da Casa 14 foi transposta para a aula número cinco, por uma questão de gestão prática do tempo letivo. A exploração da "Lenda do Idoso" despertou as emoções da turma, como se esperava. O esquema imagético explorado na Casa 15 - a analogia entre o papel enrugado e as rugas que a vida marca no ser humano, assim como

138 a analogia entre o desenho amarrotado que se tornou descartável e o idoso abandonado pela sociedade utilitarista - revelou-se ajustado ao contexto (conteúdo, turma,…).

Mantendo o registo reflexivo com uma certa carga emocional, a análise do vídeo da Casa 16, sobre uma idosa cuja única companhia é um robot, permitiu conduzir a reflexão a um certo grau de profundidade.

A última Casa da aula serviu para concluir a questão dos anciãos da sociedade, permitindo uma projeção de esperança do eu jovem que tem sonhos, que deve ter consciência que há obstáculos e deve perceber que na sua viagem da vida deve estabelecer prioridades essenciais.

A aula número 6 realizou-se em véspera do clássico espanhol entre Real Madrid e Barcelona. Os pormenores da preparação da sala de aula num cenário competitivo (disposição de mesas, marcadores de jogadores por equipas) surpreenderam a turma pela positiva. A realização de um jogo que incluiu perguntas sobre toda a unidade letiva lecionada num formato desportivo demonstrou a validade dos recursos pedagógicos criados pelo docente e aplicados à turma.

No cômputo geral, a planificação e execução desta unidade letiva enquadrou-se num patamar elevado tanto em relação à qualidade das práticas pedagógicas inovadoras, como no que diz respeito à riqueza e variedade dos recursos utilizados.