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Etapa III: Repetibilidade intra-ensaio

HOST Repetição

4.3.2 Avaliação da solução e osmolaridade

Os valores percentuais médios dos espermatozóides reativos ao HOST nas seis diferentes soluções e osmolaridades, com seus respectivos desvios-padrão, estão representados na Tab.

4.4. Foi observada diferença (P<0,05) entre as médias de reação hiposmótica na solução de água destilada (AD) e na solução de sacarose (SAC), sendo esta última semelhante (P>0,05) às soluções que continham citrato de sódio (CIT) em sua composição.

Tabela 4.4 Percentual de reação dos espermatozóides caprinos ao teste hiposmótico em diferentes soluções e osmolaridades (X± s)

SOLUÇÕES OSM

FRU SAC CIT CLO FCIT AD

(0mOsmol/Kg) 50 57,17±3,81A 50,92±6,44 51,75±6,28 53,08±5,80 50,50±6,44 56,42±7,06 100 55,25±3,19A 48,33±5,83 50,58±5,12 54,50±11,58 51,33±9,47 56,42±7,06 150 49,50±5,26aB 48,58±4,18a 49,42±3,70a 53,33±5,77ab 50,08±6,47ab 56,42±7,06b

X 53,97±5,23a 49,28±5,53b 50,58±5,09ab 53,64±7,97a 50,64±7,39ab 56,42±7,06a X= média; s = desvio-padrão; OSM = osmolaridade em mOsmol/Kg H2O; FRU = frutose; SAC = sacarose; CIT = citrato de sódio; CLO = cloreto de sódio; FCIT = frutose-citrato de sódio; AD = água destilada

ab

Letras diferentes na mesma linha (P<0,05) AB

Letras diferentes na mesma coluna (P<0,05)

A solução hiposmótica composta pela associação de frutose e citrato de sódio (FCIT) é rotineiramente utilizada na aplicação do HOST no sêmen caprino (FONSECA et al., 2001; SANTOS et al., 2001; BITTENCOURT et al., 2005; FONSECA et al. 2005). Observações de JEYENDRAN et al. (1984) concluíram que essa associação permitiu um maior percentual de reação hiposmótica ao espermatozóide humano, entretanto, no presente experimento, essa solução permitiu percentuais semelhantes (P>0,05) aos das demais soluções utilizadas. A ocorrência dessa variação entre experimentos, talvez, deva-se à diferença existente entre os espermatozóides caprino e humano, afinal CURRY e WATSON (1994) sugeriram a existência de diferenças, entre espécies, na sensibilidade da membrana plasmática em permitir o transporte de água para o interior da célula.

O soluto utilizado no preparo da solução hiposmótica também parece influir na permeabilidade da membrana espermática, afinal observamos que açúcares e eletrólitos proporcionam variações da resposta hiposmótica, corroborando assim com as observações de JEYENDRAN et al. (1984). Soluções formuladas com frutose (FRU) tendem a proporcionar maiores percentuais de reação hiposmótica que soluções formuladas com SAC, principalmente em osmolaridades superiores a 50mOsmol/Kg H2O (JEYENDRAN et al.,

1984; NEILD et al., 1999; NIE & WENZEL 2001). Assim como neste experimento, JEYENDRAN et al. (1984) observaram que o cloreto de sódio (CLO) proporcionou médias de reação hiposmótica mais elevadas que o CIT, entretanto o CIT e a AD proporcionaram reações hiposmóticas de visualização mais facilitada, classificadas como cauda fortemente

enrolada (Fig. 4.1), detalhadas em algumas de suas diversas apresentações por FONSECA et al. (2005).

Figura 4.1 Algumas variações de reações hiposmóticas, classificadas como cauda fortemente enrolada, apresentadas pelos espermatozóides caprinos descongelados.

Neste experimento, excluindo a FRU, não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os percentuais de reação hiposmótica quando se compararam as osmolaridades dentro da solução, contudo na osmolaridade de 150mOsmol/Kg H2O ocorreu diferença (P<0,05) quando

comparadas as soluções. Mesmo assim, foi observado leves incrementos nos percentuais de reação hiposmótica nas osmolaridades abaixo de 150mOsmol/Kg H2O. Neste protocolo, a AD

proporcionou percentuais de reações semelhantes às soluções de FCIT e de CLO e superiores (P<0,05) às soluções de FRU, SAC e CIT.

JEYENDRAN et al. (1984) observaram no sêmen humano que a osmolaridade de 150mOsmol/Kg H2O permitiu médias de reação superiores quando comparadas com

osmolaridades variando de 50 a 300mOsmol/Kg H2O. Entretanto, diferentes faixas osmóticas

são observadas conforme a espécie animal estudada. NEILD et al. (1999) selecionaram a faixa de 25 a 100mOsmol/Kg H2O e MELO e HENRY (1999) a de 100mOsmol/Kg H2O, ambos

para o sêmen eqüino; Já para o sêmen caprino in natura, FONSECA et al. (2005) selecionaram a de 125mOsmol/Kg H2O, pois a mesma além de permitir um número maior de

reações hiposmóticas, promoveu mais reações do tipo fortemente enrolada.

Devido às variações na eleição da osmolaridade mais adequada para o HOST nas diversas espécies estudadas e na constante ausência de diferença (P>0,05) entre as osmolaridades situadas na faixa osmótica de 50 a 150mOsmol/Kg H2O (JEYENDRAN et al., 1984; MELO

& HENRY, 1999; NIE & WENZEL, 2001; FONSECA et al.. 2005), a facilidade em observar determinados tipos de reações hiposmóticas e o percentual de incidência dessas reações, têm sido determinantes na seleção da solução/osmolaridade.

Embora NEILD et al. (1999) tenham relatado maior percentual de células reativas ao HOST utilizando soluções de açúcares abaixo de 100mOsmol/Kg H2O, estes autores não testaram o

uso da AD como solução hiposmótica. No presente ensaio, a osmolaridade de 0mOsmol/Kg (AD) não influiu no resultado (P>0,05) quando co-relacionados às soluções nas osmolaridades abaixo de 150mOsmol/Kg H2O, apresentando também média de reação

levemente superior às demais osmolaridades (56,42%). Embora não estimada, a AD promoveu maior facilidade e rapidez na leitura do HOST no sêmen caprino descongelado, pois apresentou maior incidência de espermatozóides com reações do tipo cauda fortemente enrolada e enrolada sobre cabeça. Essa incidência foi confirmada por MELO et al. (2005) quando observaram que a solução de AD promoveu maiores índices de cauda fortemente enrolada (P<0,05) quando comparada às outras soluções e osmolaridades.

4.4 Conclusões

Com base nos resultados encontrados, as osmolaridades abaixo de 150mOsmol/Kg H2O

permitiram (P>0,05) percentuais mais expressivos de reação hiposmótica dos espermatozóides descongelados de caprinos da raça Böer.

Soluções formuladas com açúcares, eletrólitos ou associação de ambos, permitem níveis de reação hiposmótica semelhantes, diferindo na incidência do tipo de reação proporcionada por cada soluto.

A água destilada pode ser utilizada como solução hiposmótica, na avaliação da integridade da membrana plasmática do espermatozóide caprino congelado, em decorrência da sua acessibilidade, baixo custo e facilidade de leitura baseada no tipo de reação hiposmótica observada.

4.5 Referências bibliográficas

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