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CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.2. Avaliação das concentrações séricas de adiponectina

As concentrações séricas de adiponectina variaram de 4,2 a 32,5 µg/mL, apresentando média de 12,7 ± 5,5 µg/mL. Os indivíduos pré-púberes apresentaram concentrações médias de adiponectina sérica de 13,8 ± 6,0 e os púberes de 11,6 ± 4,7 (p = 0,001). No grupo não obeso, não encontramos diferenças significativas nas concentrações séricas de adiponectina em PP e PUB (15,1 ± 5,6 e 14,7 ± 4,5). Nos obesos, indivíduos pré-púberes apresentaram concentrações médias de adiponectina sérica de

13,5 ± 6,0 e os púberes de 10,7 ± 4,4 (p < 0,0001). Não observamos diferenças nas concentrações séricas de adiponectina entre os sexos (Tabela 18, Anexo). As concentrações séricas médias de adiponectina observadas nos grupos estudados estão apresentados na Tabela 6, Anexo. Observamos maiores concentrações séricas de adiponectina em G1 em comparação a G3 e G4 (p = 0,001, para G1 vs G3 e p = 0,017, para G1 vs G4) e maior freqüência de indivíduos no tercil com concentrações séricas de adiponectina acima de 13,7 µg/mL em G1 em relação à G3 e G4 (p < 0,0001, para ambos) (Tabela 6, Anexo).

Na avaliação dos parâmetros clínicos e metabólicos nos tercis das concentrações séricas de adiponectina no grupo total não observamos diferenças na distribuição de sexo e idade nos tercis (Tabela 20, Anexo). No grupo com maiores concentrações séricas de adiponectina (ADIPO3), encontramos maior freqüência de pré-púberes em relação ao grupo com menores concentrações séricas de adiponectina (ADIPO1) (p = 0,026) ) (Tabela 20, Anexo). Observamos em ADIPO3 em relação à ADIPO1 e ADIPO2, menor IMC (p < 0,0001 e p = 0,001, respectivamente), ZIMC (p < 0,0001 e p = 0,001, respectivamente), MG% (p < 0,0001 e p = 0,001, respectivamente) e CA (p < 0,0001 e p = 0,004, respectivamente) (Tabela 20, Anexo).

Em relação aos parâmetros metabólicos, observamos maiores concentrações séricas de HDLC no tercil com maiores concentrações séricas de adiponectina (ADIPO3), em comparação aos outros tercis (ADIPO1 e ADIPO2) (p < 0,0001 e p = 0,007, respectivamente) e, em

ADIPO3 quando comparado à ADIPO1, menores concentrações séricas de triglicérides (p < 0,0001) e leptina (p = 0,001) (Tabela 21, Anexo).

As concentrações séricas de ácido úrico foram menores quanto maiores as concentrações séricas de adiponectina (p = 0,027, para ADIPO1 vs ADIPO2; p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3 e p = 0,036, para ADIPO2 vs ADIPO3) ) (Tabela 21, Anexo). Da mesma forma observamos que quanto maiores as concentrações séricas de adiponectina nos tercis avaliados, menores os concentrações séricas de insulina (p = 0,004, para ADIPO1 vs ADIPO2, p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3 e p = 0,040, para ADIPO2 vs ADIPO3) ) (Tabela 21, Anexo), menor a resistência à insulina avaliada pelo HOMA-IR (p = 0,006, para ADIPO1 vs ADIPO2 e p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3) e HOMA%S (p < 0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO2 e p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3) e menor a secreção de insulina avaliada pelo HOMA%B (p = 0,001, para ADIPO1 vs ADIPO2, p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3 e p = 0,032, para ADIPO2 vs ADIPO3), pela AUCins/AUCgli (p = 0,012 para ADIPO1 vs ADIPO2 e p = 0,013 para ADIPO1 vs ADIPO3) ) (Tabela 22, Anexo). Observamos maior freqüência de indivíduos hiperinsulinêmicos no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina ADIPO1 em relação a ADIPO2 e ADIPO3 (p = 0,010 e p = 0,001, respectivamente) e maior freqüência de indivíduos com HOMA-IR acima de 2,2 quanto menores os concentrações séricas de adiponectina (p = 0,003, para ADIPO1 vs ADIPO2, p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3 e p = 0,011, para ADIPO2 vs ADIPO3) (Tabela 22, Anexo). Na avaliação dos parâmetros metabólicos, observamos maior freqüência de CA aumentada

quanto menores as concentrações séricas de adiponectina (p = 0,007, para ADIPO1 vs ADIPO2, p <0,0001, para ADIPO1 vs ADIPO3 e p = 0,006 para ADIPO2 vs ADIPO3), maior freqüência de baixo HDLC no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina sendo esta diferença estatisticamente significativa quando comparado ao grupo com maiores concentrações séricas de adiponectina (p = 0,001 para ADIPO1 vs ADIPO3) e maior freqüência de hipertrigliceridemia no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina (p = 0,006 para ADIPO1 vs ADIPO3), menor freqüência de HAS em ADIPO1 quando comparado à ADIPO2 (p = 0,026) e maior freqüência de SM no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina sendo esta diferença estatisticamente significativa quando comparado ao grupo com maiores concentrações séricas (p = 0,009 para ADIPO1 vs ADIPO3) (Tabela 23, Anexo). Não observamos diferenças entre os grupos nas freqüências de alterações glicêmicas. Estimamos o risco relativo de um indivíduo no tercil de menores concentrações séricas de adiponectina (< 9,9 µg/mL) apresentar SM e fatores metabólicos associados. Observamos maior risco de hiperinsulinemia (OR = 2,4 IC 1,5 – 3,9), HOMA- IR maior que 2,2 (OR = 3,7 IC 2,0 – 6,6), CA aumentada (OR = 6,4 IC 2,5 – 16,7), baixo HDLC (OR = 2,1 IC 1,3 – 3,3), hipertrigliceridemia (OR = 2,0 IC 1,2 – 3,4) e SM (OR = 1,7 IC 1,1 – 2,8) em ADIPO1 quando comparado aos outros dois grupos (ADIPO2 e ADIPO3). Não encontramos maior risco de HAS no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina em relação aos outros dois grupos.

Avaliamos a correlação das concentrações séricas de adiponectina com grau de adiposidade (ZIMC) e resistência à insulina (HOMA-IR) e observamos que nos grupos obesos com ZIMC > 2,0, concentrações séricas de adiponectina variavam de modo a não se correlacionarem com o ZIMC (Figura 11) e, portanto dividimos os indivíduos do grupo obeso em tercis de acordo com as concentrações de adiponectina sérica para melhor percepção dos dados.

A

B

A

B

Figura 11. Gráficos de correlação entre concentrações séricas de adiponectina (em log) e adiposidade (ZIMC) (A) e resistência à insulina (HOMA-IR) (B), na totalidade dos indivíduos (n = 312)

Na avaliação dos parâmetros clínicos e metabólicos nos tercis das concentrações séricas de adiponectina, não observamos diferenças na distribuição de sexo nos tercis. No grupo com maiores concentrações séricas de adiponectina (ADIPOob3) encontramos maior freqüência de pré- púberes em relação aos outros dois grupos (p < 0,0001 para ambos) e menor média de idade em relação ao grupo com menores concentrações séricas de adiponectina (ADIPOob1) (p = 0,023) (Tabela 25, Anexo). Em relação aos parâmetros metabólicos, observamos no tercil com maiores concentrações séricas de adiponectina em relação ao tercil com menores concentrações séricas de adiponectina maiores níveis pressóricos (p = 0,039 para ADIPOob3 vs ADIPOob1) (Tabela 25, Anexo), maiores concentrações séricas de HDLC (p = 0,021 para ADIPOob3 vs ADIPOob1) e menores concentrações séricas de triglicérides (p = 0,007 para ADIPOob3 vs ADIPOob1) e de ácido úrico (p = 0,002 para ADIPOob3 vs ADIPOob1) (Tabela 26, Anexo). Observamos no tercil com menores concentrações séricas de adiponectina em relação aos outros dois grupos maiores concentrações séricas de insulina (p = 0,004 para ADIPOob1 vs ADIPOob2 e p <0,0001 para ADIPOob1 vs ADIPOob3) (Tabela 26, Anexo), maior resistência à insulina avaliada pelo HOMA-IR (p = 0,005 para ADIPOob1 vs ADIPOob2 e p <0,0001, para ADIPOob1 vs ADIPOob3) e HOMA%S (p = 0,001 para ADIPOob1 vs ADIPOob2 e p < 0,0001, para ADIPOob1 vs ADIPOob3), e maior secreção de insulina avaliada pelo HOMA%B (p = 0,003 para ADIPOob1 vs ADIPOob2, p < 0,0001, para ADIPOob1 vs ADIPOob3),

pela AUCins/AUCgli (p = 0,001 para ambos) (Tabela 27, Anexo). Observamos maior freqüência de indivíduos hiperinsulinêmicos no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina ADIPOob1 em relação a ADIPOob2 e ADIPOob3 (p = 0,009 e p < 0,0001, respectivamente) e maior freqüência de indivíduos com HOMA-IR acima de 2,2 quanto menores os concentrações séricas de adiponectina (p = 0,009 para ADIPOob1 vs ADIPOob2, p < 0,0001, para ADIPOob1 vs ADIPOob3 e p = 0,007, para ADIPOob2 vs ADIPOob3) (Tabela 27, Anexo). Na avaliação da freqüência de parâmetros metabólicos, observamos maior freqüência de baixo HDLC no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina sendo esta diferença estatisticamente significativa quando comparado ao grupo com maiores concentrações séricas de adiponectina (p = 0,011 para ADIPOob1 vs ADIPOob3) (Tabela 28, Anexo). No grupo com menores concentrações séricas de adiponectina em relação ao grupo com concentrações séricas intermediários de adiponectina observamos maior freqüência de hipertrigliceridemia (p = 0,014 para ADIPOob1 vs ADIPOob2) (Tabela 28, Anexo). Não observamos diferenças entre os grupos na adiposidade avaliada por IMC, ZIMC, MG% e CA (Tabela 25, Anexo), nas concentrações séricas de glicose, CT, LDLC e leptina (Tabela 26, Anexo), nas freqüências de CA aumentada, alterações glicêmicas, HAS e SM (Tabela 28, Anexo).

Estimamos o risco relativo de um indivíduo obeso no tercil de menores concentrações séricas de adiponectina (< 9,5 µg/mL) apresentar SM e fatores metabólicos associados. Observamos maior risco de hiperinsulinemia (OR = 2,3 IC 1,3 – 3,8), HOMA-IR maior que 2,2 (OR = 5,0

IC 2,0 – 12,7), baixo HDLC (OR = 1,6 IC 1,0 – 3,8), hipertrigliceridemia (OR = 2,0 IC 1,1 – 3,4) e SM (OR = 1,8 IC 1,0 – 3,0) em ADIPOob1 quando comparado aos outros dois grupos (ADIPOob2 e ADIPOob3). Não encontramos riscos diferentes de HAS ou CA aumentada no grupo com menores concentrações séricas de adiponectina em relação aos outros dois grupos.

Ao avaliarmos as correlações das concentrações séricas de adiponectina no grupo total com a adiposidade (ZIMC), ajustados para sexo, estadio puberal e idade, observamos que existiu correlação de maiores concentrações séricas de adiponectina com menor adiposidade (ß = -0,27, p < 0,0001) e ausência de desenvolvimento puberal (ß = -0,23, p = 0,003) (Tabela 29, Anexo, Modelo 1). Ao avaliarmos as correlações das concentrações de resistência à insulina (HOMA-IR) com a adiponectina, ajustados para sexo, estadio puberal e idade, observamos que existiu correlação de maiores concentrações séricas de adiponectina com menor HOMA-IR (ß = -0,27, p < 0,0001) (Tabela 9, Anexo, Modelo 5) e que esta correlação permaneceu mesmo quando ajustada para ZIMC (ß = -0,10, p = 0,021) (Tabela 9, Anexo, Modelo 7) ou CA (ß = -0,10, p = 0,016) (Tabela 9, Anexo, Modelo 6). Ao avaliarmos as correlações das concentrações séricas de adiponectina com a adiposidade (ZIMC) e resistência à insulina (HOMA- IR), ajustados para sexo, estadio puberal e idade, observamos que existiu correlação de maiores concentrações séricas de adiponectina com menor ZIMC (ß = -0,17, p = 0,021), menor HOMA-IR (ß = -0,15, p = 0,036) e

ausência de desenvolvimento puberal (ß = - 0,21, p = 0,005) (Tabela 29, Anexo, Modelo 5).

Realizamos a avaliação das correlações das concentrações séricas de adiponectina com a adiposidade (ZIMC) e resistência à insulina (HOMA- IR), ajustados para sexo, estadio puberal e idade nos grupos sem obesidade (G1 e G2) e obeso (G3 e G4) separadamente e observamos que no grupo sem obesidade existiu correlação de menor ZIMC (ß = -0,32, p = 0,019), mas não do estadio puberal ou HOMA-IR (Tabela 29, Anexo, Modelo 5, não obesos), e no grupo obeso, observamos que existiu correlação de menor HOMA-IR (ß = -0,19, p = 0,006) e ausência de desenvolvimento puberal (ß = - 0,20, p = 0,019), mas não do ZIMC com maiores concentrações séricas de adiponectina (Tabela 29, Anexo, Modelo 5, obesos).

Os fatores metabólicos avaliados nesse estudo foram correlacionados com concentrações séricas de adiponectina ajustados para adiposidade (ZIMC), resistência à insulina (HOMA-IR), sexo, estadio puberal e idade no grupo total, no grupo não obeso e no grupo obeso. Observamos no grupo total, além das correlações já supracitadas, que maiores concentrações séricas de adiponectina correlacionaram-se independentemente com maiores níveis pressóricos, avaliados pela PAS (p = 0,004) (Tabela 10, Anexo, Modelo 4) e PAD (p < 0,0001) (Tabela 11, Anexo, Modelo 4) e de HDLC (p = 0,032) (Tabela 13, Anexo, Modelo 4), ácido úrico (p < 0,0001) (Tabela 16, Anexo, Modelo 4) e triglicérides (p = 0,024) (Tabela 15, Anexo, Modelo 4). Não observamos correlação das concentrações séricas de adiponectina com níveis de CT, LDLC e leptina (Tabelas 13, 14 e 17,

Anexo, Modelo 4). No grupo sem obesidade, observamos correlação de maiores concentrações séricas de triglicérides com ausência de desenvolvimento puberal (p = 0,046) e com maior resistência à insulina (p = 0,001) (Tabela 15, Anexo, Modelo 4, não obesos), e de maiores concentrações séricas de leptina com sexo feminino (p = 0,011) e maior grau de adiposidade (p < 0,0001) (Tabela 17, Anexo, Modelo 4, não obesos). Não observamos correlação das concentrações séricas de adiponectina com as variáveis acima citadas. O modelo utilizado na análise de regressão linear múltipla não foi suficiente para explicar variações nos níveis pressóricos, nas concentrações séricas de CT, HDLC e LDLC e ácido úrico em indivíduos sem obesidade (Tabelas 10, 11, 12, 13, 14 e 16, Anexo, Modelo 4, não obeso). Nos indivíduos obesos encontramos, em modelo ajustado para grau de obesidade e resistência à insulina, correlação de maiores concentrações séricas de adiponectina com maiores níveis pressóricos (p = 0,001 para PAS e p < 0,0001 para PAD) (Tabelas 10 e 11, Anexo, Modelo 4, obesos), maiores concentrações séricas de HDLC (p = 0,024) (Tabela 13, Anexo, Modelo 4, obesos), menores concentrações séricas de TG (p = 0,043) (Tabela 15, Anexo, Modelo 4, obesos), ácido úrico (p = 0,001) (Tabela 16, Anexo, Modelo 4, obesos), mas não com CT, HDLC e leptina (Tabelas 12, 13 e 17, Anexo, Modelo 4, obesos). O modelo utilizado não foi suficiente para explicar as variações nos concentrações séricas de LDLC nos grupos obesos (Tabela 14, Anexo, Modelo 4, obesos).

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