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CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.5 Ambiente de Trabalho

2.5.1 Avaliação das condições de iluminação

Existe, no processo organizacional, um crescente interesse e preocupação pelos problemas de iluminação, pois o seu equacionamento racional diminui a fadiga ocular, permite melhor acuidade, percepção mais rápida, produção maior e melhor, reduzindo sensivelmente o número de acidentes.

A influência de uma boa iluminação é de suma importância para o bom desempenho da tarefa. A iluminação deverá ser distribuída uniformemente, geral e difusa, a fim de evitar o ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. É importante considerar que uma iluminação inadequada prejudica a visão, determina esforço mental, reduz o rendimento e predispõe aos acidentes.

De acordo com a ABNT NB 57 a quantidade de luz necessária para qualquer espaço em particular depende, primeiramente, da atividade a ser desenvolvida. Os níveis de iluminação recomendados dependem das características das tarefas visuais e

das exigências de execução, sendo mais elevados para aquelas tarefas que envolvem muitos detalhes, precisão e baixos contrastes. Utilizam-se valores mais baixos para tarefas intermitentes. No caso da medição da quantidade de iluminação é importante que se considere a quantidade de luz no ponto e no plano onde a tarefa for executada, seja horizontal, vertical ou em qualquer outro ângulo (PEREIRA, 1994). A iluminância deve ser medida no campo de trabalho e, quando este não for definido, entende-se o nível como referente a um plano horizontal a 0,75 m do piso.

Segundo Iida (1990) existem basicamente três tipos de sistemas de iluminação :

• Iluminação geral: Se obtêm pela colocação regular de luminárias em toda a área, garantindo-se, assim, um nível uniforme de iluminamento sobre o plano horizontal

• Iluminação localizada: concentra maior intensidade de iluminamento sobre a tarefa, em quanto o ambiente geral recebe menos luz.

• Iluminação combinada: A iluminação geral é complementada com focos de luz localizadas sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral.

A distribuição e localização das luminárias no ambiente de trabalho deve ser homogênea e uniforme de acordo com o arranjo físico do local. As luminárias devem ser localizadas de forma a não criar sombras nem contrastes no que se quer iluminar.

A quantidade de luminárias para atingir o nível de iluminamento necessário a execução de tarefas, deve ser determinado através de um projeto que leve em consideração a acuidade visual dos trabalhadores, conforme sua idade, as tarefas desenvolvidas, dimensões do objeto a ser visualizado, tempo de exposição do objeto ao olho, pé direito do prédio, altura do plano de trabalho, reflexão do entorno, o contraste, o layout do local, tipo de lâmpadas, etc.

Através da Tabela 4 podem dar-se valores básicos de iluminação interna em um ambiente de trabalho, dependendo do tipo de tarefa, a qual pode ser utilizada numa verificação preliminar durante a realização das medições do nível de iluminação. Para uma verificação mais precisa, os valores determinados na NB 57 devem ser seguidos:

Tabela 4 - Níveis de iluminação recomendados para algumas tarefas

Tipo Lux Exemplos de aplicação

20-50

Iluminação mínima de corredores e almoxarifados, zonas de estacionamento.

Iluminação geral para locais de pouco uso

100-150 Escadas, corredores, banheiros, zonas de circulação, depósitos e almoxarifados. 200-300 Iluminação mínima de serviços, fábricas com

maquinaria pesada. Iluminação geral de escritórios, hospitais e restaurantes.

400-600 Trabalhos manuais médios. Oficinas em geral. Montagem de automóveis. Industria de confecções. Leitura ocasional e arquivo. Sala de primeiro socorros.

Iluminação geral em locais de trabalho

1000*-1500* Trabalhos manuais precisos. Montagem de pequenas pecas, instrumentos de precisão e componentes eletrônicos. Trabalhos com revisão e desenhos detalhados.

Iluminação e localização 1500-2000 Trabalhos minuciosos e muito detalhados. Manipulação de pecas pequenas e complicadas. Trabalhos de relojoaria.

(*)Pode ser combinado com a iluminação local FONTE: Itiro Iida, página 255

O nível de iluminamento interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos (IIDA,1990). Outros efeitos do nível de iluminamento são:

1. Ofuscamento:

Segundo Pereira (1994) ofuscamento é quando o processo de adaptação não transcorre normalmente devido a uma variação muito grande da iluminação e/ou a uma velocidade muito grande. Experimenta-se uma perturbação, desconforto ou até perda na visibilidade. O ofuscamento pode ocorrer devido a dois efeitos distintos:

• Contraste: caso a proporção entre as luminâncias de objetos do campo visual seja maior do que 10:1;

• Saturação: o olho é saturado com luz em excesso: esta saturação ocorre

normalmente quando a luminância média da cena excede 25.000 cd/m2.

É provocada principalmente pelo esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e focalização dos olhos. Raramente referem-se à dificuldade de percepção. Provoca tensão e desconforto. Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a freqüência de piscar vai aumentar. Muitas vezes a imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional.

As possíveis causas de fadiga visual são: Fixação de detalhes, iluminação inadequada, pouco contraste, pouca definição, objetos em movimento e má postura.

Segundo Sell (apud Vieira) "em um posto de trabalho, uma iluminação inadequada (decorrente de ofuscamento e/ou sombreamento e/ou iluminação insuficiente) faz com que o trabalhador force sua visão, além de exigir uma postura inadequada para melhor visualização. Os efeitos dessa condição são fadiga visual e dores de cabeça, coluna e pescoço. A conseqüência de tal estado é a diminuição da capacidade visual ao longo do tempo, elevado número de erros na execução das tarefas, diminuição do ritmo de trabalho e menor percepção de detalhes".

Iida (1993:259) enfatiza que a iluminação dos locais de trabalho deve ser planejada com cuidado desde as etapas iniciais do projeto, onde seja possível o aproveitamento da luz natural e o uso suplementar adequado da luz artificial sempre que for necessário, destacando ainda que "um bom sistema de iluminação, com o uso

adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de fábrica ou escritório agradável, onde as pessoas trabalham confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes, e reproduzem com maior eficiência".

Portanto, ao adotar medidas corretas de iluminação em seus postos de trabalho, além de respeitar os limites de acuidade visual de seus colaboradores, a organização também estará contribuindo para o seu próprio desempenho, quando identificar a iluminação adequada a determinados ambientes de trabalho, no sentido de viabilizar a produtividade.

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