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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção Mestrado em Engenharia de Produção

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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia de Produção

Mestrado em Engenharia de Produção

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO

BOVINO: UM ESTUDO DE CASO

Fabiana Ponte Pedrosa

JOÃO PESSOA – PB Junho/2006

(2)

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FABIANA PONTE PEDROSA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO

BOVINO: UM ESTUDO DE CASO

JOÃO PESSOA – PB Junho/2006

Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, como um dos requisitos de obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção.

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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UM MATADOURO

BOVINO: UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada em 30/06/2006 e aprovada pela Banca Examinadora, constituída pelos professores:

____________________________________ Prof. PhD. Francisco Soares Másculo

Orientador - UFPB

____________________________________ Prof. Dr. Luis Bueno da Silva

Examinador - UFPB

_____________________________________ Prof. Dr. Antônio Fernando Oliveira de Andrade Pereira

(5)

Ao meu pai, pelo apoio incondicional e minha mãe por me iluminar hoje e sempre. Amo vocês!

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder sabedoria, perseverança e força para lutar por meus objetivos.

Ao meu pai, Carlos Pedrosa, antes de tudo um grande amigo, exemplo de inteligência, paciência, amor e humildade. Obrigada por me ensinar a ser uma pessoa melhor.

A minha mãe, que embora esteja em outra dimensão, me ilumina e protege. Aos meus irmãos, Tati e Carlão, que sempre torceram pelo sucesso deste trabalho.

Ao professor Francisco Másculo (Chicão), pelas orientações, sempre seguras e oportunas de seus conhecimentos, facilitando clarear minhas idéias e ponderações, de forma amiga e dedicada. Um exemplo de pessoa e profissional.

Ao professor Bueno pelas orientações e rica colaboração no decorrer deste estudo.

Ao professor João Agnaldo pela grande ajuda, principalmente na parte estatística.

Ao professor Antônio Fernando, pelo enriquecimento desta pesquisa.

A todos os professores do departamento, pela amizade e ensinamentos, seja na graduação, especialização ou mestrado.

A empresa CODESAIMA que me proporcionou a realização deste trabalho, em especial, aos engenheiros Antônio Wilson, Antônio Uchoa e Glêdison.

Ao gerente operacional da CODESAIMA, Dr. Ronaldo, pela colaboração e paciência dedicadas à realização deste trabalho.

Aos funcionários do MAFIR, pela paciência e colaboração. Sem vocês não seria possível a realização deste estudo.

A Rosangela pelo apoio e ajuda.

A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a concretização deste trabalho.

(7)

“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco, mais do que máquinas, precisamos da humanidade; mais do que inteligência, precisamos de afeto e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo será perdido ’’.

Charlin Chaplin

(8)

SUMÁRIO

RESUMO ... 7

ABSTRACT ... 8

LISTA DE ABREVIAÇÕES ... 11

LISTA DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS... 12

CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA... 14

1.1 Definição do Tema e Problema de Pesquisa... 14

1.2 Justificativa da Pesquisa... 16 1.3 Objetivos... 19 1.3.1 Objetivo Geral... 19 1.3.2 Objetivos Específicos ... 19 1.4 Limitações ... 19 1.5 Estrutura ... 20

CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO... 21

2.1 Caracterização da produção bovina no Brasil ... 21

2.1.1 Composição do rebanho bovino brasileiro e roraimense ... 21

2.2 Aspectos Gerais sobre a Ergonomia... 23

2.3 Aspectos Organizacionais na Ergonomia... 26

2.4 Metodologia Ergonômica – Análise Ergonômica do Trabalho... 28

2.4.1 Análise da Demanda... 29

2.4.2 Análise da Tarefa... 31

2.4.3 Análise da Atividade... 35

2.5 Ambiente de Trabalho ... 38

2.5.1 Avaliação das condições de iluminação... 39

2.5.2 Avaliação do ruído... 43

2.5.3 Condições de temperatura ... 45

2.6 Diagrama das áreas dolorosas ... 47

2.7 Riscos de Acidentes ... 48

2.7.1 Riscos Mecânicos ... 48

2.7.2 Riscos Físicos ... 48

(9)

2.7.4 Riscos Biológicos ... 50

2.7.5 Riscos Ergonômicos ... 50

2.7.6 Riscos Sociais ... 51

CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 52

3.1 Método de Procedimento ... 52

3.2 Tipo de pesquisa ... 52

3.3 Variáveis... 54

3.4 Ambiente da Pesquisa... 53

3.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados ... 55

3.5.1 Técnicas de Medição ... 55

3.6 Metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho ... 57

3.6.1 Análise da Demanda ... 57

3.6.2 Análise da Tarefa ... 57

3.6.3 Análise da Atividade ... 59

CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DO CASO... 60

4.1 Descrição do Caso ... 60

4.1.1 A Empresa ... 60

4.2 Descrição do Processo Produtivo ... 64

CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .. 75

5.1 Metodologia... 75

5.2 Correlações ... 96

5.3 Aplicação de Teste não-paramétricos 100 CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO... 103

6.1 Conclusão ... 103

6.2 Recomendação ... 106

REFERÊNCIAS ... 107

(10)

LISTA DE TABELAS, FIGURAS e GRÁFICOS

TABELA 1 – Efetivo de rebanhos no Brasil e principais Estados da Federação 21

TABELA 2 – Efetivo de rebanhos na região Norte e Estados ... 22

TABELA 3 – Bois abatidos anualmente em Roraima ... 22

TABELA 4 –Níveis de iluminação recomendados para algumas tarefas ... 41

TABELA 5 – Riscos físicos e conseqüências ... 49

TABELA 6 – Riscos químicos e conseqüências ... 49

TABELA 7 – Riscos biológicos e conseqüências ... 50

TABELA 8 – Setores e atividades no MAFIR ... 61

TABELA 9 – Percentual de acidentes por setor ... 86

TABELA 10 – Características físicas do MAFIR ... 89

TABELA 11 – Temperaturas de bulbo úmido, globo e IBUTG... 90

TABELA 12 – Níveis de iluminância ... 91

TABELA 13 – Níveis de ruído ... 92

TABELA 14 – Riscos de acidentes ... 93

TABELA 15 – Distribuição de freqüência conjunta entre V6xV16 94 TABELA 16 -Distribuição de freqüência conjunta entre V11xV16 95 TABELA 17 -Distribuição de freqüência conjunta entre V12xV13 95 TABELA 18 -Distribuição de freqüência conjunta entre V15xV16 95 FIGURA 1 – Animais na rampa de acesso ... 65

FIGURA 2 – Animais durante o banho ... 65

FIGURA 3 – Animal sendo suspenso ... 65

FIGURA 4 – Sangria ... 65

FIGURA 5 – Primeiro transpasse... 67

FIGURA 6 – Gola... 67

FIGURA 7 – Retirada do couro... 67

FIGURA 8 – Sala de cabeça ... 68

FIGURA 9 – Evisceração... 69

(11)

FIGURA 11 – Serra de cima ... 69

FIGURA 12 – Identificação das carcaças... 70

FIGURA 13 – Sala de Mocotó ... 70

FIGURA 14 – Bucharia Limpa ... 71

FIGURA 15 – Bucharia Suja ... 71

FIGURA 16 – Trituração ... 72

FIGURA 17 – Graxaria ... 73

FIGURA 18 – Sala de Miúdos... 74

FIGURA 19 – Tendal ... 74

GRÁFICO 1 – Percentual de funcionários classificados por sexo ... 77

GRÁFICO 2 – Percentual de funcionários em relação a idade ... 77

GRÁFICO 3 – Percentual de funcionários em relação ao estado civil ... 78

GRÁFICO 4 – Percentual de funcionários em relação ao tempo no MAFIR ... 78

GRÁFICO 5 – Percentual de funcionários em relação ao tempo na função ... 79

GRÁFICO 6 – Percentual de funcionários em relação ao setor ... 79

GRÁFICO 7 – Existência de descanso durante a jornada ... 80

GRÁFICO 8 – Movimentos Repetitivos ... 81

GRÁFICO 9 – Revezamento de função durante a jornada ... 81

GRÁFICO 10 – Dificuldade de relacionamento ... 82

GRÁFICO 11 –Excesso de pressão ... 82

GRÁFICO 12 – Posição durante o trabalho ... 83

GRÁFICO 13 – Estado físico ao final do expediente ... 83

GRÁFICO 14 – Disponibilidade de EPI ... 84

GRÁFICO 15 – Percentagem de utilização de EPI ... 84

GRÁFICO 16 – Ocorrência de acidentes do trabalho ... 85

GRÁFICO 17 – Tipo de acidente ... 85

GRÁFICO 18 – Tipo de acidente ... 87

GRÁFICO 19 – Tipo de acidente ... 87

GRÁFICO 20 –Freqüência de dor ... 95

(12)

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AET – Análise Ergonômica do Trabalho

ASME – Sociedade Americana de Engenharia Mecânica ASTEC – Assessoria Técnica

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho

CIPA – Comissão Interna de Prevenção a Acidentes

CODESAIMA – Companhia de Desenvolvimento de Roraima dB – Decibéis

EPI – Equipamento de Proteção Individual

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo kHz – Kilohertz

MAFIR – Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima NR – Norma Regulamentadora

PCMSO – Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional

SIE – Sistema de Inspeção Estadual 53

SIF – Sistema de Inspeção Federal 61

62 63 63 64 64

(13)

RESUMO

PEDROSA, Fabiana Ponte. Avaliação das Condições de Trabalho em um Matadouro Bovino: Um estudo de Caso. João Pessoa, 2006. 109 f. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção , Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

Este trabalho visa identificar as condições atuais de trabalho no Matadouro Industrial de Roraima - MAFIR, mais precisamente, na sala de abate e nas salas de beneficiamento da carne (sala de miúdos, sala de mocotó, sala de cabeça, bucharia, trituração, graxaria e tendal) e verificar se estas condições estão causando danos á saúde de seus colaboradores. Para tanto, este estudo teve como metodologia a utilização da Análise Ergonômica do Trabalho, a qual analisa de um modo aprofundado e bastante abrangente, os fatores que interferem no desenvolvimento da tarefa. Entre estes, podemos destacar a análise física do ambiente, onde temperatura, nível de pressão sonora e iluminação , foram avaliados quantitativamente, sendo comparados com os valores indicados pela legislação vigente e apropriada. Verificamos que a maioria dos parâmetros medidos não estavam adequados. Além destes, foram realizadas entrevistas com quase a totalidade dos empregados, que geraram informações valiosas para a identificação mais efetiva das pessoas que fizeram parte do estudo e constatamos que a grande maioria dos funcionários já havia sofrido algum acidente do trabalho (52,3%) e sentem dores ao final da jornada. Com a análise do trabalho, foi possível responder o problema de pesquisa e gerar algumas sugestões de mudança na organização e no ambiente físico. Dentre as sugestões, foi proposto a implantação da CIPA, a realização de técnicas de relaxamento, adequação das condições ambientais, no que se refere a iluminação e temperatura, utilização de EPI’s, principalmente mascaras, luvas e protetores auriculares e estabelecer o mesmo adicional de insalubridade.

PALAVRAS-CHAVES: 1. Condições de Trabalho; 2. Análise Ergonômica; 3. Abate Bovino.

(14)

ABSTRACT

PEDROSA, Fabiana Ponte. Evaluation of the Conditions of Work in a Bovine Slaughter house: A study of Case. João Pessoa, 2006, 109 f. Dissertação presented to the Program of Pos-Graduation in Engineering of Production, Federal University of Paraíba - UFPB.

This work aims to identify the current conditions of work in the Industrial Slaughter house of Roraima - MAFIR, more necessarily, in the room of abates and in the rooms of improvement of the meat (room of small, room of mocotó, room of head, bucharia, trituração, graxaria and tendal) and to verify if these conditions are causing damages to the health of its collaborators. For in such a way, this study had as methodology the use of the Ergonomic Analysis of the Work, which analyzes in a deepened and sufficiently including way, the factors that intervene with the development of the task. Among these, we can detach the physical analysis of the environment, like temperature, sound pressure level and illumination, had been evaluated quantitatively, being compared with the values indicated for the current law and appropriate. We verify that the majority of the measured parameters was not adjusted. Beyond these, had been carried through interviews with almost totality of employees, that had generated valuable information for the identification more effective of the people who had been part of the study and evidence that the great majority of the employees already had suffered some employment-related accident (52,3%) and feels pains in the end of the day. With the analysis of the work, were possible to answer the research problem and to generate some suggestions of change in the organization and the environment physicist. Amongst the suggestions, it was considered the implantation of the CIPA, the accomplishment of relaxation techniques, adequacy of the ambient conditions, as for illumination and temperature, use of EPI's, mainly you mask, auricular gloves and protectors e to establish the same additional of insalubridade.

KEYS-WORDS: 1, Conditions of Work; 2, Ergonomic analysis; 3. It abates Bovine.

(15)

CAPÍTULO 1- CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA

1.1 Definição do Tema e Problema de Pesquisa

No contexto da realidade atual, a busca da qualidade deixou de ser preocupação apenas das grandes empresas industriais e passou a constituir-se em prioridade para toda organização desejosa de seu desenvolvimento. Neste sentido, a qualidade de trabalho é um fator primordial para aqueles que almejam satisfazer os seus trabalhadores.

Para Régis Filho (1998) pouca ou nenhuma atenção é dada à qualidade de vida no trabalho, sendo que, normalmente, os postos de trabalho são, na verdade, postos de tortura, o que não é um privilégio da era moderna, mas sim uma cultura que acompanha todas as fases da introdução do sistema capitalista.

Vieira (1997) afirma que a cultura do trabalho de uma empresa deve ser focalizada na importância do homem, cuidando de sua saúde, qualidade de vida, e capacitação. Trabalhadores valorizados e satisfeitos produzem melhor e colaboram prazerosamente com o crescimento da empresa.

A mesma autora enfatiza que quando uma empresa oferece condições dignas de trabalho para o trabalhador, este não tentará produzir o suficiente pela pressão ou medo de perder o emprego, mais vai fazer melhor, não por medo, mas para preservar aquilo que valoriza.

O estudo da adaptação confortável e produtiva entre o trabalhador e as condições do seu trabalho é feito através de um conjunto de disciplinas chamada ergonomia.

A ergonomia difere de outras áreas do conhecimento pelo seu caráter interdisciplinar e pela sua natureza aplicada, ou seja, a adaptação do posto de trabalho e ambiente às características e necessidades do trabalhador (Dul et al., 1995, p.14).

Segundo Grandjean (1998), a ergonomia é a ciência que estuda a interação entre o homem e o seu universo de trabalho, este constituído de máquinas,

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equipamentos, mobiliários, ambiente físico e organizacional, visando sempre à segurança, à eficiência e à melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

Tratando-se de ergonomia, Guérin et al. (2001) expõe que a meta principal é minimizar os custos humanos, proporcionar conforto e garantir a saúde e segurança do trabalhador e/ou das pessoas em geral. Deste modo, as tarefas tornam-se menos penosas e os sistemas de produção mais adaptados ao homem, proporcionando ao mesmo tempo maior produtividade e qualidade, seja qual for o ramo da atividade humana.

A prática da ergonomia poderá criar ambientes e trabalhadores saudáveis e, conseqüentemente, produtos e serviços com qualidade. As organizações, ao proporcionar mais conforto ao trabalhador, estão contribuindo não só para o bem-estar humano e aumento da eficiência, mas, sobretudo para a qualidade de vida como um todo, resultando fluidez do trabalho e aumento na qualidade dos serviços prestados. As empresas que querem manter o seu bem - estar econômico têm de desenvolver e preservar o seu maior patrimônio - o trabalhador. Ao buscarem maior produtividade e melhor qualidade dos seus produtos e serviços não devem privilegiar métodos e processos em detrimento do fator humano.

O tema dessa dissertação consiste na análise das condições de trabalho em um matadouro, utilizando a abordagem ergonômica do trabalho. Com essa análise, será possível o fornecimento de informações acerca dos aspectos ambientais (ruído, temperatura, iluminação e umidade), os aspectos técnicos (máquinas, layout e mobiliário), os aspectos organizacionais (divisão de trabalho, trabalho em turnos, ritmo de trabalho) e, ainda as relações pessoais (dificuldade de relacionamentos, excesso de pressão das chefias), as quais o trabalhador está inserido.

O abate bovino, alvo deste trabalho, caracteriza-se como uma das mais típicas tarefas de repetitividade, além de exigir grande esforço físico nos membros superiores. Neste estudo serão analisados os seguintes fatores: análise da demanda envolvendo dados da empresa, estrutura e funcionamento do processo de produção, população envolvida e situação do trabalho; análise da tarefa compreendendo sistemas homens-máquinas e sistemas homens-tarefas, elaboração e aplicação de entrevista; análise da

(17)

atividade, com avaliação das posturas corporais, com auxílio de fotografias e filmagens

in loco.

Diante deste contexto, o presente estudo consiste em apresentar o seguinte problema de pesquisa: As condições atuais de trabalho no Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima - MAFIR, no setor de abate e salas de beneficiamento estão causando danos à saúde dos trabalhadores e especialmente estão de acordo com as normas vigentes?

Como resposta ao problema de pesquisa será possível propor mudanças na situação estudada, visando a uma transformação para melhor, nas condições de trabalho. Espera-se que, com a adoção das recomendações citadas, possam-se alcançar resultados satisfatórios, tanto para ao empregador, mas principalmente para os empregados, principais objetos deste estudo.

1.2 Justificativa da Pesquisa

Atualmente, percebe-se que as duas maiores prioridades das organizações são os altos índices de produtividade e os níveis de qualidade. Dessa forma, o trabalhador ocupa um lugar privilegiado, se tornando um dos principais elementos para o alcance destas prioridades. Neste contexto, torna-se de suma importância, que o individuo realize seu trabalho com segurança, auto-satisfação e bem estar. Para tanto, os estudos de ergonomia são de elevada importância, sendo considerados aspectos como o ser humano, as condições físicas e organizacionais de trabalho.

A Ergonomia melhora as condições de trabalho aumentando a eficiência, reduzindo o desconforto físico e os custos humanos, aumentando com isso a produção. Estes conflitos aparecem na forma de custo humano para os trabalhadores na forma de fadiga, doenças profissionais, lesões temporárias ou permanentes, mutilações, mortes, incidentes, erros excessivos, paradas não controladas, lentidão e outros problemas de desempenho. Tais ocorrências geram acréscimo nos custo da produção, desperdício de matérias-primas, baixa qualidade dos produtos executados (MORAES, 2000).

O interesse pelo estudo no posto de trabalho escolhido tem sua razão de ser em função de o autor trabalhar na empresa pesquisada. Por outro lado, a vivência do autor em relação às várias etapas do processo produtivo, fruto de experiências anteriores, fez

(18)

com que este pudesse adquirir uma visão macro sobre o funcionamento deste setor produtivo.

Na empresa estudada, o número de acidentes de trabalho é alto, embora não exista, até o momento, casos fatais; a incidência de mutilações, cortes, problemas de coluna, dentre outros são fatos comuns e corriqueiros. A empresa conta com um quadro de 150 funcionários distribuídos nos vários setores, sendo que no setor de abate atuam 86 empregados. O MAFIR (Matadouro e Frigorífico industrial de Roraima) é o maior matadouro do Estado de Roraima, tanto em número de funcionários, como em número de bois abatidos ao dia; estes dados são de relevância significativa.

Para Regis Filho (1998), as condições e a organização do trabalho são fatores preponderantes no estado de saúde integral do trabalhador. O trabalho fazendo parte da vida do ser humano não pode ser causa de seu sofrimento físico, psíquico e emocional. O mesmo autor enfatiza que tarefas que resultam em esforços adicionais, em virtude da organização do trabalho, deixam marcas indeléveis no trabalhador.

Segundo Fialho e Godoi (1997), enquanto as condições de trabalho têm por alvo principalmente o corpo dos trabalhadores, a organização do trabalho, por outro lado, atua em nível do funcionamento psíquico.

Podemos caracterizar como condições de trabalho, os meios pelos quais os trabalhadores desenvolvem suas atividades, não importando quais sejam elas, porém são elas que irão determinar o sucesso ou insucesso da produtividade, bem como o bem estar do trabalhador.

Nas últimas décadas, tem-se observado de forma progressiva a substituição da prestação de serviços braçais, por equipamentos, através da instalação de sistemas automatizados e informatizados. Para isso, o trabalhador está sendo submetido a uma adaptação súbita frente às solicitações de novas condições e organizações de trabalho que, muitas vezes, implica na manutenção de posturas estafantes, levando o indivíduo permanecer a maior parte do tempo sentado ou em pé.

Com as modificações realizadas subitamente no ambiente de trabalho, as atividades tornam-se cada vez mais específicas, exigindo grande esforço físico e mental do trabalhador, que se deve a não disponibilidade de tempo para adaptação do

(19)

organismo a este desenvolvimento, tornando-se justificável o número cada vez mais crescente de doenças ocupacionais.

Podemos citar alguns requisitos que podem indicar a necessidade de elaboração de um estudo ergonômico:

a) Trabalho que exija um grande esforço físico;

b) Trabalho que exija posturas rígidas ou fixas (só sentado, ou só em pé); c) Introdução de novas tecnologias ou mudanças no processo de produção; d) Alto índice de rotatividade da mão de obra ;

e) Freqüência e gravidade de acidentes de trabalho (CAT); f) Presença maciça de pessoas em idade avançada;

g) Queixas de dores musculares (PCMSO, Controle de atendimento médico da empresa, etc.);

h) Pagamento de prêmios de produtividade (Contra cheques); i) Conflitos freqüentes com os empregados;

j) Trabalho exigindo movimentos repetitivos; l) Trabalhos em turnos;

m) Trabalhos exigindo grande precisão e qualidade; n) Alta taxa de absenteísmo;

No processo de abate bovino pelo menos cinco requisitos destes são encontrados. A exemplos dos itens a, b, f, g e j.

Segundo Cruz (2001), as atuais transformações no mundo do trabalho e os impactos da reestruturação produtiva parecem ter aumentado as proporções das implicações sobre a saúde dos trabalhadores, ampliando e tornando mais complexa a avaliação dos sintomas de dor, desconforto físico e psicológico.

No caso dos trabalhadores de linha de produção, são diversos os fatores de risco, desde a postura em que realizam suas atividades, até as rotações de tronco. A realização destas atividades, por tempo prolongado, poderá trazer algum tipo de distúrbio em alguma região do corpo.

Nesse sentido, o estudo se justifica pela abordagem metodológica com que se pretende fornecer subsídios para compreender o método de análise ergonômica do trabalho, contribuindo para o melhoramento das condições de trabalho e verificação de

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possível ocorrência de danos à saúde dos trabalhadores do matadouro bovino em estudo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Verificar se as condições atuais de trabalho no Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima - MAFIR, no setor de abate e salas de beneficiamento estão causando danos à saúde dos trabalhadores e especialmente estão de acordo com as normas vigentes.

1.3.2 Objetivos específicos

 Analisar o processo produtivo;

 Mostrar a aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho numa empresa do setor

de abate bovino;

 Utilizar a Correlação de Pearson entre as variáveis mais significativas;

 Analisar os fatores ambientais: ruído, temperatura e iluminação dos postos de trabalho;

 Apresentar os riscos ocupacionais que os funcionários estão expostos;

 Apresentar sugestões de melhoria nas condições e organização do trabalho a partir de uma perspectiva ergonômica.

1.4 Limitações do trabalho

Este estudo foi desenvolvido no setor de bovino, no Matadouro Industrial de Roraima - MAFIR, localizado em Boa Vista - RR. A população envolvida se resume aos trabalhadores do abate e das salas de processamento (sala de miúdos, sala de mocotó, sala de cabeça, bucharia, trituração, graxaria e tendal).

O trabalho limitou-se a efetuar um estudo nas condições de trabalho nestes setores, avaliando as condições ambientais, aplicação de entrevistas e tratamento das variáveis obtidas nesta.

(21)

1.5 Estrutura do Trabalho

Esta dissertação é composta por seis capítulos, sendo que no primeiro capítulo é apresentado o tema e o problema de pesquisa, seguido dos objetivos gerais e específicos e limitação da pesquisa.

No capítulo dois, está contemplado o referencial teórico baseado na bibliografia pesquisada, onde se buscou o suporte teórico e metodológico para fundamentar o trabalho e embasar a discussão.

O capítulo três trata dos procedimentos metodológicos utilizados. Ressalta o método de procedimento, o tipo de pesquisa, variáveis, ambiente de pesquisa procedimentos para coleta de dados e análise de dados e resultados da pesquisa.

O quarto capítulo descreve a empresa na qual foi realizada a pesquisa, fornecendo informações acerca dos setores e atividades desenvolvidas, bem como o número de funcionários em cada setor. Em seguida é exposto, de uma forma detalhada, todo o processo produtivo do abate, desde a recepção do animal até a expedição do produto final.

O capítulo cinco descreve a metodologia e apresenta os resultados obtidos na pesquisa, bem como as correlações entre as variáveis mais significativas.

No capitulo seis apresenta-se a conclusão do trabalho, as recomendações de futuros estudos e as referências bibliográficas utilizadas no presente estudo, como

também osapêndices.

(22)

CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Caracterização da produção bovina no Brasil

2.1.1 Composição do rebanho bovino brasileiro e roraimense

Nos últimos 40 anos tem se alterado a distribuição do rebanho bovino no território nacional, com a concentração no eixo centro-sul deslocando-se progressivamente para o eixo centro-norte do país. E esta reconfiguração deve-se principalmente ao menor preço das terras nas novas fronteiras de produção agropecuária (IBGE, 2005).

Atualmente o rebanho bovino brasileiro está estimado em 204,512 milhões de cabeças, sendo 20% com finalidade de produção leiteira e 80% para corte. A população de zebuínos e seus cruzamentos representam cerca de 80% do efetivo nacional (IBGE, 2005; Josakhian, 1999).

Na tabela abaixo é informado o número de cabeças bovinas, no Brasil e nos cinco principais estados em quantidade de cabeças bovinas.

Tabela 1 - Efetivo de rebanhos no Brasil e principais Estados da Federação Efetivo dos rebanhos (Cabeças)

Brasil 204.512.737

Mato Grosso 25.918.998

Mato Grosso do Sul 24.715.372

Minas Gerais 21.622.779

Goiás 20.419.803

Pará 17.430.496

Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Brasil 2005.

Pela tabela podemos observar a participação do estado do Pará, na quinta posição no ranking brasileiro em número de cabeças de boi, demonstrando a crescente participação da região norte.

(23)

Na tabela a seguir, apresentamos os números nos Estados da região Norte do Brasil:

Tabela 2 - Efetivo de rebanhos na região Norte e Estados Efetivo dos rebanhos (Cabeças)

Norte 39.787.138 Pará 17.430.496 Rondônia 10.671.440 Acre 2.062.690 Amazonas 1.156.723 Roraima 459.000 Amapá 82.243

Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Brasil 2005.

De acordo com o IBGE Roraima tem 459.000 cabeças de bois, mas pelo número de doses de vacinas vendidas para febre aftosa no ano de 2005, Roraima conta com número de 700 mil cabeças de bois.

Por informações fornecidas pela Secretaria de Agricultura de Roraima a taxa de desfrute do rebanho é na faixa de 16 a 20%, levando em consideração o número de 700 mil cabeças de boi e uma taxa de desfrute de 18%, teríamos um número de 126 mil cabeças abatidas por ano em Roraima. O IBGE não disponibiliza o número de bois abatidos em Roraima.

São 4 os Matadouros registrados em Roraima, que são os fiscalizados. A Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado forneceu dados acerca do número de bois abatidos no estado. A tabela abaixo informa os matadouros e o número de bois abatidos / ano:

Tabela 3 - Bois abatidos anualmente em Roraima

Matadouros Cabeças abatidas/ano

MAFIR 43.200

Cantá 7.800

Pacaraíma 4.560

Baliza 3.600

Total 59.160

(24)

A tabela 3 nos fornece a informação que no Estado de Roraima, anualmente são abatidos 59.160 cabeças de bois, mas de acordo com os dados anteriormente vistos, seriam abatidos anualmente, uma média de 126.000 cabeças bovinas no Estado. Isso demonstra que grande parte dos abates no Estado ainda ocorre de forma ilegal.

O MAFIR (Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima) tem a certificação SIF (Sistema de Inspeção Federal) onde contempla com autorização para comercializar carnes para o mercado externo e todo o território nacional. O restante dos matadouros

do Estado apresentam SIE (Sistema de Inspeção Estadual) que permite a

comercialização de carnes apenas dentro dos limites do Estado. Este dado comprova a importância do Matadouro em estudo e acentua a necessidade da presente pesquisa.

A Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima não tem dados acerca do número de matadouros clandestinos, sabe-se que o número é elevado.

2.2 Aspectos Gerais sobre a Ergonomia

A existência do ser humano tem sido marcada pelo grande e contínuo desafio pela sobrevivência, principalmente após a Revolução Industrial do século XVIII. Neste período, o homem era considerado como mero instrumento, utilizado sem o menor cuidado, e o importante era o que produzia, não importando como, e de que forma. Anos mais tarde, com a introdução do pensamento contemporâneo o homem começou a agir contra este tipo de insensibilidade, na tentativa de modificá-lo visando oferecer ao trabalhador cuidados quanto ao seu bem-estar físico e mental.

Somente em 1857, foi introduzido o termo Ergonomia pelo cientista polonês Wojciech Jastrzebowski. Esta definição foi criada juntando dois termos gregos, ergon = trabalho e nomos = leis naturais. Daí, então, começou a modificar o ponto de vista a respeito do trabalhador.

Posteriormente, a Ergonomia foi evoluindo e ampliando seus horizontes, sempre buscando aprimorar as relações homem – trabalho – ambiente, conquistando cada vez mais espaço e, atualmente, encontra-se difundida em diversas áreas priorizando a saúde e segurança do trabalhador.

Iida (1990) define a Ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Neste contexto, o trabalho tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não

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apenas máquinas e equipamentos utilizados, mas também toda a situação que envolve o homem e seu trabalho, ambiente físico, aspectos organizacionais, programação e controle para produzir os resultados desejados.

Para Másculo (2003) a Ergonomia visa melhorar o trabalho humano. Ela estuda as diversas capacidades que o homem utiliza para realizar suas atividades e, a partir daí, faz a adaptação das maquinas, das ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho, ás características humanas.

Segundo Nascimento & Moraes (2000), a Ergonomia é uma ciência que, independente da sua linha de atuação, estratégia e/ou métodos de estudos aplicados, objetiva solucionar problemas da relação entre homem, máquina, equipamento, ferramentas, programação de trabalho, instruções e informações, resolvendo conflitos entre o homem e a tecnologia aplicada ao seu trabalho. Os autores descrevem três formas de intervenção ergonômica, a fim de proporcionar conforto e bem-estar ao indivíduo em seu trabalho, no lar e no lazer:

 Ergonomia de concepção: a intervenção é feita na fase do projeto, interferindo amplamente no posto de trabalho, instrumentos, máquina ou no sistema de produção, na organização do trabalho ou mesmo na formação de pessoal;

 Ergonomia de correção: a intervenção é feita no posto de trabalho já instalado, na atividade realizada ou no trabalhador. Atua de maneira restrita, modificando elementos parciais do posto de trabalho e em seu usuário;

 Ergonomia de conscientização: a intervenção é feita por meio de treinamento e reciclagem periódicos dos trabalhadores, enfocando meios seguros de trabalho, reconhecimento de fatores de risco e possíveis soluções a serem tomadas pelos próprios trabalhadores.

Marcelin et al. (1982) ressaltam que os conhecimentos utilizados pela Ergonomia não são próprios dela, mas "tomados de empréstimo" de outras disciplinas, mas a organização e a utilização desses conhecimentos em uma dada situação, ou seja, a metodologia empregada, ela sim, é própria da Ergonomia".

Abrahão (1993) ressalta que devido ao seu caráter interdisciplinar, a Ergonomia exige uma confrontação de conhecimentos, relativos ao funcionamento do homem, no que diz respeito ao aspecto psíquico e às funções fisiológicas. A interação desses dois

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fatores delimita as capacidades e as compatibilidades do homem com relação a um posto de trabalho.

De acordo com Wisner (1987) os contornos da prática deste corpo de conhecimentos variam, mas quatro aspectos são constantes:

I. a utilização de dados científicos sobre o homem;

II. a origem multidisciplinar destes dados;

III. a aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a organização do trabalho e a formação;

IV. a perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal de trabalhadores, por suas capacidades e limites, sem implicar a ênfase numa rigorosa seleção que escolhe os "homens certos".

Podemos expor, então, que estudo da Ergonomia é a aplicação de princípios científicos, extraídos das diferentes áreas contribuintes como, a Psicologia, a Fisiologia, a Biomecânica, a Antropometria, dentre outras, com a finalidade de desenvolvimento de estudos, objetivando a viabilidade de projetos de ambiente que proporcionem maior segurança, na tentativa de melhorar cada vez mais a qualidade de vida e satisfação na realização do trabalho.

A Ergonomia apresenta-se sobre diversos tipos, dentre eles encontra-se a Ergonomia de campo que, constitui na pesquisa realizada a partir de uma situação real, ou seja, é o estudo do homem no trabalho e em quais condições ele o realiza.

2.3 Aspectos Organizacionais na Ergonomia

Além das definições encontradas na literatura específica sobre a Ergonomia, constata-se a grande relevância dada aos aspectos organizacionais, porém mesmo o ambiente estando em plenas condições ergonômicas no que se refere ao mobiliário, nada adiantará se não houver uma organização eficaz. Essa eficácia refere-se à descoberta e reorganização de alguns aspectos imprescindíveis como, a melhor

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maneira de executar um serviço, a utilização dos recursos mais apropriados, instruções e treinamentos sobre o uso correto e a manutenção dos equipamentos necessários.

Segundo Vidal (2002) o conteúdo concreto a organização do trabalho envolve ao menos seis aspectos independentes, quais sejam:

a) a repartição das tarefas no tempo (estrutura temporal, horários, cadencias de produção) e no espaço (arranjo físico);

b) os sistemas de comunicação, cooperação e interligação entre atividades, ações e operações;

c) as formas de estabelecimento de rotinas e procedimentos de produção;

d) a formulação e negociação de exigências e padrões de desempenho produtivo, aí incluídos, os sistemas de supervisão e controle;

e) os mecanismos de recrutamento e seleção de pessoas para o trabalho; f) os métodos de formação, capacitação e treinamento para o trabalho.

Existindo uma má organização do trabalho na empresa, Marras et al (2000) prega que é importante que se faça corretas definições e atribuições de tarefas, seleção e treinamento, estabelecimento de planos salariais e de carreira e, principalmente, um relacionamento franco e saudável entre os trabalhadores e a administração da empresa.

É necessária a aplicação de conhecimentos de Ergonomia na organização do trabalho, de modo que a monotonia, fadiga e erros sejam reduzidos, criando ambientes mais cooperativos e motivadores.

Para manter o funcionamento do sistema organizacional de uma empresa, segundo Vieira (2000), existe a necessidade de uma perfeita coordenação de diversos fatores que se inter-relacionam dentro do sistema, de modo a produzir, determinado nível de satisfação motivacional, que associado à estrutura, faz com que o objetivo organizacional seja cumprido. Para que se chegue a este resultado deve haver cooperação e conscientização de ambas as partes, tanto hierárquica como dos trabalhadores, pois o trabalho não deve ser entendido apenas como um meio de ganhar dinheiro, mas de expressar criatividades. O autor ressalta que quando o trabalhador é submetido a um sistema organizacional muito rígido, onde ele não possa expressar suas opiniões mediante o que se encontra em excesso, isto se torna motivo de

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frustração para o trabalhador, frustração esta que decorre de um obstáculo interno ou externo, que se interpõe sobre o desejo e a realização.

Iida (1990) considera primordial a análise das principais fontes de insatisfação dos trabalhadores para atuar sobre os mesmos, fontes estas que na opinião do autor, dependem, naturalmente do tipo de trabalho. As fontes podem ser agrupadas nas seguintes categorias:

 Ambiente físico: abrange o posto de trabalho e as condições físicas como iluminação, temperatura, ruídos e vibrações. Se estes elementos não estiverem dentro das faixas de tolerância humana, constituem-se em fontes de “stress” e de insatisfação no trabalho.

 Ambiente Psicossocial: abrange aspectos como sentimento de segurança e estima, oportunidades de progresso funcional, percepção da imagem da empresa, aspectos intrínsecos do trabalho, relacionamento social com os colegas e os benefícios que o trabalhador recebe da empresa.

 Remuneração: embora de uma maneira ou de outra, todos trabalhem para ganhar dinheiro, este não é o melhor nem a maior motivação para o trabalho.  Jornada de Trabalho: essa questão geralmente é regulamentada por leis

trabalhistas em cada país, mas, além da jornada normais de trabalho muitas empresas recorrem ao trabalho em horas extras.

Do ponto de vista ergonômico, as jornadas superiores a oito ou nove horas diárias de trabalho são improdutivas. As pessoas que são obrigadas a trabalhar jornadas superiores costumam reduzir seu ritmo durante a jornada normal, para acumular reservas de energia para suportar as horas-extras.

Além disso, há uma correlação direta do volume de horas-extras com problemas como doenças e absenteísmos.

 Organização: deve abranger a busca de novas formas de organização do trabalho, em que não seja necessário exercer controles rígidos sobre cada atividade, mas dê margem para que cada um possa exercitar suas habilidades, com sentimento de auto-realização.

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Portanto, pode-se observar que a Ergonomia não está voltada apenas para a adaptação do trabalho ao homem, mas também para a organização como um todo, evidenciando a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador.

2.4 Metodologia Ergonômica – Análise Ergonômica do Trabalho

Segundo Wisner (1994), a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é familiar aos autores de língua francesa desde o livro de Ombredane & Faverge publicada em 1955, que mostra o interesse de estudar a atividade real de trabalho dos operadores, não raro muito diferente da atividade prescrita pela organização. O inventário das diferenças entre atividades reais e atividades prescritas é extremamente útil para descobrir o que é difícil, ou até impossível de realizar no trabalho prescrito ou o que foi mal compreendido. Este inventário exige, em todo caso, formas diversas de melhoramento do trabalho. O mesmo autor afirma que o objetivo principal da AET é conhecer como os trabalhadores formulam de forma estável ou variável os problemas de seu trabalho (situação e ação) e, de maneira mais restrita, como eles os resolvem.

De acordo com Laville (1977) análise ergonômica apresenta uma possibilidade de compreensão mais abrangente da situação de trabalho através do estudo de todos os componentes envolvidos numa situação de desempenho produtivo, relacionando-os da mesma forma que se processam no cotidiano da empresa. Sendo assim, a análise ergonômica do trabalho tem por objetivo a análise das exigências e condições reais da tarefa e análise das funções efetivamente utilizadas pelos trabalhadores para realizar sua tarefa.

Montmollin (1982, p.119-21) ressalta que a análise ergonômica do trabalho (AET) permite não somente categorizar as atividades dos trabalhadores como também estabelecer a narração destas atividades permitindo, conseqüentemente, modificar o trabalho ao modificar a tarefa. Para este autor, o fato da análise ser realizada no próprio local de trabalho, em oposição às análises de laboratório, permite a apreensão dos fatores que caracterizam uma situação de trabalho real, envolvendo aspectos como organização do trabalho e relações sociais.

Wisner (1994) afirma que a metodologia de análise ergonômica de trabalho varia de um autor para outro e, sobretudo em função das circunstâncias da intervenção. No

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entanto, de quinze anos para cá, vimos podendo apresentar uma metodologia coerente, cuja eficiência se afirmou ao longo de centenas de estudos mais ou menos aprofundados nas mais diversas áreas. Esta metodologia comporta cinco etapas de importância e de dificuldade diferentes:

 Análise da demanda e proposta de contrato;  Análise do ambiente técnico, econômico e social;

 Análise das atividades e da situação de trabalho e restituição dos resultados;

 Recomendações ergonômicas;

 Validação da intervenção e eficiência das recomendações.

Vários são os estudos que empregam a Análise Ergonômica do Trabalho – AET como forma de avaliar as condições de trabalho em determinado ambiente. As principais pesquisas estão concentradas na Universidade Federal Santa Catarina (UFSC). A seguir serão descritos alguns estudos.

Juvêncio utilizou uma Metodologia de Análise Ergonômica - AET para analisar a relação entre fatores presentes nas condições de trabalho e a qualidade de vida relacionada à saúde do trabalhador urbano do setor informal (fabricante de pranchas de surfe – “shaper”) da cidade de Florianópolis. Com este estudo foi possível estudar o trabalho informal como o conjunto de formas organizadas de produção doméstica. Teve-se, também, a intenção de focalizar o ambiente de trabalho e fatores concernentes à saúde do ser humano-trabalhador nele inserido.

A dissertação de Amado realizou um estudo que focou o trabalho dos professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental e o reflexo deste trabalho na saúde física e mental destes profissionais.Novamente a Analise Ergonômica do Trabalho foi utilizada.

Através da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), Veiros avaliou as condições de trabalho do nutricionista em Unidade de Alimentação e Nutrição, identificando sua atuação como promotor de saúde. Este estudo foi desenvolvido em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de Santa Catarina, sediada em um pólo industrial do Estado.

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Silva analisou o posto de trabalho do armador de ferro, com os conhecimentos da ergonomia, visando melhorar as condições de trabalho no processo construtivo da construção civil. Com aplicação da ergonomia na construção civil foi possível verificar : os vários fatores que causam danos a saúde dos operários. Os fatores que interferem no melhor desenvolvimento da atividade produtiva dos trabalhadores, elevando sua produção, sem prejuízo a sua capacidade de trabalho.

Esta pesquisa mostrou as vantagens da aplicação dos conhecimentos em ergonomia como importante ferramenta na análise do posto de trabalho.

Na dissertação intitulada ‘’Evolução das condições ergonômicas no posto de trabalho do motorista de ônibus urbano’’ Nascimento contribuiu para um melhor entendimento dos problemas ergonômicos no posto de trabalho do motorista de ônibus urbano. Para tanto foi feita uma análise ergonômica no posto de trabalho dos motoristas de ônibus urbano identificando a situação ergonômica atual.

Santos investigou as condições de trabalho dos caixas de uma rede de supermercados de Umuarama – Pr, embasado na metodologia ergonômica (AET), tendo como fator a ser analisado: fatores físicos, ambientais e posturais, que possam estar influenciando a realização das atividades.

2.4.1 Análise da demanda

Santos et al. (1995) consideram que a demanda é o ponto de partida de toda a análise ergonômica do trabalho. Essa análise permite compreender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados, assim como abordá-los em uma intervenção. São três os grupos de demanda da intervenção ergonômica:

 As demandas formuladas com objetivo de buscar recomendações ergonômicas para implantação de um novo sistema de produção;

 As demandas formuladas com objetivo de resolver disfunções do sistema já implantado (relativas ao comportamento do homem, da máquina ou da organização) e;

 As demandas formuladas com o objetivo de identificar novas condicionantes de produção, introduzidas pela implantação de uma nova tecnologia.

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Segundo Guerin et al. (1996) a demanda pela intervenção ergonômica pode advir de diferentes grupos:

Da Direção Geral: desejo de elaborar uma intervenção no sentido de integrar os

dados relativos ao trabalho em cada decisão de investimento mais expressivo, ou vontade de iniciar uma política de concepção que rompa com as práticas habituais da empresa.

Dos serviços técnicos: nos casos em que o nível de produção não atenda ao

previsto, ou a qualidade seja considerada insuficiente.

Dos serviços de pessoal: taxas de absenteísmo elevadas, dificuldades para

enfrentar problemas causados pelo envelhecimento da população trabalhadora e necessidade de evolução do plano de cargos e salários tornando necessário um melhor conhecimento das competências dos trabalhadores.

Dos trabalhadores e de seus representantes: implantação de uma nova

tecnologia na empresa supondo o exercício de novas competências e uma negociação a respeito da elevação dos níveis de qualificação. Pode advir ainda do temor de que a evolução da organização prejudique a saúde dos trabalhadores.

Estes autores enfatizam que a demanda representa um aspecto essencial da intervenção ergonômica. A partir da definição do problema, o ergonomista fará uma proposta de intervenção. Esta proposta após ser colocada em discussão com todos os interessados se transformará em contrato de intervenção ergonômica.

Wisner (1987) considera esta fase muito importante, pois é nela que se analisa a representatividade do autor da demanda, a origem da mesma (real, a demanda formal), os problemas (aparentes e fundamentais), as perspectivas de ação, os meios disponíveis. Um erro na análise da demanda pode levar a um resultado medíocre, nulo ou mesmo negativo.

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Em relação à delimitação da demanda, Santos et al. (1995) expõem que a demanda pode ter um campo amplo ou extremamente restrito. Quando muito restrita o analista é levado a reformular a demanda, de modo a garantir o sucesso da intervenção. A delimitação da demanda deverá ser feita em função dos fatores: tempo que o analista leva para fazer o estudo em que deverá mostrar os limites do que ele poderá fazer nesse tempo que lhe é preestabelecido e relação entre o objetivo da demanda e o campo proposto. Para se dar uma resposta ergonômica à demanda, deve-se sempre, no início do estudo, questionar a compatibilidade entre os problemas apresentados e o campo proposto.

A etapa da análise da demanda deve delimitar o campo de estudo, priorizando, articulando e evidenciando novos problemas, bem como identificar os pontos de vista dos atores envolvidos, devendo ser levantados, no mínimo uma descrição da empresa e das pessoas com que foram feitos os primeiros contatos; problemas e resultados positivos apresentados pela empresa, neste primeiro contato; se existem propostas ou indicação de locais para o estudo, e as conclusões do grupo sobre esta etapa.

A análise da demanda consiste, portanto em definir o problema a ser analisado, delimitar o objeto de estudo e esclarecer as finalidades do estudo.

2.4.2 Análise da Tarefa

A análise da tarefa consiste basicamente na análise das condições de trabalho da empresa. Nesta fase é definida a situação de trabalho a ser analisada, ou seja, é delimitado o sistema homem/máquina a ser abordado e é realizada uma descrição mais precisa possível dos diversos componentes deste sistema. Por último é realizada uma avaliação ergonômica das exigências do trabalho que contribui para a confirmação ou a recusa das hipóteses já formuladas ou até mesmo para a formulação de novas hipóteses (Santos, 1995, p.40-76).

Os mesmos autores consideram o sistema homem/tarefa não só como máquinas e suas manifestações (condições técnicas de trabalho), mas também como as condições organizacionais e ambientais de trabalho. Do ponto de vista ergonômico, eles conceituam um sistema como um conjunto de componentes : homem, tecnologia,

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organização e meio ambiente de trabalho, dinamicamente relacionados em uma rede de comunicações (em decorrência da interação dos diversos componentes), formando uma atividade (que é o comportamento ou processamento do sistema), para atingir um objetivo (finalidade do sistema), agindo sobre sinais, energia e matérias-primas, para fornecer informação, energia ou produto.

Montmollin (1995, p.234) define tarefa como o objetivo (de produção, de qualidade.) que o operador tem a atingir; os procedimentos (métodos de trabalho, normas, definidos por suas restrições de tempo, de cadência ou de prazos); os meios colocados à disposição do operador (materiais, máquinas, ferramentas, documentos,...); as características do ambiente físico (ruído, calor, trabalho noturno,...) e, também, as condições sociais do trabalho (categorias salariais, tipos de controle e sanções, ...).

Segundo Santos e Fialho (1995) tarefa é o que o trabalhador deve realizar e as condições ambientais, técnicas e organizacionais desta realização.

Noulin (1992) apresenta os elementos para uma descrição da tarefa.

 Objetivos: performances exigidas, resultados designados, normas de produção que determinam uma certa obrigação de resultados que o operador reconhece como contra partida de sua remuneração.

 Procedimentos: maneiras com as quais o operador deve atingir os objetivos.  Meios técnicos: máquinas, ferramentas, meios de proteção, meios de informação

e de comunicação.

 Meios humanos: organização coletiva de trabalho, repartição das tarefas, relações hierárquicas.

 Meio ambiente físico: Ambientes sonoros, térmicos, luminosos, vibratórios, tóxicos, concepção antropométrica do posto de trabalho.

 Condições temporais: duração, horários e ritmo de trabalho; cadências; pausas, flutuações da produção no tempo.

 Condições sociais: formação e/ou experiência profissional exigidas, qualificação reconhecida, possibilidade de promoção, plano de carreira.

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Ferreira et al. (1993) afirmam que após esclarecido o objeto de estudo, pela análise da demanda, e antes de se iniciar análise da atividade propriamente dita, é necessário que o ergonomista conheça uma série de fatores para melhor compreender o contexto em que está inserido seu trabalho. Estes incluem:

 Fatores econômicos, pois as soluções a serem propostas ao final de uma intervenção dependem da viabilidade da ação a ser tomada.

 Fatores técnicos, para conhecimento da tecnologia empregada, pois eles condicionam, embora não determinem, várias das mudanças a serem propostas.

 Fatores organizacionais, que consistem no conhecimento do sistema de hierarquia da empresa; os métodos de controle utilizados, a divisão entre os diversos setores e suas relações, os métodos de trabalho preconizados pelos analistas e gerência de produção e toda política de recursos humanos da empresa, o recrutamento e seleção, os treinamentos, a política de ascensão na carreira, etc.

Santos et al. (1995, p. 84-105) descrevem os seguintes dados a serem levantados na descrição da tarefa:

1. Dados referentes ao homem - característica da população (idade, sexo, remuneração, absenteísmo, turnover, forma de admissão), formação e qualificação profissional, número de operadores em cada posto (horários, turnos), regras de divisão de tarefas, ou seja, quem faz o que?

2. Dados referentes à máquina - Estrutura, dimensões, características (croqui, foto, fluxograma de produção), órgãos de comando, sinalização, princípios de funcionamento (mecânico, elétrico e hidráulico), problemas aparentes, aspectos críticos da máquina.

3. Dados referentes às condições organizacionais de trabalho - dados referentes à organização geral da empresa (organograma, relações hierárquicas e funcionais, estrutura de cargos e salários), dados referentes à organização do trabalho (repartição de funções, métodos e procedimentos de trabalho).

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4. Dados referentes ao meio ambiente físico de trabalho - o espaço físico e os locais (dados antropométricos e biomecânicos), ambiente térmico (temperatura úmida e seca, umidade relativa do ar), ambiente sonoro (pressão sonora, freqüência de emissão do ruído, tempo de exposição ao ruído),o ambiente luminoso (nível de iluminamento, luminância, ofuscamento), ambiente vibratório (freqüência das vibrações), ambiente toxicológico (concentração de partículas e gases tóxicos).

5. Dados referentes às fontes de informação - Exigências sensoriais (percepção visual e auditiva do operador), exigências sensoriais e motoras (dispositivos de sinais e comandos e as características do operador como dados antropométricos, posturas, gestos), exigências mentais (atividades perceptivas e intelectuais).

Na fase de análise da tarefa, inclui ainda a coleta sistemática de informações sobre a situação de trabalho em questão, recorrendo-se a levantamentos junto aos trabalhadores e diversos serviços da empresa que estejam relacionados ao problema. Estes levantamentos são feitos através de entrevistas e/ou questionários e permitem identificar os aspectos técnicos da situação de trabalho e as dificuldades existentes. Permitem ainda a identificação da população que ocupa o posto ou postos de trabalho em análise (idade, nível educacional, tempo médio de permanência no trabalho ou na empresa, etc) e queixas em geral relatadas pelo grupo de trabalhadores.

2.4.3 Análise da Atividade

Segundo Abrahão (1993), "a atividade de trabalho significa o trabalho real efetivamente realizado pelo indivíduo, a forma pela qual ele consegue desempenhar suas tarefas. É resultado das definições impostas pela empresa em relação à sua tarefa e das características pessoais, experiência e treinamento do trabalhador. Sendo assim, a abordagem ergonômica é centrada sobre o estudo da atividade real de trabalho, a globalidade das situações e como os operadores avaliam as condições e execução das suas atividades e as conseqüências dela resultantes".

Para Guérin (1985) a atividade correspondente à maneira pela qual o homem dispõe de seu corpo (seu sistema nervoso, órgãos sensoriais etc.), sua personalidade

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(seu caráter, sua história) e suas competências (formação, aprendizagem, experiência) para realizar um trabalho. Também apresenta os aspectos físicos, sensoriais, mentais e relacionais à atividade do trabalho:

Componentes físicos: atividade muscular estática e dinâmica, forças exercidas.

Componentes sensoriais: correspondem à utilização dos órgãos visuais,

auditivos, tácteis, olfativos, que recolhem as diversas informações e as transmitem ao sistema nervoso central.

Componentes mentais: correspondem às atividades ou processos (estes, não diretamente observáveis) de tomada e processamento de informações e que envolvem a identificação, análise e interpretação dos dados ambientais, das tarefas, de problemas na situação de trabalho e dos resultados da própria ação, pelo operador.

• Componentes relacionais: essenciais para a realização do trabalho, embora a organização formal do trabalho tenda a prescrever as tarefas como independentes entre si, minimizando ou desconhecendo a utilidade das relações sociais de trabalho.

Os métodos de análise das atividades, seguindo a definição de Santos et al. (1995, p.150), se dividem da seguinte maneira:

a) Método de análise do trabalho em termos de atividades gestuais: Este método é aplicado quando é identificada a atividade motora na execução da tarefa e quando as atividades sensoriais, perceptivas e cognitivas podem ser negligenciadas (tarefas tipo repetitivas, cíclicas, parciais). O método de análise levanta os seguintes aspectos fundamentais da atividade gestual do trabalho:

• Os gestos: uma vez identificados os gestos e, na seqüência a medição da duração dos mesmos, pode-se chegar a uma visão global do processo de trabalho, aumentando a produtividade ou mesmo simplificando as seqüências dos movimentos, acelerando-os.

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• O conteúdo do trabalho: identificado através de enquete direta junto aos trabalhadores, supervisores e gerentes ou através da observação sistemática da atividade do indivíduo no trabalho.

• O tempo de trabalho: engloba as operações elementares, desenvolvidas por um

indivíduo que trabalha e podem ser colocadas numa ordem cronológica em relação ao tempo de duração ou até mesmo a distâncias percorridas.

• Os processos de trabalho: pode-se levantar as categorias não produtivas (transporte, deslocamentos, estocagens temporárias), avaliar sua importância (duração, distâncias percorridas) e processar meios de eliminá-las. Os principais métodos são a cronometragem, os tempos elementares e as observações instantâneas (neste caso é sempre o mesmo sujeito que é interrogado).

b) Método de análise do trabalho em termos de informação: Santos et al. (1995, p. 156-173) entendem ser necessário observar o funcionamento das funções esteroceptivas e das funções de memorização durante a realização do trabalho. O método constitui-se de algumas técnicas que permitem identificar atividades ligadas à percepção visual (percepção dos sinais) como também a informações auditivas e táteis utilizadas durante o trabalho.

c) Método de análise do trabalho em termos de regulação: neste método o trabalhador confronta os resultados de sua ação com os objetivos preestabelecidos, para ajustar suas novas ações. Este esquema de realimentação é conhecido como regulação.

d) Método de análise do trabalho em termos dos processos cognitivos: três aspectos têm sido enfocados neste método:

• A planificação pessoal do trabalho, que pode ser analisada a partir da avaliação da tarefa, definição da tarefa e definição de procedimentos.

• A representação mental da atividade de trabalho (imagens operativas).

• Os raciocínios heurísticos do homem no trabalho: quando o trabalhador tem necessidade de tomar decisões para resolução de problemas, ele efetua escolhas dirigidas por regras algorítmicas (decisões lógicas, prescritas) ou por regras heurísticas (quando o raciocínio humano pressupõe uma decisão).

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De modo geral, a análise ergonômica da atividade, busca apreender a atividade em situação real de trabalho considerando os seguintes aspectos (LIMA, 1992):

I) a variabilidade da situação (em suas dimensões materiais, organizacionais e humanas);

II) a descrição detalhada do modo operatório dos trabalhadores;

III) a organização dinâmica da atividade explicitando processos de decisão, conhecimentos informais, estratégias e regulamentos internos .

Assim, a análise da atividade juntamente com a análise da demanda e da tarefa permitem identificar os problemas presentes na situação de trabalho e, conseqüentemente, os efeitos destes sobre a saúde e bem estar do trabalhador.

2.5 Ambiente de Trabalho

Para Fischer e Paraguay (1989), o “ambiente de trabalho é um conjunto de fatores interdependentes, que atua direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados do próprio trabalho’’. Esta visão global das influências do trabalho facilita a compreensão das dificuldades e desconforto, da insatisfação, dos baixos desempenhos, das doenças camufladas e/ou na ocorrência de acidentes e incidentes do trabalho”.

São fatores ou componentes do ambiente de trabalho: espaço, ambiências (luminosa, sonora, térmica, tóxica etc.), equipamentos, organização do trabalho/tempos; aspectos de segurança e relações profissionais.

Segundo a norma regulamentadora brasileira, NR 9, aprovadas pela portaria No

3.214, de 8 de junho de 1978, referente a riscos ambientais: são considerados riscos ambientais os agentes agressivos físicos, químicos e biológicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador, nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente.

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Segundo Iida (1990) "para cada uma das variáveis ambientais há certas características que são mais prejudiciais ao trabalho. Cabe ao projetista conhecer essas limitações e, na medida do possível, tomar as providências necessárias para manter os trabalhadores fora dessas faixas de risco. Entretanto, quando isso não for possível, devem ser avaliados os possíveis danos ao desempenho e à saúde dos trabalhadores, para que seja adotada aquela alternativa menos prejudicial, tomando-se todas as medidas preventivas cabíveis em cada caso".

É importante ressaltar a importância das boas condições do ambiente de trabalho não somente como indispensável para a luta contra as doenças profissionais e para respeitar as normas de conforto, como também levando em conta um fator importantíssimo, que o homem passa 33% (considerando 8 horas/ dia) de seu tempo por dia de trabalho. Logo, melhores condições de trabalho significam melhores condições de vida.

Os riscos ambientais mais comuns nas empresas são o de iluminação, temperatura, e sonoro. Apresentamos a seguir, avaliações dessas condições:

2.5.1 Avaliação das condições de iluminação

Existe, no processo organizacional, um crescente interesse e preocupação pelos problemas de iluminação, pois o seu equacionamento racional diminui a fadiga ocular, permite melhor acuidade, percepção mais rápida, produção maior e melhor, reduzindo sensivelmente o número de acidentes.

A influência de uma boa iluminação é de suma importância para o bom desempenho da tarefa. A iluminação deverá ser distribuída uniformemente, geral e difusa, a fim de evitar o ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. É importante considerar que uma iluminação inadequada prejudica a visão, determina esforço mental, reduz o rendimento e predispõe aos acidentes.

De acordo com a ABNT NB 57 a quantidade de luz necessária para qualquer espaço em particular depende, primeiramente, da atividade a ser desenvolvida. Os níveis de iluminação recomendados dependem das características das tarefas visuais e

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