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CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DOS PAVIMENTOS AEROPORTUÁRIOS

4.4. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS

As avaliações das condições estruturais feitas nos pavimentos do Aeroporto Internacional de Fortaleza, as quais esta pesquisa teve acesso, foram executadas pela BOEING (1982) apud DIRENG (1985) e pela DIRENG (1978 e 1991).

Em 1978, a avaliação dos pavimentos do Aeroporto Internacional de Fortaleza foi realizada através de métodos indiretos, com elementos obtidos no campo e no laboratório, utilizando ensaios não-destrutivos, além de proceder a um levantamento detalhado dos componentes físicos do pavimento, dados do tráfego e das condições de drenagem, realizando uma análise completa desses elementos.

Essa foi a decisão da DIRENG (1978), já que a utilização de métodos diretos, baseados em ensaios destrutivos, com prova de carga na estrutura, exigiria o transporte dos equipamentos necessários para a execução dos ensaios, além da interrupção das operações e do tráfego no aeroporto.

A conclusão do relatório era de que os pavimentos do Aeroporto de Fortaleza apresentavam condições satisfatórias. Apesar disso, recomendava serviços de reforço da 1ª etapa de construção do pátio de manobras, realizada em 1966 conforme mostrado no Capítulo 3, para que pudesse ser utilizado por Boeing 727-200, rejuntamento das placas de concreto do pátio de manobras e das cabeceiras da pista de pousos e de decolagens, além de reparos localizados em determinados pontos dessa pista DIRENG (1978).

Em termos de resistência da estrutura, foi verificado que a pista de pousos e de decolagens podia atender a todas as aeronaves em operação na época, com carga plena, conforme já mencionado anteriormente nesta pesquisa. No que diz respeito ao pátio de manobras, a DIRENG (1978) foi enfática em afirmar que a 1ª etapa de construção era a parte crítica, já que o valor de suporte encontrado era inferior às cargas normais de

82 utilização das aeronaves. A 2ª etapa de construção, ou seja, a área correspondente a ampliação desse pátio ocorrida em 1972, apresentava características de suporte inferiores às da pista de pousos e de decolagens, porém superiores às da 1ª etapa.

Por sua vez, o levantamento das condições estruturais da BOEING (1982) apud DIRENG (1985) também utilizou um método não-destrutivo de avaliação, baseado na análise de deflexões medidas no próprio pavimento, utilizando-se como carga uma aeronave Boeing 727-200.

As deflexões foram analisadas utilizando-se uma seção transversal do pavimento constituída por um revestimento de 13 cm de concreto asfáltico, 28 cm de base de macadame hidráulico, sub-base de 28 cm composta de material pedregulhoso, firmes sobre um subleito de areia siltosa de CBR superior a 20% (BOEING, 1982 apud DIRENG, 1985).

O relatório da BOEING (1982) apud DIRENG (1985) concluía que o pavimento da pista de pousos e de decolagens possuía capacidade de suporte suficiente para atender todas as aeronaves em operação na época, com plena carga, bem como ao tráfego previsto para um período de 20 anos.

A última avaliação das condições estruturais realizadas nos pavimentos do Aeroporto Internacional de Fortaleza, apresentado pela DIRENG (1991), foi obtido através da pesquisa de registros relativos à natureza e espessura das camadas constituintes da pista de pousos e de decolagens, que após as obras de reforço utilizando-se CBUQ, sugerido pela DIRENG (1985), passou a ter a configuração ilustrada na Figura 4.9.

Figura 4.9 – Seção transversal da pista de pousos e de decolagens do Aeroporto

Além disso, a avaliação da DIRENG (1991) também foi realizada em função de resultados de ensaios não-destrutivos realizados com a Viga Benkelman, mostrada na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Viga Benkelman. BERNUCCI et al. (2007).

A medição através desse equipamento de carregamento quase-estático, mostrado esquematicamente na Figura 4.11, é um aparelho bastante utilizado no setor rodoviário para medição de deflexões nos pavimentos. Para sua utilização é preciso dispor de um caminhão de rodas duplas com pressão de 80 lbs/pol², carregado com 8,2 t no eixo traseiro.

Figura 4.11 – Esquema de medida da Viga Benkelman. DNER (1994).

O ensaio com a Viga Benkelman, de acordo com DNER (1994), consiste, inicialmente, em colocar a ponta de prova da Viga Benkelman entre os pneus da roda conjugada traseira do caminhão, colocando-a exatamente sob o seu eixo, e fazer uma leitura inicial do extensômetro – leitura Li. Em seguida fazer o caminhão se afastar

84 lentamente até 10 m de distância da ponta de prova ou até que o extensômetro não acuse mais variação da leitura. Após isso, fazer a leitura final do extensômetro – leitura Lf.

A leitura final corresponde ao descarregamento do pavimento e todo o deslocamento recuperado é associado à deflexão do pavimento. Calcula-se a deflexão d0

pela expressão 4.4, sendo K a constante da Viga dada pela relação entre o braço maior e o braço menor, articulados.

d0 = (Li – Lf) x K (4.4)

em que,

d0 – deflexão (mm);

Li – leitura inicial do extensômetro (mm);

Lf – leitura final do extensômetro (mm);

K – constante da Viga Benkelman.

No caso do levantamento efetuado pela DIRENG (1991), as medidas foram realizadas em 11 pontos distintos da pista de pousos e de decolagens, distanciados entre si em cerca de 250 m e situados a 3 m à esquerda e à direita do eixo, sendo obtidos os valores apresentado na Tabela 4.11.

Tabela 4.11 – Medidas das deflexões da pista de pousos e de decolagens do Aeroporto Internacional de Fortaleza.

Deflexão (0,01 mm) Ponto

Lado Direito Lado Esquerdo Distância da cabeceira 13

1 22 150 m 2 22 400 m 3 30 650 m 4 22 900 m 5 16 1.000 m 6 14 1.250 m 7 20 1.400 m 8 18 1.650 m 9 26 1.900 m 10 18 2.150 m 11 16 2.400 m

Verifica-se pelos dados da Tabela 4.11, que a maior deflexão da pista de pousos e de decolagens do Aeroporto Internacional de Fortaleza, na época do levantamento, encontrava-se no ponto 3 (igual a 30 x 0,01 mm), a cerca de 650 m da cabeceira 13. Esse ponto corresponde ao 1º terço da mencionada pista, aproximadamente na zona de toque das aeronaves, comprovando, assim, a sua área mais solicitada.

A deflexão média registrada por DIRENG (1991) foi de 20,36 x 0,01 mm com desvio padrão das leituras igual a 4,72 x 0,01 mm, tendo o valor da deflexão característica de 24,32 x 0,01 mm.

O relatório da DIRENG (1991) concluía, com base na análise da estrutura e das deflexões, que a pista de pousos e de decolagens do Aeroporto Internacional de Fortaleza era composto de uma estrutura de comportamento semi-flexível. Apesar disso, não indicava um valor específico de PCN. A única informação referente à capacidade de carga era estimada e apontava para um volume de 120.000 decolagens do Boeing 767-300 ER com 380.000 lb (um pouco mais de 172.000kg) de carga bruta, possuindo a pista de pousos e de decolagens adequada resistência estrutural.

Ainda quanto aos levantamentos das condições estruturais, além da Viga Benkelman, a ICAO (1997) indica para avaliação não-destrutiva da resistência dos pavimentos aeroportuários, o equipamento conhecido como Falling Weight Deflectometer – FWD, mostrado na Figura 4.12.

Figura 4.12 – Falling Weight Deflectometer – FWD. DYNATEST (2008c).

O FWD é um equipamento que funciona com carregamento por impacto e, segundo DYNATEST (2008c) permite a determinação automática das bacias de deformações recuperáveis dos pavimentos, com elevada precisão e produtividade.

86 No Brasil, o procedimento de ensaio para determinação dessas deflexões é descrito pela norma rodoviária DNER-PRO 273/96 (DNER, 1996). A metodologia consiste na aplicação da carga de impacto, por meio de um peso suspenso a certa altura, e posterior leitura dos deslocamentos através de sensores dispostos em posições pré-determinadas para se obter a linha de deslocamentos, conforme se apresenta na Figura 4.13.

Figura 4.13 – Esquema de medida do FWD. BERNUCCI et al. (2007).

Para BERNUCCI et al. (2007), o FWD possui inúmeras vantagens sobre a Viga Benkelman, contudo algumas desvantagens podem ser citadas, como o custo do equipamento, calibrações mais sofisticadas e diferença de resultados entre as diversas marcas existentes no mercado.

Ressalte-se que esta pesquisa não efetuou levantamento das condições estruturais dos pavimentos do Aeroporto Internacional de Fortaleza, uma vez que o objetivo é voltado para as condições de superfície, especificamente para a textura superficial e o coeficiente de atrito que, a princípio, não necessitam de dados dessa natureza para sua composição.

4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As condições estruturais dos pavimentos constituintes dos sistemas de pátios e de pistas do Aeroporto Internacional de Fortaleza foram descritas sucintamente neste capítulo com base nas suas características, resistências e nas escassas avaliações realizadas durante sua existência.

Este capítulo foi redigido com o objetivo de complementar as informações apresentadas nos capítulos iniciais desta pesquisa, bem como servir de cenário e/ou ponto de partida para uma descrição mais aprofundada das condições de superfície que serão expostas no capítulo posterior, com destaque para a pista de pousos e de decolagens do Aeroporto Internacional de Fortaleza.

CAPÍTULO 5

CONDIÇÕES DE SUPERFÍCIE DOS PAVIMENTOS