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2. Análise reflexiva da intervenção

2.5 Avaliação das intenções

Após a definição e implementação das intenções para a ação, é importante compreender se estas foram alcançadas, uma vez que o ciclo observar – planear – avaliar (Silva et al., 2016) faz parte do trabalho diário em educação de infância.

Desta forma, analisando as intenções para a ação com o grupo de crianças, no que diz respeito ao estabelecimento de relações com base na confiança e na afetividade, considero que foi alcançada, uma vez que senti que era um adulto de referência para aquele grupo. A relação criada constituiu a base para que pudesse desenvolver todos os momentos e atividades propostas, assim como participar na vida e no dia a dia do grupo de forma consistente. As crianças procuravam-me para as mais diversas situações, tal como faziam com a restante equipa que os acompanhava. Esta relação foi ficando mais sólida com o passar do tempo e no final da PPS o facto de sentir que consegui alcançar esta intenção deixou-me muito feliz, pois só assim fazia sentido para mim que terminasse o estágio.

“Desde o início consegui começar a criar laços e relações com aquelas 25 crianças e, isto para mim foi o ponto alto do meu estágio. Consegui desde cedo ser um adulto de referência para este grupo, o que depois facilitou em tudo o que fazia com eles.” (Anexo B, Excerto da reflexão semanal de 14/01 a 18/01)

Em relação à intenção que tencionava promover um clima democrático tendo por base o diálogo, a partilha, a cooperação e a negociação, também, na minha opinião, foi alcançada, ainda que saiba que mais pode ser feito e que este é um trabalho contínuo. No grupo de crianças existiam alguns conflitos entre pares e no início do ano letivo para os resolverem as crianças dirigiam-se sempre a um adulto para que as auxiliasse. Toda

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a equipa sempre que isto ocorria tentava que as crianças resolvessem entre si os conflitos e com o tempo elas foram conseguindo começar a conversar e, embora continuassem a recorrer aos adultos, estes apenas entreviam se fosse mesmo necessário. Ainda assim, esta intenção não diz apenas respeito aos conflitos, mas também à partilha de brinquedos, à negociação quando queriam alguma coisa que outros tinham, entre outras. Este é um trabalho que certamente continuará a ser realizado pelo equipa.

“Fomos para o recreio. A A. e a M.B.M. vieram ter comigo e disseram-me que o T. estava a chorar. Fomos ter com ele e ele queria jogar à bola. Disse-lhe para ir falar com o E. e conversarem, dizendo que queria jogar e pedindo-lhe uma vez que a bola era do E. Fui com ele e após falarem foram brincar os 4. Mais tarde, o T. veio ter comigo a chorar novamente, pois o D.R. não o deixava jogar. O D.R. vinha atrás dele e disse-lhe que podia e foram jogar os dois.” (Anexo B, Registo Diário dia 08/01/2019) Encarei sempre a criança “como sujeito e agente do processo educativo”, de forma a fazê-las sentirem-se seres importantes na decisão do trabalho a desenvolver bem como as tarefas a desempenhar. Para além de ao longo da intervenção, questionar várias vezes o grupo sobre o que gostariam de fazer, também tentei promover um pensamento crítico e reflexivo, acima de tudo para que elas tivessem consciência do seu papel na rotina diária, uma vez que a sua voz era importante para as decisões da vida do grupo. Para os mais novos esta era uma tarefa mais difícil uma vez que ainda se estavam a ambientar às novas rotinas e a alguns instrumentos utilizados no JI. Ainda assim, aos poucos foram começando a explorar mais a sala e a não estar sempre na mesma área, por exemplo, pois explicámos-lhes algumas vezes que podiam fazer muitas coisas na sala e que aprenderiam muito mais se não fizessem sempre a mesma atividade ou brincassem sempre com os mesmos amigos. No início, foi um pouco mais difícil dar resposta ao que eles queriam e ao que a sala necessitava para um início de ano letivo, pois a minha referência nessa altura era a auxiliar e através das outras salas fui percebendo que as coisas deveriam ser de outra forma. Assim, após me informar com a coordenadora sobre como deveria fazer, tentei cada vez mais ajudar as auxiliares que estavam na sala e fazer corretamente todos os momentos da rotina, sempre de acordo com os interesses e consentimento do grupo, de forma a que eles participassem ativamente no seu processo educativo.

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Quanto a respeitar os percursos, interesses e características de cada criança, também foi uma intenção alcançada, mesmo não conhecendo “a fundo” todas as crianças e as suas famílias. Daquilo que conhecia e me foi possível inteirar durante a PPS, tentei sempre adaptar os momentos para que todo o grupo pudesse realizá-los tendo em conta as características individuais de cada criança. Esta intenção foi muito dirigida a uma das crianças, a M.F. que tinha visibilidade reduzida, mas que não foi por isso que deixou de fazer o mesmo que as restantes.

“Quem vai comunicar vai buscar os desenhos/ pinturas/ construções e senta-se em frente aos restantes. A M.F. é a primeira e para meu espanto falou imenso e disse tudo o que tinha feito no desenho. Depois comunicam as outras crianças.”. (Anexo B, Registo Diário dia 07/12/2018).

Relacionado com esta intenção está a promoção do envolvimento das crianças, que tal como referi acima pode ser realizada de diversas formas. Tentei sempre que todas as crianças estivessem envolvidas no que estavam a fazer e que participassem à sua maneira, pois por mais pequena que fosse a sua participação para ela seria importante.

“O D.D. chega com a avó e traz uma planta para mostrar na reunião Tentámos que se inscrevesse, uma vez que nunca o faz e que falasse um pouco, o que para ele era difícil.” (Anexo B, Registo Diário dia 14/12/2018)

Sei que é importante respeitar cada criança, a sua personalidade, os seus tempos e foi isso que sempre tentei fazer, e, mesmo as mais tímidas e que não falavam tanto eram muitas vezes incentivadas pela equipa a fazê-lo como forma de as ajudar perante os outros.

Quanto à última intenção com as crianças, que tinha como base valorizar o brincar, tentei sempre que possível que as crianças fossem ao recreio e que tivessem tempo para brincar. O MEM é um modelo que privilegia muito o brincar e, também devido a isso fazia todo o sentido ter esta intenção para com as crianças.

No que diz respeito às intenções pensadas para as famílias, gostaria de ter estabelecido uma melhor relação com todas, o que, devido aos horários, não foi possível uma vez que existiam famílias com as quais não me cruzava. Ainda assim, tive oportunidade de conhecer algumas na reunião de famílias e na festa do JI realizada em dezembro e aí estabelecer algumas ligações, ou, pelo menos, dar-me a conhecer

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pessoalmente. Apesar de ter realizado alguns acolhimentos e algumas entregas sei que o deveria ter feito mais vezes e com mais regularidade, ainda assim, nestes momentos sentia que as famílias se dirigiam mais à restante equipa e eu própria não tinha também a iniciativa de me dirigir a elas. No entanto, sempre que me foi permitido, tendo em conta as características do contexto, operacionalizei as intenções que tinha para com as mesmas, mantendo um nível positivo de comunicação e promovendo o envolvimento das mesmas, nomeadamente, através do projeto de intervenção implementado no âmbito da unidade curricular Conhecimentos e Docência em Educação de Infância. Quanto ao trabalho que desenvolvi dentro da sala de atividades com as crianças, este foi dado a conhecer às famílias de diferentes formas: através da comunicação das crianças com as famílias, através de conversas informais tidas entre mim e algumas das famílias, principalmente nos momentos de acolhimento, e através da exposição dos trabalhos e dos registos nas paredes da sala e do corredor.

Por fim, no que diz respeito às intenções definidas para a equipa educativa, mais concretamente à minha integração no trabalho já desenvolvido, foi uma intenção alcançada, pois rapidamente comecei a ajudar a equipa e a estar envolvida nas rotinas e nos momentos vivenciados pelo grupo.

Quanto à relação colaborativa e cooperativa com a equipa, mantive, ao longo de toda a PPS, uma relação próxima com todos os elementos. No início, a relação com a auxiliar e com a coordenadora foram mais próximas, pois com a educadora de baixa foi com elas que partilhei as minhas dúvidas, curiosidades, dificuldades, interesses e intencionalidades pedagógicas, ou seja, era com elas que refletia sobre os comportamentos observados no grupo, sobre a ação pedagógica, problemas identificados, entre outros. Mais tarde, quando a educadora chegou, tudo isto passou a ser falado com ela. Ainda assim, penso que a nossa relação perdeu muito por não termos este tempo desde o início da PPS. Eu não me sentia tão à vontade para conversar com ela, uma vez que já tinha estabelecido uma relação mais forte com a auxiliar e a coordenadora. Ainda assim, considero que criei com toda a equipa educativa uma relação positiva de trabalho com base nos aspetos que mencionei.

Pretendi sempre partilhar com a equipa as minhas intenções e objetivos para a ação, assim como transmitir as minhas ideias e sugestões, não só a nível do planeamento, mas de tudo o resto, assim como ouvir o que tinham para me transmitir a mim. Tentei também partilhar as minhas dificuldades, para que em conjunto pudessem ser ultrapassadas.

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Finalizando, considero que todas as intenções definidas foram atingidas, mesmo que algumas, principalmente as do grupo de crianças, tivessem sido parcialmente.

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