• Nenhum resultado encontrado

Como visto, não é só na esfera federal que existem normas regulamentadoras sobre a prática da AIA, uma vez que a Resolução Conama 237/1997 descentraliza o

licenciamento ambiental, listando as atividades a serem licenciadas pelo Ibama, pelos órgãos ambientais estaduais e pelos órgãos ambientais municipais.

―Importante demonstrar também que todas essas diretrizes normativas federais foram absorvidas pelas Constituições Estaduais dos Estados incluídos na Área de Influência, em seu âmbito de competências, fazendo ver que os respectivos órgãos estaduais de meio ambiente, com respaldo em seus conselhos sociais, têm exigido o procedimento de licenciamento ambiental com lastro em EIA e RIMA, e com balizamento em audiências públicas, para todos aqueles empreendimentos potencialmente poluidores‖ (GOVERNO FEDERAL, 200?, p.7).

No contexto do presente estudo, no âmbito legislativo do estado de Minas Gerais, são relevantes as seguintes leis e decretos:

 Lei n° 7.772/1980 que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente:

―Art. 8º - A instalação, construção, ampliação ou o funcionamento de fonte de poluição indicada no Regulamento desta lei ficam sujeitos a autorização da Comissão de Política Ambiental - COPAM, mediante licença de instalação e de funcionamento, após exame do impacto ambiental e de acordo com o respectivo relatório conclusivo‖ (MINAS GERAIS, 1980).

 Decreto n° 21.228/1981, alterado pelos Decretos nº 22.656/1983, nº 32.566/1991 e nº 39.424/1998, que regulamenta a Lei nº 7.772/1980, que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente no Estado de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 1981).

 Decreto n° 39.424/1998 – dispõe sobre os tipos de licenças ambientais: LP, LI, LO (Art. 9°), sobre os procedimentos administrativos para concessão ou renovação de licença (Art. 10) e sobre os prazos para concessão das licenças (Art. 11) (MINAS GERAIS, 1998).

 Decreto nº 44.309/2006, revogado pelo Decreto nº 44.844/2008, que estabelece normas para o licenciamento ambiental e autorização ambiental de funcionamento, tipifica e classifica as infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos e estabelece o procedimento administrativo de fiscalização e aplicação das penalidades (MINAS GERAIS, 2006a).

Entretanto, é o Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam, assim como o Conama, o responsável por criar normas específicas sobre o processo de AIA e o licenciamento ambiental. Existem diversas Deliberações Normativas (DN) que tratam do licenciamento ambiental, destacando procedimentos, critérios e normas voltadas para as peculariedades de cada tipo de empreendimento.

Dentre todas estas DN, destaca-se a DN nº 74/2004:

―Art. 1º - Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente sujeitas ao licenciamento ambiental no nível estadual são aqueles enquadrados nas classes 3, 4, 5 e 6 , conforme a lista constante no Anexo Único desta Deliberação Normativa, cujo potencial poluidor/degradador geral é obtido após a conjugação dos potenciais impactos nos meios físico, biótico e antrópico, ressalvado o disposto na Deliberação Normativa CERH n.º 07, de 04 de novembro de 2002.

[...]

Art.16 - As normas estabelecidas pelo COPAM referentes à classificação de empreendimentos conforme a Deliberação Normativa n.º 1, de 22 de março de 1990 passam a incidir segundo a seguinte correspondência:

I – Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor: Classe 1; II – Médio porte e pequeno potencial poluidor: Classe 2;

III – Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor: Classe 3;

IV – Grande porte e pequeno potencial poluidor: Classe 4;

V – Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor: Classe 5;

VI – Grande porte e grande potencial poluidor: Classe 6‖ (COPAM, 2004).

Para a classificação das fontes de poluição em 6 classes, deve-se proceder conforme o Anexo Único desta DN:

―1 - Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente são enquadradas em seis classes que conjugam o porte e o potencial poluidor ou degradador do meio ambiente (1,2,3,4,5 e 6), conforme a Tabela A-1 abaixo:

Potencial poluidor/degradador geral da atividade P M G Porte do empreendimento P 1 1 3 M 2 3 5 G 4 5 6

Tabela A-1: Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor da atividade e do porte.

2 - O potencial poluidor/degradador da atividade é considerado pequeno (P), médio (M) ou grande (G), em função das características intrínsecas da atividade, conforme as listagens A,B,C,D,E,F e G. O potencial poluidor é considerado sobre as variáveis ambientais: ar, água e solo. Para efeito de simplificação inclui-se no potencial poluidor sobre o ar os efeitos de poluição sonora, e sobre o solo os efeitos nos meios biótico e sócio- econômico.

O potencial poluidor/degradador geral é obtido da Tabela A-2 abaixo:

Potencial poluidor/degradador variáveis Variáveis ambientais ar/água/solo P P P P P P M M M G P P P M M G M M G G P M G M G G M G G G Geral P P M M M G M M G G

Tabela A-2: determinação de potencial poluidor/degradador geral. 3 - O porte do empreendimento, por sua vez, também é considerado pequeno (P), médio (M) ou Grande (G), conforme os limites fixados nas listagens‖ (COPAM, 2004).

Os laticínios e abatedouros são constituintes da Listagem D-01 Indústria de Produtos Alimentares:

―D-01-02-3 Abate de animais de pequeno porte (aves, coelhos, rãs, etc.).

Pot. Poluidor/Degradador: Ar: M Água: G Solo: G Geral: G

Porte: 300 < Capacidade Instalada < 20.000 cabeças/dia: pequeno 20.000 ≤ Capacidade Instalada ≤ 100.000 cabeças/dia: médio Capacidade Instalada > 100.000 cabeças/dia: grande

D-01-03-1 Abate de animais de médio e grande porte (suínos, ovinos, caprinos, bovinos, eqüinos, bubalinos, muares, etc.).

Pot. Poluidor/Degradador: Ar: M Água: G Solo: G Geral: G Porte: 2 < Capacidade Instalada < 60 cabeças/dia: pequeno 60 ≤ Capacidade Instalada ≤ 500 cabeças/dia: médio

Capacidade Instalada > 500 cabeças/dia: grande (...)

D-01-06-6 Preparação do leite e fabricação de produtos de laticínios. Pot. Poluidor/Degradador: Ar: M Água: M Solo: M Geral: M

Porte: 500 < Capacidade Instalada < 15.000 L leite/dia: pequeno 15.000 ≤ Capacidade Instalada ≤ 80.000 L leite/dia: médio

Capacidade Instalada > 80.000 L leite/dia: grande‖ (COPAM, 2004).

No caso de empreendimentos já instalados antes 10 de março de 1981, quando foi regulamentado o Decreto n° 21.228 (MINAS GERAIS, 1981), é necessário o licenciamento ambiental corretivo, sendo concedida a Licença de Operação Corretiva (LOC) condicionada à apresentação do RCA e ao cumprimento de um Plano de Controle Ambiental (PCA). O licenciamento ambiental corretivo é também aplicado a empreendimentos com instalação posterior a esta data, com o objetivo de

permitir a regularização de suas atividades e promover o enquadramento aos padrões ambientais.