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4. RESULTADOS

4.5. Avaliação de parâmetros da biologia de Cotesia flavipes após transporte

Os parasitoides obtidos, tanto da biofábrica I quanto da biofábrica II, apresentaram resultados semelhantes em relação ao tamanho das massas das pupas, o número de machos e fêmeas e o número das pupas inviáveis (Tabela 2).

Tabela 2. Tamanho da massa de pupas, número de fêmeas, número de machos

e pupas inviáveis por massa de pupa de Cotesia flavipes, após o transporte de indivíduos de duas biofábricas.

Tamanho da

massa (cm) fêmeas/massNúmero de a Número de machos/mass a Pupas inviáveis/mass a Biofábrica I 2,3 ± 0,02 a1 36,7 ± 1,00 a 8,1 ± 0,65 a 4,4 ± 0,61 a Biofábrica II 2,4 ± 0,02 a 38,1 ± 1,23 a 8,9 ± 0,60 a 4,6 ± 0,55 a

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste t de Student (P < 0,05).

Quando foram comparadas as embalagens empregadas para armazenamento, transporte e liberação de C. flavipes foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos. Com relação ao tamanho das massas de pupas do parasitoide, aquelas que foram mantidas em caixas biodegradáveis apresentaram-se, em média, 0,2 cm menores do que as massas mantidas nas demais embalagens. Comparando-se o número de

fêmeas emergidas por massa de pupas observou-se uma redução de cerca de 14% indivíduos nas caixas biodegradáveis. O número de machos emergidos também foi menor quando os insetos foram acondicionados em caixas biodegradáveis comparado aos copos biodegradáveis. Por outro lado, o número de pupas inviáveis foi maior quando acondicionados em caixas biodegradáveis, com 12,4% de pupas inviáveis. No entanto, tanto o número de machos quanto o número de pupas inviáveis para os indivíduos acondicionados nas caixas biodegradáveis foram semelhantes ao obtido com o copo plástico não biodegradável, que é a embalagem mais utilizada atualmente para acondicionar, transportar e liberar os parasitoides (Tabela 3).

Tabela 3. Tamanho da massa de pupas, número de fêmeas, número de

machos e pupas inviáveis por massa de pupa de Cotesia flavipes, após o transporte dos indivíduos em diferentes embalagens.

Tamanho da massa

(cm)

Número de

fêmeas Número de machos inviáveis Pupas Copo plástico 2,4 ± 0,03 a 38,9 ± 1,39 a 8,9 ± 0,74 ab 3,9 ± 0,78 ab Copo

biodegradável 2,4 ± 0,03 a 39,7 ± 1,35 a 9,9 ± 0,67 a 3,6 ± 0,53 b Caixa

biodegradável 2,2 ± 0,03 b 33,6 ± 0,99 b 6,8 ± 0,73 b 5,9 ± 0,68 a

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Quando foram comparados os meios transportes, não houve diferença no tamanho das massas, número de fêmeas emergidas e número de pupas inviáveis. No entanto, o número de machos emergidos foi menor quando o transporte utilizado foi ônibus, transportadora e correio. O lote de insetos transportados pelo correio apresentou quase metade de indivíduos machos, quando comparado com o transporte por carro (Tabela 4).

Tabela 4. Tamanho da massa de pupas, número de fêmeas, número de

machos e pupas inviáveis por massa de pupa de Cotesia flavipes, após o transporte dos indivíduos por diferentes meios.

Tamanho da

massa (cm) Número de fêmeas Número de machos inviáveis Pupas Ônibus 2,3 ± 0,03 a1 34,6 ± 1,29 a 8,9 ± 0,97 ab 4,6 ± 0,96 a Carro com ar 2,3 ± 0,03 a 37,0 ± 2,00 a 11,2 ± 0,94 a 4,0 ± 0,96 a Carro sem ar 2,3 ± 0,03 a 37,1 ± 1,42 a 10,3 ± 0,64 a 4,1 ± 0,77 a Transportadora 2,4 ± 0,04 a 41,3 ± 1,60 a 6,5 ± 0,84 b 3,2 ± 0,66 a Correio 2,4 ± 0,03 a 37,0 ± 2,12 a 5,8 ± 0,57 b 6,4 ± 1,03 a

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Comparando-se a sobrevivência dos adultos de C. flavipes nas três embalagens após o transporte, observando-se que tanto machos, quanto fêmeas, sobreviveram por um período maior quando foram acondicionados nos copos plásticos não biodegradáveis, podendo sobreviver até 60 horas após a emergência. Depois de 20 horas da emergência, a porcentagem de indivíduos machos acondicionados em caixas e copos biodegradáveis foi de 20%, enquanto que nos copos plásticos não biodegradáveis foi de 90% no mesmo período. Fêmeas acondicionadas em caixas e copos biodegradáveis apresentaram sobrevivência pouco maior que 50% após 20 horas da emergência, enquanto que os copos plásticos proporcionaram quase o dobro do tempo para que as fêmeas pudessem atingir a mesma porcentagem de mortalidade (Figura 17).

Figura 17. Sobrevivência de machos e fêmeas de Cotesia flavipes

transportados em diferentes embalagens.

Quando se compara a sobrevivência dos insetos das duas biofábricas após o transporte, verifica-se a não ocorrência de diferença na porcentagem de sobrevivência de machos. No entanto, as fêmeas da biofábrica II apresentaram maior sobrevivência após o transporte. Contudo, após dez horas de emergência, tanto machos quanto fêmeas de ambas biofábricas, apresentaram queda na porcentagem de sobreviventes. Os machos das biofábricas I e II, após 20 horas de emergência, apresentaram 50% de mortalidade. Fêmeas da biofábrica I, após 40 horas da emergência, apresentaram porcentagem de sobrevivência inferior a 10%. Entretanto, a sobrevivência no mesmo período para as fêmeas da biofábrica II foi de 30% (Figura 18).

Figura 18. Sobrevivência de machos e fêmeas de Cotesia flavipes criados em

diferentes biofábricas após o transporte.

Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Copos plásticos Copos biodegradáveis Caixas biodegradáveis Machos Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Copos plásticos Copos biodegradáveis Caixas biodegradáveis Fêmeas Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Biofábrica I Biofábrica II Machos Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Biofábrica I Biofábrica II Fêmeas

A sobrevivência do parasitoide, após o transporte por diferentes meios, mostrou que fêmeas transportadas em carro com ar condicionado apresentaram queda na sobrevivência depois de 10 a 20 horas da emergência. Após 30 horas da emergência dos machos, aqueles que foram transportados em carro com ar condicionado apresentaram 20% de sobrevivência, enquanto que, no mesmo período, aqueles veiculados pelos correios mostravam 40% de indivíduos sobreviventes (Figura 19).

Figura 19. Sobrevivência de machos e fêmeas de Cotesia flavipes

transportados por diferentes meios.

Os descendentes dos indivíduos das duas biofábricas apresentaram características biológicas semelhantes em relação ao tamanho da massa de pupas, número de fêmeas, número de machos e pupas inviáveis (Tabela 5).

Tabela 5. Produção de descendentes de Cotesia flavipes de duas biofábricas

após o transporte.

Tamanho da

massa (cm) fêmeas/massNúmero de a Número de machos/mas sa Pupas inviáveis/massa Biofábrica I 2,3 ± 0,03 a1 25,8 ± 1,99 a 5,6 ± 0,70 a 10,5 ± 0,94 a Biofábrica II 2,4 ± 0,03 a 24,3 ± 1,52 a 5,3 ± 0,54 a 13,3 ± 1,59 a

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste t de Student (P < 0,05). Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 20 40 60 80 100 CORREIO ÔNIBUS CARRO SEM AR CARRO COM AR TRANSPORTADORA Machos Horas 0 10 20 30 40 50 60 70 Sobrevivência (%) 0 20 40 60 80 100 CORREIO ÔNIBUS CARRO SEM AR CARRO COM AR TRANSPORTADORA Fêmeas

As embalagens utilizadas para acondicionamento e transporte dos parasitoides influenciaram as características biológicas dos descendentes de C. flavipes. Os tamanhos das massas de pupas foram 0,2 e 0,3 cm menores quando os indivíduos da geração parental foram transportados em caixas biodegradáveis, comparado aos oriundos dos copos plásticos não biodegradáveis e dos copos biodegradáveis. Os descendentes dos indivíduos transportados em copos plásticos ou caixas biodegradáveis apresentaram cerca de 10 fêmeas a mais por massa de pupas, sendo, também, o número de descentes machos menor após o transporte dos parentais em copos biodegradáveis. Além disso, o número de pupas inviáveis foi cerca de 50% menor para os descendentes dos indivíduos transportados em caixas biodegradáveis (Tabela 6).

Tabela 6. Produção de descendentes de Cotesia flavipes após o transporte dos

indivíduos em diferentes embalagens. Tamanho da

massa (cm) fêmeas/massNúmero de a Número de machos/mass a Pupas inviáveis/mas sa Copo plástico 2,4 ± 0,04 a1 28,6 ± 1,49 a 4,1 ± 0,36 b 14,7 ± 2,19 a Copo biodegradável 2,5 ± 0,04 a 18,2 ± 1,22 b 3,6 ± 0,30 b 13,4 ± 1,30 a Caixa biodegradável 2,2 ± 0,04 b 28,3 ± 1,95 a 8,5 ± 1,07 a 7,6 ± 0,87 b

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Os meios de transporte utilizados para o envio dos parasitoides influenciaram a produção de descendentes fêmeas e machos. Os indivíduos enviados por transportadora foram os que produziram maior número de descendentes. As demais características biológicas avaliadas foram semelhantes (Tabela 7).

Tabela 7. Produção de descendentes do parasitoide Cotesia flavipes após o

transporte dos indivíduos em diferentes meios. Tamanho da

massa (cm) fêmeas/massNúmero de a Número de machos/mass a Pupas inviáveis/mass a Ônibus 2,3 ± 0,04 a1 23,3 ± 2,15 b 4,3 ± 0,74 b 11,0 ± 1,15 a Carro com ar 2,3 ± 0,06 a 21,2 ± 2,48 b 4,0 ± 0,46 b 15,6 ± 3,27 a Carro sem ar 2,4 ± 0,04 a 24,9 ± 2,29 b 5,7 ± 0,85 b 12,3 ± 1,72 a Transportadora 2,4 ± 0,06 a 36,2 ± 3,62 a 9,6 ± 1,57 a 11,6 ± 2,24 a Correio 2,3 ± 0,06 a 19,5 ± 1,91 b 3,7 ± 0,37 b 9,0 ± 1,24 a

1Médias ± erro padrão seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (P < 0,05).

4.6. Custo de produção de Cotesia flavipes nas embalagens

Para o planejamento quantitativo da criação de C. flavipes foi considerado que uma fêmea adulta coloca em média 70 ovos quando realiza o parasitismo no hospedeiro, resultando em uma massa de pupas em cada hospedeiro, o que irá resultar em média 50 parasitoides adultos na próxima geração por hospedeiro parasitado. Do número total de indivíduos criados, 5% dos indivíduos de D. saccharalis e 3% de C. flavipes retornam para a criação visando manter a produção de hospedeiros e também dos parasitoides. Como a criação foi conduzida em condições controladas foi possível obter oito ciclos (gerações) por ano da praga.

O custo das embalagens utilizadas para o acondicionamento dos parasitoides foi de R$ 0,05 para cada o copo plástico não biodegradável, que foram adquiridos em loja de Jaboticabal, SP (Petty Embalagens), que comercializa rotineiramente esse tipo de material; R$ 0,16 para cada copo biodegradável, que foram adquiridos na Gráfica Real, São Paulo, SP; R$ 0,10 para cada caixa biodegradável, que foi adquirida na Gráfica Santa Teresinha, Jaboticabal, SP, de acordo com o protótipo desenvolvido nesta pesquisa.

O custo de C. flavipes foi influenciado pelas embalagens utilizadas para o acondicionamento, transporte e liberação dos indivíduos. Como por mês foram utilizadas 12.043 embalagens, o custo dos copos biodegradáveis foi mais que o dobro (R$ 1.926,88) em comparação aos copos plásticos (R$ 602,15) e o custo das caixas biodegradáveis foi intermediário (R$ 1.204,30). Assim, o custo das embalagens influenciou o custo final de cada massa do

parasitoide que foi de R$ 0,0698 quando os insetos foram produzidos em copos plásticos não biodegradáveis, R$ 0,0730 em copos biodegradáveis e R$ 0,0712 quando produzidos em caixas biodegradáveis (Tabela 8).

Tabela 8. Custo operacional efetivo, custo operacional total e custo final de

massas de pupas de Cotesia flavipes utilizando diferentes embalagens para comercialização.

Embalagens

Descrição Copo

plástico biodegradável Copo biodegradável Caixa

Mão-de-obra (R$/mês) 12.633,98 12.633,98 12.633,98

Dieta (R$/mês) 2.549,91 2.549,91 2.549,91

Custo das embalagens (R$/mês) 602,15 1.926,88 1.204,30

Custos gerais (R$/mês) 11.217,49 11.217,49 11.217,49

Custo operacional efetivo (R$/mês) 27.003,53 28.328,26 27.605,68

Depreciação de materiais específicos

(R$/mês) 2.411,10 2.411,10 2.411,10

COT* 29.414,63 30.739,36 30.016,78

Produção (massas de pupas/mês) 421.290 421.290 421.290

COT/massa de pupas 0,0698 0,0730 0,0712

*Custo operacional total (COT) considerando-se somente a depreciação dos materiais específicos.

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