• Nenhum resultado encontrado

US EPA EUA 2004 (uso restrito)

4.12. Avaliação de riscos na conservação de água

Os estudos realizados sobre a avaliação de riscos ainda estão em desenvolvimento mas é certo que os seus resultados servirão de instrumento de apoio na construção de normas mais fiáveis para aplicação na reutilização de águas tratadas. Uma das questões relaciona- se com o nível de exigência do tratamento que é necessário atingir de forma a obter uma qualidade da água compatível com o tipo de utilização a que se destina, assegurando a saúde do utilizador e do ambiente. Quanto maior for o conhecimento sobre o grau de risco que afecta a saúde pública maior será a aceitação por parte dos eventuais utilizadores aquando da aposta e fiabilidade em sistemas de conservação de água. Entende-se que é, pelo menos, a partir de estudos de análises de risco que será possível definir correctamente padrões de qualidade e normas mais assertivas e adequadas à prática da reutilização de água.

De acordo com Mancuso e Santos (2003) é necessário equilibrar as relações risco/beneficio e custo/eficácia das tecnologias de tratamento tendo em conta que quanto mais nobre a utilização da água maior é o custo do investimento.

Estudos de Birks e Hills (2007) mostraram que organismos indicadores de água potável (coliformes totais, Escherichia coli e enterococos fecais) podem ser encontrados em águas cinzas não tratadas, contudo altos níveis destes indicadores não significam a presença de microrganismos patogénicos e por isso não devem ser utilizados como indicadores patogénicos.

As águas residuais, mesmo tratadas, contêm compostos químicos e microrganismos patogénicos, sendo que, a concentração

destes é tanto mais reduzida quanto mais elevado o nível de tratamento. Este tipo de efluente, em termos de poluentes apresenta elevadas concentrações quando associado respectivamente a águas residuais industriais e domésticas, com contribuição de águas do vaso sanitário, o que acontece ao nível das ETAR. Contudo na maioria das aplicações de reutilização, em ETAR, os riscos sanitários e ambientais decorrentes da presença desses constituintes são considerados praticamente inexistentes, porque são controlados e verificados adequadamente (MONTE E ALBUQUERQUE, 2010).

Os organismos patogénicos consistem num item importante a ser considerado na purificação da água, pois estão relacionados ao factor higiénico e associados às doenças de veiculação hídrica. Os patogénicos presentes nas águas residuais classificam-se nos grupos de bactérias, protozoários, helmintos e vírus. A maioria destes agentes, as bactérias do grupo coliforme, advém do material fecal. São identificadas na medição e controlo e utilizadas como indicadoras do grau de contaminação. Ao nível doméstico a melhor forma de remover a contaminação por patogênicos é por meio da aplicação do tratamento terciário (desinfecção) (TELLES, 2007). A desinfecção do efluente permite reduzir o número de microrganismos de origem fecal até níveis de segurança do ponto de vista do contacto humano com essas águas.

O desenvolvimento tecnológico registado no campo do tratamento de água, nomeadamente no que respeita aos chamados processos de membranas e aos processos de oxidação catalítica, possibilita o tratamento de águas residuais de modo a reduzir o teor de microrganismos e de poluentes químicos com eficiências muito elevadas, se necessário até ao nível susceptível de cumprir todos os requisitos de qualidade de água para consumo humano. A viabilidade de transformar águas residuais em água mais pura que muitas águas naturais captadas para usos vários constitui um elevado factor de segurança no contexto da reutilização da água. (MONTE E ALBUQUERQUE, 2010)

De acordo com Monte e Albuquerque (2010) a avaliação de riscos compreende a caracterização dos efeitos expectáveis na saúde; a estimativa da probabilidade de ocorrência desses efeitos, que está relacionada com o tipo e intensidade de exposição ao factor de risco; o número de casos afectados por tais efeitos; e a proposta de concentração aceitável do constituinte que induz o risco do perigo acontecer.

No caso especifico deste trabalho, ao nível doméstico apesar da água a ser reutilizada não apresentar a contribuição de águas negras, estas não estão livres da presença de microrganismos patogénicos, o que

acontece é existirem em menor concentração uma vez que a contaminação directa com excretas humanas é improvável.

Quanto ao aproveitamento de água pluvial a contaminação por microrganismos patogénicos não pode ser descuidada uma vez que as zonas de captação podem estar contaminadas por exemplo por excretas de animais.

Consoante o tipo de utilização das águas cinzas e pluviais tratadas, ao nível doméstico, podem definir-se vias de exposição, a que está sujeito o ser humano, como as situações de formação de aerossóis durante a lavagem de veículos, na rega por aspersão, na descarga do vaso sanitário ou situações de contacto directo por salpicos ou por utilização de espaços e materiais utilizados com água reutilizada, ou até ingestão alimentos e animais aos quais foram fornecidas águas reutilizadas.

Ao nível da engenharia, o que se pretende é que o tratamento complementar seja o mais simples e económico, tendo em conta que o previsto é a utilização de água reutilizada para fins não potáveis, não se exigindo o mesmo grau de qualidade de uma água potável.

Como citado em Magri et al. (2008), “vários trabalhos vêm sendo realizados na avaliação do risco microbiológico das águas de reúso, principalmente as águas cinzas. No trabalho de COHIM e KIPERSTOK (2006) foi descrita e aplicada a metodologia Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico - AQRM, onde o risco depende da frequência de exposição do usuário da água de reúso e da dose. Entre os usos avaliados, a descarga de vaso sanitário foi o que apresentou maior risco, comparado com lavagem de roupas, sendo que se refere à contaminação por vírus, e não por organismos do tipo coliformes.”

Deste modo fica a questão em aberto sobre em que usos, e até que nível é realmente necessário o tratamento de desinfecção.

4.13. Participação pública e aceitabilidade da conservação de