Avaliação: desafios e possibilidades ao aspecto educacional da EAD

O aspecto legal da avaliação esteve ressaltado pelas monografias estudadas: Leis de Diretrizes e Bases Nacionais 9.394, de 20 de Dezembro de 1996 (BRASIL, 1996); Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997); Portaria 2.253, de 18 de Outubro de 2001 (BRASIL 2001); Decreto 5.622, 19 de Dezembro de 2005 (BRASIL, 2005); Referenciais de Qualidade para o Ensino a Distância (BRASIL, 2007); NCTM (BRASIL, 1991) (forma específica para a avaliação da matemática).

Mesmo apresentada como obrigação legal, a avaliação foi apresentada como elemento natural de um processo de ensino. Todavia, inúmeros desafios nesta área foram apontados para a EAD.

As monografias foram unânimes em apontar a problemática avaliativa no ensino a distância a partir das expressões: grande desafio, complexa, tema polêmico, problema, cheio de entraves; provoca inquietações, assumindo múltiplas dimensões, o ponto frágil do trabalho docente; um agravante dos programas de EAD, difícil, e cercada de uma série deconflitos. Abaixo temos o quadro, síntese destes resultados:

MONOGRAFIAS EXPRESSÕES DAS MONOGRAFIAS 1 3 9 10 15 16 17 21 23 28 33 36 39 41 43 Grande desafio x x x x x x x x Complexa x x x x Tema polêmico x x x x x x x Problema x x Cheio de entraves x x Provoca inquietações x Assumindo múltiplas dimensões x O ponto frágil do trabalho

docente

x Um agravante dos programas

de EAD

x

Difícil x x x

Conflituosa x

Tabela n° 15 - Expressões das dificuldades da prática avaliativa na EAD

Observamos que os temas desafio e complexidade aparecem bastante enfáticos nas monografias estudadas. A temática “complexa” apontou a avaliação à distância como processo mais difícil de ser realizado do que a avaliação presencial. Por exemplo, “avaliação a distância e que possibilitem avaliações mais dinâmicas e interativas é um desafio, mesmo com o avanço da modalidade a distância no sistema educacional” (mon. 23, p. 8) (grifo nosso). A ampliação da complexidade avaliativa na EAD também é tratada por Moran (2006) e Semerene (2006), os quais revelam as constantes mudanças que a avaliação enfrenta nesta modalidade de ensino, diante dos recursos tecnológicos.

As dificuldades citadas para se avaliar o aluno num ambiente virtual foram caracterizadas através: da falta de credibilidade, de certificação e de legitimação da autoria avaliativa; da resistência dos professores ao uso das ferramentas para avaliar os alunos; da dificuldade da escolha dos instrumentos, considerando os critérios avaliativos; do cumprimento dos prazos das atividades; da falta de autodisciplina dos alunos; da ausência de conscientização dos professores e alunos quanto à importância do ensino; da falta de clareza dos objetivos na aprendizagem; da abordagem comunicativa diante das novas TICs. Sumarizamos a seguir a freqüência destes temas por monografia estudada:

MON. DIFICULDADES CITADAS SOBRE AVALIAÇÃO NA EAD

1 9 23 28 33

Credibilidade, certificação e legitimação da autoria avaliativa x x x Resistência dos professores ao uso das ferramentas para avaliar os alunos x Dificuldade da escolha dos instrumentos, diante dos critérios avaliativos x

Cumprimento dos prazos das atividades x x

Falta de autodisciplina dos alunos x

Ausência de conscientização dos professores e alunos quanto à importância

do ensino x

Falta de clareza dos objetivos na aprendizagem x

Abordagem comunicativa diante das novas TICs x

Tabela n° 16 - Dificuldades citadas sobre a prática avaliativa

Observamos na tabela certa preocupação com a credibilidade da autoria avaliativa, em certificar se as colocações foram, de fato, do estudante. Isto parece revelar que, embora exista confiança nos processos de ensino através das TICs, o mesmo não ocorre com a avaliação deste processo.

Segundo Padilha (2006), se o educador oferece um questionamento claro e uma orientação detalhada para que o educando possa mostrar o que aprendeu, é possível verificar a construção de seu conhecimento, mesmo à distância. Na mesma linha, Palloff e Pratt (2002, p. 180) indicaram a importância de se propor critérios avaliativos aos alunos, para que estes saibam o que e como será avaliado. Tais aspectos podem evitar a falta da credibilidade, certificação e legitimação da autoria avaliativa.

A problemática da familiaridade com as tecnologias, apresentada como resistência dos professores e dificuldade da escolha dos instrumentos da avaliação, considerando os critérios avaliativos, está em consonância com Cavalcante e Abranches (2006). Estes citaram tais dificuldades enfrentadas ao se formar o quadro de professores do Curso de Pós-Graduação

Lato Sensu em Tutoria a Distância, visto que tais professores não eram íntimos às TICs. Tal

problemática também aparece nos trabalhos dos professores em formação e direcionados aos alunos, inclusive, a monografia 18 apontou a estatística de 17,8% de alunos que cursavam a EAD e não sabiam acessar a Internet. Portanto, tais dificuldades se aplicam aos professores e alunos, conforme considerou a monografia 33.

As monografias também consideraram pontos exitosos, como se vê: “Pois o tutor [...] saberá como avaliar cada aluno virtual, tendo inúmeras possibilidades de aprendizagem” (mon. 33, p. 17). Logo, vislumbraram ao mesmo tempo dificuldades e oportunidades no processo de avaliação com o uso das TICs. Neste sentido, observamos desafios coerentes com a postura de Perrenoud (apud FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES, 1995) que consideram a

avaliação como “fonte de stress e preocupação”, mas igualmente rica em oportunidades para o processo educativo e possível de ser concretizada na EAD. Para isso, indicaram-se atividades interativas propulsoras de autonomia no processo de ensino e de aprendizagem, como vislumbrou Mercado (2006). Neste contexto, as monografias citaram as seguintes ações mediadas pelas tecnologias: discutir, tirar dúvida, socializar, comunicar, favorecer o feedback (mon. 9).

As monografias analisadas atribuíram à avaliação na EAD a possibilidade de: verificar a aprendizagem; propiciar autonomia do aluno e professor; reforçar a autoconfiança; propor interação; permitir atividades cooperativas e colaborativas; desenvolver a organização, motivação, responsabilidade, disciplina, velocidade ao retorno e flexibilidade. Apresentamos, abaixo, as expressões exitosas sobre avaliação, relacionando as monografias que as citaram:

Mesmo apontando a avaliação como algo não resolvido na EAD, os dados da tabela mostram que muitas monografias indicam que ela é capaz de verificar a aprendizagem dos alunos, de desenvolver a autonomia e promover a interação entre os participantes. Inferimos que podemos estar diante do início de uma nova forma de avaliar, a partir destes pontos positivos.

4.6.2 Avaliação: parte integrante do Projeto Político Pedagógico da instituição de ensino