• Nenhum resultado encontrado

Quando uma criança apresenta os sintomas de PHDA, que lhe impedem de obter um sucesso académico desejável, de manter relacionamentos interpessoais, e que chegam mesmo a afetar gravemente o seu desenvolvimento e funcionamento, surge então a necessidade de a mesma ser avaliada por especialistas com o intuito de compreender a razão dos seus comportamentos.

O diagnóstico da PHDA requer uma avaliação bastante complexa, que envolve uma equipa multidisciplinar de vários profissionais (psicólogo educacional, pedopsiquiatra, pediatra, neurologista, professores), que trabalham em estreita colaboração com os pais da criança. De acordo com Parker (2003: 15), embora não exista qualquer exame físico, ou um único teste, que por si só seja capaz de realizar um diagnóstico fiável que confirme a PHDA, existem diversos procedimentos de avaliação que em conjunto podem facultar informação útil na elaboração do mesmo. A formulação e confirmação do diagnóstico geralmente é feita com base na informação recolhida junto dos pais, das crianças, dos professores e outros intervenientes no processo educativo, através de entrevistas e do preenchimento de questionários padrão concebidos para ajudar a diagnosticar a perturbação. Trata-se, portanto, de um diagnóstico clínico baseado em critérios comportamentais que estão sujeitos a subjetividade na avaliação.

Assim sendo, o diagnóstico inclui uma série de etapas. Primeiramente, é necessário realizar uma avaliação cuidada e detalhada da história clínica, recorrendo essencialmente a uma ficha de anamnese, aos antecedentes pessoais e familiares, e à avaliação neurodesenvolvimental (ex. psicomotricidade, visão e audição). A par desta avaliação deve ser igualmente realizada uma avaliação comportamental, através da observação direta na consulta, e das informações de pais e professores percebendo o modo como a criança aprende e se comporta em casa e na escola. Recorre-se, assim, à descrição dos comportamentos das crianças em escalas de avaliação comportamental (ex. a escala de avaliação de Conners, escala de avaliação de PHDA-IV), avalia-se o seu desempenho em testes específicos (ex. psicométricos), psicológicos, educacionais e outros procedimentos não

rotineiros (ex. análises especiais, ressonância magnética, eletroencefalograma, tomografia). É imprescindível que o especialista observe atentamente a criança para despistar a existência de outras perturbações que possam estar a interferir na aprendizagem e/ou no comportamento.

Estes aspetos podem conduzir a um diagnóstico completo e correto, sendo este o primeiro passo para a conceção de um plano de tratamento adequado e eficaz, que inclua estratégias apropriadas de apoio à criança. Importa salientar que o diagnóstico precoce permite que tanto os pais como os professores possam intervir mais cedo no tratamento da perturbação. Segundo Nielsen (1999: 59) a PHDA “é um problema que requer um diagnóstico e um tratamento adequados, a fim de evitar sérias complicações a longo prazo”.

Todavia, apesar de toda a importância mencionada, de acordo com Lopes (2003: 152) na prática e no caso específico do nosso país, atualmente não tem sido possível cumprir e preencher todos estes requisitos. Neste sentido, gostaríamos apenas de realçar que em nosso entender, a falta de rigor e de trabalho em equipa foi patente no nosso caso em estudo, como teremos oportunidade de ver mais à frente.

Para ajudar na elaboração de um diagnóstico mais preciso, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) estabeleceu critérios de diagnóstico que estão bem definidos no DSM-IV-TR (2002: 92 e 93). Essa lista contém 18 sintomas, dos quais 9 referem-se à desatenção, 6 à hiperatividade e 3 à impulsividade. O quadro que se segue apresenta os critérios de diagnóstico para a PHDA.

A. (1) ou (2):

Falta de atenção

(1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de falta de atenção devem persistir pelo menos durante seis meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente em relação com o nível de desenvolvimento:

a) com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades;

b) com frequência apresenta dificuldades em manter a atenção em tarefas ou atividades;

c) com frequência parece não ouvir quando se lhe fala diretamente;

d) com frequência não segue instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamentos de oposição ou por incompreensão das instruções);

e) com frequência tem dificuldades em organizar tarefas ou atividades

f) com frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeiram esforço mental mantido (tal como trabalhos escolares ou de índole administrativa);

g) com frequência perde objetos necessários a tarefas ou atividades (por exemplo: brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas);

h) com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes; i) esquece-se com frequência das atividades quotidianas.

Hiperatividade

(2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade-impulsividade devem persistir pelo menos durante seis meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente em relação com o nível de desenvolvimento:

a) com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado;

b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja sentado;

c) com frequência, corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentimentos subjetivos de impaciência)

d) com frequência tem dificuldades em jogar ou dedicar-se tranquilamente em atividades de lazer;

e) com frequência “anda” ou só atua como se estivesse “ligado a um motor”; f) com frequência fala em excesso.

Impulsividade

g) precipita as respostas antes que as perguntas tenham terminado h) tem dificuldade em esperar pela sua vez

i) interrompe ou interfere nas atividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos)

B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou de falta de atenção que

causam défices surgem antes dos 7 anos de idade.

C. Alguns défices provocados pelos sintomas estão presentes em dois ou mais