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Gavalas et al. (83) através de medidas realizadas com dosímetros termoluminescentes, TLD, inseridos em simulador antropomórfico realizaram comparações entre dose efetiva derivada de protocolos de radiografia panorâmica em equipamentos com receptor de imagem digital e equipamentos com receptor de imagem filme radiográfico. Para os equipamentos que utilizam filme radiográfico, os valores de dose efetiva encontram-se no intervalo 17-26 µSv e, para os equipamentos digitais, as doses efetivas encontram-se no intervalo 23-38 µSv. O maior valor ocorre quando são consideradas as glândulas salivares, ESAL(39), e o menor valor quando as glândulas salivares são desconsideradas, ICRP 60 (38). Os autores propõem reduzir as doses efetivas apenas manipulando os parâmetros da técnica radiográfica para os equipamentos de receptor digital. Obtiveram significante redução na dose efetiva EICRP60=8 µSv e ESAL=12 µSv (83).

Nossos resultados, já incluindo os fatores de ponderação da ICRP 103 (39), que explicita e atribui um fator de ponderação para as glândulas salivares, mostram os seguintes cenários de doses efetivas para o adulto típico: (1) equipamentos que utilizam receptor de imagem com CCD doses efetivas no intervalo de 4,21 a 12,50 µSv, utilizando o coeficiente de conversão E/PKA=0,08 mSv/Gy.cm2 (41), e no intervalo de 5,98 a 17,54 µSv, quando utilizado o coeficiente de conversão dependente da tensão de Looe (42); (2) para equipamento cujo receptor de imagem é o filme radiográfico, doses efetivas contidas no intervalo de 6,16 a 10,61 µSv, quando utilizado o coeficiente de conversão E/PKA=0,08 mSv/Gy.cm2 (41), e no intervalo de 9,39 a 16,27 µSv, quando utilizado o coeficiente de Looe (42). Estes resultados estão em consonância com outros autores (5,9,11).

Quando as imagens panorâmicas são adquiridas usando os equipamentos TCFC i- CAT, os valores de dose efetiva são da ordem de 80,5 µSv para o protocolo de FOV=13 cm

que é o tamanho do campo de visão para obtenção da imagem panorâmica para o tomógrafo i- CAT Classical e um valor compreendido entre 55 µSv e 65 µSv para os protocolos avaliados no tomógrafo Kodak 9500. Na Tabela 6.1, fazemos um comparativo entre as diferentes opções.

Tabela 6.1 – Comparativo entre as técnicas de imagem. Para os tomógrafos de feixe cônico, os protocolos apresentados referem-se aos recomedados pelo fabricante para reconstrução e obtenção de imagem panorâmica.

Receptor de imagem/

FOV

RX panorâmico i-CAT Kodak 9500 FOV M Kodak 9500 FOV M Filme CCD 13 cm 80 kV/10 mA 84 kV/10 mA

Coeficiente Helmrot Looe Helmrot Looe n/a n/a n/a

Dose Efetiva mínima (µSv) 6,16 9,39 4,21 n/a 80,5 55 65 Dose Efetiva máxima (µSv) 10,61 16,27 12,50 n/a

Os valores de dose efetiva apresentados nas Tabelas 5.7 e 5.8 mostram um panorama para radiografia panorâmica e a Tabela 5.11 apresenta os valores de dose efetiva para as aquisições tomográficas que servem como base no planejamento e avaliação posterior em implantes dentários. Neste comparativo, Tabela 6.1, é notável a diferença entre as imagens panorâmica adquiridas com equipamentos destinados para este fim e aquelas obtidas por reconstrução via software.

Ludlow et al. (2008) (54), utilizando TLDs inseridos em simulador antropomórfico, avaliaram o equipamento i-CAT e encontraram valor de dose efetiva, para FOV = 13 cm, da ordem de 69 µSv. Roberts et al. (2009) (84) tambem utilizando TLDs inseridos em fantoma antropomórfico avaliou dose efetiva da ordem de 110,5 µSv para o mesmo protocolo. Nossos valores, Tabela 5.11, obtidos através de medidas com câmara de ionização e dados de simulação de Monte Carlo, são aproximadamente 80,5 µSv, o que mostra uma boa coerência com valores destes dois autores.

Existem poucos dados de dosimetria para as explorações diagnóstica com o tomógrafo Kodak 9500. Em uma publicação recente, Ludlow (2011) (85) avaliou três protocolos de aquisição de imagem que se aproximam dos protocolos avaliados neste estudo. Os valores encontrados nesta avaliação de Ludlow (85), foram 76 µSv (80 kV/8 mA), 98 µSv (85 kV/ 10 mA) e 166 µSv (90 kV/10 mA). Nossos resultados, Tabela 5.11, também apresentam uma boa

concordância com os resultados apresentados por Ludlow (85), e obtidos de forma menos laboriosa e de fácil aplicação na rotina de avaliação de protocolos de exames.

Outro importante aspecto está relacionado à altura do feixe na entrada da fenda receptora, H. Nos equipamentos convencionais, a altura do feixe corresponde à largura do filme radiográfico que é, aproximadamente, 15 cm. Nos equipamentos digitais, com CCD, a altura do feixe é de 10 cm, enquanto os equipamentos i-CAT, que utilizam a-Si, para obtenção da correspondente imagem panorâmica, utiliza a altura de 13 cm. Essas diferenças de H, independente da divergência do feixe e outros aspectos geométricos, conduzem a diferenças no volume irradiado.

Quanto a tecnologia do receptor de imagem, Poppe et al., em 2007, publicou uma avaliação comparativa entre sistemas de imagem panorâmica após transição entre tecnologias. Poope et al. concluíram que a tecnologia digital em radiologia odontológica não conduz automaticamente a redução de doses, sendo necessário otimizar protocolos para alcançar o equilíbrio entre qualidade de imagem com doses baixas. Nossos resultados, Tabelas 5.7; 5.8 e 6.1 conduzem a mesma conclusão de que, a tecnologia digital não significa redução de doses como o senso comum pode indicar.

Em nossos resultados, observou-se que, entre os equipamentos que possuem protocolos pré-estabelecidos pelo fabricante, em apenas um serviço adota parâmetros próprios, baseado na experiência de uso do equipamento e na avaliação da qualidade da imagem. Neste serviço, as doses efetivas são as mais baixas, estando inclusive, abaixo do valor limite recomendado pelo NRPB.

Similarmente a análise realizada para os valores de PKA, nossos resultados para a avaliação de dose efetiva, Tabelas 5.7; 5.8 e 5.11 e Tabela 6.1, são significativamente superiores aos valores de dose efetiva para as aquisições panorâmicas. Novamente, para decisão sobre as técnicas de imagens além dos critérios clínicos devem ser considerados também aspectos de proteção radiológica de redução de doses e otimizaçãodas exposições e pacientes.