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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 Avaliação em Saúde

2.3.2 Avaliação em Saúde Bucal

Autores trazem a avaliação em saúde bucal considerando a condição de saúde bucal do paciente, seja por meio da auto-avaliação (MARTINS, BARRETO e PORDEUS, 2009; MATOS e COSTA, 2006), pelo próprio paciente ou por processos em que a figura do dentista está inserida, considerando distintos grupos populacionais sejam eles idosos (SILVA e VALSECKI, 2000; REIS e MARCELO, 2006), professores (SANTOS, RODRIGUES e GARCIA, 2002), entre outros.

Colussi e Calvo, em 2011 desenvolveram um trabalho com o objetivo de apresentar o modelo desenvolvido para avaliar a qualidade da atenção básica em saúde bucal e testar a sua aplicabilidade em municípios catarinenses de diferentes portes. O modelo de avaliação aqui apresentado baseou-se no modelo de “Avaliação da Gestão da Atenção Básica”, desenvolvido a partir da referida parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde / Santa Catarina e Universidade Federal de Santa Catarina. O que suporta a matriz teórica é a concepção de que a atenção básica deve ser avaliada com base nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, previstos na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde nº8080/90. (BRASIL, 1988; 1990a)

Nesse estudo, participaram 207 municípios, obtendo-se uma taxa de resposta de 70,6%. Os municípios de pequeno porte (menos de 10 mil habitantes) corresponderam a 61% do total dos participantes, que mantiveram a proporcionalidade por porte populacional com relação ao estado. Alguns indicadores avaliados foram: desenvolvimento de hábitos saudáveis, acesso ao flúor, informação em saúde, saúde bucal no controle social, saúde bucal no conselho municipal de saúde, acesso ao dentista, alocação de recurso para a saúde bucal, atividades coletivas em saúde bucal, atuação multiprofissional, educação em saúde bucal, prevenção individual, tratamento conservador, acesso a informação sobre o câncer bucal,

saúde do trabalhador, atendimento preferencial e concentração de procedimentos por tratamento concluído (COLUSSI e CALVO, 2011).

Uma pesquisa metodológica, em 2008, objetivou desenvolver um modelo teórico para a avaliação da Atenção em Saúde Bucal. O critério eleito para o modelo de avaliação da Atenção em Saúde Bucal foi o de efetividade, definindo como a habilidade administrativa do gestor em tomar decisões voltadas à satisfação das necessidades e expectativas individuais quanto ao recebimento da atenção à saúde. O modelo desenvolvido contemplou duas dimensões avaliativas: Gestão da Saúde Bucal, relativa à esfera política e Provimento da Saúde Bucal, relativa à esfera técnica. Em cada dimensão foram dispostas subdimensões com os respectivos indicadores. O modelo foi submetido ao teste de aplicabilidade em 22 municípios catarinenses que compuseram a amostra. Os resultados revelaram deficiências nos sistemas de informação municipais e concluiu-se que o modelo desenvolvido é aplicável independente do porte populacional e das características do sistema municipal de saúde (NICKEL, 2008).

Souza e Roncallli, em 2007, realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a incorporação da saúde bucal no Programa Saúde da Família no Rio Grande do Norte. A base do estudo foi a análise de fatores capazes de interferir no processo de mudança dos modelos assistenciais em saúde bucal. Três dimensões foram avaliadas: o acesso, a organização do trabalho e as estratégias de programação, onde 19 municípios foram incluídos aleatoriamente, por sorteio. Os instrumentos de coleta foram a entrevista estruturada aplicada a gestores e dentistas, a observação estruturada e a pesquisa documental. Foi possível identificar precariedade nas relações de trabalho e dificuldades no referenciamento para média e alta complexidade, na intersetorialidade, no diagnóstico epidemiológico e na avaliação das ações. A maior parte dos municípios apresentou pouco ou nenhum avanço no modelo assistencial em saúde bucal. A conclusão do estudo foi que políticas públicas que contemplam aspectos além dos pertinentes ao setor saúde são decisivas para uma real mudança nos modelos assistenciais. Tanto AMQ - ESF quanto o PMAQ apresentam itens referentes à saúde bucal. A AMQ - ESF, por exemplo, contempla o acompanhamento da saúde bucal de crianças até 5 anos, o selamento dos quatro primeiros molares é realizado em casos com indicação clínica, houve redução do índice cárie, perda e obturação (CPO-D) na população de 12 anos nos últimos 24 meses, 80% das gestantes assistidas pelo pré-natal estão em acompanhamento pela Saúde Bucal (SB), a população de mulheres e homens adultos está em acompanhamento sistemático pela SB, entre outros (BRASIL, 2005a). Enquanto na PMAQ há sete indicadores,

em que quatro estão classificados como de desempenho - média da ação coletiva de escovação dental supervisionada; cobertura de primeira consulta odontológica programática; cobertura de primeira consulta de atendimento odontológico à gestante e razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas; e outros três de monitoramento - média de instalações de próteses dentárias; Média de atendimentos de urgência odontológica por habitante e taxa de incidência de alterações da mucosa oral (BRASIL 2012e).

A atual conjuntura do sistema de saúde no Brasil dá ênfase e fortalece a importância da construção das redes de assistência à saúde. Nela a atenção primária é o centro dessa teia, é a ordenadora do cuidado e tem a Estratégia Saúde da Família como ferramenta para que os objetivos possam ser alcançados. A saúde bucal, inserida posteriormente na ESF tem ganhado notoriedade nos últimos anos. Fica evidente diante da implantação da Política Nacional de Saúde Bucal que, por exemplo, trata do repasse de incentivos financeiros oriundos do MS aos municípios que desenvolvam as ações, bem como a crescente compreensão da saúde bucal como um importante componente da qualidade de vida das pessoas. Os processos supracitados devem ser acompanhados por rotinas avaliativas no sentido de propor sugestões, adequações, expansões, inversões entre outros. Embora os processos avaliativos ainda sejam incipientes, é preciso reforçar e fortalecer a dinâmica das avaliações nas instituições, como um processo rotineiro de aprimoramento, melhorando continuamente os serviços de saúde.