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II- Realização da Prática Profissional

5. Descrição do Estudo de Caso

5.2. Avaliação Inicial

Os resultados da avaliação inicial da T.M. advêm da recolha de informação provenientes da observação direita e indireta, fornecendo deste modo dados essenciais à aplicação das escalas de avaliação, que constituem o protocolo de avaliação do SEMEAR Academia (ECAP; EIA; WHOQOL-BREF), descritas anteriormente no subcapítulo 4.1. Escalas de Avaliação. A avaliação com este procedimento apenas se realiza de 8 em 8 meses, sendo que existe uma monitorização dos resultados num período mínimo de 4 meses.

Resultados da ECAP

A Escala de Avaliação do Comportamento Adaptativo, na versão Portuguesa, permite destacar as áreas fortes do individuo e as suas áreas a desenvolver, sendo este um instrumento de orientação de intervenção terapêutica.

Em primeiro lugar, na Parte I, que corresponde à Independência Social do individuo, contamos com 10 domínios para verificação do nível percentual de adaptação. Segue-se assim a tabela com os resultados da T.M. na primeira parte da ECAP.

Gráfico 1 - Resultados da Avaliação Incial da ECAP - Parte I

Depois de observar a tabela de resultados da Parte I, verifica-se que a T.M revela um bom nível de adaptação no Domínio da Responsabilidade, sendo que é capaz de tomar conta dos seus pertences, é assídua e pontual e cumpre com as suas responsabilidades, sempre que lhe sejam solicitadas.

0 20 40 60 80 100 120 140

Parte I: Escala Comportamento Adaptativo

elevados, revelando que a T.M. a nível pré-profissional, revela um bom desempenho nas tarefas a que lhe são destinadas, uma vez que a T.M. apenas realiza tarefas muito simples, sendo necessário realizar uma análise de tarefas para a sua realização. Contudo já evidencia bons hábitos de trabalho, organização, assiduidade e pontualidade mais uma vez, aceita solitações e motiva-se para o trabalho sem que seja necessário encorajamento constante.

Em relação à atividade económica a T.M. revela dificuldade em reconhecer a noção de quantidade, pelo que o domínio de Números e Tempo terá de ser consolidado, para que após ter a noção de número e de quantidade, possa vir adquirir conhecimentos sobre o manuseamento de quantias monetárias, realizando compras, poupanças e planificação de despesas.

Relativamente ao domínio da Atividade Doméstica, a cotação apresenta um nível reduzido devido à dificuldade apresentada pela T.M. no tratamento e limpeza da sua roupa e do seu espaço, bem como na preparação das suas refeições. Uma vez que a única tarefa doméstica executada pela jovem é colocar a loiça na máquina, sem conseguir programá-la para lavar. O domínio da Autonomia está transversalmente a ser trabalhado, destacando-se as áreas da segurança e a mobilidade, uma vez que as dificuldades inerentes à baixa-visão dificultam a utilização de transportes públicos sem apoio, e a sua deslocação autónoma nas estradas, não reconhecendo ou não estando tão atenta a possíveis perigos. Sendo que esta competência nunca foi alvo de intervenção ao longo da vida da T.M.

Em segundo lugar, na Parte II da Escala de Avaliação do Comportamento Adaptativo, referente aos comportamentos desviantes, a T.M. revela os seguintes resultados.

Tabela 2 - Resultados da Avaliação Inicial ECAP - Parte II

DOMÍNIOS Result Cotação

ideal

11. Total do Domínio Comportamento Social 0 0

12. Total do Domínio Conformidade 0 0

13. Total do Domínio Merecedor de Confiança 0 0

14. Total do Domínio Comportamento Estereotipado e Hiperativo 6 0

15. Total do Domínio Comportamento Sexual 0 0

16. Total do Domínio Comportamento Auta abusivo 0 0

17. Total do Domínio Ajustamento Social 4 0

Verifica-se que os Domínios de Comportamento Estereotipado e Hiperativo e Ajustamento Social necessitam de ser equacionados no perfil da T.M. representando assim um dado orientador da intervenção.

A T.M. apresenta assim os seguintes comportamentos estereotipados e hiperativos: tamborila os dedos continuamente, abana ou mexe consecutivamente uma parte do corpo e fixa objetos, rodando-os de diversas formas, cheirando-os e por vezes colocando-os na boca durante um período significativo.

Relativamente ao ajustamento social, a T.M. revela muita timidez e vergonha nos ambientes sociais, tendo muita dificuldade em falar em público, em ser exposta e a tomar iniciativa perante o grupo.

Resultados da EIA

A Escala de Intensidade de Apoios destina-se a determinar o nível de apoio que o indivíduo necessita para potencializar as suas capacidades, sendo bastante orientador na tomada de decisão da frequência e da metodologia que irá ser realizada na intervenção terapêutica. Desta forma, o processo de avaliação apenas se centrou na secção 1 da Escala, sendo esta secção a que discrimina a intensidade de apoios nas dimensões gerais do individuo.

De seguida serão apresentados os resultados da EIA, pela secção 1 - Escala de Intensidade de Apoios, pelo que o gráfico seguinte corresponde à comparação de resultados brutos com a pontuação máxima de apoio que um individuo poderá ter.

43 66 62 58 35 33 92 91 104 87 94 93 0 20 40 60 80 100 120 Ativid. Vida Diária Ativid. Da Vida Comunitária Ativid, de Aprendizagem Longo da Vida Ativid. Profissional Ativid. Saúde e Segurança Ativid. Sociais

Secção 1: Escala de Intensidade de Apoios

Pont. Bruta Pont. Máx.

deverá estar o mais distante possível da pontuação máxima, uma vez que esta representa a intensidade máxima de apoio. Desta forma, os domínios em que a T.M. necessita de menos apoio, são as Atividades de Saúde e Segurança e Atividades Sociais. No entanto necessita de menos apoio neste momento porque a família assume toda a responsabilidade a este respeito. Estas áreas são aquelas que juntamente concorrem para a análise da segurança e mobilidade e ajustamento social, como identificámos na análise anterior à ECAP.

A T.M. evidencia maior intensidade de apoio nas Atividades de Vida Comunitária e Atividades Diárias, em concordância com a escala anterior, indicam que a sua autonomia na vida diária e na comunidade é prioritária na sua intervenção. Uma vez que a capacidade de mobilidade e autonomia nos transportes é essencial para que o individuo consiga aceder a todos os serviços essenciais à sua vida ativa. Desta forma, as atividades de vida diária e comunitária necessitaram atualmente de maior apoio, quer a nível de tempo, de frequência e de ajuda completa ou parcial na maioria dos itens.

Resultados da WHOQOL-BREF

A Escala da Qualidade de Vida (WHOQOL-BREF) determina assim um perfil de satisfação sobre a vida, que permite guiar a intervenção pelos interesses e pelo aquilo que motiva a pessoa, sendo cada vez mais óbvio para o modelo de intervenção, considerar o bem-estar do individuo como o principal indicador de sucesso na intervenção terapêutica.

Segue-se o gráfico que expressa a satisfação da T.M. nos quatro domínios que avalia a Escala supramencionada. 69 81 94 56 30 40 50 60 70 80 90 100

D1 - Físico D2 - Psicológico D3 - Relações Sociais D4 - Meio Ambiente

WHOQOL-BREF.

Segundo os resultados, a satisfação da T.M recaí maioritariamente para as suas relações sociais, sendo que avalia com pontuações elevadas a sua interação com os outros e os outros consigo, valoriza esta relação e não sente que a sua timidez e algum desajustamento social em alguns casos possam influenciar as suas relações. Contudo, revela que o meio ambiente é aquele domínio que menos a deixa satisfeita na sua vida, pelo receio do desconhecido, pela dificuldade em controlar as variáveis que ocorrem no seu meio, e pela falta de autonomia e independência na sua vida.

Resumo da Avaliação

Após a análise e crítica dos resultados de avaliação verifica-se a complementaridade entre as escalas, facilitando a realização de objetivos prioritários para a intervenção do individuo. De acordo com os respetivos objetivos provenientes das três escalas traça-se um Plano de Desenvolvimento Individual. Este plano surge assim como guia de intervenção para o Técnico de Reabilitação Psicomotora, uma vez que neste plano regista-se todos os domínios passíveis de intervenção, uma vez que esta avaliação mais exaustiva só ocorre com um intervalo de 12 meses.

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