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APÊNDICE V Registo de observação da Filmagem, para a cadeia cinética, do aluno

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Enquadramento e Debate da Pertinência do Problema

4.1.1. Educação

4.1.6.3. Avaliação na Educação Física

Na revisão bibliográfica efetuada verificámos que existe uma grande ausência de publicações específicas da avaliação em Educação Física. Contudo iremos fazer uma breve abordagem à mesma, de modo a melhor a compreendê-la e integrá-la no processo pedagógico.

Tendo em consideração os objetivos da Educação Física, avaliar é a forma de se saber se o aluno aprendeu a conhecer o seu próprio corpo e a valorizar a atividade física como fator de qualidade de vida. Tal como em outras áreas para se avaliar é preciso definir os objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado e os critérios para observar a evolução da aprendizagem.

Os parâmetros curriculares nacionais indicam três focos principais de avaliação na Educação Física: a realização das práticas, a valorização da cultura corporal de movimento e a relação da Educação Física com a saúde e a qualidade de vida.

No que se refere à realização das práticas é necessário ter em conta se o estudante respeita o companheiro, como lida com as próprias limitações (e as dos colegas) e como participa dentro do grupo. Depois vem o saber fazer, o desempenho propriamente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização das mesmas; o professor deve portanto estar atento para a realização correta de uma atividade mas também para a forma como o aluno e o grupo constituem equipas, montam um projeto e agem cooperativamente durante a aula. Já no que se refere à valorização da cultura corporal de movimento, considera-se importante avaliar não só se o aluno gosta e participa em jogos desportivos, mas também o seu interesse e a sua participação em danças e outras formas de atividade física, que compõem a nossa cultura dentro e fora da escola.

Na relação da Educação Física com a saúde e a qualidade de vida, tem de se verificar como os alunos relacionam os elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito mais amplo de qualidade de vida.

Através da pesquisa efetuada e da nossa experiência verificamos que existe uma grande dificuldade em criar um sistema de avaliação em Educação Física. Isto acontece porque embora teoricamente “igual” às demais disciplinas, talvez por confronto com o que se fazia

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antigamente, há uma preocupação que vai para além do transmitir conhecimento e porque o jogo é em si mesmo uma avaliação que entra em conflito com outras avaliações estereotipadas, muitas das vezes as avaliações são postas em causa.

Sabemos que não existe uma resposta única, tem de se continuar a procurar o caminho que dê as melhores e mais adequadas respostas a cada situação; este facto pode ser uma vantagem se pensarmos que é possível criar sistemas adaptados a cada aluno e a cada situação.

Passamos agora a abordar algumas conceções em Educação Física, que melhor nos ajudaram a contextualizar a problemática da avaliação, para isso iremos focar-nos nas quatro abordagens estudadas por Darido (1999), a construtivista-interacionista (João Batista Freire), a desenvolvimentista (Go Tani), sistémica (Mauro Betti) e a crítico- superadora (Taffarel, C. et. al.).

No que se refere à abordagem construtivista-interacionista, desenvolvida por João Batista Freire, buscou nos estudos de Jean Piaget e na teoria construtivista, a fundamentação necessária para considerar que cabe ao professor de Educação Física a construção do conhecimento sistematizado, através das práticas corporais. Este modelo encaixa-se no modelo subjetivista (Franco, 1995), visto que centra a sua atenção preponderantemente no indivíduo, na sua subjetividade e na enorme aversão a qualquer tipo de mensuração durante o processo avaliativo.

Quanto à abordagem desenvolvimentista, de Tani (1988), esta baseia-se nos processos da aprendizagem motora, através da taxionomia desenvolvida por Gallahue e aperfeiçoada pelo autor da abordagem; o professor é responsável por proporcionar aos alunos experiências motoras que favoreçam a aquisição de habilidades, mas não é referida a temática da avaliação.

A abordagem sistémica, divulgada e defendida por Betti (1991), considera os princípios da não exclusão, da cooperação, da honestidade e da diversidade. Em nenhum momento de sua obra, porém, o autor trata da questão da avaliação.

A abordagem crítico-superadora de Taffarel et al. (1993) têm por base a pedagogia crítico- social dos conteúdos de Dermeval Savianni e José C. Libâneo. Estes autores apresentam a

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preocupação de que a avaliação não tenha apenas uma dimensão técnica, mas que "sirva de

referência para análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projecto pedagógico da escola" (p.103). Assim entendem que a avaliação é fundamental e central dentro do processo pedagógico.

Luckesi (1996), também apresenta algumas ideias interessantes sobre a avaliação, e define- a "como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em

vista uma tomada de decisão" (p.33).

Segundo Palafox e Terra (1998), “a actividade avaliativa do desempenho escolar se limitou, durante muito tempo, a verificar se o aluno aprendeu ou não o que foi passado para ele, por meio de julgamentos de valor, fundamentados em padrões ou parâmetros pré-estabelecidos” (p.2).

Se analisarmos historicamente “a avaliação vem sendo um meio de estabelecer

competição, individualismo e autoritarismo” (Costa & Santos Júnior, 2004, p.163).

Betti e Zuliani (2002), afirmam que “a avaliação deve servir para problematizar a acção

pedagógica, e não apenas para atribuir um conceito ao aluno” (p.77).

A avaliação deve ser um processo interativo, que visa fazer do indivíduo um ser melhor, mais criativo, mais autônomo, mais participativo. Como Vasconcelos (2006), acreditamos que o “conhecimento não tem sentido em si mesmo: deve ajudar a conhecer o mundo e a

nele intervir” (p.57).

Existe um longo caminho a percorrer, pois “na escola avalia-se muito e muda-se pouco.

Logo, algo falha. Porque se a avaliação servisse para aprender, evitaria a repetição dos erros e favoreceria a melhoria das práticas. Se a avaliação apenas servir para medir, classificar e selecionar … repetiremos de forma inexorável as falhas” (Gonçalves,

Albuquerque, & Aranha, 2010, p.10).

Consideramos que “Insistir na reprovação e nas práticas tradicionais de avaliação,

viajando na contramão da evolução teórica em educação, como solução para problemas que são políticos e administrativos é, no mínimo, cruel e antiético” (Hoffmann, 2005, p.

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Não se pode negligenciar a importância da avaliação, pois é através dela que o aluno tem controlo do seu desenvolvimento, sabendo quanto ainda pode evoluir; é importante que se tenha consciência das opções que são tomadas e se modifiquem algumas práticas de modo a que exista um aumento da qualidade do ensino.

Com base nesta análise concluímos que a avaliação engloba diferentes fatores que nos ajudam a compreender as dinâmicas envolvidas, também temos de ter em consideração as diferentes representações que desta se podem fazer e o que daí pode advir, pois muitas vezes o problema pode não estar na avaliação em si mas na forma como a mesma é interpretada.

No ponto seguinte iremos fazer o enquadramento das temáticas que nos pareceram, face à pesquisa efetuada e à nossa experiência, as mais adequadas para nos darem suporte teórico quer para as nossas afirmações quer para a construção e desenvolvimento das situações experimentais.

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4.2. Para um Enquadramento Operacional da Gestão da Resposta ao Problema

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