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APÊNDICE V Registo de observação da Filmagem, para a cadeia cinética, do aluno

4. DESENVOLVIMENTO

4.3. Para a Refutação/Análise da Conjetura ou de Alguns dos seus Aspetos

4.3.2. O Remate

Para analisar as capacidades em estudo, recorremos aos desportos coletivos, mais precisamente à observação do remate. Partilhamos da opinião de Almada, et al. (2008), que defendem que os desportos coletivos são atividades que promovem a dinâmica de grupos, dando ênfase à divisão do trabalho por diferentes elementos do grupo, implicando o domínio das dinâmicas inerentes ao grupo e o desempenho de funções específicas de cada elemento.

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Os objetivos destas atividades dão “uma liberdade de actuação de que resulta uma

possibilidade de manipulação que pode ser extremamente útil se forem conhecidas as formas de atingir os objectivos desejados” (Almada, et al. 2008, p.251).

As principais variáveis em jogo nestas atividades, segundo os mesmos autores, são a função a desempenhar no grupo e o domínio da dinâmica do grupo.

Para estes autores, o modelo de referência simplificado para compreender esta categoria de atividades desportivas, baseia-se em t≤t´, sendo t o tempo de ação ofensiva e t´ o tempo de ação defensiva. O tempo de ação ofensiva refere-se à aplicação de uma força (F) na bola, de modo a que esta percorra um determinado espaço (e), num determinado tempo, tempo esse que deve ser menor ou igual do que o da ação defensiva, isto é o tempo que a defesa demora a intercetar a bola.

Para obter o golo, objetivo principal do remate, temos a possibilidade de diminuir o t ou aumentar o t´, para que isso se verifique podemos, por exemplo, aumentar a velocidade dada à bola (aumentando a força aplicada à bola), reduzir o espaço que a bola tem de percorrer (escolhendo trajetórias mais curtas para cumprir o objetivo) ou e aumentando o espaço que o adversário tem de percorrer para intercetar a bola e evitar dar indicações ao adversário ou ainda induzi-lo em erro.

De modo a rentabilizar o processo é importante tomar decisões que o otimizem, maspara que isso se verifique é importante esquematizar diferentes opções através da análise mental e posteriormente testar, de modo a sabermos como é possível ajustarmo-nos às diferentes situações. Tal como nos refere Almada, Fernando, Lopes e Vicente (2009), treinar estas adaptações é um instrumento importante para formar um bom jogador.

Só é possível evoluir se tivermos em consideração a progressão do aluno, mas para isso temos de utilizar o indicador correto para medir essa progressão. É importante saber o que queremos ensinar e como o devemos fazer, monitorizando este processo de modo a compreender a sua progressão bem como fazer os ajustes necessários para que este possa ter o rumo desejado.

Neste sentido, é importante compreender a diferença entre t e t´e saber analisar a precisão com que o remate é feito, direção que é dada à bola e a velocidade com que a mesma é

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lançada. Só jogando com estes fatores é que os alunos podem atingir de forma eficaz os seus objetivos, pois estes fatores permitem realizar o remate de formas diferentes, ajustando-as às situações e consequentemente retirando maior partido das situações. Sabemos também que se os nossos alunos compreenderem, analisarem e dialogarem com o seu adversário, podem obter melhores resultados.

No nosso estudo, criámos uma situação experimental, para identificar se os alunos através do remate de andebol, procuravam ser criativos, autónomos e capazes de se adaptar a novas situações isto é, se vão ver que alternativas têm para rematar (mesmo as que nunca foram utilizadas), se escolhem a mais adaptada (adequada às características da situação que são capazes de identificar), se experimentam (com as capacidades que têm ou com algumas que terão ainda de desenvolver) e se conseguem otimizar a atuação. Procurámos também identificar se conseguiam explorar a cadeia cinética, utilizando de diferentes formas a base de apoio e o centro de massa, levando-os assim a atingirem os seus limites.

De modo a que os alunos consigam compreender e desenvolver as suas capacidades, o professor deve ajudá-los, recorrendo por exemplo à sistemática das atividades desportivas, ao modelo dos desportos coletivos, explicando-lhes que:

- Devem evitar dar indicações ao adversário acerca da trajetória e velocidade da bola e sempre que possível devem conduzi-lo a interpretações erradas acerca do que vão fazer;

- Devem perceber como jogar com o guarda-redes (aumentar o tempo do guarda- redes), saber se ele está inclinado para um lado devem rematar para o outro (percebendo assim a relação centro de massa / base de apoio); podemos também referir apenas que se ele está inclinado para um lado é mais lento para o outro lado; - Se colocarmos mais um defesa, passam a existir dois t´; para jogar com os mesmos têm de perceber como podem reduzir o espaço que a bola tem de percorrer para ultrapassar o adversário e/ou procurar trajetórias que dificultem a sua interceção, para isso têm de aumentar o espaço que o adversário tem de percorrer para intercetar a bola;

- O tempo que a bola demora a chegar à baliza, depende da velocidade da mesma, podendo nós reduzi-la ou aumentá-la. Podemos ajudá-lo nesta compreensão referindo

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que para aumentar a velocidade ele necessita de, por exemplo, aumentar a força ou então aumentar o tempo de aceleração da bola jogando com a cadeia cinética;

Como refere Simões (2010), é muito importante ter o “domínio de uma metodologia que

nos ajude a compreender todos os factores intervenientes no processo, a questionar e testar esses mesmos factores e a tentar tirar o maior partido dos mesmos, indo sempre ao encontro dos objectivos mediatos e imediatos a que nos propusermos” (p.36).

Passamos agora a apresentar a análise do remate de andebol segundo a taxonomia de Fernando Almada (2008).

No caso do remate de andebol, sendo t o tempo que a bola leva a atingir a baliza, e t´ o tempo que o adversário leva a intercetar a bola, se t≥t´, verificamos que não há golo.

Para que possamos analisar esta relação entre t e t’ podemos, como nos refere Lopes

(2012):

- Aumentar a velocidade (v) da bola (aumentando a força (f) aplicada à bola ou seja aumentando a rentabilização da cadeia cinética de toda a ação ou modificando a direção das forças para aumentar a força útil);

- Reduzir o espaço (e) que a bola tem de percorrer para ultrapassar o adversário e/ou procurar trajetórias que dificultem a sua interceção (por exemplo aumentando o espaço que o adversário tem de percorrer para intercetar a bola);

- Evitar dar indicações ao adversário acerca da trajetória e velocidade da bola (dificultando as interpretações deste, ou mesmo induzindo-o em erro).

Para reduzir o tempo de interceção da bola (t´), através das variáveis velocidade (v) e espaço (e), o professor pode analisá-las usando as fórmulas: F=ma, Ec= ½ mv2, e=vt e

v=at, dado que são estas que definem a relação entre as variáveis e só desta compreensão podemos também perceber as tendências evolutivas contraditórias, o que nos permite gerir os equilíbrios possíveis e fazer opções de acordo com os objetivos visados ou os meios disponíveis.

Para compreender e analisar o movimento é importante definir a sua cadeia cinética, só assim saberemos como a podemos trabalhar e rentabilizar.

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A figura que a seguir apresentamos representa a evolução da cadeia cinética do movimento do remate de andebol.

Figura 4 – Cadeia cinética do movimento do remate de andebol.

No que se refere à cadeia cinética podem existir diferentes variações, por exemplo, nas forças utilizadas (todas ou combinações), na intensidade e na direção de cada uma delas, nos tempos de atuação (tempo de aceleração), na sequência utilizada ou na combinação das várias variações. No entanto há sequências lógicas funcionais que vão condicionar os movimentos que podem ser feitos pelo desportista.

As variações possíveis na cadeia cinética têm de ser analisadas tendo sempre em consideração a situação concreta que estamos a viver, ou seja o contexto, e se estas respondem de forma funcional ao objetivo que se pretende que seja cumprido.

Passamos agora a descrever a sua aplicação no âmbito da análise do desenvolvimento da criatividade.

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