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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS MÉTODOS DE AICV

Para uma avaliação qualitativa dos quatro métodos de AICV, analisou-se a classe dos métodos (endpoint ou midpoint), quais aspectos ambientais são considerados nas etapas de classificação e caracterização, se havia etapas de normalização e ponderação, as categorias utilizadas e fez-se uma análise de suas unidades.

Os critérios escolhidos nesse estudo serão usados apenas para fazer um diagnóstico dos métodos. Anteriormente foram apontadas as vantagens e desvantagens de cada critério, mas não será feita uma classificação entre eles, uma vez que não há consenso no meio científico para afirmar qual a melhor resposta para cada um. Na seqüência serão apresentadas as características de cada método de AICV de acordo com aqueles critérios (Quadro 5):

Critérios Eco-indicator 99 CML (modificado) Pegada Ecológica6

Pegada de Carbono

Classe Endpoint Midpoint Midpoint Midpoint

Classificação e caracterização

Avalia consumo e a emissão de substâncias no meio ambiente

(solo, água e ar)

Avalia consumo e a emissão de substâncias no meio

ambiente (solo, água e ar)

Avalia a ocupação (real e virtual) de áreas Avalia as entradas e saídas de GEE

Normalização Sim Sim Sim7 Não

Ponderação8 Sim Não Não Não

Categorias utilizadas

Categorias Endpoint

Categorias

Midpoint Aquecimento global Energia

Aquecimento global

Saúde humana

Mudanças

climáticas Acidificação Pastagem

Radiação Eutrofização Agricultura

Depleção da camada de ozônio

Depleção da camada

de ozônio Floresta

Efeitos

carcinogênicos Toxicidade humana Água Danos respiratórios

(subst. orgânicas)

Ecotox. aquática

(água doce) Área construída

Danos respiratórios (subst. inorgânicas) Ecotoxicidade aquática (marinha) Qualidade do Ecossistema Acidificação / Eutrofização Ecotoxicidade terrestre

Ecotoxicidade Ocupação de solo

Uso do solo Demanda total de

energia acumulada Recursos Consumo de combustíveis fósseis Depleção abiótica Consumo de minerais Oxidação fotoquímica

Unidades Pt, DALY, PDF*m2ano e MJ Diversas m2ano (ou m2a) Kg CO2eq

Quadro 5: Avaliação qualitativa entre os métodos de AICV

Dentre os quatro métodos, somente o CML não apresenta originalmente um resultado final na forma de pontuação única. No entanto, entre as modificações realizadas nesse método para o presente estudo, está a adição de etapas que levem a um resultado em pontuação única. Os outros três métodos geram resultados em pontuação única: O Eco-indicator 99 devido aos seus objetivos e a Pegada Ecológica e a Pegada de Carbono devido às suas unidades.

6 Apesar da Pegada Ecológica dividir-se em seis categorias, pode-se dizer que ela mede somente uma categoria de impacto ambiental: Ocupação de área. Alguns autores poderiam ainda acrescentar que além do uso do solo, avalia-se também o aquecimento global, uma vez que é quantificada a emissão de CO2 na atmosfera.

7 Não é uma definição explícita do método, mas pode-se dizer que a Pegada Ecológica utiliza a etapa normalização ao comparar a área ocupada por um produto com a referencia da área da Terra.

8 Para este critério está sendo considerado que ocorre a etapa de ponderação se os valores usados nas categorias de impacto ambiental são diferentes entre si.

Somente o método Eco-indicator 99 é endpoint, sendo os outros três de classe midpoint. A normalização pode ser vista nos dois métodos clássicos e também, indiretamente, na Pegada Ecológica (nota de rodapé 7). A ponderação como explicada na nota de rodapé 8 é encontrada somente no método Eco-indicator 99.

Os aspectos ambientais utilizados nas etapas de classificação e caracterização são os mesmos para os métodos Eco-indicator 99 e CML (modificado), no entanto há diferenças nas substâncias9 avaliadas. Para a Pegada Ecológica, a preocupação restringe-se as ocupações de áreas reais e/ou virtuais (ocupações reais são as que ocorrem em algum momento do ciclo de vida do produto e as virtuais são devido ao seqüestro de carbono). Já para a Pegada de Carbono, a questão refere-se somente às emissões e capturas de GEE.

Em relação às categorias utilizadas, o Eco-indicator é o único método que possui categorias de impacto ambiental endpoint (saúde humana, qualidade dos ecossistemas e recursos). Quanto às categorias de impacto ambiental midpoints desse método, pôde-se observar que muitas são equivalentes ao método CML (modificado), diferentemente dos outros dois, já que a Pegada Ecológica preocupa-se unicamente com área ocupada (e também aquecimento global, já que contabiliza a emissão de CO2) e a Pegada de Carbono somente com o

aquecimento global.

É importante ressaltar que as categorias utilizadas no método Pegada Ecológica, expostas no Quadro 5 e explicado na nota de rodapé 6, são categorias de ocupação do solo, como proposto por Chambers, Simmons e Wackernagel (2000). No entanto, estas categorias de ocupação do solo levam a duas categorias de impacto ambiental, que são Área ocupada e Aquecimento global.

Com relação às unidades usadas pelos métodos, o Eco-indicator 99 utiliza somente três para todas as categorias de impacto ambiental, sendo duas de difícil compreensão. A justificativa para isso deve-se a este ser um método orientado ao dano (endpoint), e por isso utiliza unidades que facilitem o agrupamento. As categorias ligadas ao consumo de recursos medem a energia retirada (MJ). O indicador de saúde humana mede a quantidade total de problemas

9 As substâncias que são avaliadas em cada método foram analisadas através do banco de dados existente no software Simapro 7.1, e optou-se por não apresentá-las no trabalho.

de saúde, devido à incapacidade e morte prematura, atribuível a determinadas doenças e lesões. Para isso usa-se a unidade DALY, que em português significa Deficiência Ajustada de Anos de Vida, comparando tempo vivido com incapacidade e o tempo perdido devido à mortalidade prematura. Para medir as categorias ligadas à qualidade dos ecossistemas usa-se uma unidade chamada em português de Potencial de Desaparecimento de Espécies pela área (PDF*m2ano). Ao final, os valores de cada categoria de impacto ambiental são agrupados formando categorias endpoint (Recursos, Saúde humana e Qualidade do ecossistema) que, após normalização, são agrupados novamente, numa unidade chamada Ecopontos (Pt). No método CML (modificado), são usadas unidades mais conhecidas e de melhor entendimento, já que não é necessário agrupar em categorias em dano como no Eco-indicator 99. Na Pegada Ecológica, para todas as categorias são usadas unidades de área ao ano, já que o intuito deste método é medir a área necessária para sustentar um determinado sistema. A Pegada de Carbono utiliza a unidade do próprio modelo do IPCC 2007 (GWP 100a), que é em massa de CO2 equivalente.

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