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O objetivo primeiro deste trabalho foi realizar uma avaliação qualitativa da irrigação de propriedades olerícolas da Microbacia Ribeirão dos Marins, para, posteriormente fundamentar a cobrança pelo uso da água como ferramenta de indução do uso racional da água. Para tanto foram aplicados roteiros de entrevista semi-estruturada aos produtores (Anexo A), os quais foram elaborados tomando-se por base o Relatório de Avaliação de Eficiência do Uso de Recursos Hídricos proposto pelo DAEE (Anexo B). Paralelamente à aplicação dos questionários foi realizada a observação “in loco” dos sistemas de irrigação. Foram visitados 11 produtores de hortaliças da microbacia. Foram formuladas 8 questões: sete abordaram aspectos técnicos da irrigação (conhecimento e uso de tensiômetros, tanque classe A, curvas de retenção de água no solo, softwares de manejo, estações agrometeorológicas, acesso a informações agrometeorológicas, equipamentos de medição na própria planta, como termômetro de

infravermelho, fluxo de seiva, vazão utilizada, sistema de irrigação adotado, tipos de culturas etc.); uma questão subdividida em quatro itens que investigou critérios subjetivos relacionados à consciência ambiental do irrigante (o nível de preocupação com a escassez de água, se os produtores fazem o controle da erosão, a opinião sobre a cobrança pelo uso da água e suas ações com relação à preservação da mata ciliar). A aplicação dos roteiros de entrevista consistiu das seguintes etapas:

1) Apuraram-se o número de propriedades rurais produtoras de hortaliças através de uma lista fornecida pela casa de agricultura de Piracicaba/SP;

2) Efetuou-se contato com os produtores rurais através de visitas às suas propriedades;

3) No campo, foram entrevistados, de 29/08/04 a 02/09/04, diretamente pelos pesquisadores, 17 produtores rurais de olerícolas da microbacia;

4) Utilizou-se para este trabalho 11 dos 17 questionários aplicados, pois, verificou-se que 5 propriedades pertenciam à outra microbacia (ribeirão Bangé) e um dos proprietários não utilizava água do ribeirão para irrigar as hortaliças e sim água da rua.

5) No caso de dúvidas e desconhecimento quanto a algum equipamento, mostrou- se aos produtores figuras que os ilustravam;

6) As entrevistas foram gravadas em gravador digital e também anotadas as respostas;

7) As respostas das questões relacionadas aos aspectos técnicos da irrigação foram transcritas, agrupadas segundo o sistema de irrigação utilizado e consumo de água, analisadas e discutidas.

8) As respostas relacionadas a critérios subjetivos do uso de recursos naturais foram transcritas, agrupadas segundo a preocupação com relação à falta de água, posição com relação à cobrança pelo uso da água, realização ou não de controle de erosão e opinião sobre a preservação da mata ciliar, analisadas e discutidas.

Muitos produtores mostraram-se bastante resistentes às visitas de campo. Os mesmos temiam que o intuito das mesmas fosse fiscalizar e multar as propriedades. Devido a isto, encontrou-se dificuldade de se obter dados precisos volume de água retirado do ribeirão, área da propriedade, área plantada e características dos sistemas de irrigação. Assim, foi realizada nova intervenção junto aos produtores rurais da microbacia do Ribeirão dos Marins, no intuito de proceder a medição da vazão diretamente nas propriedades, descrever de forma pormenorizada os sistemas de irrigação e os dados das culturas, bem como localizar as propriedades através de um GPS para permitir a construção de um banco de dados preciso sobre estado da arte do uso da água na microbacia. Para tanto, objetivou-se visitar novamente os mesmos 11 produtores de hortaliças visitados na primeira etapa do trabalho, para se proceder a aplicação de uma planilha de campo. A visita foi acompanhada de um engenheiro agrônomo da CATI, na tentativa de superar a desconfiança dos agricultores. Todavia, encontrou-se uma grande resistência por parte de alguns produtores que não permitiram a entrada em suas propriedades para efetuar as medidas e não quiseram informar dados sobre o consumo de água em suas propriedades. Assim, foi possível visitar somente 6 propriedades rurais. Procedeu-se da seguinte forma:

1) No dia 5 de julho de 2005 foi feita a localização pormenorizada de seis das 11 propriedades rurais em estudo, anotando-se suas coordenadas geográficas através de um GPS. Os dados foram anotados em uma planilha de campo. Tal medição foi realizada para se proceder a medição da vazão Q7/10 através da metodologia proposta no “Estudo de Regionalização Hidrológica no Estado de São Paulo” (LIAZI et al., 1988), simulada no programa Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo (SIGRH), disponível no site: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe . Todavia não foi possível realizar esta etapa do cálculo da vazão visto que nem todos os proprietários rurais permitiram a entrada em suas propriedades para efetuar as medidas.

2) Houve a tentativa de se fazer uma descrição pormenorizada dos dados das culturas, anotando-se quantos ha. de cada cultura a propriedade possui bem como a duração do plantio, para se proceder ao cálculo do total da área irrigada. Entretanto, o fato de alguns produtores não permitirem o acesso às suas

propriedades e o fato dos que permitiram não saberem relatar esses dados, impediu que tal objetivo fosse alcançado com sucesso.

3) Quanto à tentativa de se detalhar os sistemas de irrigação, anotando-se dados referentes a: conjunto motobomba (fabricante) motor: (fabricante e potência), aspersores: (dimensões, modelo, número, bocal), número de aspersores funcionando conjuntamente, horas de bombeamento por dia (verão e inverno), esta restou completamente infrutífera visto que, alguns produtores não permitiram a entrada em suas propriedades. Os que permitiram, possuem sistemas de irrigação totalmente improvisados, não sendo possível visualizar dados dos motores por ausência de placa identificadora, não sendo possível visualizar o modelo do bocal dos aspersores devido ao descolorimento e precariedade dos mesmos. Além disso, não existe um padrão para o funcionamento dos aspersores, seja com relação ao número deles funcionando conjuntamente, seja com relação às horas de bombeamento por dia.

Figura 4 - Vista geral de uma propriedade da BHRM