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METODOLÓGICOS

I.2. Procedimentos Metodológicos e Definição de Conceitos

I.2.2. b Nascimentos e óbitos

Com base nas listas nominativas gerais, construiu-se um arquivo de todos os nascimentos ocorridos no Parque a partir da implantação do sistema de registro médico. O arquivo possui o número de identificação, o sexo, a data do nascimento, o número de identificação da mãe, sua idade no ano do nascimento da criança e a etnia da criança. Se a criança foi fruto de uma união intertribal, adotou-se como critério conservar o nome das duas tribos. Este arquivo foi desagregado em dois, um de nascimentos de crianças cujas famílias residem em aldeias Kaiabi, e outro daquelas cujos pais residem em aldeias de outras povos, sendo estas últimas excluídas da população estudada.

Identificados os óbitos, procedeu-se à construção de outra lista nominativa contendo: número de registro, nome, ano de nascimento e de óbito, idade por ocasião do óbito. Conservou-se a identificação do(s) cônjuge(s) e dos pais do falecido para evitar possíveis erros de duplicações.

I.2.2.c. Migrantes

No início da década de 1970, o processo migratório dos Kaiabi, procedentes das aldeias dos rios dos Peixes, Teles Pires e Cururuzinho, ainda não havia cessado. O sistema de fichas médicas permitiu identificar os indivíduos ou grupos de migrantes a partir de 1970.

Além deste movimento migratório definitivo, observou-se que idas e vindas de curta duração entre aquelas aldeias e o Parque, também ocorreram com certa freqüência durante todo o período de 1970 a 1999. Os grupos vinham em viagem de visita ou mesmo de reconhecimento da região, passavam 2 ou 3 anos com os parentes e depois voltavam às suas aldeias de origem. O registro deste movimento migratório pendular não foi difícil de ser apreendido nas fichas médicas. Ao chegarem, os índios passavam

por exames médicos, recebiam um número de identificação e eram incorporados aos livros de registro. As fichas destes índios contêm observações muito claras sobre a sua procedência, sendo que as datas de início e término das anotações de consultas evidenciam que estavam de passagem. Além destas observações, as trocas de informações constantes com Baruzzi elucidaram sempre as dúvidas suscitadas, dadas sua experiência e convivência com os índios do Parque.

Apesar da contagem destas entradas e saídas de curta duração ter sido trabalhosa, optou-se por não negligenciá-las, mesmo porque nem sempre todos os membros da família voltavam, e em alguns casos, alguém residente no Parque se agregava à viagem de retorno. Muitas vezes ficavam filhos ou filhas que se casavam no Parque, ou saiam índios moradores do Parque ao se casarem com integrantes da família migrante. Estas situações evidenciaram que muitas viagens se realizavam também, se não exclusivamente, em busca de parceiros conjugais, dado que a imigração para o Xingu fracionou muitas famílias, estando muitas vezes os parceiros prescritos (ou cônjuges preferenciais) pelo sistema de parentesco, separados por muitos quilômetros de distância.

Outra situação importante a ser considerada é que às vezes o tempo de permanência destes imigrantes temporários no Parque, era mais prolongado, sendo o suficiente para que nascessem crianças e pessoas adoecessem ou falecessem. E isto implicava em computar estes nascimentos e óbitos.

Além da migração externa ao Parque registrou-se mudanças de índios Kaiabi para aldeias de outras tribos moradoras do Parque, quase sempre determinadas por uniões matrimoniais, verificadas, principalmente, nos primeiros anos após a chegada dos grupos no Parque, quando eram poucas as opções de parceiros conjugais prescritos (ou preferenciais) pelas suas regras de parentesco. Muitos Kaiabi se casaram com mulheres ou homens de outros grupos indígenas e foram morar em suas aldeias, onde constituíram família, enquanto outros, ao se unirem a cônjuges de outras tribos, continuaram residindo em suas próprias aldeias, trazendo suas esposas ou maridos. Estas circunstâncias geraram o que se definiu como migração interna.

A análise demográfica da migração considerou, portanto, dois tipos de deslocamento da população Kaiabi realizados entre os anos de 1970 e 1999: a

do Parque e o segundo pelos movimentos entre as aldeias Kaiabi e as de outras tribos moradoras do Parque. Os migrantes foram classificados como segue:

Imigrantes Externos – incluem-se nesta categoria os índios não nascidos no Parque do

Xingu, cuja data de abertura de ficha foi posterior a 31/12/1970. Para estes, a data de entrada na contagem da população foi a de abertura de suas fichas.

Emigrantes Externos – esta categoria compreende os índios em cuja ficha médica

estão registradas saídas do Parque, com ou sem indicação de destino e nas quais cessaram as anotações de consulta. A data estimada de saída do Parque foi a da última anotação médica. Quando as fichas não apontavam seus destinos, tratou-se de averiguar se constavam do arquivo de moradores das aldeias Kaiabi fora do Parque ou de áreas urbanas. É importante destacar, que todos os índios incluídos nestas circunstâncias puderam ser localizados.

Imigrantes Internos – a categoria inclui os índios de outras tribos que se mudaram para

aldeias Kaiabi, o que ocorreu apenas em razão casamentos. Neste caso, o critério adotado para determinar a data de entrada destas pessoas nas aldeias Kaiabi considerou os doze meses que antecedem ao nascimento do primeiro filho do casal. Há registros de mulheres de outras tribos, que ao se casarem com homens Kaiabi já tinham filhos não- Kaiabi de união anterior e que os trouxeram para o convívio da nova família que se formava nas aldeias Kaiabi. Estas crianças passaram a integrar a população das aldeias Kaiabi e a data de suas entradas foram as mesmas estimadas para suas mães.

Emigrantes Internos – assim foram classificados os Kaiabi que se mudaram para as

aldeias de seus cônjuges não-Kaiabi. A data de saída desta população das aldeias Kaiabi também foi definida como os doze meses anteriores ao nascimento do primeiro filho do casal. Há casos de homens Kaiabi, que ao se casarem com mulheres de outras tribos e se mudarem para suas aldeias, levaram seus filhos de casamentos anteriores com mulheres Kaiabi, os viúvos por exemplo. Nestas circunstâncias, seus filhos deixaram de compor a população das aldeias Kaiabi, na mesma data estimada para a saída de seus pais.

Determinados os critérios, organizou-se uma lista nominativa com datas de entrada e saída da população das aldeias Kaiabi, que permitiu quantificar os deslocamentos internos e externos ao Parque, segundo o anoem que ocorreram, a idade

e o sexo. Isto foi de fundamental importância para a aplicação da técnica direta de reconstrução da população Kaiabi no período 1970-1999.

I.2.2.d. Reconstrução da população por idade, sexo e ano, por meio de

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